Entãao, para começar quero dizer que essa história não é minha. Ela pertence a uma autora chamada Helen Bianchi. Eu li o livro já faz um tempinho e achei que a história encaixava direitinho com Lily e James. Eu resolvi adaptar (fazendo modificações necessárias) e colocar aqui no caso de alguém se interessar em lê.
Eu acho uma história muita fofa. É totalmente UA.
Outro detalhe: A fic não chega a ser uma NC, maas tem umas ceninhas mais hot ;) talvez ela seja um pouquinho longa, mas já tá uma grande parte pronta.
Resumo: "Nem pense em fugir! Dessa vez, não descansarei enquanto não encontrá-la!"Sete anos atrás, Lily conhecera os prazeres indescritíveis que aquele homem charmoso e sedutor pudera apenas uma mulher não fora suficiente para satisfazê-lo, por isso, humilhada e com o coração partido, fugira sem deixar ironia do destino, tornaram a forças para resistir ao fascínio que James ainda exercia sobre seus sentidos? Ou, mais uma vez, seria transformada em uma vítima da paixão?
CAPÍTULO 1
Lily deu um longo e entediado suspiro, sentindo a brisa bater em seu rosto. Com certeza, aquele magnífico fim de tarde era muito mais conveniente para um passeio ao ar livre do que para uma enfadonha festa a rigor. Porém suas inúmeras responsabilidades a obrigavam a deixar de lado o romantismo para agir de modo mais prático e racional.
A contragosto, afastou-se da janela e vestiu um modelo longo, em crepe de seda preta, que reunia simplicidade e sofisticação, real çando as curvas de seu corpo sem deixá-la vulgar.
Depois de vestir-se, uma rápida olhada no espelho revelou uma mulher sensual, de traços finos e delicados, cujos atributos físicos eram ainda mais valorizados por uma farta cabeleira ruiva, que caía em ondas até o meio das costas.
O contraste entre a imagem do espelho e o modo como costumava ir para o escritório chegava a ser dramático, e, se não fosse aqueles inconfundíveis olhos verdes, alguém poderia duvidar de que se tratasse da mesma mulher. Afinal, para trabalhar, prendia os cabelos em um elegante coque e usava apenas roupas clássicas e sóbrias.
Com uma certa amargura, pensou que há muito tempo não se produzia daquela maneira sofisticada, própria de quem tem uma in tensa e seleta vida social. Aliás, não podia esquecer que a festa daquela noite era um evento de negócios, organizado com o intuito de apresentar um novo e valioso cliente aos funcionários mais gra duados da empresa. Mesmo assim, só concordara em comparecer devido à insistência do chefe, que desejava vê-la confraternizando-se com os colegas de trabalho.
— Paciência, não posso mais voltar atrás — consolou-se, olhando para um garotinho de pijama azul, sentado na cabeceira da cama. Então seu instinto maternal veio à tona, fazendo-a compreende que todo e qualquer sacrifício valia a pena.
— Está linda! — Além de admiração, aquela voz exprimia amor incondicional pela mãe.
— Obrigada, querido — agradeceu, envolvendo a criança num abraço protetor, enquanto esforçava-se para engolir o choro. Ma podia crer que aquela espera angustiante estava prestes a terminar.
No dia seguinte, os exames de Harry ficariam prontos, encerrando uma dolorosa peregrinação por vários especialistas e pe diatras, sem mencionar os inúmeros exames de sangue e radiografias. Não agüentava mais vê-lo definhar dia-a-dia, sem que os médicos chegassem a um diagnóstico definitivo sobre seu estado de saúde. Além dos abalos emocionais, aqueles tratamentos paliativos estavam acabando com suas economias...
"E se Harry precisar de um cirurgião habilidoso ou de um hospital particular?", indagou-se, aflita. Porém não deixou transpa recer aquelas dúvidas, sorrindo para o menino.
— Sarah já tem o telefone de onde estarei, caso precise entrar em contato comigo — explicou, enquanto o levava para a sala.
