Peccatores sanctis
Tratado de paz, a quem queriam enganar? Na mente de Chuck e Blair sempre ficaria gravado aquele último olhar através dos vidros da limusine.
Para Hiei-and-Shino, minha alma gêmea, minha cúmplice, meu elo.
I – Chuck & Blair
Sobre pedaços de papel, o acordo fora firmado entre eles. Ambos disseram que seguiriam os passos impostos, desde os fins de anos de Milão até os clubes de strip, que seriam fortes o suficiente para evitar a destruição mútua. E através dos vidros da limusine, quando trocaram aquele olhar, sabiam que não poderiam estar mais errados. Era apenas o primeiro passo para o fim.
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As primeiras fofocas vieram pouco depois de firmarem o contrato. Anexos foram adicionados, dúvidas e questões foram erguidas para ambos os lados, mas Chuck e Blair eram superiores a isso e orgulhosos demais para cederem a qualquer coisa que pudesse estragar a classe que haviam construído na frente de Serena e Nate. Não era um acordo qualquer, mas o acordo que os impedia de fazer uma guerra em potencial.
Disposta a provar isso, Blair Waldorf foi capaz de convidá-lo para seu aniversário de 20 anos, mostrando o quão havia amadurecido depois de tudo o que havia passado nos últimos tempos. Fora um amadurecimento e tanto, embora agora estivesse ocupada demais gritando com uma das organizadoras de sua festa para notar isso.
- Dorota, o que está acontecendo comigo? – Blair indagou para sua dama de companhia, a expressão fechada e carrancuda como se estivesse prestes a explodir.
- Se não briga com o Sr. Chuck, briga com todo mundo. – a empregada justificou dando de ombros. Mais tarde, Blair compreenderia o que significava aquilo.
No momento, sua mente divagava pensando no jovem Bass. Por mais que não quisesse, ele dominava seus pensamentos e isso era algo que a incomodava profundamente. Blair acenou negativamente com a cabeça, concentrando-se em arruinar o arranjo de flores recentemente construído pela mulher. Não era culpa dela se a designer era uma incompetente.
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Tudo, tudo arruinado por aquele maldito Bass. Blair sentia o sangue ferver enquanto ouvia as mentiras dele, de novo e de novo naquele ciclo vicioso que não tinha fim. Estava cansada, não ouviria mais. Não queria mais. Passara todo o verão procurando por ele, todo o verão e o que recebia? O desagrado dele, aquele vídeo, a única coisa que pedira para ele não divulgar. Como ele podia?
Mas não esperava que ele estivesse falando a verdade, não é? O que era pior que ser enganada por um Humphrey num golpe digno de Bass?
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Esperou que todos fossem embora. Somente então poderia colocar suas idéias no lugar. Mandaria Dorota preparar um banho pela manhã, e depois de afogar-se na banheira, poderiam alimentar os patos no parque para que pudesse refletir sobre tudo o que havia acontecido. Estava prestes a subir as escadas para o quarto quando o avistou ali. O olhar de desprezo de sempre, aquele brilho de malícia que jamais deixaria as íris castanhas e o sorriso de desdém. Ainda assim, o amava.
- O que ainda está fazendo aqui, Chuck? Eu te expulsei horas atrás. – Blair desdenhou, abrindo um sorriso irritante, desejando que cada partícula daquele Bass fosse enviada para outra dimensão.
- Queria que você soubesse que o tratado acabou. – ele lançou as palavras no ar, o olhar tornando-se mais perigoso do que costumava ser. Blair sabia o que aquilo significava, podia sentir a tensão no ar, mas seu ódio era tanto que se cegava por ele. Queria apenas destruir Chuck, mordê-lo até que não restasse nada além dos ossinhos.
- Tudo bem, por mim. Esta pretensão de civilidade foi desgastante. – Blair respondeu, seus lábios se estreitando em uma fina linha. Depois, sorriu.
- Ser amigável não está no nosso sangue. Eu percebi que nós não somos amigos. – Chuck sussurrou, o desprezo identificado em cada palavra proferida. - Amigos gostam um do outro. E depois do que aconteceu hoje, nunca poderia gostar de você.
- Eu nunca poderia gostar de você, também. Na verdade, eu te odeio.
Os dois se aproximavam lentamente, provavelmente sem notar o quanto se atraíam através daquele ódio que os impulsionava.
- Eu nunca odiei ninguém... mais. – Chuck cerrou os punhos, não querendo admitir que ela causava aquele efeito sobre si. Que apesar de tudo o que havia acontecido, ela ainda lhe deixava louco. Era muito melhor entregar-se ao ódio. Muito mais cômodo fazê-lo.
- Cada terminação nervosa do meu corpo é eletrificada pelo ódio. – Blair ergueu o queixo, numa tentativa vã de demonstrar o quanto era superior. O desejo percorria seus poros, mas não podia – não iria – ceder. Não, aquele Bass maldito, desgraçado e mesquinho não merecia nada além do ódio que agora se espelhava em seus olhos.
