Minna!

Os personagens pertencem ao Masashi Kishimoto, a história é de minha autoria.

Esta fic contém: palavreado chulo, prováveis cenas de sexo e o casal central é Ino e Gaara. Caso você não goste do tema abordado, por favor, não leia.


How can I just let you walk away?
(Como eu posso deixar você simplesmente ir embora)
Just let you leave without a trace?
(Sem você deixar nenhum rastro?)
(...)

Against The Odds - The Postal Service

Não sei como começar a contar essa história. O que eu posso dizer, afinal de contas? Uma vez me disseram que eu era bonita demais. Me disseram que não poderia haver no mundo, alguém louco a me rejeitar. Essas palavras, quem me disse, foi meu pai. Lembro que ele também disse que eu parecia uma princesa que acabara de sair de um livro de contos de fadas. Eu adorava ouvir essas coisas e, para ser bem sincera, eu adorava acreditar nelas. Afinal de contas, que garota não gosta de ouvir esse tipo de coisa? Quando meu pai dizia isso, eu acreditava de todo o meu coração.

Hoje em dia, eu não acredito mais. E talvez, se você me perguntar o motivo, eu não saberei responder. Mentira, eu vou saber, mas vou dizer a você que não. Vou dizer que é porque eu amadureci e todas essas bobagens já me parecem meio falsas agora. Mas já que resolvi contar essa história, não acredito mais porque tudo que me aconteceu foi contra isso. Houve sim, no mundo, alguém a me rejeitar, várias e várias vezes. Se eu sou bonita? Sim, mas e daí? Que mulher que não é? E desde quando isso é alguma qualidade? Afinal, uma plástica ajeita qualquer um. Então, não me diga que ser bonito é algo a se levar realmente em conta, porque isso nunca selecionou ninguém. E, o mais óbvio é que as princesas nos contos de fadas nunca terminam suas histórias como as minhas. Então, tudo isso é mentira.

Isso tudo é para você entender como eu me desiludi. Como eu acreditei nas palavras que eu ouvi quando era criança. Acreditei tanto que poderia fechar meus olhos e me jogar em qualquer situação, afinal de contas, princesas sempre têm um final feliz.

Depois que meu pai morreu, minha mãe e eu ficamos sozinhas. Eu sofri, mas depois de um tempo você não sofre mais, a dor está ali, a saudade está ali, mas tudo fica em paz, se é que você me entende. Minha mãe tinha uma floricultura e era o suficiente para nós. Nunca fui rica, e, ainda bem, nunca passei alguma necessidade. Morava num bairro simples de Tóquio. Quer saber de uma coisa? Quando eu cheguei aos 17 anos de idade, eu ainda não havia visitado a área "nobre da cidade". Minha mãe costumava dizer que eu era muito sem ambição. Mas pra que? Eu iria fazer o que lá? Mas não é que eu era sem ambição, de jeito nenhum. Eu tinha ambições, eu queria ser violinista. Tocava violino desde os cinco anos de idade.

Mas eu gostava muito da onde eu morava, da vida que eu levava. Eu tinha amigos que eu amava, eu conhecia pessoas. Eu era alegre, sabe? Amava tudo que eu tinha e queria mais, por que não? Adorava essa idéia de um dia alcançar meus sonhos e ainda ter aquilo que eu tinha. No bairro onde eu morava, as pessoas não eram fofoqueiras e gostavam de cuidar da vida dos outros, sabe? As pessoas eram amigas, você contava com elas... Esse tipo de coisa. Eu era amiga de todo mundo, mas possuía três melhores amigos: o Shikamaru, Chouji e Sakura. Mas a Sakura, bem, constantemente éramos confundidas como inimigas.

Quando eu fiz 18 anos, eu e minha mãe concordamos que eu começaria a trabalhar. Já estava terminando a escola e eu trabalharia para pagar a escola de música. Fiz entrevistas em várias lojas, bancos. Acho que entreguei meus currículos até para os cachorros da rua. Ninguém me chamava, já estava começando a ficar maluca de ansiedade e frustração.

- Por que, diabos, ninguém me chama? – Disse para Sakura batendo a mão na mesa, de modo que minha mãe me lançou um olhar reprovador. – Eu fui até a puta que pariu entregar os currículos e ninguém me chama. Nem que for pra trabalhar de faxineira, nem nada. Fiz mais de dez entrevistas e até agora, essa merda de telefone ainda não tocou. – Eu estava numa pilha de nervos. Logo as inscrições para o Instituto Konoha estariam abertas e eu não teria dinheiro para a matrícula. Eu já estava considerando o conselho brincalhão de Shikamaru para eu trabalhar na luz vermelha.

- Porca, eu já te disse, você tem que ter paciência. – Sakura disse soltando um suspiro pesado. Eu sabia que estava enlouquecendo todo mundo, porque pra qualquer pessoa na rua, eu reclamava da minha falta de sorte. – Xingar as coisas não adianta nada. – Ela pareceu meio impaciente e depois olhou pra mim confiante. – Você que não tem competência, porca. – Eu já estava a ponto de voar no pescoço dela quando o telefone tocou.

