Disclaimer: Se Saint Seiya me pertencesse, eu jamais permitiria que transformassem o Shun em mulher daquele jeito (nem o Milo, aliás). É tudo do tio Kurumada.
N/A: Esta fic vai englobar uma série de ficlets que estou escrevendo sobre a vida do Aiolia e do Mu morando juntos. A princípio, eu postaria cada fic como uma história separada (como aconteceu com Numa Manhã Qualquer e Numa Tarde Qualquer), mas percebi que logo teria uma penca delas espalhadas no meu perfil e que, talvez, fosse complicado acompanhar assim. Portanto, agora resolvi reuni-las em uma única fic em que cada capítulo (ou cada poucos capítulos) será uma situação diferente.
Estas histórias pertencem ao mesmo universo de Change of Heart, mas podem ser compreendidas de forma independente, pois se passam três anos depois. Então, se você não leu CoH, não tem problema.
Esta primeira história está dividida em três partes porque ficou enorme. Como o objetivo é englobar um ano da vida deles, nada melhor do que começar com o Ano-Novo :3
Ao meu carneiro-beta, Orphelin, obrigada pelas revisões~
Num Ano Qualquer
Esta primeira história é dedicada a Chibi Haru-chan17, que é um amor e ainda me mantém firme aqui no ff… S2
Num Ano-Novo Qualquer
Parte I
Mu soube que tinha algo errado assim que tocaram a campainha no meio da noite. Colocou um marca-páginas no livro que estava lendo, tirou os óculos de leitura e atravessou a sala, para atender a visita.
— Aiolia? – Franziu a testa, dando espaço para que ele entrasse, e fechou a porta depressa porque estava frio. – Cadê a sua chave?
Sem dar mostras de ter escutado a pergunta, Aiolia abriu um sorriso e segurou as mãos de Mu. Estava com os olhos brilhantes e as bochechas coradas.
— Huh, Aio-…?
— Mu! Você é muito lindo! Muito, muito, muito lindo mesmo!
— …Quê?
Diante daquele rompante inusitado, Mu ficou em alerta. Respirou fundo. Cheiro de álcool.
Aiolia o admirava como se nunca tivesse encontrado algo tão espetacular na vida.
— Você é a pessoa mais linda entre todas as pessoas lindas! – Levantou as mãos de Mu, entrelaçadas nas suas, e propôs: – Vamos namorar?
O queixo de Mu caiu.
— Diz que sim! – Aiolia o sacudiu de leve.
— Ehrm, nós já estamos namorando…
Aiolia pestanejou, arqueando as sobrancelhas.
— Oh, já?
— Há três anos, Aiolia…
— Caramba, tudo isso?
Mu assentiu, recuperando sua expressão usual, e o guiou para a cozinha.
Aiolia deu risada.
— Isso significa que você aceitou namorar!
Bem, não era como se Mu tivesse tido opção. Na verdade, essa era a primeira vez que Aiolia o pedia em namoro. Três anos antes, após um bom período tentando se entenderem, ele havia dito somente: Vamos contar aos nossos amigos que estamos namorando. E isso não é um pedido. Eu estou te comunicando.
Não tinha sido nada romântico, claro. Entretanto, como Mu estava apaixonado por aquele atrevido, foi o suficiente.
— Uhum… – Mu entregou um copo enorme e cheio de água para ele. – Quanto você andou bebendo?
— Um pouquinho. – Aiolia engoliu tudo de uma vez e soltou um suspiro satisfeito. – Tenho total controle sobre mim, se quer saber.
Mu fechou o semblante. Aiolia tinha avisado que iria dar uma volta com Milo, ao término do treino daquele dia. Pelo visto, eles tinham explorado – para não dizer saqueado – a adega de Camus.
— Não me diga que veio andando sozinho assim.
— O que quer dizer com assim? Estou ótimo! E o Camus me deu carona até aqui… De volta para seus braços! – Aiolia o abraçou com força, seu sorriso ainda maior, e passou a esfregar a bochecha na dele.
Mu comprimiu os lábios para não rir.
— Eu tenho taaanta sorte de ter um namorado incrível! E lindo e inteligente e fofo e…
— Pode parar. Foi-se a época em que eu caía nessa sua conversa. Se você está me elogiando tanto é porque quer algo.
— Injustiça! É assim que você reage a elogios? – Aiolia desfez o abraço e encarou a geladeira.
Mu seguiu o olhar dele. Não havia nada de especial lá. Ele estava fazendo aquilo por pura birra. Teve que rir.
Aiolia fez careta.
— O que foi, Mu? Compartilhe a graça com o amor da sua vida.
— Apenas encontrei algo de adorável em seu estado de embriaguez, amor da minha vida.
— Aff… – Aiolia bufou e deu de ombros. – Se você duvida que estou bem, okay. É um erro, mas tanto faz. Não é de hoje essa sua descrença em mim.
Conhecendo-o nos mínimos detalhes, não havia a menor chance de Mu achar que Aiolia estava chateado de verdade. Quase riu de novo ao vê-lo fazer beicinho.
— Você acabou de pedir seu namorado, aquele que você namora há anos, em namoro.
— Hah. Você fala de si mesmo na terceira pessoa e eu que estou bêbado?
Mu deu um peteleco na testa dele.
— Ouch!
— Aiolia, eu estava lendo um livro bem interessante antes de você chegar. Seja bonzinho: deixe a argumentação sem sentido e a chantagem emocional de lado e vá para a parte em que você diz o que quer.
