Nota: Os personagens de Naruto não me pertencem, pertencem a Kishimoto Masashi e empresas licenciadas. Fic sem fins lucrativos a não ser diversão. Feito de fã para fã.
N/A: Postar essa fanfic sobre o sensei-sexy, ou seja, Hatake Kakashi é uma questão de HONRA pra mim antes que o Kishimoto realmente acabe assassinando todos os personagens legais de Naruto como vem fazendo. Quem lê o mangá sabe do que eu estou falando e...
O KAKASHI NÃO ESTARÁ REALMENTE MORTO PRA MIM ATÉ ESTAR LITERALMENTE "MORTO E ENTERRADO"!
Depois do desabafo...
Cá esta a cont. de "Inevitável"!
Espero que curtam! XD
(Quem não leu e é novo aqui, vide, "Inevitável". Essa one-shot é uma espécie de "prólogo" para essa fanfic)
Ah e antes de começar, aproveito esse espaço para agradecer as garotas que me deixaram reviews em Inevitável, mas não me deixaram uma forma de entrar em contato ou fizeram login: Tsuki Ana e Mika chan! Arigato linduxas! E da próxima me deixem uma forma de contato pra que eu possa responder aos seus reviews, hein?
Se quiserem é claro... rsrs
Obrigada também a todas as demais garotas que me incentivaram a continuar essa história! Eu já respondi seus reviews, mas volto a agradecer todo o apoio de vocês aqui: Insana, Pequena Pérola, Analu-san, Antares D., Lightining, Darknee-chan, Lust Lotu' s e Lirit Oliver!
Uma boa leitura a todos!
Um Mal Chamado Amor
Capitulo I: Um passo de cada vez
Segunda-feira nunca era um dia bom pra mim. O primeiro dia da semana – Ok! O primeiro dia da semana era o domingo, mas pra mim a segunda continuava sendo o primeiro. Eu tinha meus motivos pra isso – começava antes das seis já que, seis e meia em ponto, eu tinha de estar dentro do hospital, pronta pra mais um dia concertando ossos quebrados, veias rompidas, entre outras coisas mais, cotidianas na vida de um ninja médico. Eu claramente era apaixonada pelo que fazia, mas segundas-feiras geralmente não eram dias absolutamente agradáveis para qualquer pessoa.
As pessoas – pelo menos uma boa parte delas – saiam pra se divertir nos fins de semana, bebiam e comiam demais na maioria das vezes e na segunda, tudo, o que queriam era dormir um pouco mais e pensar no próximo fim de semana.
O engraçado é que, mesmo não vivenciando nada disso, atos comuns vivenciados pela maioria dos jovens e até os não tão jovens assim, eu também odiava as segundas-feiras. Nas segundas o hospital amanhecia cheio: Gente vomitando pelos corredores... Alguém que procurou confusão, se deu mal numa briga e acordou com o olho roxo e a cara toda quebrada...
O que não faltava era trabalho.
E Tsunade-sama, sem sombras de dúvidas, estava inclusa nessas estatísticas: Sábados e domingos eram os dias oficiais para litros de saquê e jogos de azar!
Shizune ainda a fiscalizava durante a semana – pela graça de deus –, mas nos fins de semana, Tsunade-sama sempre acabava quebrando a cara de alguém depois de perder pela enésima vez no pôquer e o seu adversário, ter a infeliz idéia de lhe pedir para que apostasse seu sutiã extra-extra GRANDE no jogo, já que a essa altura não havia nada mais o que apostar.
Minha mestra produzia o estrago e eu tentava concertar, mas concertar um nariz quebrado produzido pelo punho bestial da Godaime Hokage, nem mesmo pra mim, sua pupila, era uma tarefa fácil.
A verdade era que a maioria das pessoas de Konoha tinha uma vida social bem agitada, mas não eu. Eu odiava as segundas-feiras por um motivo claro, egoísta e de um certo ponto de vista, até mesmo invejoso: Aquelas pessoas mesmo aparecendo no hospital vomitando até os pulmões ou com a cara toda quebrada estavam simplesmente... Vivendo!
Minha vida, no entanto, se resumia ao meu trabalho no hospital. Nem mesmo missões ninjas, que eram o que me davam um pouco mais de emoção em meu "pacato cotidiano" apareciam mais, ou então, Tsunade-sama achava mesmo melhor que eu ficasse no hospital tratando dos ossos e costelas quebradas que meus colegas escalados em missões fatalmente poderiam ter.