Não poder ficar com Harry por mais tempo causava-lhe muita tristeza, especialmente nessa noite derradeira, quando a apreensão e a ansiedade aumentavam seu remorso e sentimento de culpa por ter de sair. Ao mesmo tempo, não podia decepcionar o chefe, pois, mais do que nunca, iria precisar de cada centavo ganho com seu trabalho.
Aliás, não poderia encontrar alguém mais qualificada para cuidar da filho do que Sarah que, além de ser muita bondosa, era enfermeira do Hospital Infantil de Londres.
— O vestido lhe caiu muito bem — Sarah elogiou. Lily sorriu, acrescentando, com meiguice:
— Foi muito gentil de sua parte ter me emprestado essa roupa. A loira ergueu-se do sofá, num movimento gracioso, passando a examinar mais detalhadamente a amiga.
— Seu cabelo ficou estupendo! Devia usá-lo sempre assim.
— Também acho — Harry concordou, acariciando o braço da mãe. Depois, com aquela simplicidade típica da infância, disse: — Esse penteado deixa você diferente...
— Voltarei o mais cedo que puder — Lily declarou sorrindo, dando um beijo no filho.
Depois, esperou que o elevador chegasse e desceu até o subsolo, com outros dois vizinhos.
Seu prédio era um modesto edifício de apenas três andares, que fazia parte de um programa governamental de casas populares. Por esse motivo, aquele mesmo tipo de construção se repetia por quase todas as ruas do bairro, variando apenas quanto à cor da fachada ou tipo de flores do jardim da frente.
Com gestos precisos e automáticos, Lily deu a partida no seu velho e fiel carro Ford e, em poucos minutos, já estava dirigindo pela principal via de comunicação daqueles bairros mais afastados com o centro da cidade.
Já passavam das sete e meia, porém se o tráfego não estivesse muito intenso, chegaria à casa do patrão sem atrasos.
Albus Dumbledore morava em uma residência cinematográfica em Rose Bay, um condomínio fechado, de alto luxo num dos lugares mais belos e selecionados de Londres.
Lily já estivera lá antes, numa das concorrida festa que ele fazia questão de patrocinar para os empregados, após o balancete anual da empresa.
Na verdade, Albus Dumbledore era um empresário muito arrojado e humanitário, que investia e estimulava o aperfeiçoamento do seu pessoal Por isso, entre outras coisas, gostava de promover festas e reuniões mais íntimas com os sócios e alguns funcionários. Entretanto, avessa a uma vida social agitada, Lily sempre arranjara desculpas para evitar aqueles eventos, preferindo passar suas horas vagas junto do filho.
Trabalhava para a Dumbledore e Associados, uma empresa de grande porte, especializada nos mais diversos tipos de assessoria para outras firmas, incluindo áreas financeiras, jurídicas e de recursos humanos.
No momento, todos estavam entusiasmados com a recém-aquisição da conta da Inter-Kromell, um verdadeiro conglomerado de indústrias com filiais por toda Europa e até Estados Unidos. Alis também andavam cheios de curiosidade para conhecer o misterioso proprietário desse império, de quem nem sabiam o nome.
Sabia que seu carro era velho e o apartamento em que morava com Harry deixava muito a desejar em termos de conforto e espaço, porém era livre e independente e sempre conseguira saldar sozinha as dívidas de sua pequena família.
"Pelo menos, até agora...", acrescentou, mentalmente, tornando a preocupar-se com a saúde do filho.
Tão logo tocou a campainha, foi gentilmente recebida e levada até a gigantesca sala de estar, onde acontecia a festa.
Músicas suaves enchiam o ambiente, abafadas por um ininterrupto burburinho. Ao mesmo tempo, inúmeros garçons passavam entre os convidados, servindo uísques escoceses, vinhos alemães e sofistica dos petiscos. Todos os homens usavam smoking, enquanto a ala feminina tentava impressionar com caros vestidos longos.
Lily já estava mais calma, saboreando uma taça de champanhe, quando Frank Longbottom veio cumprimentá-la, sorrindo.
Ele era colega charmoso e simpático, que divertia todos com seu bom humor e otimismo. E, embora tivesse apenas trinta e dois anos, era um dos mais destacados executivos da firma, com um belo futuro pela frente.
