Capítulo 1 – Solo, perduto, abbandonato

James Potter não conseguia se lembrar da última vez em que se sentira tão solitário na vida. Podia ver o sol de verão brilhando pela fresta da cortina, enquanto terminava de almoçar uma pizza velha requentada, sentado confortavelmente no sofá da sala. A solidão não poderia estar mais estampada à sua volta como naquele momento. A televisão exibia um filme irlandês desinteressante, ao qual ele já não prestava mais atenção, mas o rapaz não se atrevia a desligá-la. O silêncio da casa lhe era ensurdecedor e ele simplesmente precisava da televisão emitindo sons sem parar.

Ele jamais imaginara que algum dia se encontraria naquela situação e acreditava que sua solidão não fazia nenhum sentido, já que era uma sexta-feira de verão, ele estava em férias da faculdade e do trabalho e namorava a mulher mais atraente que havia conhecido em todos os seus vinte e um anos de vida.

Mas ele estava sozinho. E Lily, sua namorada desaparecida, não fora a única a deixá-lo para trás. Todos os outros quatro amigos com quem James dividia a casa também o haviam, de certa forma, abandonado ali. Lorens fora a primeira a deixar a república, no fim de junho, para viajar com a banda do namorado, Christopher. E poucos dias depois, foi a vez de Lily.

- Sério que ela teve que ir correndo assim? Mas ela nem me esperou para se despedir e eu só vou voltar daqui quase um mês! Que desnaturada! Não vou trazer presente pra ela! – Anita reclamou, ao receber a notícia de que Lily partira às pressas na noite da véspera de seu voo para Nova York. Três semanas atrás.

Contudo, James não imaginava que a namorada fosse se ausentar por tanto tempo.

- Ela deve estar muito ocupada, James. – Remus deduziu, na semana anterior, pouco antes de colocar a mochila nas costas e sair para passar uns dias na casa da família, que morava no extremo norte de Londres. Àquela altura, Lily já havia partido fazia quinze dias. – Você devia ligar para ela – Ele completou, antes de fechar a porta.

Mas James não o fez.

E assim, só haviam sobrado ele e Sirius. Ao se verem sozinhos e sem a companhia de suas respectivas namoradas, os dois haviam prometido se divertir como nos velhos tempos. Mas tal plano falhou miseravelmente ao saírem para um pub qualquer, beberem litros de cerveja e terminarem a noite telefonando para suas respectivas namoradas. Anita ficara absolutamente irritada por ter sido interrompida no meio de um jantar de família e mandou Sirius ir para casa dormir. Já Lily sequer atendera e ou lhe perguntara, no dia seguinte, o motivo da ligação às três horas da manhã.

- Liga logo para ela, James. Deve ter um motivo pra ela ficar dias sem dar notícias! – Sirius havia lhe sugerido dois dias atrás, pouco antes de partir para um evento familiar fora da cidade, para o qual ele não estava nem um pouco animado a ir, mas havia sido nitidamente intimado pelo tio a comparecer.

Portanto, fazia quarenta e oito horas que James não tinha qualquer contato com qualquer pessoa e, a cada minuto que se passava, sua mente ficava ainda mais inquieta. Por que Lily estava agindo como uma completa estranha? Por que ela mal respondia suas mensagens? Não era possível que ela não tivesse dois minutos no dia para retornar suas ligações! Seria possível que ela estivesse chateada com ele?

Nos primeiros dias depois da ruiva ter sido obrigada a ir embora, eles se falaram ao telefone diariamente, mesmo quando ela estava muito ocupada. A partir da segunda semana, tal frequência diminuíra consideravelmente. Até que, naquela terceira semana, Lily passara a levar dois dias para responder qualquer mensagem – sendo que sua resposta normalmente não passava de uma sentença monossilábica – e nunca atendia suas ligações.

James colocou a caixa da pizza de lado, no topo da pilha de outras caixas vazias de pizza de dias anteriores. O rapaz observou que a pequena torre estava quase alcançando a altura do braço do sofá. Ah, se Lily visse isso..., ele pensou, balançando a cabeça.


[Três semanas antes]

- Dá para acreditar que nós estamos livres do mau-humor do promotor Moody pelos próximos trinta dias? – James perguntava a Lily, enquanto a ruiva destrancava a porta da república no início da noite de sexta-feira, no fim do mês de junho.

Todos os estagiários do Fórum St. Mungus tinham direito a um mês de férias durante o recesso de aulas nas férias de verão.

- O Moody não é nem de longe mais mal humorado do que o Crouch. É por ele que temos que estar aliviados, James!