Era sempre assim: uma semana carregada de trabalho no hospital e quando o fim de semana finalmente chegava, por mais estranho que parecesse, eu gostaria de poder continuar na mesma rotina absurda de trabalho. Sempre que podia até trocava meus dias de folga com um colega, pois estar em casa durante a semana era infinitamente melhor do que aos sábados ou domingos.
Sábados e domingos eram dias para farrear, namorar, se divertir, mas os meus...
Ah, os meus eram de televisão e sorvete...
Patético, deprimente, e como Ino não cansava de dizer: "O programa típico de uma solteirona!". Uma "solteirona" que fatalmente acabaria obesa também se continuasse a consumir açúcar daquele jeito...
Ino era uma boa amiga, sempre insistia para que eu saísse mais – só assim não morreria virgem – e até mesmo para que saísse com ela, mas a verdade é que não me sentia muito bem saindo com aquela porca.
Primeiro, porque dificilmente Ino estava sozinha e estava na cara que eu iria acabar atrapalhando sua saída, já que ela tinha um acompanhante – ou seria a próxima vítima de seu voraz apetite sexual? E por falar em vitima, ao que sabia a atual era o Kazekage de Suna.
Ino passava a maior parte do seu tempo livre em Suna e os fins de semana eram motivo de exultação quando estava em missão, ou não podia abandonar a floricultura dos pais antes disso e ir ver o namorado. Naruto até chegara a fazer um comentário maldoso a respeito:
"Sakura-chan a Ino vai matar o Gaara desse jeito... O cara está mais pálido, se é que isso é possível, mas... mais pálido que o Sai! Com olheiras ainda maiores e acho até que ele emagreceu, mas... Pelo menos está com um humor muito melhor, se é que me entende e...".
Fora melhor cortar o amigo nesse ponto. Olhares e sorrisos maliciosos vindos de Naruto nunca acabavam bem... Pra ele é claro. Confesso que às vezes era bem difícil conter o meu punho cerrado longe dele, mas contar até dez – ou melhor, até mil, no meu caso – como me indicara Hinata, estava me ajudando um bocado a não destruir paredes e conseqüentemente a cara daquele que, com certeza, era o sucessor do famoso Ero-senin. Tsunade-sama por diversas vezes me dissera que olhar para Naruto era o mesmo que para Jiraya-sama.
Bem, mas o caso era que Naruto realmente não tinha nem um pouco de bom senso e discrição e talvez jamais os tivessem. Dizer pra ele que Gaara sempre fora pálido, que aquele escuro em seus olhos era uma maquiagem típica dos homens em Suna e que ele também sempre fora magro de nada iria adiantar, até mesmo porque, conhecia muito bem a amiga e provavelmente Naruto estava certo no fim das contas. Gaara bem humorado? É, provavelmente, era por causa das visitinhas de Ino...
Está certo, eu não queria fazer o papel da amiga chata e estraga prazer atrapalhando um encontro romântico, mas até pouco tempo atrás Ino estava sozinha e disponível para um típico fim de semana entre amigas, o que de nada adiantou, pois da mesma forma preferi ficar em casa e agradecer o convite.
Eu já havia saído com Ino antes num típico "programa de amigas", mas essa saída acabou se tornando uma espécie de "caçada". Ai estava o porquê do meu visível temor em repetir a dose.
A última vez que havíamos saído juntas, havia sido um desastre!
Ino estava triste porque seu relacionamento com Shikamaru havia finalmente acabado depois de muitas idas e vindas. Shikamaru, segundo ela, a havia deixado pra ficar com Temari. E que irônico não? Ela e Shikamaru depois de tudo ainda iriam se topar mais vezes em Suna e consequentemente quem sabe se juntarem a mesma família...
Resumindo, eu aceitei o convite e saí com ela como uma forma de lhe dar apoio e não permitir que se deprimisse mais do que já estava, mas quando eu lhe disse:
"Esqueça o Shika – ela ainda o chamava dessa forma carinhosa – e parta pra outra", obviamente, eu não queria lhe dizer isso ao pé da letra, mas Ino compreendeu assim.
"Ehhhh... olha só Testuda é impressão minha ou o Kiba não para de olhar pros meus peitos?".
Cinco minutos mais tarde, eu estava sozinha no bar.