Atendi correndo e realmente era o que eu estava pensando. Eu havia sido aceita para trabalhar de secretária num banco muito importante de Tóquio. Bom, na verdade era pra ser secretária da secretária, mas mesmo assim. Aquele era justo o emprego que eu achei que de forma alguma eu conseguiria. Todo mundo ficou feliz por mim, a gente foi até num barzinho perto de casa tomar sakê naquela noite, pra comemorar. O Chouji que havia pagado. Ah... Quando eu me lembro desse tipo de coisa, um sorriso vem nos meus lábios e uma lágrima insiste em sair dos meus olhos. Sinto saudades...

Tenho que parar de agir assim.

Eu iria começar na próxima semana, a mulher no telefone havia me falado que eu tinha que ir de roupa social, e caso eu aparecesse lá de jeans ou camiseta ou roupas indecentes, eu seria demitida na hora. Se bem que ela não havia sido tão educada assim. Sai para comprar roupas sociais e sapatos. Claro que tudo numa loja lá perto de casa, mas quem se importa? Ninguém havia falado nada de marcas mesmo. Eu estava tão empolgada. Minha mãe também, afinal de contas o salário ajudaria nas despesas da casa e tudo mais. Eu achei que aquela era uma grande oportunidade.

Foi o que eu achei.

OoOoOoOoOoOoOoOoOoOoO

Eu me lembro daquela segunda-feira como se tivesse acabado de acontecer. Era um dia bem quente. E eu queria muito usar um terninho com uma calça que eu havia comprado. Não que eu gostasse daquelas roupas. Sempre fui uma garota que usava jeans e alguma blusinha e sandálias. Nunca havia saído com roupas sociais. O sol rachava no céu. Eu havia acabado por ir com uma saia, um sapato e uma camisa social.

Quando cheguei ao lugar, era um prédio muito grande. O Sabaku no Bank era um lugar enorme. O prédio era lindo e alto. Eu nem acreditava que havia conseguido trabalhar ali. Eu estava cheia de confiança, afinal de contas, eu nem imaginava que iria ser chamada para aquele emprego.

Entrei no lugar e percebi que todos estavam vestidos de forma elegante. Desde a atendente no hall, até o cara do elevador. Meu andar era o ultimo, eu era a assistente de secretária. Ou seja, eu era a secretária da secretária do Presidente. Se você pensar bem, até que era um cargo alto. Antes de eu ir pro emprego, minha mãe havia sentado comigo e conversado: "Ino tome cuidado e, por favor, contenha essa sua boca suja e seu mau humor. Aquelas pessoas não toleram esse tipo de coisa. Boa sorte, querida." E já foi me expulsando de casa, praticamente.

Aquele ali não era meu lugar, eu sabia disso desde o começo. Mas há momentos na nossa vida que a gente precisa fazer coisas que não queremos e aquela era uma delas. Nem em mil anos eu me via trabalhando num banco. Eu sempre imaginei dando concertos ou fazendo parte de alguma orquestra na Europa. Não que eu fosse ambiciosa e quisesse ser algum tipo de milionária, mas o que eu queria mesmo era... Bem, o meu sonho era ganhar por algo que eu gostasse de fazer e trabalhar num banco não era, exatamente, parte dos meus sonhos. Mas com certeza eu sabia que aquele era um caminho pra alcançar o que eu quisesse. Isso era verdade, mesmo hoje eu me lembro da sensação de entrar lá. Meu peito se encheu de confiança. Não me intimidei, um sorriso brotou no meu rosto e eu sabia que grandes mudanças aconteceriam.

Eu simplesmente sabia.

Demorou muito pra chegar ao andar onde eu deveria ir. Tudo naquele lugar era bonito, o elevador era encantador e até as pessoas possuíam um ar de elegância. Quando o elevador parou no ultimo andar, eu sai e prendi a respiração. Achei que seria pequeno, mas era um lugar muito bonito. O piso era de mármore e as paredes eram brancas. A mobília impecável. Uma mulher bonita estava na recepção. Eu disse a ela quem eu procurava e ela me indicou uma sala a esquerda. Era uma sala com umas poltronas e logo após dela, uma salinha com uma mulher linda sentada aparentemente muito concentrada digitando algo no computador. Outra vez a mobília era impecável assim como tudo que continha na sala. Mais a frente uma porta grande, que deveria ser a sala da presidência.

- Com licença. – Eu a chamei e ela demorou a me responder, mas assim o fez. – Eu fui contratada pelo cargo de assistente. – Ela se levantou e me olhou da cabeça aos pés e depois indicou uma mesa para eu me sentar.

- Eu me chamo Kurenai, sou a secretária da presidência. – Ela mexeu nos cabelos e seu olhar era confiante. – Eu faço tudo que o senhor Sabaku mandar e você... me obedece. Eu sou quem participa das reuniões, você leva o café. Eu duvido muito que ele vá olhar para sua cara, mas caso ele peça algo, esforce ao máximo para chegar à perfeição. Quando ele não gosta de algo, ele simplesmente demite a pessoa. Lembre-se, há muitas pessoas que matariam para estar onde você está. – Ela cruzou os braços e pareceu estar pensando se não estava esquecendo-se de nada e depois me olhou. – Ah sim. Qual seu nome mesmo?

A mulher havia me irritado em menos de cinco minutos de conversa. Não parecia ser uma má pessoa, apenas estressada. E para começar ela nem sabia a porcaria do meu nome. A vontade era de perguntar quem diabos ela pensava que era, mas pensando bem, eu não podia arranjar brigas. Aquele era um ambiente adulto e no ambiente de adultos, mesmo que você queira pular no pescoço de alguém, você precisa sorrir e perguntar se a pessoa quer tomar um café ou um chá e depois você pensa se vai mesmo matar a pessoa. Mais ou menos assim.

