Avisos:

Não liguem aos graus de parentesco para lerem esta fanfiction.

Tanto as personagens de Card Captor Sakura bem como a história não me pertencem... mas som pertencem respectivamente a CLAM ... e a Marion Mckenna..

Espero que gostem desta história bem como eu gostei, por isso resolvi posta-la.

Resumo

Quando Sakura Kinomoto regressou a Tomoeda depois da morte da sua mãe, pensou que o passado estava definitivamente enterrado. Que ninguém recordaria já o escândalo depois do qual se vira obrigada a abandonar a aldeia sete anos antes. Que nunca lhe chamariam como antes, " a amante do cigano ". Mas Sakura enganava-se. Alguém tinha esperado por ela dia após dia, mês após mês, ano após ano, ansioso por vingança. Alguém que a havia amado loucamente e que se sentia morrer quando ela rompera o pacto de amor eterno que, na juventude, ambos haviam selado ao luar…

Capitulo 1

-Que vês no meu futuro? Um marido rico e muitos filhos? – Perguntou Sakura Kinomoto á sua grande amiga Tomoyo, fixando os melancólicos olhos azuis sobre as cartas que repousavam no grande rectângulo de tecido felpudo estendido no chão.

-Talvez num futuro longínquo, porque no futuro próximo…

-Alguma coisa horrível? Então não me digas. Acho que tenho medo de conhecer o destino.

-Pronto, então não te digo mais nada. – Obedeceu Tomoyo, começando a ordenar o baralho.

-Não estava a falar a serio, continua a ler as cartas – Apressou-se a dizer Sakura – Afinal, como tu dizes, ate o tarô se pode enganar.

-Sobretudo em mãos pouco experientes como as minhas – Respondeu a jovem, entre risos.

-Mas és cigana, alguma coisa deves saber.

-Só de ouvir a minha avó. Às raparigas costumam ensinar esta arte quando fazem quinze anos.

-Falta-te pouco.

-Menos de dois meses.

-És tão nova – Riu-se a rapariga.

-Pois sou só quarenta dias mais nova que tu – Retorquiu Tomoyo, um pouco agastada.

-Não te aborreças – Disse Sakura – E diz-me o que anuncia esse horrível naipe sobre o meu futuro.

-É a torre, uma carta difícil… Haverá mudanças drásticas na tua vida e tudo o que te dava segurança desaparecerá.

-E esta aqui?

-Essa é o presente.

-Gosto dos desenhos. O casalinho parece feliz.

-Os amantes. Terás um amante, Sak.

-Então diz-me como será ele – apressou-se a pedir a sonhadora Sakura que passava os dias a ler romances de amor.

Tomoyo retirou as cartas da mesa, juntou-as ao resto do baralho e voltou a baralhar com a mão segura, colocando o monte em frente da amiga.

-Parte em três – Indicou.

Sakura obedeceu. Tomoyo pegou então nos três conjuntos, misturou-os novamente, distribuiu as cartas sobre o tapete verde e pediu a Sakura que lhe desse uma.

Ao olhar a carta escolhida, os seus olhos brilharam.

-O rei de copas, querida, está muito bem.

-Não percebo.

-Terá dinheiro, será apaixonado e com cabelo escuro. Apegado á terra, paciente e sensual. E, cuidado, este rei é do mais rancoroso que existe.

-É como se o estivesse a ver. Só falta que me digas o nome – Comentou Sakura, não brincadeira.

-Mais respeito, rapariga. Nunca tomes o destino de ânimo leve – Respondeu a improvisada pitonisa.

-Obrigada. Gostei muito

-Então agora tens que pagar.

-Quanto?

-Algo simbólico, porque uma cigana que se preze deve sempre receber algo quando diz a sina, pois caso contrário perde os seus dons.

Sakura rebuscou nos bolsos, sabendo de antemão que não iria encontrar dinheiro.

-Tem de ser dinheiro? Posso dar-te uma prenda?

-Acho que sim. Nunca me ocorreu perguntar isso á avó Carmen.

Então a rapariga retirou um belo anel de prata com ametistas que trazia no anelar direito e deu-o a Tomoyo.

-Sempre gostaste dele…

-Não, não posso aceita-lo. É muito valioso e tu gostas dele.

-Fica-te bem e já há tempos que to queria dar.

Sakura agarrou na mão morena da amiga e pôs-lhe o anel. Os olhos da cigana brilharam por instantes.

-Á nossa eterna amizade.

-Não duvides que será eterna – acrescentou Tomoyo.

Entardecia, as aulas já haviam terminado há muito, mas elas tinham ficado no pátio a conversar.

Nenhuma das duas era bem-vinda no lar da outra, por isso costumavam reunir-se ali, em baixo de uma frondosa arvore, a árvore da memória eterna.

A recordação daquela tarde longínqua entristeceu Sakura. Desde então tinham passado sete terríveis anos e ela já não conservava nenhuma ilusão da adolescência passada.

Quem dera que a vida não a tivesse separado da sua querida amiga Tomoyo e da sua terra.

Mas não voltava por um motivo alegre, e sim para acompanhar o pai na sua dor. Havia dois dias que havia enterrado a mãe que falecera após uma doença prolongada.