Ino era Ino. Hinata era Hinata. E eu era eu. Haruno Sakura era Haruno Sakura – uma virgem de quase vinte anos e que ainda esperava pelo homem certo em sua vida. Por mais que se tente não é possível mudar o que realmente se é. Isso era um fato e de certa forma eu nem esperava que isso acontecesse.
Mas, esperar...? Sim, eu esperava por algo, mas talvez mais uma vez eu esperasse por algo impossível. Aquele que aparentemente passara a ser o homem certo pra mim, na verdade, era o homem mais complicado, impossível e carregado de mistérios que já conheci. Comparado a ele, Uchiha Sasuke era tão simples quanto saber que dois mais dois são quatro.
-Ohayou Sakura-san!
Era Sai do outro lado da rua com aquele típico "sorriso de gato". Mas o que raios ele fazia àquela hora da manhã na rua?
-Ohayou; simplesmente respondi e esperei que ele se aproximasse de mim para caminharmos juntos, já que aparentemente íamos para o mesmo lugar aquela manhã.
-Sua cara não está nada boa essa manhã. Algum problema? –ele continuou e eu achei adorável que ele tivesse percebido isso. –Sabe, não devia franzir tanto o cenho assim... Isso faz com que sua testa pareça ainda maior...
Adorável? Como eu sou idiota! Sai era detestável e jamais poderia ser chamado de adorável...
-Baka! –lhe cuspi a resposta entre dentes e ele sorriu. Acho que a maior diversão de Sai era incomodar e chatear as pessoas a sua volta, mesmo quando não era exatamente isso o que queria.
-É sério, Sakura-san; ele insistiu. –Você não me parece bem essa manhã; dessa vez ele me pareceu sincero e desprovido de sarcasmo, então resolvi responder ao seu questionamento.
-Hai. Segunda nunca é um dia bom pra mim, mas isso importa?
-É claro que sim, somos amigos não? Eu li num livro que é comum os amigos se preocuparem uns com os outros.
Mais uma vez ele estava sendo gentil. Idiota, mas gentil. Porque raios ele ainda insistia em buscar esse tipo de coisa em livros? Bem, esse era o jeito dele de me dizer que, ele realmente se importava comigo, tanto quanto Naruto, eles apenas eram diferentes na hora de demonstrar isso.
-E então? –mais uma vez ele insistiu e nessa já estávamos em frente ao hospital.
-Arigato, Sai-kun, mas o meu problema é algo que nem eu mesma possa ou saiba como resolver.
Ele me fitou por um bom tempo em silencio como se estudasse minhas palavras. Sai sério me incomodava e decidi quebrar aquilo o quanto antes. No fim das contas eu gostava mais quando ele zombava da minha cara me chamando de testuda feiosa. Não que eu gostasse de ser chamada de testuda feiosa, mas era difícil entender o que ele realmente pensava quando sério daquele jeito.
-E então veio concertar algum osso quebrado ou quem sabe fazer um hemograma completo pra ver se essa sua cara pálida não se trata de uma forte anemia? –trocei com ele.
-Nem uma coisa, nem outra; ele sorriu pra mim e eu me senti aliviada. –É que no fim dessa mesma rua há uma banca de doces maravilhosa!
-Desde quando você gosta de doces? –arqueei a sobrancelha e então voltei a troçar com ele. –Se bem que, uns docinhos lhe fariam bem pra quem sabe ajudar a mudar essa sua cara de limão azedo. Não queira competir com Hyuuga Hiashi Sai, ele é o homem-limão amargurado número um de Konoha; emiti uma sonora gargalhada e tão logo me arrependi de tal ato.
Droga! Senti-me imensamente sem graça depois da escandalosa gargalhada que dei quando o vi sério de novo. Eu esperava que ele fosse revidar como sempre, que me lançasse um apelido muito pior que me fizesse ter vontade de socá-lo, mas não. Nada. Ele apenas me fitou daquela forma perscrutadora e silenciosa de antes.
-Sakura-san; ele começou e então tocou em meu ombro. Eu fitei aquela mão pálida e terna e então me voltei pra ele. –Se precisar de mim, pra qualquer coisa, sabe onde me procurar.
Foi tudo o que ele disse antes de se afastar e se despedir rapidamente com um aceno. Mais uma vez aquele sorriso de gato estava presente em sua face desprovida de cor.
-Ja ne!