- Me chamo Yamanaka Ino. – Fiz uma reverência. – Por favor, cuide de mim. – Disse no modo formal de se falar. Eu sinceramente achava tudo aquilo uma bobagem, a mulher havia praticamente dito que eu era sem importância e agora eu estava toda formal. – Onde eu sento? – Ela apontou um lugar para mim. Uma mesa minúscula com uma prateleira atrás. Possuía um computador e umas pastas em cima da mesa.

Eu iria perguntar mais coisas quando Kurenai recebeu um telefonema e saiu em pânico, entrando na sala da presidência e arrumando, não sei o quê. Ela arrumava cada coisa minimamente. Depois gritou para que eu corresse e pegasse o café na cafeteria do quarto andar, porque, aparentemente era onde o café era mais gostoso e mais forte. E ela havia enfatizado para que eu voasse até lá. Francamente, onde aquela mulher havia visto asas em mim?

Deixei minhas coisas em cima da mesa de qualquer jeito e sai em disparada atrás do elevador. Aquele prédio possuía trinta andares. TRINTA! E aparentemente eu deveria correr até o quarto, vinte e seis andares depois. Eu fui o mais depressa possível, mas eu nunca que poderia fazer com que o elevador andasse mais rápido. Chegando lá, vi que era uma máquina de café comum. Bufei de raiva, tudo isso por causa de uma máquina de café comum?

- Que frescura idiota, francamente. – Tudo aquilo já estava começando a me irritar, quando eu vi uma fila para pegar café. Esperei um pouco na fila e depois perdi a paciência. – Pessoal, sinto muito, mas preciso pegar café para o presidente. – Nunca esperei que todo mundo iria realmente dar passagem para eu pegar o café. Forte, com pouca açúcar, foi o que Kurenai havia me explicado.

Aparentemente todo mundo tinha medo do presidente Sabaku. Ouvi alguém gritando que ele estava vindo e todo começou a correr arrumando as coisas. Eu realmente não entendia, esse cara estava andando e matando os funcionários. Não dava para ser tão ruim assim, era impossível. Até que eu parei um cara e perguntei, por que, raios, todo mundo estava naquela correria. O homem pareceu um pouco impaciente, mas olhou para mim como se eu fosse um alienígena e balançou a cabeça de forma negativa.

- Você deve ser nova aqui. Mas todas as segundas o presidente anda todos os andares inspecionando tudo. Ele é muito detalhista, ele e os irmãos dele. Se eles não gostam de algo, você está no olho da rua. – O homem suspirou. – Esse é o café para ele? – Eu fiz que sim com a cabeça. – É melhor você arranjar uma garrafa térmica e uma xícara. Ele vai demorar e ele odeia quando o café fica frio. Na cozinha do quinto andar têm algumas. Pegue, desça, encha a garrafa de café e depois fique esperando. – Ele olhou para todos os lados, como se estivesse falando algum segredo de estado ou verificando se o presidente não chegava. - Quando ele tiver chegando, aí que você coloca na xícara. Bom, isso é tudo. Boa sorte. – E o homem saiu a mil por hora entrando numa sala qualquer.

Eu saí a mil para o quinto andar. Deixei a xícara num lugar qualquer, para logo ouvir alguma faxineira xingando quem quer que fosse que havia deixado a xícara lá. Fui pelas escadas de emergência, até porque seria só um andar. Meu celular tocou e eu não reconheci o número. Quando atendi, uma pessoa começou a gritar no meu ouvido.

- Que porra você está fazendo, Ino? – Era Kurenai, gritando como se estivesse falando com alguém a 100 metros de distancia. – Onde está o café dele? – Expliquei para ela o que eu estava fazendo e depois ela pareceu suspirar. – Pois ande logo, depois do quinto andar, ele apenas inspeciona do vigésimo novo e vem pra cá. Você tem que correr.

Eu já estava começando a achar que o presidente do Sabaku no Bank era o próprio demônio. Todo mundo estava correndo e ninguém queria fazer o favor de me informar onde estava merda da cozinha. Aparentemente, aquele era o andar onde mais pessoas eram demitidas, só Deus sabia o porquê. Ninguém queria parar para me ajudar. Eu já estava surtando, porque se eu não pegasse o maldito café, eu é que seria demitida ou morta por Kurenai. Depois de muito procurar eu achei a tal cozinha. Não era muito grande, apenas parecia ser algo que os funcionários usavam para esquentar as coisas. Depois de abrir todos os armários feito uma louca, achei a maldita garrafa.

Saí em disparada até o quarto andar de novo, e vi que todo mundo estava relaxado. O presidente já havia passado por lá e não havia matado ninguém pelo jeito. Todo mundo parecia tão aliviado quanto uma cidade que recebe a noticia de um furacão que se aproxima, mas no final das contas, o furacão passa sem fazer estragos. Desculpe a metáfora podre, mas isso é só para você entender o tamanho da gravidade da situação e do meu desespero. Isso queria dizer que eu deveria correr. Enchi a garrafa de café coloquei apenas um pouco de açúcar. E com a garrafa numa mão e uma xícara e um pratinho de porcelana na outra, eu saí correndo pro elevador. Se alguém esbarrasse em mim, eu mataria a pessoa, simples assim.