— Lily, você está fenomenal! — exclamou, após uma rápida olhada pelo corpo da colega.
Ela retribuiu o sorriso, agradecida por aquele elogio sincero.
— O misterioso convidado de honra de Albus já chegou? — quis saber, sorvendo mais um gole de champanhe.
— Entendo... — murmurou, com um toque de reprovação na voz. — Quer que ele chegue logo para que possa se livrar dessa incumbência e voltar para casa o mais depressa possível, não é?
Lily deu um sorriso amarelo, afinal não podia negar a veracidade daquele comentário.
— Talvez ele nem apareça — retrucou, tentando afastar a con versa do campo pessoal.
— Duvido muito que falte — afirmou, cheio de segurança. — Albus contou-me que o novo cliente gosta de acompanhar de perto todos os negócios de sua empresa.
— Isso explica por que essa companhia cresceu tanto nesses úl timos anos.
Frank sorriu, malicioso.
— Fazendo dever de casa, hein? Por acaso, andou analisando os relatórios sobre a Inter-Kromell?
— Claro que sim. Afinal, se vamos trabalhar para essa firma, é preciso conhecer seu funcionamento em detalhes. Entretanto não en tendo porque o dono evita divulgar seu nome, mantendo uma névoa de mistério em torno de si.
— Que dedicação! — afirmou, jocoso. — Se continuar assim, logo será acionista da Dumbledore e Associados!
— Pare de brincar.
Ele a olhou com seriedade.
— Precisa ser mais ambiciosa, Lily. Você tem muito potencial para passar o resto da vida como mera funcionária de uma firma.
— Estou muito satisfeita com o modo como as coisas estão indo — ponderou, com placidez.
Lily sacudiu os ombros, indiferente, sem pudor em demonstrar seus sonhos de grandeza. Por fim, notando que a taça já estava vazia, indagou:
— Quer mais um drinque? Ela assentiu com a cabeça.
Lily observou Frank afastar-se, com saudades da época em que seus mais insignificantes desejos podiam ser previstos, dando a impressão de que o homem amado era capaz de alcançar os cantos mais profundos de sua alma... Aqueles foram dias cheios de amor e contentamento, onde tudo parecia imerso num oceano de prazeres e felicidade. Mas isso fora apenas no começo...
Alheia à multidão barulhenta que a cercava, Lily deixou que a memória a levasse de volta ao passado, recordando a fase mais con traditória de sua vida, onde a felicidade havia se misturado à decepção e à angústia.
Sete anos ainda não haviam sido suficientes para apagar ou, pelo menos, diminuir as qualidades daquele homem, que fora e seria sem pre seu grande amor. Aliás, desde o primeiro encontro, a atração entre eles fora instantânea e arrasadora, como uma bomba atômica.
Naquela época, Lily ainda era muito romântica e inexperiente, por isso, não hesitara em entregar-se de corpo e alma àquela paixão, deixando que ele desvendasse todas as nuances de sua personalidade.
Com poucas semanas de namoro, ele passara a insistir para que se casassem, enfrentando a oposição da mãe de Lily, que achava melhor esperarem mais algum tempo antes de darem um passo tão sério. Contudo nada o demovera daquela idéia e, aos poucos, acabara por conquistar também a simpatia da sogra, uma viúva de meia-idade, de saúde frágil, que se preocupava em demasia com o futuro da filha.
Durante os primeiros três meses de casamento, Lily fora a mais feliz das mulheres, pois todos os seus sonhos pareciam transformar-se em realidade, num estalar de dedos. Bastava expressar o menor desejo por algo para que o recebesse junto com mil carícias e declarações de amor. Além disso, vivera inesquecíveis noites de paixão e volúpia que, às vezes, chegaram a estender-se por dias inteiros. Viviam um para o outro, sem importar-se como que acontecia no resto do mundo.
Com o fim da lua-de-mel, a vida foi retornando ao curso normal e aí iniciaram-se os problemas...
Pouco a pouco, os negócios do marido passaram a colocar-se entre eles, obrigando-o a passar muito tempo longe, em viagem ou reuniões intermináveis.