Entraram na casa e a encontraram completamente silenciosa. Lily acendeu a luz.

- Então... precisamos comemorar. – James fechou a porta atrás de si e deu alguns passos em direção à namorada.

O rapaz enlaçou Lily pela cintura e começou a beijar seu pescoço lentamente. Ela tentou empurrá-lo, mas ele a ignorou.

- Hey! E se alguém aparecer-

- Nós estamos sozinhos, Lily. – James dizia, entre um beijo e outro, subindo em direção à boca dela. – Ninguém vai voltar tão cedo.

Lily não replicara, afinal, ela sabia que ele tinha razão. Lorens estava viajando e não tinha data para voltar, Remus vivia na casa de Marlene, uma vez que Alice ainda estava fora e Helena havia se mudado, portanto, ela tinha o quarto só para si. Já Sirius e a Anita haviam avisado de que iriam sair pois a loira precisava comprar presentes para a família e, quando se tratava de fazer compras, todos sabiam que Anita não tinha limites de tempo e, por isso, era fácil deduzir que eles só voltariam quando o shopping fechasse.

James a conduziu para o sofá, enquanto beijava seus lábios. Ele estava extremamente ansioso para aquele momento, Deus sabia o quanto. Fazia um mês e meio desde a noite em que encontrara Lily embriagada de tequila no bar onde ele havia ido com Catherine Strauss. Um mês e meio que Lily Evans finalmente dera o braço a torcer e admitira ter cedido aos seus encantos, depois de meses de insistência, um trato maluco e muita confusão. Se antes James já a queria por completo, após um mês e duas semanas, ele simplesmente precisava possui-la.

O fato era que, com Lorens viajando e Remus dormindo todas as noites com Marlene, a república passara a ser utilizada apenas pelos dois casais. Portanto, Sirius e Anita acabaram por ocupar o quarto masculino para dormirem juntos todas as noites, o que obrigou James a se mudar para o quarto feminino e, consequentemente, a dormir com Lily. Não que isso fosse um problema, James simplesmente havia adorado a ideia, embora Lily tivesse relutado em admitir que também gostara. Nas primeiras noites, a ruiva simplesmente lhe dera um beijo de boa noite e virara-se para dormir, como se a possibilidade de acontecer qualquer outra coisa naquela cama não fosse nem cogitável. Mas James resolveu respeitá-la, mesmo que estivesse a ponto de enlouquecer. Depois da quarta noite, a própria Lily quem tomara a iniciativa de começar a explorar novas possibilidades de avançar no relacionamento: mas também era ela quem decidia o momento de interromper tudo e dizer que era a hora de dormir. E, mesmo que fosse um tanto decepcionante que ela parasse tudo na melhor parte, James não podia negar que a situação era divertida e inédita para ele. E a cada noite em que Lily adormecia em seus braços, ele tinha certeza de que estava mais apaixonado por ela do que na noite anterior.

Portanto, ao guiar Lily em direção ao sofá, a mente de James só se concentrava em um único pensamento: é hoje. Se continuassem de onde haviam parado na noite anterior, então as chances de alcançarem as etapas preliminares eram grandes. James sentia que, se o ato não se consumasse logo, ele iria explodir.

Quando James já estava sem camisa e tateava o fecho do sutiã de Lily sob a blusa, algo começou a vibrar freneticamente. Lily interrompeu tudo bruscamente, pegando o celular do bolso da calça.

- Desliga isso. – James sussurrou em seu ouvido, voltando a beijar seu pescoço.

- Eu preciso atender. É a minha mãe. E ela nunca me liga. – Lily voltou a se sentar, ainda um pouco ofegante, com um olhar de desculpas. Levou o celular à orelha direita: - Alô?

- Espero não estar atrapalhando sua vida de esbórnia. Por que demorou tanto para atender?

James recuou a cabeça ao ouvir a voz ríspida da sogra. A Sra. Evans falava tão alto que ele podia ouvi-la tão bem quanto Lily.

- Eu estou bem, mãe, obrigada por perguntar.

- Nem comece com suas ironias, Lily! Você recebeu o convite, não é? Por acaso você se lembra do que vai acontecer daqui a vinte e um dias?

- É claro que lembro.

- E você acha que você é só uma mera convidada? Quando é que você iria ligar para oferecer ajuda? Que eu saiba, suas aulas acabaram há duas semanas!

James não fazia ideia de que tipo de convite era aquele. Lily se levantou e se afastou ao perceber seu olhar curioso. Foi então que ele percebeu que, aparentemente, ela estava lhe escondendo alguma coisa.

