Prólogo

Olhava pela janela do Palio vermelho. Acompanhava com meus olhos uma gota de chuva que caíra no vidro, mas ela se juntara a outra e a mais outra... até que me saiu de vista.

- Sinceramente, filho, você exagerou! – Dinah dizia ao seu filho, Junior. A velha senhora usava um vestido de mangas compridas.

- Mãe, eu não exagerei! – Junior, biólogo desempregado com jeito de surfista, insistia. Eu não me lembrava de como a discussão se fundara, só lembrava-me de ser acordada de meus pensamentos por gritos que me impediam de dormir.

- Sim, filho, não negue! Você e-xa-ge-rou! – A briga era cansativa e repetitiva. Mas eu era obrigada a enfrentá-la todos os dias. Afinal, eram Dinah e Junior Pinsky que me levavam da escola para casa.

A escola chata e estranha sempre me amedrontara. Ninguém lá me entendia, todos me achavam esquisita. Todos menos um. Samuel Hanson era o único em toda o colégio que me entendia. O pensamento em meu melhor amigo me fez sorrir.

- Liza? Liza, querida, já chegamos. – Dinah interrompeu sua "argumentação" com o filho para me alertar para o edifício para o qual eu olhava sem ver.

- Até segunda.

Abri a porta do carro e saí para a rua cinzenta e chuvosa. Procurei na bolsa roxa as chaves, e só as achei depois de ficar encharcada. Abri o portão e entrei. Apertei o botão do elevador, mas ele estava queebrado, então fui em direção às escadas.

Depois de uma exaustante subida até o quinto andar, adentrei o longo corredor que levava até meu apartamento. Entrei, joguei a mochila e a bolsa no sofá e fui até a cozinha. Quando abria a geladeira para pegar um suco, notei um pequeno bilhete encima da bancada.

"Querida, hoje vou ter que ficar no trabalho até tarde... de novo. Você não se importa, não é? Tem lasanha no congelador. Fique bem. Beijos, Mamãe."

Claro que não me importava. Desde que meu pai havia abandonado minha mãe grávida, ela tinha que trabalhar duro para sustentar a nós duas. Assim, eu me tornara muito madura para minha idade, pois faria 11 anos na semana seguinte. Eu nunca conhecera meu pai, mas sempre o odiara por deixar mamãe em uma situação tão deplorável.

Peguei a lasanha, a esquentei e a comi. Comida pronta congelada era meu almoço básico desde sempre. Depois, escovei os dentes e fui fazer o dever.

Quando já havia acabado o de Matemática e o de Inglês, o telefone tocou.

- Liza? Oi, é o Sam! Já acabou os deveres?

- Quase, Sam. Só falta o de Ciências.

- Quer que eu vá até aí te ajudar?

Sam sempre se oferecia para me ajudar com tudo. E não era só isso que o fez ser meu melhor amigo. Ele foi o único que não gritou quando eu comecei a flutuar no meio do pátio. Ele me disse que isso também acontecia com ele. Então concluímos que éramos os dois muito estranhos.

- Acho que consigo fazer sozinha. Quando eu acabar, eu te ligo.

- OK. Um beijo, Liz.

- Beijo, Sam.

Desliguei o telefone e me concentrei na tarefa. Quando acabei, arrumei a mochila para o dia seguinte e a coloquei na cama.

Foi nesse momento que eu a vi.

Uma coruja parda pousada no batente da minha janela aberta.

Primeiro pensei em espantá-la, mas então eu vi que ela carregava uma carta amarrada na perna. Me aproximei lentamente da coruja e desamarrei a carta. A coruja não se assustou. Mas eu sim, pois a carta estava endereçada de um jeito muito específico.

Elizabeth Berth,

Nono apartamento contando da esquerda da rua cuja placa com o nome foi perdida.

Quarto cuja janela é a quinta ao leste, contando de baixo.

O envelope era grosso e pesado, feito de um tipo de pergaminho, e o meu endereço estava escrito em um belo tom de verde. Não tinha nenhum selo, mas do outro lado havia um lacre de cera púrpura com um estranho brasão: um leão, uma águia, um texugo e uma serpente, todos em volta de uma grande letra "H". Li de novo o endereço, e quando levantei os olhos percebi que a coruja havia ido embora. Então comecei a abrir o envelope e a desdobrar a carta dentro dele, também de pergaminho.

Escola de Magia e Bruxaria Hogwarts

Diretor: Alvo Dumbledore

(Ordem de Merlin, Primeira Classe, Grande Feiticeiro, Bruxo Chefe, Cacique Supremo, Confederação Internacional de Bruxos)

Prezada Sra. Berth,

Temos o prazer de informar que V. Sa. Tem uma vaga na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Estamos anexando uma lista dos livros e equipamentos necessários.

O ano letivo começa em 1º de setembro. Aguardamos sua corujaaté 31 de julho, no mais tardar.