Depois de ficar apavorada eu cheguei ao trigésimo andar. Kurenai estava a ponto de ter um infarto, quando me viu, pareceu se aliviar. Pegou um pequeno copo e mandou-me despejar o café num copinho e provou. Aparentemente ele estava perfeito. Ela tomou a garrafa e a xícara de minhas mãos e mandou eu sentar e arrumar minha mesa. Quando ele estava chegando, ela saiu da sala dele, fechou as portas e veio correndo sentar em sua mesa. Quando ele chegou, eu arregalei os olhos.

Você deve entender que, quando você vê todo mundo morrendo de medo de uma pessoa, você imagina um velho ranzinza que anda com uma arma a laser nas mãos. Mas ele, bem, ele poderia ser modelo se quisesse. Era alto, seus cabelos eram vermelhos como sangue e seus olhos verdes como duas esmeraldas. Possuía olheiras, mas elas não impediam que ele fosse perfeito. Sua pele era alva e ele estava vestido com um terno caro, mas que ficava lindo nele. Eu não deixava de tirar os olhos dele. Eu já tinha visto pessoas bonitas, e ele não era a pessoa mais bonita da face da Terra, mas algo nele me chamou. Os olhos não possuíam emoções, mas de alguma forma, ele era diferente. Ele se destacava e todo o ambiente havia mudado só com a chegada dele. Eu estava sentada, ninguém me notou, mas se eu estivesse em pé, do jeito que minhas pernas ficaram fracas, eu teria caído. Não foi inveja, não foi amor, foi uma atração. Não daquele jeito, não aquele tipo de atração, sabe? A atração sexual que todo mundo fala nos livros e nos filmes. Não foi isso. Eu apenas senti que minha vida ainda faltava alguém, e esse alguém era ele.

É bobagem isso, eu sei.

- Kurenai, quais reuniões eu tenho marcado hoje. – O presidente disse num tom de voz baixo. Ele ouviu todos os compromissos de Kurenai e olhou em volta. Quando ele me viu, seus olhos se encontraram com os meus. Eu sei que para ele aquilo não teve nenhuma diferença, mas meu corpo se estremeceu. – Quem é essa?

- Yamanaka Ino. Ela é a nova assistente, Gaara. – Eu fiquei pasma quando ela o chamou pelo primeiro nome com tanta naturalidade. Depois eu fiquei sabendo que ele odiava ser chamado de mestre, presidente ou senhor. – Começou hoje. – Ele olhou para mim e disse:

- Certifique-se de ela não seja igual a outra. Você sabe que senão, ela não durará uma semana aqui. – Ele disse, e depois entrou na sala, seguido de seus dois irmãos.

OoOoOoOoOoOoOoOoOoOoO

Eu e Sakura éramos amigas desde crianças. Sempre estávamos juntas. Nossas mães pensavam que nós não nos gostávamos pelo fato de sempre estarmos discutindo, mas o que eu posso dizer? Ela sempre foi a minha melhor amiga. Eu a amava como se ela fosse sangue do meu sangue. Minha vida era, com certeza, melhor com ela. Às vezes eu ficava cansada, simplesmente cansada de tudo e lá estava a Sakura me segurando.

Naquele dia, cheguei muito praticamente morta. Eu pensei que nunca ia acabar. Eu não fazia idéia de que eu iria trabalhar tanto naquele emprego. TUDO! Tudo que Gaara dava para Kurenai de serviço, ela passava para mim: buscar papéis, o café da manhã, o almoço dele, ligar para as pessoas. Ela fazia, dizia ela, o trabalho importante. Eu e ela trabalhávamos muito, mas eu sentia que eu ficava com certeza mais cansada. Acho que é porque ela apenas ficava anotando as coisas que o presidente falava. Ele apenas falava com ela, nunca dizia nada pra mim, no máximo dizia um olá. Então eu, no final das contas, era muito mal considerada lá. Chegava em casa morrendo. Meus pés doíam, meu corpo inteiro doía na verdade, e eu estava começando a me sentir estressada.

Naquele dia eu faltava matar um, me sentia tão mal. Quando eu cheguei em casa, Sakura estava me esperando. Convidou-me para sair, eu apenas queria tomar um banho quente, colocar meu pijama e desmaiar. Mal queria ver quando eu começasse a estudar no Instituto Konoha. Eu neguei e ela ficava insistindo.

- Vamos, porca. Vá tomar um banho e colocar uma roupa mais alegre. A gente vai num lugar novo com o pessoal. – Ela disse abrindo meu guarda-roupa e pegando algo para eu me vestir. – Você tem que ir bonita. Dizem que o lugar é chique. – Eu arqueei uma sobrancelha e encarei Sakura, perguntei o óbvio: quem é que pagaria. – Você sabe. O pai do Shikamaru vai trabalhar lá de segurança, dá pra acreditar? Ele pode colocar todo mundo lá dentro. Vamos, porca.

Eu realmente comecei a querer ir. Até aquela época eu não saía para lugares chiques. E eu fiquei muito curiosa. E além do mais, fazia muito tempo que eu não saia com os meus amigos. Aquele meu trabalho estava me consumindo. Todo dia era aquela correria por causa do maldito café. Quando Gaara brigava com Kurenai, ela brigava comigo. Se eu realmente não precisasse eu iria me demitir. Mas eu já estava naquele emprego há duas semanas, não poderia reclamar de qualquer forma.

