Mais que tudo
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Quando tinha onze anos, Regulus acreditava que toda vez que eram descontados pontos da Slytherin, uma coruja seria mandada para a casa da pessoa que provocou o desconto. Logo, ele morria de medo de um dia ouvir a fatídica frase da boca um professor ou monitor e, dias depois, receber uma coruja da sua mãe dizendo que ele era uma vergonha para a família.
Claro que, na época, ele não pensava que tudo isso era um absurdo.
Assim, toda vez que ouvia um professor tirando pontos da Gryffindor por causa de Sirius – e isso era bastante freqüente, aliás -, Regulus temia pelo irmão. E sentia uma onda incontrolável de admiração quando o via rir depois que o professor virava as costas.
Imaginava porque eram tão diferentes, e porque nunca conseguiria fazer tudo o que Sirius fazia.
Estava tão acostumado a ouvir o irmão sendo chamado de irresponsável que automaticamente já se considerava o responsável. E pensava bastante no por que de estar sempre se comparando a ele. Talvez fosse apenas a coisa mais natural a se fazer. Talvez, afinal, nem fosse uma comparação, mas uma certeza. Se Sirius era alguma coisa, Regulus automaticamente seria o contrário dela.
E às vezes isso lhe parecia tão irritantemente certo, que tinha vontade de que fossem exatamente iguais. Mas sabia que nunca iria acontecer.
Sirius é que estava destinado às grandes coisas.
Não era inveja ou despeito; apenas sabia que era mais do que ele poderia fazer. Mais do que poderia ser.
Só não imaginou que estivesse errado.