No princípio, embora sentisse muita falta dele, Lily não se aba lara com aquelas ausências prolongadas, procurando ser compreen siva e amável. Afinal sempre que se reencontravam, ele parecia tão carinhoso e apaixonado que jamais poderia suspeitar que outros tipos de negócios ocupavam sua mente...
Mesmo quando iniciaram-se os rumores ligando seu marido à Bellatrix Black, não dera importância. Além da confiança depo sitada nele, sempre soubera que as duas famílias negociavam juntas há várias décadas, portanto era natural que ambos participassem das mesmas reuniões e viagens.
Alta, esbelta, charmosa, Bellatrix era o protótipo da mulher rica e bem sucedida, que não media esforços para conseguir o que de sejava. Seu nome era presença obrigatória nos principais eventos de Birmingham, bem como nas colunas sociais. E, embora tratasse Lily com polidez, havia um certo toque de ironia e superioridade em seus comentários.
Não demorara muito para que as dúvidas passassem a germinar em seu íntimo, transformando os minutos de espera num verdadeiro tormento. Dominada pelo ciúmes, Lily caíra em depressão, alter nando momentos de tristeza com outros de profunda revolta. Por fim, cheia de coragem, decidira fazer a pergunta fatal ao marido...
Para sua surpresa, ele agira com plena indiferença; não negara, nem admitira seu envolvimento com Bellatrix Black, limitara-se a ignorar o assunto.
Magoada com a insensibilidade do marido e considerando-o cul pado por recusar-se a desmentir os boatos, Lily decidira ir embora.
Em choque, retornara para a casa da mãe e dera entrada no pedido de separação. Contudo, enquanto os advogados cuidavam dos pro cedimentos burocráticos, descobrira que estava grávida.
Com o orgulho ferido, resolvera assumir a criança sozinha, ocul tando essa gravidez de todos. Desse modo, em poucas semanas, conseguira o divórcio e nunca mais tornara a ver o marido.
Dois meses depois, sua mãe viera a falecer, devido a complicações respiratórias, não lhe restando mais nenhum vínculo com a cidade de Birmingham.
Completamente sozinha e arrasada com tudo que lhe acontecera, Lily havia decidido começar vida nova em outro local. Por isso, num ato de coragem, mudara-se para Londres.
Durante o resto da gravidez e o primeiro ano, após o nascimento de Harry, conseguira sustentar-se graças ao dinheiro da venda da casa da mãe, pois conseguira arranjar apenas trabalhos temporá rios, com pequenos salários.
Foram tempos difíceis, contudo não desanimara, ao contrário, con seguira até graduar-se em ciências contábeis, além de fazer vários outros cursos sobre mercado financeiro. Por fim conseguira um em prego na área contábil na Dumbledore e Associados, dando tudo de si para corresponder às expectativas.
Seus esforços valeram à pena, pois agora era uma profissional conceituada, que possuía o respeito e a admiração dos colegas e dos concorrentes.
— Desculpe a demora — Frank foi logo dizendo.
Com grande esforço, Lily voltou a concentrar-se no presente, trancando todas aquelas lembranças no fundo da sua alma.
— Seu drinque — Frank anunciou, oferecendo-lhe um copo longo e exótico, enfeitado com uma rodela de abacaxi. — Espero que goste.
Ela agradeceu, experimentando o líquido azul-esverdeado..
Logo, outro colega veio juntar-se a eles, mudando os rumos da conversa para o campo profissional. Quando deram por si, estavam falando sobre os efeitos de uma nova taxa sobre os negócios dos clientes.
Lily estava tão animada com aquele assunto que nem percebeu um certo frenesi no ar. Apenas quando Frank lhe deu um leve toque no braço, sentiu que algo diferente estava acontecendo.
Albus Dumbledore estava circulando pela sala, com o mesmo sorriso franco e amável de costume, acompanhado pelo novo cliente.
Ao bater os olhos no estranho, as pernas de Lily bambearam, enquanto ondas de frio e calor passaram a percorrer seu corpo, causando-lhe mal-estar.
"Não é possível! Isso só pode ser uma miragem!", pensou, usando todas as suas forças para aparentar calma. Porém, por mais que piscasse os olhos, a visão continuava ali, bem à sua frente.