- Sim, mãe, eu achei que era uma mera convidada, afinal, a Petúnia não me chamou para ser sua dama de honra e eu duvidaria muito que ela aceitasse qualquer ajuda da minha parte.

James se levantou e andou até ela, olhando-a nos olhos. Ela não se atreveu a se afastar mais, apenas lançou-lhe outro olhar de desculpas.

- Mãe, explica que a Jenny não pode me ajudar porque está em Paris! E manda a Lily vir para cá agora! – James ouviu uma voz estridente ao fundo da ligação. Lily respirou fundo, aparentando estar profundamente transtornada.

- Lily, a sua irmã mandou dizer que a Jenny, a dama de honra dela-

- Eu ouvi o que ela disse, mãe.

- Então venha nos ajudar! Faltam vinte e um dias e a Petúnia ainda não conseguiu decidir quais flores ela quer, fora que o número de convidados e de convites enviados não está batendo e o Vernon acabou de descobrir que o buffet não incluía o prato de entrada. Precisamos de ajuda e você tem a obrigação de ajudar a sua irmã a ter o casamento que sempre sonhou, não concorda?

Mas Lily não respondera. Abaixou o olhar e parecia estar totalmente sem palavras. Ao ouvir aquele breve diálogo, James constatou que existia uma perceptível hostilidade na forma como a mãe e a irmã de Lily a tratavam. Tudo o que ele queria era pegar o celular das mãos dela e falar umas verdades à sogra.

- Não concorda, Lily? – a Sra. Evans insistiu. – Eu sei que você quer nos excluir da sua vida e, mais cedo ou mais tarde, você vai acabar conseguindo, mas enquanto você não consegue, mostre um pouco de gratidão e venha nos ajudar.

- Ok. – Lily disse, após uma longa pausa.

- Tuney, ela disse que vem! – a Sra. Evans gritou para a irmã. – E chegue o mais rápido possível. Pegue um táxi e venha imediatamente, não temos mais tempo a perder.

E a Sra. Evans simplesmente desligou. Lily afastou o celular do ouvido e olhou para o namorado. Ao perceber o modo injusto com o qual a tratavam e a opinião equivocada que possuíam sobre Lily, James não conseguira demonstrar qualquer chateação pelo fato de ela não ter lhe contado sobre o casamento de sua irmã.

- Minha irmã vai se casar. – Lily começou, com a voz triste. – Bem, nós não somos próximas há anos e brigamos feio da última vez em que eu fui para a casa dos meus pais, então eu nunca poderia imaginar que ela quisesse minha ajuda com esse casamento. – James suspeitou ter visto os olhos verdes de Lily marejarem, mas sabia que a namorada jamais permitiria que ele a visse chorando. Ela piscou algumas vezes para disfarçar. – Desculpe por não ter te contado, James. Eu fiquei muito chocada quando recebi o convite do casamento da minha irmã, que mora na mesma cidade que eu, pelo correio. Você consegue entender isso? Eu fiquei sabendo que minha única irmã vai se casar através de um convite que chegou pelo correio!

- Não se preocupe. – James a abraçou e beijou o alto de sua cabeça. Sentiu-a relaxar e ceder ao abraço. – Eu entendo seus motivos.

- Obrigada. – ela respirou fundo e levantou o rosto para olhá-lo. – Mas agora eu preciso ir.

- Agora? Você não pode ir amanhã?

- Minha mãe deve estar me esperando, James. Ela disse que eu precisava ir imediatamente. – Lily se soltou o abraço e começou a caminhar para as escadas. – Vou fazer minha mala.

James ficara tão atordoado com a quantidade de novas informações que não conseguira se mexer nos minutos seguintes. Como assim ela estava indo embora? Quanto tempo ela ficaria fora? E os planos que tinham feito para as férias? Por que Lily estava tão preocupada com a mãe? Por que a ruiva nunca lhe falara sobre a família mais do que o básico?

Ela descera poucos minutos depois, com os cabelos presos num coque apressado, arrastando uma mala não muito pequena pelas escadas.

- Quantos dias você vai ficar lá? – James perguntou assim que notara o tamanho da mala.

- Não sei, James. Vou fazer o possível para resolver todos os problemas e voltar para cá logo. – ela suspirou. – Eu prometo.

- Eu também posso ajudar. - ele se ofereceu. – Assim você poderia voltar mais rápido e-

- Não se preocupe! – Lily abriu um sorriso sem jeito. – Vai dar tudo certo! – aproximou-se do namorado e, nas pontas dos pés, selou seus lábios. – Eu te aviso quando chegar em casa.