Agora que tinha partido para sempre, já não lhe guardava rancor, embora tivesse preferido não estar com ela nos últimos momentos. Para quê contar-lhe quanto a tinha feito sofrer o homem com quem a mãe a obrigara a casar?

O comboio em que Sakura viajava atravessava velozmente campos e vales.

A paisagem era lindíssima, mas o coração da rapariga estava de luto e os seus pensamentos regressavam insistentemente ao passado, aquele passado em que fora tão feliz.

Também pensava no pai, nas dívidas que acumulara durante os últimos tempos, na situação desesperada em que se encontrava. Fujitaka Kinomoto, um rico herdeiro acostumado a não se privar de nada, não aguentaria passar a velhice na miséria.

Mas Sakura já lhe tinha dado o pouco que herdara do marido, e, a menos que a herança de sua mãe fosse suficiente, não sabia como havia de conseguir salva-lo da pobreza.

O homem tinha-lhe confessado na sua ultima carta que se preparava para vender a espectacular mansão onde ela tinha vivido quando pequena.

Como alguém tão inteligente como ele tinha chegado a tal situação?

Preferia não saber, mas suspeitava que o jogo e as mulheres tinham sido a perdição de Fujitaka Kinomoto.

Sakura tornou a recordar a tarde em que sua amiga Tomoyo lhe tinha deitado as cartas.

As duas conheciam-se desde a infância. Tinham gostado muito uma da outra, embora as respectivas famílias não consentissem aquela amizade.

Aparentemente eram muito diferentes uma da outra como o dia e a noite, mas tinham algo em comum, algo impossível de descrever por palavras, uma certa qualidade espiritual que as colocava mais perto dos anjos do que dos seres humanos.

Sakura era descendente de ingleses. Cabelo loiro como a Sol, esbelta e delicada, os seus pais asseguravam que ela tinha sangue nobre nas veias e queriam que ela se desse com pessoas da alta sociedade. A origem de Tomoyo era muito diferente. Tinha algo de árabe e muito de andaluza. Os seus antepassados tinham percorrido de carroça toda a Europa, mas os seus pais, mais modernos, tinham-se radicado na América.

No entanto, continuavam a ser ciganos. Viviam num grande casarão sem móveis, adornado unicamente com caros tapetes persas. Dormiam em colchões e sentavam-se em almofadas de seda coloridas.

Usavam roupas típicas e preferiam ter pouco contacto com pessoas que não pertenciam á sua comunidade. Mas tinham mandado os seis filhos para a escola, a fim de aprenderem a ler e a escrever.

Os dois menores, Tomoyo e Shaoran, eram inteligentíssimos. Tomoyo destacava-se mais, provavelmente por ser extrovertida. Pelo contrário, Shaoran, era calado e solitário. Sofria em silêncio o facto de ser diferente dos outros.

Durante os seus anos de estudante estivera sempre na defensiva. Provavelmente por isso nunca era convidado para as festas dos seus companheiros.

Tomoyo tinha orgulho neste irmão que era quase dez anos mais velho do que ela e que a tratava como se fosse um tesouro.

«Matarei qualquer um que se meta contigo», dissera ele quando ela fizera doze anos.

No dia seguinte, Tomoyo, chorosa, contara isto a Sakura, pois receava que o temperamento do seu irmão afastasse todos os pretendentes.

Talvez tenha sido nesse momento que Sakura se começou a interessar por ele. Ela não tinha irmãos e sentia a falta de alguém que a protegesse.

-Sei tomar conta de mim, Shaoran. Talvez um dia destes me convidem a ir ao cinema, como fazem todas as raparigas – Tinha-lhe dito Tomoyo nessa ocasião.

-Tu não te juntarás a nenhum deles porque és cigana, minha irmã. Sabes muito bem que um dia destes te apresentarão a um dos nossos para que cases – Tinha sido a resposta firme do jovem.

Quanto tinha custado a Tomoyo convencer os seus de que o destino era outro? Sakura supunha que muitíssimo. No entanto, a rapariga tivera mais sorte do que ela, pois conseguira chegar á universidade, fizera-se médica e vivia em Nova Iorque.

Shaoran, por outro lado, tinha ficado na aldeia. Fizera fortuna instalando várias casas de jogo nos arredores de Shermont e continuava solteiro.

Claro que nunca tinha contado isto ao pai, que se recusava a mencionar o nome do homem que, erradamente, ele pensava ter desonrado a sua filha.

Foi uma antiga vizinha que casualmente encontrou no Canadá quem lhe revelou quanto se havia modificado o tímido Shaoran desde que ela desaparecera da sua vida.

«Agora está rico e altivo», tinham sido as palavras Beverly Summers. «Mandou construir uma casa que parece um castelo nos arredores da aldeia e, segundo contam, vive ali com um harém de ciganas e uma avo velha que trouxe de Espanha. Em Shermont todos têm medo dele e eu não queria tê-lo como inimigo»

Sakura esperava que Shaoran não lhe guardasse rancor, embora suspeitasse que isso era quase impossível. Ansiava encontrá-lo e contar-lhe a razão por o ter deixado.

-Tomoeda. Vamos parar dentro de cinco minutos – gritou o guarda.

Sakura olhou pela janela á procura do pai.