Hurt
Castiel se foi primeiro e eu nunca disse.
Sentou na poltrona verde, puxou um cigarro da carteira que sempre tinha em cima da mesinha e levou aos lábios, acendendo em seguida. Levantou os olhos cansados pra qualquer bobagem que passava na TV, mas não via realmente. Os pensamentos longe demais para perceber qualquer coisa ao redor.
Tinha 53 anos, já fazia um bocado de tempo que não o via, mas se fechasse bem os olhos, ainda podia sentir a presença dele, bem fundo dentro de si, como se nunca tivessem se separado. Suspirou fundo, soltando a fumaça pelo nariz enquanto afundava a bituca do cigarro no cinzeiro.
Agora não adianta mais.
Outro suspiro, antes de desligar a televisão e levantar, não queria que 'aquelas memórias' viessem e... Droga, agora não parariam mais. Mesmo que não se concentrasse o suficiente podia sentir o cheiro dele no ar, o calor de sua pele, seus beijos e... Não, definitivamente não ficaria se martirizando.
'Você nunca me disse, Dean, acho melhor ir embora.'
Suspirou mais uma vez, cansado demais de sentir tudo e não poder falar nada, não mais.
Tudo bem que ele nunca havia dito, nunca havia demonstrado, nunca nem mesmo conversaram sobre aquilo, mas era porque ele simplesmente não conseguia falar sobre o modo como se sentia, mesmo depois de todos aqueles anos, achava que se Castiel de repente lhe aparecesse na frente, ainda assim não conseguiria.
Tinha medo de dizer e depois ser deixado, porque isso tinha acontecido vezes suficientes para ele construir um muro em volta de si e não deixar mais ninguém entrar. É claro que o anjo achou um jeito de penetrar-lhe as defesas, mas ainda assim, sabia que não seria capaz de falar, mesmo que quisesse e Dean queria mais que tudo dizer que o amava, mas agora não podia mais, não podia porque Castiel não estava mais ali, com ele.
Castiel tinha voltado pra casa e não podia dizer. E doía, doía mais do que o inferno não tê-lo perto.
N/a: Só devaneios, sabem né?! – beijo meus doces.