Atenciosamente,

Minerva McGonagall

Diretora Substituta

Eu não sabia o que pensar. Bruxa? Eu? Talvez eu fosse. Era a única explicação para as coisas estranhas que vinham acontecendo comigo. Logo pensei em Sam. Será que ele também era um bruxo? Não precisei pensar muito, pois nesse momento o telefone tocou.

- Lizzie? É o Sam! Você também recebeu?

- Sim! Sam... Nós somos bruxos?

- Você acha que somos?

- Acho que é a única explicação!

- Só não sei como explicar para os meus pais...

Nesse momento, eu entrei em desespero. Minha mãe! Como ela reagiria? Ela me acharia... Uma aberração?

- Liz? Ainda está aí?

- Te vejo amanhã, Sam.

Desliguei.

Assim que fiz isso, o telefone tocou novamente.

- Lizzie! É a mamãe! Como foi seu dia?

- Mãe, eu sou uma bruxa.

- Liz... o que você disse?

- Sou uma bruxa. Acabei de receber uma carta de Hogwarts. Sou uma bruxa.

- Estou indo para casa.

Ela desligou e eu pousei o fone na base. Estava em estado de choque. Em dez minutos ela chegou, chamando meu nome.

- Lizzie? Lizzie?

- Aqui, mãe.

- Minha querida... você está chorando?

Eu nem percebera que meu rosto estava encharcado de lágrimas. As enxuguei, mas logo outras vieram. Então me deitei no colo de minha mãe e comecei a soluçar.

- Eu... recebi essa carta... e nela dizia que eu sou uma bruxa! E eu liguei pro Sam, e ele recebeu uma também! Nós achamos que... que é a única explicação!

- Calma, minha querida. Vai ficar tudo bem... Deixe-me ver esta carta.

Apontei o pergaminho amassado em minha bancada. Ela me deixou chorando no travesseiro e se levantou para ler. Quando acabou, se virou para mim.

- Talvez... talvez seja verdade. Talvez seja mesmo a única explicação para as... anormalidades que vêm acontecendo.

Nesse momento a campainha tocou. Minha mãe foi abrir, enquanto eu enxugava as lágrimas.

Então eu ouvi uma voz ao longe. Não sei porque, mas essa voz me fez sentir com mais esperança.

- Oi, Sra. Berth! A Liz tá aí? Ela está bem?

- Bem Sam, talvez essa não seja a melhor hora... Liz não está muito bem, e...

Antes que ela pudesse continuar, eu já havia corrido de meu quarto até a porta e pulado no pescoço de Sam.

- Ah, Lizzie, você estava chorando? – Ele notou minhas bochechas vermelhas. – Olha, meu pai me explicou algumas coisas... Talvez ele possa ajudar você e sua mãe...

Eu nem tinha visto o homem alto e solene atrás de meu melhor amigo.

- Oi, Sr. Hanson. Como vai?

- Bem, Elizabeth. Olá, Sra. Berth. – Ele disse bondosamente. O pai de Sam sempre fazia questão de me chamar pelo nome inteiro.

- Então entrem e sentem-se – Minha mãe falou. – E agora, Sr. Hanson, seu filho disse que você tinha algo a nos contar...

- Sim. Pelo que Sam me disse, hoje ele e Elizabeth receberam cartas de Hogwarts, dizendo que vocês são bruxos. Isso é verdade, e eu vou fazer o meu melhor para explicar a situação.

"Existem bruxos, sim. Mas também existem muitos outros tipos de criaturas sobre as quais vocês vão aprender na escola. Os bruxos podem resultar da união entre pais bruxos, sendo chamado 'sangue puro', pode ser resultado da união entre pais trouxas, sendo popularmente chamado de 'nascido trouxa', ou pode ser filho de um trouxa com um bruxo, sendo chamado de mestiço."

"Samuel é um sangue-puro, pois eu e minha esposa somos bruxos. Mas nós optamos por mostrar a ele um pouco da cultura trouxa, antes de enviá-lo para Hogwarts. Você, Elizabeth, pode ter nascido trouxa ou seu pai pode ter sido um bruxo, fazendo de você uma mestiça."

- Então eu vou para Hogwarts? – Eu perguntei. A idéia de abandonar aquela escola horrível e ir para uma em que eu fosse aceita me fazia muito empolgada.

- Isso quem decide é sua mãe. – O pai de Sam disse. Olhamos todos para minha mãe, que permanecera calada até então.

- Você quer ir, querida? – Ela disse com uma voz fraca.

- Sim, mamãe.

Ela abriu um leve sorriso.

- Então você vai para Hogwarts, Lizzie!

----//----//----//----//----//----//----//----

OOOOiiiii!

Aqui está mais uma fic para o seu deleite!

Essa é de Harry Potter! Espero que gostem! Cliquem no botão abaixo e me façam feliz!