- Tá bom. – Vi que Sakura abriu um sorriso de orelha a orelha. – Mas não se alegre muito, eu não vou passar a noite dançando. Ao contrário de você, eu faço algo da minha vida. – Eu disse, recebendo uma pancada de Sakura com o travesseiro.

- Pois saiba que semana que vem, eu vou prestar o vestibular. Então não fique perdendo tempo falando merda e vamos logo. Daqui a pouco o pessoal vai vir pra cá. – Dizia ela, me empurrando pro chuveiro. – Hoje a gente vai arranjar uns gatinhos.

Eu acabei por indo. Sakura me fez vestir um vestidinho preto, um pouco curto, com detalhes brilhosos e uma sandália rosa. Ela, por outro lado, vestia uma bata roxa, um short cinza e uma sandália também preta. Ela dizia que nós estávamos vestidas para matar. Normalmente, eu diria isso, mas imaginem algo sugando toda a sua energia de você. Pois é. Eu já não era tão divertida assim, passava a maior parte do meu dia pensando em dormir.

Todo mundo estava na porta da minha casa: Shikamaru, Chouji, Hinata, Naruto, Neji. A gente foi de ônibus, como qualquer pessoa faria. A tal boate não era perto ficava na zona sul da cidade. Se você quer saber eu já comecei a ficar desanimada, meu trabalho não era muito longe dali.

- Gente, eu trabalho aqui perto. – Comentei sem muito animo. Só queria contar, mas não que essa fosse uma noticia relevante.

- Depois vamos passar lá, vê se o seu chefe está lá e cuspir no café dele. – Shikamaru comentou sonolento e esboçou um sorriso desinteressado. – Que cara mais problemático. Tanto auê só por causa de uma porra de um café. – Eu comecei a rir, fiquei imaginando se fosse Shikamaru sendo o secretário. Gaara iria querer matá-lo, em vista da super disposição que ele tinha.

- Mas isso faz parte do seu trabalho, Ino-chan? – Naruto comentou com o cenho franzido. Eu neguei e ele arregalou os olhos. – Então por que você trabalha pra ele? Existem trabalhos melhores por aí. Eu bem acho que você deveria se demitir. – Naruto completou cruzando os braços e fechando os olhos como se estivesse falando algo óbvio.

Neste momento, Sakura interveio batendo em Naruto com um cascudo na cabeça. Ela cruzou os braços, já iria começar a falar dos "benefícios do meu trabalho". Além do mais, ninguém gostava de me ver desempregada. Eu tenho que admitir, ficava muito chata quando não tinha o que queria e Sakura era a que mais tinha que agüentar.

- Idiota! Você não sabe o que está falando. – Ela gritou e todo mundo no ônibus já começou a nos encarar. – Além do salário da Ino ser alto: coisa que vai ajudá-la a pagar o instituto de musica, seu energúmeno. O chefe dela é lindo. – Sakura disse com um olhar sonhador. Eu havia conseguido uma foto pra ela nos arquivos do computador da Kurenai, daí desde então ela achava ele a personificação da beleza. – É o emprego dos sonhos.

- Claro, exceto quando você tem que trabalhar feito uma mula. – Shikamaru completou meio sonolento.

Demorou um pouco para chegar, mas acabamos chegando. Era um bairro muito longe de onde morávamos. O ônibus nos deixou um pouco longe e fomos andando. Era uma rua cheia de casas de show s e boates. Como era um lugar caro as pessoas chegavam em carros de luxo e eu até jurei que vi uma atriz famosa lá dentro. Procuramos o pai de Shikamaru que, discretamente, nos colocou a lá dentro e deu a nós umas pulseirinhas amarelas que significava cliente vip. Ou seja, não pagaríamos para comer ou tomar nada. Chegando lá, Neji e Hinata desapareceram. Eles ainda acreditavam que a gente não sabia do namoro deles. Eu e o resto do pessoal ficamos admirando o lugar. Era enorme. A decoração era meio psicodélica, mas chique ao mesmo tempo. Não tem como descrever ninguém entre nós havia estado num lugar assim antes e ficamos boquiabertos.

- Ino, a gente realmente precisa parar de agir feito pobre. – Sakura me cutucou para eu fechar a boca e disfarçar a minha perplexidade.

- Com licença, garota. – Shikamaru chegou bem perto de Sakura e falou: - Nós somos pobres, você esperava que a gente chegasse aqui e agisse como?

Sakura apenas encolheu os ombros e fingiu não ouvir aquilo. Ela nos convidou para dançar, mas ali ninguém queria, exceto Naruto, que nunca perdia a oportunidade de conquistá-la. Eu resolvi por fim ir pro bar e Shikamaru e Chouji haviam ido procurar algo pra comer. No final eu estava me divertindo. Não estava com pique pra dançar, mas aquela energia era contagiante. E então, mesmo que você estivesse morrendo, ali você se sentia animado de alguma forma. Pedi um martine e mostrei a tal pulseirinha e era verdade mesmo que eu não pagava. Meu queixo caiu quando eu vi que aquele martine custava 300 ienes. TREZENTOS! Por um golinho de uma bebida comum. Era o preço de todo o meu café da manhã.