A despedida fora um tanto fria, na opinião de James. Talvez porque, lá no fundo, ele já soubesse que ela não cumpriria com sua promessa e não retornaria tão cedo. E Lily não fazia ideia do quanto ela iria lhe fazer falta.


James suspirou desanimado. Nos últimos dias ficara recordando-se repetidamente da apressada despedida. Estava tudo tão bem até aquele momento. Por que ela o estava evitando daquela maneira, usando o maldito casamento como desculpa? Havia alguma coisa da qual ele não estava ciente, disso ele tinha certeza. James vasculhara sua mente minuciosamente em busca de uma resposta. O que acontecera para que Lily se afastasse tanto?

Quando voltara à realidade solitária, o rapaz percebeu que o filme irlandês provavelmente já havia terminado fazia tempo. Passou a mão pelo rosto e notou que o volume de sua barba há tempos abandonara o status "por fazer". Haviam tantas coisas que ele gostaria de fazer e a barba certamente não estava no topo de sua lista.

Foi quando decidira tomar uma atitude. Precisava ter uma conversa séria com Lily: ligaria para ela até que ela atendesse, mesmo que isso demorasse horas. E então, exigiria o endereço de sua casa e a encontraria naquela mesma noite. Se ela não tivesse uma boa explicação para justificar tal negligência e ausência, ele compreenderia que ela simplesmente não tinha mais vontade de continuar com o relacionamento e estava fugindo dele – como já havia feito em outras ocasiões – para não precisar terminar. E, portanto, ele quem terminaria e acabaria logo com aquela situação incômoda.

Foi então que a porta da sala começou a ser destrancada pelo lado de fora. O primeiro pensamento que lhe ocorrera foi de que só podia ser Lily. Esperou ansiosamente até que uma fresta se abrisse e pudesse identificar quem era. Mas era Sirius.

- O que aconteceu por aqui? – Sirius perguntou, em vez de cumprimentá-lo. Seus olhos iam de James para a pilha de caixas de pizza ao lado do sofá. Mas mesmo não sendo Lily, James sentira o mais absoluto alívio por estar diante de um ser humano. – A Lily obviamente não voltou, não é?

- É claro. Não nos falamos há dias.

Sirius largou sua mochila e sentou-se ao lado de James, ainda sem tirar os olhos de sua barba proeminente.

- Eu não acredito no que estou vendo, cara. Tudo isso por causa de uma mulher? Você está ridiculamente deprimente.

- Vá se foder. – James retrucou. – Eu vou falar com ela mais tarde. Se ela não tiver uma boa explicação pra tudo, acabou. Eu não sei em que bairro da cidade os pais dela moram, mas com certeza ela poderia ter aparecido aqui qualquer dia desses, não? Ou ter mantido contato, afinal, caso ela não saiba, é assim que as pessoas normais agem.

- Você ligou pra ela, afinal?

- Desde que você foi embora, não. Faz uns quatro dias que liguei pela última vez e ela não atendeu. Nem retornou.

Os olhos de Sirius passavam pelas garrafas de cerveja enfileiradas sobre a mesa de centro.

- Se eu mandasse uma foto do estado da sala para ela, ela responderia na hora. – Sirius ponderou, com um sorriso. Inclinou-se para frente e passou o dedo pela mesa de centro. Constatou que ela estava terrivelmente empoeirada. – Não sei por que você ainda não fez isso. Ela apareceria aqui em cinco minutos, pronta para te mandar limpar tudo.

James não pôde evitar uma risada. Lily assumia um semblante inegavelmente sexy quando reclamava sobre a limpeza das coisas. Mas quando a conhecera, ele a achara insuportável. Até que, com o tempo, soube admirar e compreender sua mania de limpeza a ponto de sentir falta.

- Eu vou ligar para ela. – James cedeu. Nada parecia mais certo a ser feito. – E como foi o aniversário do seu tio Alphard?

- Uma merda, a mesma coisa de sempre. – Sirius respirou fundo. - Mas é o único tio que gosta de mim e por isso fiz um esforço. Meu pai não me cumprimentou e não falou comigo nenhuma vez, como o esperado. Na verdade, exceto por alguns primos e meu tio Alphard, minha presença foi completamente ignorada. – ele chacoalhou os ombros, distraído. - E hoje cedo, antes de eu ir para a estação para pegar o trem e voltar para cá, minha mãe veio carinhosamente se despedir de mim dizendo que eu não deveria ter ido e esperava que eu nunca mais comparecesse a qualquer evento familiar. Resumidamente, foi isso.

