Uma rajada de vento frio cortou momentaneamente a visão da jovem morena que tentava, em vão, caminhar rápido. A rua estava escorregadia, já era inverno, e tudo estava branco de neve. Ela com certeza chegaria atrasada ao aeroporto naqueles passos hesitantes.O local nem era longe, mas ela adoraria não ter que viajar naquele tempo difícil."Também, quem mandou vir para Ohio com um tempo destes?", resmungou para si mesma."Lea Michele Sarfati, nunca mais faça isso".
Cory saiu do carro às pressas, pagou o táxi e nem esperou pelo troco, tão apressado estava.Não poderia perder aquele voo, precisava chegar à Nova York o quanto antes, tinha prometido para Taylor que chegaria logo para fazer as estúpidas compras de Natal,nada com contra o Natal, mas contra aquelas compras, contra ao sufocamento de ter que seguir tantas tradições à risca...Mas, também, por que ele tinha inventado de vir passar um final-de-semana em Ohio com seus velhos amigos? "Cory Monteith, sua namorada vai querer arrancar seu pescoço fora", pensou consigo mesmo.
"Meu amor, tô no aeroporto, farei de tudo para estar em NY o quanto antes.Não vá sair e beber demais com os meninos, kiss ". Lea mandou a mensagem para seu noivo, Theo Stockmann, assim que chegou ao aeroporto. Era final de novembro, uma nevasca assombrosa caía lá fora, e o lugar estava lotado de gente com as mais repletas feições: alguns, de cansaço, outros, de raiva, e mais alguns de desespero por causa do atraso, cancelamento e falta de lugar em voos. Ela suspirou, aliviada pelo fato de que estava no horário e com sua passagem no próximo voo para NY bem aconchegada junto a si. Então, um belo rapaz alto, de cabelo e olhos castanhos sentou-se ao seu lado, sacudindo um pouco de neve do casaco. Sabe quando você gosta de alguém logo de cara, sente uma espécie de simpatia e afeto assim que bate os olhos na pessoa? Lea sentiu isso ao vê-lo.E, bem, ele era lindo.Será que era modelo? Ele parecia ler os pensamentos dela, pois olhou-a piscando um olho e sorrindo de lado, murmurando um tímido "muita neve lá fora, né?". Lea balançou a cabeça, e o rapaz perguntou, de súbito:
–Esperando o voo para Nova York?
–Oh, sim.- ela respondeu, sorrindo.- Sabe como é, amanhã é Dia de Ação de Graças...quero estar em casa.
–Eu também quero estar em casa para o Dia de Ação de Graças e o Natal.
–Saudades da família?- Lea puxou conversa.
–Bem...eu sou do Canadá...vou para passar as festividades de fim de ano com a família da minha namorada.E você? Vai comemorar com a família?
–Na verdade, eu sou judia.- Lea respondeu.- Estou indo simplesmente para ficar com meu noivo, este sim, que comemora estas datas.
Lea e Cory trocaram mais um ido muito um com a cara do outro.
As pessoas no aeroporto continuavam frenéticas, estressadas, queriam sair logo dali, chegarem a seus destinos. Era véspera do feriado mais importante dos EUA, e a nevasca que caía lá fora não ajudava em nada os planos de quem queria viajar naquele tempo. Então,um casal passou ás lágrimas perto de Lea e Cory, o que despertou o espanto e a curiosidade deles. Era um casal de meia-idade, estavam com expressões muito desoladas.O homem acariciava o topo da cabeça da mulher enquanto sussurrava "nós podemos dar um jeito".Cory aflingiu-se com a cena, e tomou a liberdade de perguntar:
–Desculpem-me, mas...será que eu posso ajudar em algo?
O homem olhou com certa surpresa para ele e respondeu, um pouco irônico:
–Bom, a não ser que você tenha passagens para Nova York e queira vender para mim e a minha esposa...
–E...eu tenho.- respondeu Cory.- Tenho uma passagem.É algo muito urgente?
–Nossa filha está muito mal no hospital. Eu e minha mulher somos empresários, viemos tratar rapidamente de um negócio aqui em Ohio.- esclareceu o homem.- Ela está em um tratamento muito delicado de câncer, e acabamos de saber que seu estado piorou de uma hora para outra, mas não conseguimos voo para Nova York agora.
Lea, muito emotiva, já sentiu os olhos encherem-se de lágrimas, pois também escutava atentamente à conversa. Sem pensar duas vezes, retirou sua passagem do bolso interno do seu casaco e estendeu-a ao homem:
–Tome, não preciso estar mais em Nova York que o senhor.
Cory, olhando-a com uma admiração intensa, também pegou sua passagem e ofereceu ao homem:
–Eu também quero que aceite a minha.
A mulher que estava nos braços do homem pareceu aumentar um pouco mais seu chorando, ela pegou em uma mão de Lea e em outra de Cory e disse:
–Vocês não sabem o que isso significa para nós, pode ser a última vez que veremos nossa ês são dois anjos.
– Vocês...vocês têm certeza?- perguntou o homem, também às lágrimas.- Todos querem estar ao lado de alguém querido neste dia.
–Mais do que vocês dois, impossível.- Cory respondeu.
Então, o homem tirou sua carteira e contou muitas cédulas com rapidez. Cory e Lea protestaram, mas ele fez questão de pagá-los.
–Como minha mulher disse, vocês são dois anjos. Aqui está um bom dinheiro a mais, é para poderem pagar por outras passagens e custear um hotel enquanto esperam por esta neve passar e pegar outro avião. Muito obrigado.
O homem e sua esposa abraçaram Lea e Cory e saíram o mais rápido possível para embarcar, porque os passageiros já estavam sendo chamados, mas o homem entregou para eles seu cartão, em que se lia seu nome, Northon Mansfield, e outros dados profissionais.
Então, Lea e Cory se encontraram ali, no saguão, sem saber o que fazer.