Sai já estava do outro lado da rua quando eu finalmente despertei daquele transe.
-Ja ne, arigato. Bem e se quiser me ver feliz pode me trazer uns manjus quando voltar; sorri pra ele.
-É melhor não... Não quero te ver maior que o Chouji e olha que não falta muito pra isso Sakura-san...
-BAKA! –meu punho se cerrou carregado de chakra, mas ele já havia sumido e o seu sorriso jocoso também.
E eu ainda insistia em dizer que ele podia ser adorável às vezes? Nunca! Sai nunca fora e nem nunca seria mais que um idiota chateador. Um amigo, mas nem por isso menos inconveniente. Ele realmente não sabia como lidar com as pessoas, não sem constrangê-las mesmo tentando ajudar.
O engraçado é que mesmo assim, eu gostava dele. Talvez, porque eu soubesse que àquela hora da manhã não havia uma única loja aberta em toda Konoha e tão pouco uma loja de doces no fim da rua...
-Ohayou, Dra. Haruno!
-Ohayou.
Eu ouvia esse mesmo cumprimento por vezes demais e de diferentes pessoas todos os dias, o que resultou numa resposta maquinal e desprovida de emoção de minha parte. A grande maioria deles não era um cumprimento sincero. Eu sabia que muitos ali só faziam questão de usar de gentileza comigo ou por temerem que algo que me desagradasse resultasse em suas demissões, ou porque achavam que me paparicar poderia ajudá-los em alguma promoção dentro do hospital. Às vezes eu detestava aquela imagem:
"A pupila de Tsunade-sama, sua futura sucessora e... Protegida.".
Claramente não haveria como agradecer a Tsunade-sama pelos ensinamentos que havia me passado, mas ser tachada daquela forma me fazia ter vontade de ter aprendido tudo o que sabia sozinha, ou com qualquer outra pessoa. Eu sabia que isso era impossível, e até ingratidão de minha parte pensar dessa forma, afinal, o que aprendi com Tsunade-sama era um verdadeiro tesouro, mas não ser reconhecida por uma grande maioria dos ninjas médicos apenas por ter sido aluna da Godaime era uma verdadeira pedra em meu sapato. Eu era invejada por isso e ao mesmo tempo menosprezada.
Mesmo sabendo de meu potencial como ninja médica, às vezes aquilo acabava me deixando inferiorizada perante olhos desconhecidos e até dos conhecidos também. Jamais sequer pensei em me julgar "superior" a Tsunade-sama, mas não havia como deixar de me fazer a mesma pergunta, aquela que não abandonava meu âmago: Como será que aqueles que realmente me importavam, olhavam pra mim?
Como será que... Ele olhava pra mim?
Quarto 425.
Meus olhos inevitavelmente buscaram aquela identificação. Em meio a meus devaneios caminhei durante longos minutos pelo corredor frio, branco e insípido do hospital, um caminhar meio que sem rumo. Havia passado por inúmeras portas, quartos e seus números de identificação e até então, nenhum deles havia me chamado a atenção a não ser aquele o: 425.
Ele me atraíra feito um imã.
Eu havia passado diante daquela mesma porta inúmeras vezes nas ultimas semanas, mas mais do que mirar aquela porta eu ansiava poder cruzar aquela linha, um obstáculo intransponível entre mim e o meu desejo. Uma simples porta havia se tornado uma barreira a qual eu ansiava ardentemente ultrapassar, mas era incapaz de ousar sequer tentar.
Aquela barreira era muito mais que uma barreira física, até mesmo porque, madeira e aço eram algo que eu facilmente poderia ultrapassar. Até mesmo uma barreira de genjutsu era algo fácil de quebrar comparada a aquela que eu tinha diante de mim. Aquela barreira era diferente de qualquer outra e havia se tornado intransponível no dia em que a ergui dentro de mim. Barreiras criadas em seu intimo, em sua alma, barreiras feitas de sentimentos, essas eram as piores de todas as barreiras a se ultrapassar.
Tal qual meus olhos, inevitavelmente, minhas mãos rumaram até a maçaneta. Eu não podia perder a coragem agora, podia? Já havia repetido esse mesmo gesto inúmeras vezes sem conseguir completá-lo, agora era o momento de finalmente terminar o que havia começado. Girei a maçaneta roliça e lisa vagarosamente até que a porta se abriu.
Um desejo reprimido durante dias seria finalmente saciado?