Passei um bom tempo bebendo. Não fazia idéia onde estavam meus amigos. Neji e Hinata estavam se pegando em algum lugar. Chouji devia estar comendo. Naruto com a Sakura e Shikamaru ou estava com alguma garota ou estava dormindo. E eu bebendo. Comecei a me sentir tonta e me levantei do banco onde estava sentada. Tudo girava e eu mal conseguia pensar devido à altura do som. As pessoas esbarravam em mim, e eu comecei a ficar confusa. Demorei o que pareceu séculos para atravessar a pista de dança e subir as escadas.

Subi em um lugar que era muito mais calmo que o andar de baixo. Enquanto lá fervia de gente, lá em cima havia várias poltronas onde pessoas ficavam se amassando ou descansando. Tinha gente fumando maconha ali em cima, porque eu senti o cheiro forte e logo senti vontade de vomitar. Eu apenas queria sentar e esperar que tontura passasse. Eu sentei num sofá vermelho, que deveria caber umas três pessoas. Não tinha ninguém lá. Sentei e fechei os olhos.

De repente, senti que alguém havia sentado lá também. Nem me dei o trabalho de ver quem era. Mas era um homem e ele tinha uma voz muito familiar:

- Cansada? – Ele perguntou, ouvi alguma coisa e de repente, senti um cheiro de cigarro invadindo minhas narinas. Caramba, tudo aquilo estava muito família. Eu só não me lembrava de quem era aquele cheiro e aquele cigarro. Muito menos a voz.

- Se eu estou cansada? – Eu perguntei, irônica. Coloquei meu antebraço sobre minha testa. – É pouco. E depois de tudo, tomar aquele monte de martínes apenas piorou. Tudo por causa do meu chefe, aquele Hitler desgraçado. Só pra você ter idéia todo dia eu faço uma maratona só pra ele ter um café quentinho do jeito que ele gosta assim que ele chega. A porra da cafeteira fica no quarto andar, ou seja, todo dia eu tenho que descer vinte e seis andares. – Suspirei pesadamente. – Isso só pra começar. Tudo bem que o salário é ótimo, é perfeito. Se eu perdesse aquele emprego eu não sei o que faria, mas só estou dizendo que tem coisas que são desnecessárias. Ele é um bastardo.

- Entendo. Então seu chefe é igual o Hitler? – O estranho perguntou e eu ainda nem havia me dado o trabalho de abrir os olhos.

- Na verdade não, nem o Hitler era desse jeito. – Eu falei entre os dentes. – Merda. Estou ficando com dor de cabeça, nem sei como vou ir pra casa, perdi meus amigos aqui dentro e amanhã cedo eu tenho que ir trabalhar. – Eu ainda nem havia aberto os olhos. Comecei a massagear minhas têmporas. – Eu nem sei por que, diabos, eu vim pra cá. Sabia seria uma má idéia afinal de contas. – O estranho não dizia nada. – Deus! Acho que eu vou vomitar.

Nem olhei para trás quando eu levantei correndo em busca de um banheiro. Quando eu achei, entrei correndo atrás de uma privada. E aconteceu o que eu havia previsto e mais um minuto, eu iria vomitar ou no estranho que estava conversando comigo, ou em mim mesma, ou então no meio do caminho. Depois de dar descarga, lavei minha boca e me olhei no espelho: eu estava um bagaço. Minha cara estava uma mistura de cansaço com embriaguez.

O resto da noite foi tão cansativo. Quando eu voltei do banheiro, o estranho tinha ido embora e eu nem havia visto o rosto dele. Deitei no sofá e fiquei lá deitada até que Sakura e Shikamaru me acharam e todo mundo voltou de taxi porque não tinha ônibus pra ir embora. Não me lembro de muita coisa. Acordei no outro dia vestida no meu pijama. Não acordei atrasada, mas uma dor de cabeça insistia em não ir embora. E eu acordei com a sensação de ter feito muita besteira.

OoOoOoOoOoOoOoOoOoOoO

Eu estava radiante no dia em que eu me inscrevi no Instituto Konoha. Eu sempre quis me tornar uma violinista. Aprendi violino com meu pai e esse era o meu sonho. E quando eu recebi o meu primeiro salário foi o primeiro lugar que eu fui. Lá era um Instituto muito conceituado de Tóquio. Abrangia as artes em geral, mas era muito famoso por seu programa de música. Era caro, claro, mas com o meu salário tudo aquilo poderia ser alcançado. Antes de me matricular, fiz uma prova de aptidão e passei.

Nos últimos anos, eu nunca havia ficado tão feliz como quando a secretária apertou minha mãe e disse "Seja bem-vinda a nossa instituição, senhorita Yamanaka." Eu senti que eu poderia começar a chorar ali mesmo. Antes eu pedia para minha mãe e ela dizia, com o olhar triste que sentia muito, mas não podia me colocar em um lugar tão caro. Eu sempre soube que ela sentia mesmo. E nunca insisti, mesmo querendo perguntar se ela tinha certeza que não dava.