- Ah, mas podia ter sido pior, como no casamento daquela sua prima de terceiro grau... qual era mesmo o nome dela?

- Cedrella. Sim, pobre coitada. Nunca mais eu a vi e depois do barraco no casamento, eu duvido que algum dia ela volte a aparecer em qualquer evento. – Sirius se levantou do sofá. – Agora eu vou tirar um cochilo porque cinco horas no trem acabaram comigo. Enquanto isso, deixa de frescura e ligue para a Lily.

Sirius se direcionou para as escadas. James checou o celular e, obviamente, não havia nenhuma mensagem de Lily. Antes que perdesse a coragem, ele verificou as chamadas recentes, tocou sobre o nome da namorada, que indubitavelmente liderava a lista, e elevou o celular à orelha.

Por quase um minuto, só chamou. James estava prestes a desistir, imaginando que já deveria esperar por isso, quando uma voz surgiu.

- Alô?

Uma voz masculina.

James afastou o celular do ouvido a fim de verificar se havia ligado para a pessoa certa. Sim.

- Esse é o telefone da Lily?

- É sim, mas ela está no banho e deixou o celular aqui comigo. Quem é? Quer deixar recado?

James abaixou o celular e o desligou, lentamente, enquanto processava todas as informações. Não. Era. Possível.


Sirius despertou com um barulho. Abriu os olhos e levantou a cabeça a fim de identificar o que estava se passando. Coçou os olhos e viu James, recém-saído do banho, com a barba feita e os cabelos ainda molhados completamente bagunçados, usando apenas uma calça jeans. O amigo parecia transtornado, andava de um lado para o outro, coletando coisas aleatórias e jogando numa mochila.

- O que...? – Sirius tentou esboçar uma pergunta.

Notando que o amigo havia acordado, James andou até ele. Sirius sentou-se, estranhando a expressão no olhar do outro. Nunca vira James tão furioso.

- Qual o endereço dos pais da Lily?

- Eu sei lá! – Sirius respondeu, confuso. – O que aconteceu?

James bufou e se dirigiu ao guarda-roupa. Abriu-o e começou a tirar algumas coisas da gaveta.

- O problema é exatamente esse: eu não sei o que aconteceu e cansei de fazer o papel de palhaço. – disse, simplesmente. – Você acha que a Anita sabe o endereço?

Sirius, ainda um pouco desconfiado, tateou sob o travesseiro e encontrou o celular.

- Não sei, vou perguntar pra ela.

Digitou rapidamente a pergunta e a enviou para Anita. James continuou jogando roupas na mochila, com as sobrancelhas franzidas, aparentemente muito perturbado.

O celular de Sirius vibrou.

- Hm, não, ela também não sabe. – ele disse, após ler a mensagem. – Mas você vai pra lá agora?

- Sim. – James puxava o zíper da mochila, encerrando sua coleta de roupas. – No caminho do metrô vou ligar para a Alice. Com certeza ela sabe o endereço caso eles morem na mesma casa que moravam quando a Lily estava no ensino médio.

- Mas e se não for a mesma casa?

- Então eu vou dar um jeito de descobrir o endereço da atual.

- E por que você está levando uma mochila?

James hesitou por um segundo, desviando o olhar.

- Dependendo do que eu encontrar, não sei quando eu volto.

Sirius ainda estava consideravelmente atônito para tentar interferir ou acalmar o amigo. Ainda processando a situação, Sirius assistiu a James pegar uma camisa qualquer, vesti-la, jogar a mochila nas costas e se dirigir à porta do quarto.

- Vejo você depois. – E saiu.

Mas que merda pode ter acontecido? Sirius não parava de se perguntar. E se Alice não atendesse, ou não soubesse o endereço? James certamente teria um ataque de nervos.

Foi então que finalmente se lembrou de algo útil.

Correu, abriu a porta, chamou pelo amigo e nada. Desceu as escadas aos tropeços e logo percebeu que estava sozinho com as caixas de pizza e as garrafas de cerveja. Voltou correndo para o quarto, pegou o celular e ligou para James.

- James! Acabei de me lembrar! O Remus sabe onde ela mora, ano passado ele foi lá com ela buscar uns livros durante as férias! Liga pra ele!

E Sirius percebeu que a linha ficou muda imediatamente.


N/A: Será que alguém ainda se lembra dessa fic? Bem, se sim, então certamente se lembra de que eu havia prometido a parte dois. Mesmo velha e por fora do fandom, resolvi que era hora de postar. Encontrei um backup antigo, revisei e aqui estou eu. The bitch is back!