Não.
A minha coragem finalmente havia voltado, mas não havia mais porque temer aquela porta...
O quarto estava vazio.
O objeto, a causa de meu temor, ou seja, ele, já não estava mais ali.
As cortinas jaziam abertas e uma fina camada dourada trespassava e repousava sobre o leito vazio. O sol que adentrava a janela era a única coisa vivaz naquele quarto e eu o invejei por alguns instantes. Durante todos aqueles dias, toda a manhã aqueles raios dourados certamente haviam acariciado o rosto dele, sereno, calmo, adormecido, num universo a parte do turbilhão em meu peito.
Aproximei-me da cama vazia e minhas mãos tocaram o lençol alvo e limpo. Eu não podia esperar sentir o calor dele ainda ali, mas o seu cheiro ainda estava. Podia sentir o cheiro dele, aquele mesmo cheiro que ficara impregnado em minha mente desde a cerimônia de graduação da Academia Médica, algo que eu não sabia explicar. Aquilo me dava prazer, medo, excitação. A presença dele me proporcionava diferentes sensações e, principalmente, uma sensação de proteção que eu jamais havia sentido antes.
Simplesmente me sentia completa junto dele.
Eu realmente estava confusa. Era como se soubesse, mas não tivesse coragem de dizer a mim mesma, o que aquilo realmente significava. Aliás, eu sabia sim o que estava acontecendo, mas simplesmente não podia permitir que aquele sentimento se enraizasse ainda mais em meu peito.
-Sakura?
Era Shizune, eu sabia só de ouvir sua voz. Permaneci onde estava com os dedos ainda a acariciar os lençóis macios. Shizune não podia ver a expressão indecifrável em minha face assim como o que eu fazia, mas não era tola. Ela sabia por que eu estava ali. Todos aqueles dias, toda manhã e fim de noite eu ia até ela atrás de noticias.
-E... Kakashi-sensei? –indaguei ainda de costas pra ela.
-Ele teve alta ontem, no fim do dia.
-Achei que ele fosse ficar mais alguns dias aqui; respondi e então finalmente me voltei para trás. Shizune também vestia um jaleco branco como o meu e tinha uma prancheta com dados de possíveis pacientes que veria ainda aquela manhã.
-Hai, eu também achei que sim, mas Kakashi-san se recupera rápido, não tanto quanto Naruto, mas ainda sim rápido se levarmos em conta o desgaste físico que o uso do sharingan causa quando usado em excesso.
-Hai.
Apenas concordei e passei a fitar um canto distante no quarto. Quando me voltei na direção de Shizune percebi que ela me observava em silencio.
-Bem, há muito trabalho por aqui hoje. Ja ne, Sakura-san! –ela se despediu e então rumou até a porta aberta.
-Ja ne.
-Nos vemos no almoço? –Shizune se voltou para mim ainda na porta.
-Hai.
Já passava das duas da tarde quando eu finalmente abandonei o hospital para um almoço/jantar. Não pude almoçar com Shizune como havia prometido, pois àquela hora ela já estava tomando o seu chá da tarde e eu ainda tinha somente o meu desejum no estômago. O engraçado é que aquilo me recordou os tempos na Academia Ninja, quando Ino e eu disputávamos tudo, até quem conseguiria emagrecer mais rápido com uma dieta mirabolantemente absurda. Se fosse naqueles tempos eu certamente aceitaria um chá com biscoitos ao invés de um almoço de verdade – menos calorias –, mas aquilo me fazia lembrar de duas coisas e a primeira era que:
Saco vazio, realmente não para em pé!
Se eu realmente me submetesse a isso não estaria em pé até o fim do dia, além do que, provavelmente o barulho de meu estômago roncando acabaria atrapalhando o sono dos pacientes. A segunda, era que a ultima vez que eu decidi ficar de jejum a fim de perder alguns quilinhos – só se fosse na testa... Por deus, Como eu era idiota! Até hoje comendo baldes de sorvete eu era tão magricela como quando tinha doze anos... – eu, literalmente, quase havia morrido de fome...
Aquele maldito dia na Academia Ninja... Meio dia em jejum e depois ainda tivemos de enfrentar uma prova absurdamente impossível e sem fundamento que colocava-nos um contra os outros.
"Sugiro que não tomem o café da manhã, ou vão vomitar...".