Eu faria minhas aulas a noite, depois do trabalho e nos finais de semana, eu poderia usar a escola para praticar. Ela mostrou a escola para mim e cada vez mais, eu me sentia mais e mais alegre. O lugar era enorme. Tinha várias salas e cada andar era de uma coisa. O primeiro andar de artes plásticas, o segundo era teatro, o terceiro cinema, o quarto e o quinto era dedicado a música. Meu coração batia rápido. Era como se todas as vezes que outrora eu me senti desajustada agora não existissem mais. Eu me sentia em casa ali, como se eu pudesse fazer parte daquele lugar. Como se o mundo lá fora fosse algo totalmente distinto do que havia naquele lugar. Se era caro ou não era: eu não me importava. Eu estava apaixonada por aquilo. E não trocaria aquela sensação por nada.

De repente, todos os meus problemas se foram.

Saí de lá com um sorriso no rosto. Mesmo que de lá eu fosse para o trabalho, Kurenai poderia gritar no meu ouvido o quanto quisesse e ela não abalaria meu bom humor. Gaara poderia me mandar buscar café em outra galáxia e eu iria sem reclamar. Eu me sentia leve, fazia muito tempo que eu não me sentia assim, muito menos depois de trabalhar naquele lugar.

Entrei no prédio, dei bom dia pra todo mundo que eu conhecia. As pessoas que eu gostava de lá era os porteiros, os guardas, as recepcionistas. Porque todas as secretárias se achavam. Como se elas fossem algo importante lá. Não gostava muito de conversar com elas. Aliás, eu me irritava facilmente quando alguma delas vinha fofocar algo sobre Kankuro e o monte de mulher que ele levava para o escritório ou Temari e seu mau-humor contínuo. Eu sei, eu sei. Eu era uma secretária também, mas eu sabia o meu lugar. Eu nem era tão importe como uma secretária mesmo, eu era secretária da secretária. A única pessoa de quem eu poderia falar mal era a Kurenai, e ela estava sempre presente nas rodinhas.

Passei no quarto andar, preparei o café do Gaara como de costume. Como sempre, a fila estava grande, mas era só eu gritar que era para o presidente e todo mundo me dava passagem. Era uma segunda-feira, e como sempre, Gaara e seus irmãos inspecionavam os andares do edifício. Estava uma correria. Mas eu não me importei.

Peguei o elevador e fui para o andar da Presidência, quando cheguei lá, notei que Kurenai não estava lá. Achei muito estranho, afinal de contas, ela era sempre a primeira a chegar para arrumar as coisas do chefe. Liguei pra ela e descobri que ela havia pegado um resfriado. Meu dia, que minutos antes estava perfeito, tornou-se um pesadelo completo desde então.

Para começar, eu que sai correndo arrumando a sala do Gaara. Passei até um paninho nos móveis enquanto Yamato me informava em quais andares Gaara estava. Arrumei a mesa de Kurenai, a minha. Procurei a maldita agenda das reuniões quando descobri que tinha ficado com ela. Quando Gaara estava no vigésimo nono andar eu ainda estava passando o arquivo dos horários dele pro meu computador. Quando ele chegou, saí em disparada para servir o café dele. Eu arfava. Ele olhou em volta, procurando Kurenai.

- Garota. – Meu sangue ferveu quando ele me chamou assim. Gaara mal se dirigia a mim e quando o fazia, não me chamava pelo nome. Eu possuía um ódio por ele tão grande que eu poderia matá-lo sem remorsos. – Onde está Kurenai? – Ele perguntou com o cenho franzido.

- Kurenai? – Ele assentiu com a cabeça esperando uma explicação plausível para que ela tivesse se ausentado naquele dia. – Me ligou e disse que pegou um resfriado terrível, Gaara. Vou ter que substituí-la por hoje. – Eu o olhei esperando uma resposta, ele apenas me deu as costas e entrou em sua sala.

Eu fiquei ali parada sem saber o que fazer. Ele estava me esperando em sua sala? Ele me chamaria caso precisasse de alguma coisa? Eu realmente não sabia. Como Kurenai conseguia lidar com ele? Deus, ele tinha um gênio terrível. Os olhos dele... Te intimidavam. Mesmo que você tivesse algo para falar com ele, mesmo que você tivesse algo pra reclamar, ao olhar pra ele, você simplesmente... Esquecia. O que ele tinha de beleza, com certeza lhe faltava em simpatia.

Depois de eu ficar pensando no que fazer a seguir, decidi voltar ao meu trabalho se ele quisesse algo, pois ele que me chamasse.

-Não vou ficar me importando não... – Estalei a língua e voltei a revisar alguns documentos.

Naquele dia eu me arrependi de ter falado aquilo. Gaara me chamou milhares de vezes. Eu tive que fazer o meu trabalho e de Kurenai. Muitas vezes tive que ir pegar o café, atender clientes, marcas reuniões. Tive que chamar pessoas, receber ligações, anotar recados. Se Gaara achava que algo estava errado, ele me chamava e me mandava fazer tudo de novo, eu não agüentava mais. Eu estava a ponto de gritar e sai de lá correndo.

Eu deveria sair às 19:00. Quando deu esse horário, Gaara me chamou e disse que eu precisaria ficar com ele. Ele disse que o dia havia sido corrido pra ele. Eu me perguntei o motivo. Se ele nem havia saído da sala, ficou o dia todo atendendo uns telefonemas e muitos deles eram de mulheres. Cansado ele? Por favor, não me amole. Eu morri de trabalhar, meu pés tinham bolhas, meu corpo latejava e minha cabeça doía. Eu queria muito perguntar a ele, o que ele iria achar de fazer tudo o que eu fazia. Ele era a única pessoa que me tirava do sério completamente. Ser perfeccionista é uma coisa, e é até bom assim. Mas ser um filho da puta desgraçado daí não existe desculpas.