De maneira teatral, Aiolia abaixou-se perante Mu e, apoiado sobre um joelho, segurou uma das mãos dele.
Apesar da encenação ser evidente, o rosto de Mu ganhou um tom profundo de vermelho.
— Não se atreva, engraçadinho…
— Ué, se estamos namorando, esse é o próximo passo natural.
Mu massageou uma têmpora com a mão livre. Aiolia alcoolizado era sempre absurdo.
— Sei. Bom, dessa vez vai ser um pedido oficial? Porque tivemos uma conversa parecida outro dia e continuo em dúvida se era um pedido oficial ou uma pergunta hipotética.
— Pelo pau relampejante de Zeus! Por acaso a resposta vai mudar?
— A resposta, não. Minha reação emocional, sim… – Mu clareou a garganta e balançou a cabeça antes que caísse no loop do nonsense com o namorado. – Em todo caso, prefiro que me pergunte isso quando estiver sóbrio e sua vontade for verdadeira. Sei que, agora, você só está tentando me enrolar.
Estalando a língua, Aiolia se levantou. Não pôde protestar, uma vez que Mu prosseguiu:
— Vamos, diga o que você realmente quer.
Aiolia abriu um sorriso torto, meio libertino e meio perigoso – aquele que, para a grande frustração de Mu, era fascinante.
— Nem vem. Isso você sempre quer.
— É lógico! Você é supersexy e…
— Aiolia…
— Táá… Ahn, o que eu queria mesmo? – Seu olhar vagou pela cozinha como se tivesse algo diferente ali que não conseguisse identificar. – Ah! Milo e eu resolvemos fazer uma festa.
Mu cruzou as mãos atrás das costas e aguardou. No momento em que ficou nítido que Aiolia considerava que aquela resposta era o bastante, acrescentou:
— Uma festa para…?
— O óbvio: celebrar o Réveillon.
— Ah, o óbvio.
— Aqui em casa.
Mu piscou devagar, analisando o rosto lindo e ébrio do namorado.
— Espero que esteja brincando…
— Ahn… não?
— Vou reformular: por quê? Achei que íamos ficar tranquilos no nosso primeiro Ano-Novo morando juntos. E por qual razão você não me consultou primeiro?
— Eu tentei te ligar, você que não me atendeu.
Mu foi para a sala e tateou o sofá, procurando o celular perdido entre as almofadas. Estava descarregado. Recordava-se de ter pensado em colocá-lo para carregar, só que o livro estava tão interessante…
— Em todo caso, tenho certeza de que você ligou depois de ter decidido fazer essa festa, ou seja, para me informar.
— Naquela hora eu já estava chapado, Mu, dá um desconto.
— Ah, então você admite que bebeu mais do que um pouquinho?
— Se isso te deixar menos aborrecido comigo… – Aiolia fez sua melhor cara de filhote esperançoso.
Mu deu outro peteleco nele.
— Hey!
— Não estou aborrecido, embora você merecesse. Estou intrigado. O Réveillon está quase aí, Aiolia. Como vamos organizar uma festa nesse curto espaço de tempo?
— Não é uma festa, assim feeesta. Seremos nós dois, o Milo e o Camus. Ele concordou pra fazer o Milo parar de tagarelar. Se você acha que estou embriagado, tinha que ver o Milo.
— Hum.
— Vai ser legal. – Puxou Mu pela cintura e o beijou no pescoço. – Estamos morando juntos há um mês e pouco, e ainda não tivemos uma reunião com nenhum dos nossos amigos aqui.
— O Aiolos veio aqui algumas vezes.
— Ele é meu irmão. Não conta.
— Ele é meu melhor amigo. Então, conta, sim.
— Ele é?
— …
— Oh, é! Verdade! Estranho…
— Céus, Aiolia, beba mais água. A última coisa que vou precisar amanhã é você de ressaca resmungando pelas sombras. Teremos muito a fazer.
— Ahá! Você concordou!
— Do jeito que você estava dramático, pensei que tivesse matado alguém e quisesse a minha ajuda para esconder o corpo. Se é um encontro simples aqui, tudo bem… Porém, da próxima vez que tiver uma ideia dessas, faça o favor de me consultar primei-…!
Aiolia soltou uma exclamação de vitória e ergueu Mu pelos quadris, girando-o pela sala.
— Pare! – Mu o apertou nos ombros, seus cabelos compridos esvoaçando. – Você não está em condições de girar. Vai nos derrubar. Ou vomitar. Ou ambos.
— Opaa… – Aiolia parou, oscilando, e aproveitou os lábios entreabertos de Mu para iniciar um beijo empolgadíssimo.
Incapaz de resistir, Mu o beijou de volta. Contudo, no instante em que Aiolia começou a apalpar seu corpo, desvencilhou-se da armadilha e demandou:
— Água.
Aiolia voltou para a cozinha – murmurando que ia por estar com sede, não bêbado como pressuposto – e Mu se pôs a pensar em como lidar com a novidade. Afinal, não poderia ser uma complicação assim tão grande, certo?
Continua…
N/A: Espero que vocês tenham tido um bom Natal :) Até o Ano-Novo eu volto com a segunda parte dessa história. Se houver interesse, claro. Portanto, deixe uma review dizendo o que achou :D
P.S.: Leia mais sobre a vida deles morando juntinhos em Numa Manhã Qualquer e Numa Tarde Qualquer. Não compensa realocá-las para cá a essa altura, então vão continuar separadas, embora façam parte desse universo.
P.P.S.: Pra quem acompanha Encounter, ela logo será atualizada.