Kakashi-sensei realmente jogava sujo! Havia-nos posto em nosso limite de estresse, fome, confusão, raciocínio, estado emocional, e jogado com nossas mentes desde o primeiro teste imposto. No fim das contas acabamos sendo o primeiro grupo de alunos aprovados por ele e mais, como Naruto havia dito naquele dia: "Ele é tão legal...".
Kakashi-sensei havia se tornado uma espécie de "herói", pelo menos para mim e Naruto. Sasuke não contava pelo simples motivo: Sasuke era Sasuke. Bem, mas é claro que nossa admiração por nosso querido e honroso professor durava até que seus atrasos absurdamente mal explicados elevassem o nosso nível de estresse matutino às alturas. Eu tinha vontade de socar seu perfil mascarado quando ele aparecia com aquele sorriso inacreditavelmente límpido e inocente na cara e o seu típico: "Yo!".
Engraçado, mas era como se Kakashi despertasse sentimentos de um extremo a outro nas pessoas: Raiva e adoração. Simpatia e antipatia. Inveja e respeito. Amor e ódio? Nesse ponto as coisas complicavam um pouco. Em qual desses opostos eu me encaixava? Talvez em cada uma delas dependendo do momento e situação.
Eu me peguei rindo enquanto caminhava pelas ruas do comércio de Konoha ao pensar sobre isso. Eu sentia raiva de Kakashi-sensei quando ele se atrasava sem aparente motivo. O adorava quando ele fazia algo legal, como pagar ramén pra todos nós depois das aulas ou término de uma missão bem sucedida. Ele era bem pão duro, um muquirana, na verdade, mas quando lhe dávamos motivo de orgulho sua carteira era aberta a comemorações. Capitão Yamato bem sabia disso, pois quando estava junto de Kakashi-sensei sempre acabava caindo em sua teia de enrolação e acabava pagando tudo sozinho, coitado. Kakashi era o melhor enrolador de toda Konoha, não havia dúvidas quanto a isso, pois sempre conseguia o que queria.
Outra coisa que me fazia adorá-lo era quando ele jogava com suas charadas sem pé sem cabeça e que Naruto nunca entendia. Agora... Respeito? Provavelmente o copy-ninja merecia respeito, o ex-integrante do esquadrão AMBU, o excelente estrategista que sempre conseguia êxito nas missões, mas não aquele homem que vivia lendo pornografia sob uma sombra fresca enquanto seus alunos treinavam ou cumpriam missões ridículas como recolher sujeira de um rio...
-Yo!
Yo? Eu ainda sorria quando me voltei, mas estranhamente meu coração pôs-se a saltar acelerado no peito. Será que dava pra ouvir aquelas batidas frenéticas contra minha caixa torácica?
Era ele...
-Kakashi-sensei; eu pronunciei o seu nome em voz alta, era como se eu precisasse disso para tornar a imagem diante de mim concreta. Era ele, como eu bem conhecia, como sempre, com o nariz enfiado naquele maldito livro, mas agora era como se sua atenção fosse somente para mim. Ele fechou seu Icha Icha e o guardou no bolso traseiro.
Minhas pernas amoleceram ante a essa conclusão feito marshimellow derretido...
Kakashi me fitou por um bom tempo em silêncio e aquelas malditas borboletas começaram a revoar em meu estômago mais uma vez. Eu nunca sabia o que aqueles olhos preguiçosos de fato estavam pensando. O enigma chamado Hatake Kakashi se assemelhava muito ao olhar de uma esfinge: Decifre meu enigma ou te devoro...
Devoro? Isso soou meio... meio... Meio Ino! A idéia, o duplo sentido que aquela simples palavra podia ter me fez corar. Droga! Desde quando eu coro na frente de Kakashi-sensei? Talvez desde que meu professor passara a ser um homem pra mim, um homem capaz de invadir meus sonhos e desenterrar todas as minhas fantasias secretas e reprimidas... Droga! Era hora de quebrar aquele contato visual e mudo e descontrair não? Como nos velhos tempos? Porque raios ele não bagunçou meu cabelo? Isso faria com que eu despertasse daqueles devaneios tolos a seu respeito. Hatake Kakashi era um homem sim, mas não para mim.
-Que calor não? –indaguei num sorriso amarelo, me abanando com uma das mãos e ele sorriu. Provavelmente minha testa estava parecendo ainda maior com aquele ardor e vermelhidão que eu sabia ter se alojado em minha face.