Nos últimos anos, levara inúmeros sustos ao deparar-se com pes soas com aquele mesmo porte físico, cabelos castanhos e cabelos charmosamente bagunçados. No entanto, agora tinha certeza de que estava diante do homem que lhe pagara com traição todo o amor que havia lhe devotado.
Incapaz de mover-se, só lhe restava esperar até que se aproxi massem para as devidas apresentações. Sim, pois preferia agir como se estivesse vendo o ex-marido pela primeira vez. Afinal era discreta demais para permitir que os colegas de trabalho soubessem detalhes de sua vida particular.
"Preciso ser firme e corajosa", repetia para si mesma, lutando contra o insensato desejo de sair correndo dali.
Controlando cada músculo do corpo, Lily assumiu uma postura refinada e um tanto indiferente, própria de quem freqüenta as altas rodas da sociedade internacional e pode dar-se ao luxo de exibir um certo ar entediado. E, mesmo sabendo que, após aquele encontro, toda sua força desmoronaria, estava disposta a fazer aquele sacrifício. Não iria permitir que James Potter a humilhasse com seus modos aristocráticos e sofisticados.
Filho de italianos, mas nascido na Inglaterra, James pertencia a uma família muito rica e tradicional, que orgulhava-se de ter paren tescos com a nobreza européia. Porém, ao que tudo indicava, ele soubera multiplicar a fortuna herdada, transformando-se no proprietário de um poderoso conglomerado de indústrias, que ditava regras no mercado financeiro inglês.
Embora tivessem permanecido afastados por muitos anos, Lily admitiu, com pesar, que ele ainda lhe causava o mesmo tipo de atração da época de namoro. Era como se cada ínfima parte de seu corpo adquirisse vontade própria, ansiando desesperadamente por um toque ou carícia daquele homem, mestre na arte de seduzir.
De repente, sentiu o sangue gelar nas veias. Seus olhos acabaram de cruzar-se com os de James, transmitindo uma infinidade de conflitos mal-resolvidos de ambos os lados. Entretanto, antes que alguém pudesse perceber o que estava acontecendo, eles recuperaram o autocontrole, agindo com estudada indiferença.
— Nosso novo cliente de honra é um homem muito perturbador, não acha? — Frank indagou, irônico, percebendo o quanto aquela presença havia agitado a amiga.
Lily ignorou aquele comentário, preocupada apenas com o mo mento em que teria que ficar cara a cara com James.
— Duvido que haja uma mulher nessa festa que não gostaria de verificar se ele é tão bom, entre quatro paredes, quanto no comando de suas empresas — voltou a provocar, num sinal visível de ciúmes.
Dessa vez, entretanto, ela não permaneceu indiferente, lançando-lhe um olhar cheio de desprezo pela brincadeira maldosa.
"Se Frank pudesse imaginar que sou uma testemunha das ha bilidades de James na arte de amar...", pensou, cheia de saudades. Porém teve que interromper aqueles devaneios, pois Albus já estava quase à sua frente, com o convidado especial.
— Frank Longbottom, um dos meus principais executivos — Albus apresentou-lhe, enquanto apreciava com profunda satisfação a mudança de visual de Lily.
— Lily Evans, uma funcionária muito dedicada e eficiente — ele prosseguiu com as apresentações. Em seguida, fez uma pausa estratégica e anunciou: — Esse é James Potter.
Parecia que as pessoas haviam desaparecido e só havia aquele homem carismático e sedutor diante dela, tão forte era a impressão que ele ainda lhe provocava.
"Será que Bellatrix Black continua compartilhando sua cama?", indagou-se, sentindo um misto de dor e ódio dominá-la.Cheio de prepotência, ele observou as formas voluptuosas de Lily, fixando-se, por alguns instantes, no generoso decote do vestido negro.
Embora tomada pela irritação, ela reuniu toda sua auto-estima, agüentando aquela verdadeira análise com ares de superioridade e altivez. Por fim, aqueles belos olhos castanhos esverdeados cruzaram-se com os seus, deixando-a perceber toda a frieza e desdém que o ex-marido lhe devotava.