- Há um abismo fervendo de ódio, queimando dentro de mim, pronto para explodir. – sentenciou Chuck, o sorriso irritante tomando conta de seus lábios novamente.
- Então, estamos resolvidos?
- Estamos.
Chuck rasgou o tratado em dois, em quatro, mil pedacinhos deixando que alcançassem o chão da casa da Waldorf. Se encararam durante alguns segundos, aquele ódio mútuo puxando-os através daquela atração de amor e ódio que haviam lapidado com o passar dos anos na Constance.
Se beijaram, a mão de Chuck fechando-se firmemente sobre os cabelos castanhos de Blair ao mesmo tempo que a empurrava de encontro ao piano. Pegou-a no colo, unindo os corpos, escutando os gemidos trêmulos e baixos escaparem de seus lábios enquanto ocupava-se em beijá-la, em tocar cada canto daquele corpo como se assim pudesse amaldiçoá-la. Queria-a, inferno, como a queria e sabia que ela também o desejava.
A cinta liga alcançou o chão ao mesmo tempo que o terno de Chuck, e as roupas se misturaram junto com o desespero de se possuírem, de se sujarem ainda mais com as próprias presenças. Até que se impregnasse na alma, porque do corpo não restava mais nada além do ódio possessivo.
Chuck mordeu o lábio inferior de Blair, enquanto ela o arranhava com força e sangue escorreu das costas dele e dos lábios dela, enquanto subiam as escadas aos tropeços, ela no colo dele, sem perder tempo, sem se separarem. E ele a jogou na cama, e a desejou, e a penetrou com força, ouvindo seus gemidos, desejando que se tornassem gritos escandalosos, que ela sofresse, que ela
(o amasse)
acabasse naquele mesmo instante.
Mas em suas mentes, por mais que quisessem negar e fugir daquela realidade através do sexo, ou do que quer que estivessem fazendo naquele momento, ainda estava gravado o último olhar através dos vidros da limusine.
- C-Chuck... – Blair sussurrou baixinho, daquele jeito que o inebriava, que o enlouquecia completamente, mesmo que ele a odiasse, mesmo que quisesse odiar.
E ele sorriu, não da fraqueza dela como Blair imaginava, mas do fato de ainda precisar de si, e céus, que loucura era aquela que estava pensando? Não, não era por isso que estava sorrindo, não.
Atingiram juntos o orgasmo, os sussurros ininteligíveis murmurados por ambos. Eu te amos que não deixariam escapar mesmo que aquilo lhes custasse a morte. Blair apoiou a cabeça sobre o peito dele, talvez querendo dizer o quanto o odiava, mas limitou-se a ficar em silêncio, e logo estavam adormecidos, os dois, ambos entorpecidos demais para reagirem.
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E não havia tratado no mundo que pudesse separar Chuck e Blair.
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Omake 01
A sensação era ótima. Sentia como se estivesse completamente presa a um sonho. Seus pés formigavam e toda aquela sensação espalhava-se por seu corpo, estava quase chegando lá quando...
A porta do quarto se abriu e Serena entrou, sentando-se ao seu lado. Ela dizia coisas, e Blair tinha a impressão de que deveria prestar atenção, mas tudo o que queria era que ela saísse dali.
E talvez tivesse sido grossa, pensou nisso quando Serena bateu a porta de seu quarto daquele jeito e nesse momento Chuck saiu debaixo de seus edredons.
- Esses edredons bloqueiam tanto o som que podem vender no Bose. – Chuck disse, a respiração ligeiramente ofegante.
- Isso tem de acabar. – igualmente ofegante, Blair respondeu.
- Achava que tinha acabado.
...
Silêncio.
- Essa foi a última vez.
N/A:
Eu pensei muito.
Na verdade, eu pensei bastante antes de tomar essa decisão. Pensei, passei horas olhando o teto do meu quarto, e refleti um pouco mais. Aí eu me lembrei de como você tinha me insistido para assistir Gossip Girl. Mesmo. E, porra, quando na minha vida eu ia assistir uma série estúpida de patricinhas que promovem sapatos, roupas caras e sexo com homens gostosos?
Mas você disse, e por mais que eu quisesse negar, era sua opinião; minha alma gêmea. Resolvi assistir, dar uma chance e tal.
Se tornou um vício.
E eu escolhi Gossip Girl, porque costumava ser nosso fandom, você lembra?
A gente queria matar a outra pessoa que invadiu ele. E depois tiveram outras, e outras. E não foi tão ruim afinal.
Essa é só a primeira fanfic, e isso não é a dedicatória. Como todas as coisas boas, ela só vem no final.
Peccatores sanctis significa Santos e Pecadores, que é o título da festa promovida pelo Chuck no capítulo sete da quarta temporada. Você não viu, mas eu não ligo. E você já notou que... é a segunda ChuckBlair que eu escrevo pra você com o capítulo sete de uma temporada?
With Me, e agora essa.
Os próximos casais virão. E pode ter certeza que ainda há muito CB por aí.
A nível de curiosidade, o omake é um pedaço do capítulo oito. Eu ri muito disso, cara.
Te amo, minha coisinha ruiva que eu vou pegar em Sampa.
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