-Na verdade, acho que está um dia bem fresco hoje...
Maldição! Isso era verdade. De manhã quando saí pra trabalhar havia trazido comigo um casaco e agora estava justamente o usando. O sol jazia alto, mas ainda sim uma brisa suave e agradável acariciava meus cabelos. Era final de outono e logo chegaria o inverno.
"Você é tão péssima em arranjar desculpas esfarrapadas quanto ele... Baka!".
-É, bem, eu...; comecei sem saber ao certo como começar, mas ele me interpelou.
-Espero que não tenha adquirido o péssimo hábito de Tsunade-sama, o de se embebedar de saquê logo pela manhã dizendo que é chá; Kakashi riu e seu olho visível se tornou pequenino. Aquela expressão, se é que eu podia chamar assim, somente o expressar de um único olho me fez sorrir também. Eu adorava quando aquela expressão divertida e descontraída tomava conta dele.
-Você sabe que eu odeio saquê...; eu fiz uma careta.
Ainda me recordava nitidamente de Ino insistindo para que eu provasse saquê. Ela havia furtado uma garrafa da adega do pai, acho que tínhamos uns quinze anos na época. Ino havia brigado com Shikamaru – de novo – e queria afogar suas mágoas. Eu cuspi o único gole que ousei tomar assim que senti aquele gosto extremamente forte de álcool e Ino tomou a garrafa toda depois do segundo gole, já que o primeiro fora tão "agradável" pra ela quanto fora pra mim. Resultado: Eu passei a odiar saquê desde aquele dia e Ino viciou naquela maldita bebida...
Como é que ela tinha estômago pra aquilo? Até mesmo Naruto que engolia literalmente tudo que colocassem na frente dele não tinha um estômago forte o suficiente pra saquê.
-É bom que continue não gostando, pois geralmente no segundo gole é que você aprende a apreciar melhor a bebida. Você literalmente vicia; Kakashi sorriu mais uma vez.
Eu havia me esquecido, mas...
É...
Eu havia contado isso pra ele também. Aliás, naquele tempo eu conversava muito mais com ele, riamos juntos, ou então, ele ria das minhas neuras e eu quase o socava, mas era divertido. Naquela época era como se tivéssemos nos tornado iguais, o que nos aproximou, no entanto, agora era como se fossemos algo completamente diferente de qualquer coisa que já havíamos sido no passado. Ele já não era meu professor e também não era exatamente um amigo. O que ele era pra mim agora? Melhor... O que eu era pra ele agora?
-Bem; tentei iniciar uma conversa mais uma vez. –Parece que já se recuperou.
-Hai, do estrago físico sim, mas...
-Mas? –eu estava curiosa com aquela expressão que definiria como desolada no rosto dele.
-Uh... Meu estômago ainda parece convalescente! Não como nada descente desde que adentrei o hospital. Aquela maldita dieta líquida é a pior coisa que já comi na vida; ele completou fazendo uma careta. –Bem, é claro que sem contar suas pílulas de soldado...
-Baka! –eu o apontei acusadoramente e ele sorriu divertido. –Aquilo pode salvar a vida de um homem sabia disso? –eu gesticulei com ambas as mãos e então comecei a explicar e defender minha super-pilula. Porque raios todo mundo só punha defeito em algo que salvava vidas? –O gosto não é importante e sim o valor nutricional e...
-Já almoçou hoje Sakura? –Kakashi me interrompeu e eu o fitei confusa.
-Na verdade...; eu ponderei analisando-o por alguns segundos. –Não, ainda não almocei, por quê?
-Almoce comigo então; ele me sugeriu num sorriso.
-Com você? –eu franzi as sobrancelhas e então apontei pra ele, como quem achava a idéia impossível, algo como: Ah vamos sair voando daqui até a lua em cinco segundos...
-Algum problema nisso? –ele pareceu confuso. –Eu estou com fome, você ainda não almoçou, então também deve estar com fome, bem... E eu odeio comer sozinho...
-Você nunca comeu com a gente antes; eu lhe respondi me referindo a época em Naruto, Sasuke e eu treinávamos com ele. Kakashi sempre sumia nas horas das refeições.
-Almoçar com um grupo de genins é diferente de almoçar com você Sakura...
Minhas pernas voltaram a ficar bambas...