— Srta. Evans — ele cumprimentou, com um aceno de cabeça. Porém havia uma nota de sarcasmo em sua voz, imperceptível para os demais, porém não para Lily.
— Sr. Potter — retribuiu o cumprimento com estudada polidez, enquanto seu coração batia acelerado.
Diante daquele homem, sentia seus desejos mais íntimos virem à tona com extrema facilidade, como se fosse um vulcão prestes a explodir. Como gostaria de jogar-se nos braços dele, implorando por um beijo, sem pensar no passado, nem no futuro, apenas naquele momento de amor...
Contudo, antes que cedesse aos seus instintos passionais, James afastou-se, esperando que Albus o apresentasse ao próximo convi dado.
Com o coração em pedaços por ter sido tratada como uma mera estranha, Lily teve dificuldades para sufocar as lágrimas. Não podia negar que, mesmo depois de toda a traição que sofrerá, James continuava a ser o grande amor de sua vida. Porém, agora havia Harry para confortá-lo e, pensando na fisionomia angelical do filho, conseguiu ocultar todo seu sofrimento por trás de uma máscara de calma e indiferença.
"O destino, às vezes, tece sutis artimanhas para nos indicar um caminho...", Lily meditou, passando a encarar aquele encontro sob um novo ponto-de-vista. Afinal, após sete anos sem nenhum contato, chegava a ser irônico tornar a encontrá-lo exatamente no momento em que iria precisar de ajuda financeira para o tratamento de Harry. E, por mais que seu orgulho saísse ferido, estava disposta a tudo pelo bem do filho.
De repente, um gosto acre de sangue a fez abandonar aqueles pensamentos. Estivera tão tensa e preocupada nos últimos minutos que, sem perceber, mordera os lábios até feri-los.
Lily esperou mais uma meia hora e, apresentando desculpas esposa de Albus, deixou a casa, caminhando apressada até o carro.
Somente após acomodar-se no automóvel, conseguiu relaxar, como se tivesse tirado um fardo gigantesco dos ombros. Então, con ferindo o relógio de pulso, viu que ainda eram nove e meia.
— Minha nossa! — exclamou, surpresa. — Fiquei apenas uma hora naquela festa, mas pareceu uma eternidade!
A imagem de James Potter não saía de sua mente, deixando-a trêmula e insegura.
Assustada com as próprias reações, Lily fechou os olhos, rogando a Deus que a ajudasse a superar aquelas dificuldades. Em seguida, ligou a ignição, rumando para os subúrbios de Londres.
Foi um alívio chegar ao seu apartamento, um lugar onde tinha paz e não precisava disfarçar seus sentimentos e emoções de ninguém. Ou melhor, quase ninguém...
— Olá! — Sarah disse, animada, assim que a amiga abriu a porta. — Harry ficou muito bem e já está dormindo. Como foi sua noite?
"Encontrei o pai de Harry!", tinha vontade de dizer, porém as palavras não saíam de sua boca.
— Foi agradável — mentiu, esboçando um sorriso. Percebendo que a amiga estava cansada, Sarah levantou-se do sofá para ir para seu próprio apartamento, no andar de baixo.
— Boa noite, querida — despediu-se, abraçando Lily com afeto.
— Obrigada por tudo, Sarah. Nem sei o que faria sem sua ajuda!
— Amigos são para isso mesmo.
Assim que Sarah se foi, Lily cobriu o rosto com as mãos, cho rando todas suas tristezas e angústias. Por fim, quando as lágrimas secaram, foi para o quarto do filho, dar-lhe o sagrado beijo de boa noite.
Ali, diante daquela criança maravilhosa, fruto de seu amor por James, sentiu as forças renascerem em seu íntimo, enchendo-a de coragem.
Depois, com gestos mecânicos, aprontou-se para dormir, vestindo a camisola e retirando a pintura do rosto. Porém nunca fora tão difícil pegar no sono!
Atormentada pelas lembranças, Lily rolou de uma lado para outro até que, finalmente, vencida pelo cansaço, acabou adormecen do. Todavia seu envolvimento com James Potter estava apenas recomeçando...
Alguém gostou? Se tiver alguém aí, que tal deixar uma review?
