Quando eu e Weller ficamos sabendo que eu estava grávida nós fizemos de tudo para que tudo ocorresse bem. Exames de todos os tipos, tudo para garantir que nossas escolhas passadas não tivessem afetado a vida de nosso bebê. Acompanhamentos e médicos haviam se tornado rotina para que tudo estivesse bem para nosso bebê e tudo estava, mas estávamos sempre nos certificando.
Porém, haviam problemas que estávamos cuidando: os psicológicos. Nesse 5° mês especialmente de gravidez eu estava tendo muitos pesadelos. Eu sempre imagina que alguém entrava em nossa casa para pegar nosso bebê, às vezes ele simplesmente sumia e isso acabava com a minha qualidade de sono. Dr. Borden já havia nos aconselhado algumas coisas, mas nada que fosse possível de me tirar esses pesadelos. Essa noite o pesadelo foi ainda mais sufocante. Nele, eu estava amarrada e minha filhinha estava sendo levada junto com Kurt. Eu tentava gritar, mas o som não saia e meu corpo não se movia, por mais que eu fizesse força. Acordei em um pulo suspirando e Weller estava com o corpo tão perto do meu, que eu fiquei feliz em sentir sua respiração.
Me encostei mais a ele e logo coloquei a mão em minha barriga. Nosso bebê estava lá. Ainda sem abrir os olhos toquei os braços de Weller suavemente sentindo sua pele e ele colocou seus braços sobre mim. Era tão bom sentir seu toque. Ele estava lá.
— Nós estamos aqui, amor. — Ele disse me abraçando mais forte e logo depositando um beijo em minha testa.
Retribui com um beijo em sua bochecha e repousei minha cabeça em seu peito. Fiquei escutando as batidas de seu coração e lágrimas involuntárias nasceram em meu rosto. A gravidez havia me deixado muito sensível, e depois do pesadelo eu fiquei tão feliz em escutar o som do coração do Weller. Aquilo era vida. Era também minha vida e vida daquela criança que eu carregava. Nossa criança.
Ao perceber que eu estava chorando Weller passou a massagear minha cabeça e a cantarolar. Eu estava tão concentrada com as batidas de seu coração que somente um momento depois eu percebi que ele estava cantando para me acalmar. Sua voz era grave, mas tão serena. Era a primeira vez que eu escutava Weller cantarolar em nossos 5 anos de relacionamento, e nunca pensei que algo pudesse me acalmar tanto.
"I'm so encaptured, got me wrapped up in your touch / Feel so enamored, hold me tight within your clutch / How do you do it, you got me losing every breath / What did you give me, to make my heart beat out my chest" Ele cantarolava baixinho e eu não pude não chorar mais, mas dessa vez de felicidade. Aquela era uma das canções que havíamos dançado em nosso casamento. Pela primeira vez em 5 meses eu finalmente havia dormido bem. E ele cantou nossa música para mim nos próximos 4 meses restantes.
Estava saindo do banho quando escutei Nikki chorando baixinho. Me apressei em me enrolar para calar logo nossa menina, mas ao chegar na porta do banheiro ela já havia se calado. Kurt estava cantarolando para ela. A nossa canção. Eu o abracei por trás e nós dois ficamos cantarolando baixinho até ela dormir novamente. Ele a colocou no berço e nós nos abraçamos.
— Agora é nossa a música. — Disse depois de um tempo. Ele me abraçou forte, me depositando um beijo em meus lábios.
— Sempre foi.