- Garota, você está com fome?

Ele havia me chamado daquele jeito de novo. Eu apertei a caneta que estava segurando, e me controlei para não enfiá-la nos olhos dele, sinceramente. Além do mais, ele não olhava para o meu rosto quando falava comigo. Isso me fazia me sentir sem importância, indigna. Eu gostava quando as pessoas olhavam pra mim para falar, e essas duas manias dele, me irritavam de uma maneira inimaginável. Eu disse que sim, e ele pediu o jantar. Outra coisa que me irritava nele era o modo como ele era calado. Só falava conosco para dizer algo do trabalho. Eu estava lá há um mês e NUNCA havia visto ele sorrir, nem mesmo um sorriso de canto. Nada. Ele vivia com uma expressa apática no rosto de modo que eu nunca sabia o que ele estava pensando. Eu bem que gostaria de saber. Mas ele sempre fora um grande mistério para mim. Ele nunca perguntava se estava tudo bem, mesmo que nos nossos rostos estivesse claro o cansaço ou a raiva... Ou os dois. Não importava, para ele, todos eram... Ou melhor, todos eram nada.

Quando terminamos, eu estava guardando minhas coisas e já estava saindo. E então ele me chamou pelo meu nome. Eu levei um susto, porque nunca havia ouvido "Ino" sair da boca dele. Eu me assustei claro, mas sejamos sinceros. Me assustei por causa do meu coração, que naquele momento disparou no meu peito. Eu pensei que Gaara até pudesse ouvi-lo. Eu engoli a seco e olhei para trás.

- Já está tarde. Deixe-me levá-la até sua casa. – Ele disse, mas ainda sim não olhou para mim. Estava terminando de ajeitar uns papéis.

OoOoOoOoOoOoOoOoOoOoO

O caminho para minha casa foi incrivelmente desconfortável. Não foi dito nada. Nenhuma palavra sequer. Demorava meia-hora mais ou menos da empresa até minha casa, mas eu pensei foram horas. Eu queria dizer algo para amenizar todo aquele silencio desconfortável, mas eu não conseguia achar nada. Decidi que ficar calada seria melhor do que dizer alguma besteira. Eu estava começando a pensar que não chegariam mais, quando vi que era o portão da minha casa. Notei que Shikamaru e Chouji estavam sentados na calçada, me esperando. Sorri, eles eram pessoas que, não importa quão doente, triste, machucado você esteja, você ainda se sentia bem com eles. Fico pensando o que eles estão fazendo neste momento. Ah...

- Obrigada por ter me trazido até aqui. – Eu sorri e já ia abrindo a porta do carro, quando Gaara segurou meu braço de leve, num pedido mudo para que eu ficasse.

- Você está enganada. – Ele disse me olhando bem nos olhos. – Você não me conhece. Eu não sou pior que Hitler, Ino. – Eu arregalei os olhos. Meu sorriso de gratidão morreu e tudo que eu fiz foi ficar olhando para o rosto dele. – Posso ser pior que o próprio demônio. E eu não me importo nenhum pouco da sua opinião sobre mim. Apenas acho que é desconfortável você dizer isso para pessoas cujo rosto você nem viu. Sorte sua eu não querer te demitir. Ou não. – Ele cruzou os braços. – Mas de nada pela carona.

Minha cara devia estar péssima porque Shikamaru e Chouji vieram até mim perguntar o que havia acontecido. Disfarcei e sorri. Disse que era apenas um estresse do trabalho e que não merecia ficar pensando naquilo agora que eu estava em casa. Rapidamente o assunto foi esquecido, mas algo estava errado, eu sabia. Fiquei surpresa por perceber que de alguma forma, o que Gaara estava tentando me dizer, era que eu havia magoado seus sentimentos.

Para começar, eu nem sabia que ele tinha sentimentos.

Só para começar...


Nota da autora: Essa fic é feita em primeira pessoa, como vocês podem perceber. A idéia é notar que a Ino está falando de coisas que já acabaram: não estão mais lá. Eu quis fazer algo meio nostálgico. Então, pessoal, essa fic irá conter 10 capítulos e é de acordo com uma música chamada Against The Odds (recomendo ler a fic ouvindo essa música). Também não pensem que só por isso o final será trágico, porque posso surpreender vocês. Enfim...

Esse capítulo eu não sei se ficou legal ou não, mas considerem ele como m prólogo para os acontecimentos que se seguirão. Não sei se vou saber abordar outros personagens na fic. Mas já aviso que o Sai vai entrar para apimentar as coisas. Logo o cenário não será mais o Sabaku no Bank. Mas também não posso contar a vocês, né?

De qualquer forma, eu realmente espero que vocês gostem. Eu também queria que se alguém tiver alguma crítica ou sugestão podem dizer. Afinal eu não vou ignorar os leitores, né? Não digo que essa fic é de drama, mas é só olhar para a tradução da música para perceberem que o negócio é bem romântico, certo? Eu apenas não quero amolecer o Gaara agora no começo, quero ele ruinzão mesmo. Tipo o Diabo veste Prada em versão masculina. UHAHUAUHHUAHUA Enfim, espero que gostem.

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