Acaso ele estava brincando comigo? Não... Talvez eu estivesse em meio a mais um daqueles sonhos eróticos em que ele de repente iria me agarrar e beijar até que me faltasse o ar e... Droga! Por que raios eu pensava tanta besteira nos últimos tempos? Maldita Ino porca! Ela estava me destruindo... A "Sakura puritana", como ela costumava dizer, aos poucos ia sendo sucumbida por uma outra Sakura, uma que ficava de ouvidos atentos enquanto a ouvia contar sobre como o Kazekage era bom na cama e se roia de inveja...
"As mãos dele são muito diferentes do que eu imaginava... Não são as mãos rudes usadas em batalhas, mas ainda sim, conseguem ser fortes e ao mesmo tempo gentis. Seu toque parece conter o ardor de chamas e como se não bastasse, sua língua parece conter fogo liquido... Ah, ele realmente sabe como agradar uma mulher e realmente sabe usar a boca pra...".
Maldita Ino! Desse jeito eu ia acabar tendo fantasias sexuais com Gaara também...
-Podemos tomar um sorvete depois se você realmente estiver com calor...
Era a voz de Kakashi. Droga! Eu tinha corado de novo e agora mais ainda. Provavelmente a estranha vermelhidão em minha face parecia lhe indicar que eu estava mesmo com calor, ou então, o fazer pensar que na pior das hipóteses eu estava tendo uma menopausa precoce... Ondas de calor? Deus! Nem mesmo Tsunade-sama as tinha, a não ser quando tomava saquê.
-Vamos pensar no almoço primeiro; lhe sorri tentando contornar o assunto.
-Ichiraku? –ele sugeriu. –Fica nessa mesma rua e acho que uma boa porção de ramén seria muito bem vinda nesse caso.
-Ótimo, eu estava mesmo pensando em ir até lá; lhe respondi.
-Ichiraku! –Kakashi sorriu e então começamos a caminhar.
Espera um pouco... Eu realmente estava indo almoçar com ele? Um fio de esperança se acendeu bem no fundo de meu âmago... Almoçar queria dizer "usar a boca". Usar a boca queria dizer... Tirar aquela maldita máscara? Ele a tiraria na minha frente? Finalmente eu veria o que realmente escondia aquela máscara e veria como era o rosto dele?
Um meio sorriso se moldou em meus lábios e meu coração acelerou. Como seria aquela boca com que eu tanto sonhava?
Ah, mas meu sorriso tão logo morreu...
Ichiraku?
Ichiraku queria dizer ter de ver aquela garota do ramén o devorando como os olhos, como quando eu tinha doze anos e me perguntar se Ino realmente não estava certa... Eles teriam realmente um caso? A garota do ramén e Kakashi?
-Sakura?
-Hai; eu me voltei pra ele e vi que ele havia continuado a andar e eu havia parado o que resultou que ele já estava há vários passos na minha frente.
-Tudo bem? –ele indagou preocupado.
-Hai.
Meu coração ainda saltava ansioso dentro do peito quando me aproximei, mas eu realmente estava bem.
Kakashi me fazia bem...
Continua...
N/a: E aí, e aí? Consegui alcançar as expectativas de vocês leitoras de "Inevitável"? E pq não... Leitores tb? Mas confesso que acho pouco provável que um homem esteja lendo minha fanfic... Mas, enfim, o primeiro capítulo está a altura, ou melhor, do gosto de vocês? Espero que sim, pq eu adorei escrevê-lo. Ele já estava quase pronto, o que me fez demorar em postar foi graças ao meu querido pc que só funciona quando quer...
É... Meninas, o meu computador sofre de TPM crônica... rsrs
Agora o mais importante...
REVIEWS!
Se a resposta for: SIM, cliquem no botãozinho logo abaixo.
Se a resposta for: NÃO, idem... XD
E se a resposta for: NÃO SEI... Bem, espero que o segundo capítulo lhes tire essa dúvida... rsrs
Ah gente, escrever só tem graça quando se tem retorno, então, não se façam de rogados, meus caros leitores, vamos, se animem e me deixem um singelo recadinho: Gostei, não gostei... O importante é saber se to na sintonia certa de Kakashi x Sakura, meu casal preferido, mas com o qual ainda sou inexperiente se tratando da escrita.
Bjus e tudo de bom!
Ja ne! *-*
P.S: Quem me deixar review ganha um beijo do Kakashi no próximo capítulo... rsrs
