Pandora Hearts © Mochizuki Jun.
Plastic blue
Invitations in my room
I've been waiting here for you
Reservations made for two
Sunlight fading
(…)
Romance is breaking every heart in two
Casting shadows in the pale shade of blue
(Blue – The Birthday Massacre)
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Alice, Alice, Alice. É um nome tão bonito, quase puro. É quase o seu nome, e é dela também, porque tudo que é dela é seu e vice-versa. Ou, pelo menos, é assim na teoria, porque na prática você não consegue aceitar que ela tenha o que você não tem. O corpo dela é seu também. O sangue dela é seu também. E o nome.
Ela tem a falta de liberdade que você tem, os mesmos brinquedos que você tem, mas você não tem os amigos dela. O amigo dela.
Jack, Jack, Jack Vessalius. O cabelo dourado e longo dele é tão bonito na luz da tarde quando ele vem te visitar, e você sorri. Mas sorri um sorriso que não é seu por inteiro, porque é no rosto de Alice. A Alice-que-não-é-você. E ele está ali por ela, não por você. Jack percebe que não são os olhos de Alice que olham nos dele, verdes como as árvores que circundam a torre na qual Alice-negra vive enclausurada.
Você é Alice-branca e vive enclausurada na escuridão.
Não consegue tolerar a maneira como ele te encara, como se fosse algum tipo de louca. Nem é capaz de entender porque é que ele te despreza e prefere aquela menininha boba, ingênua, dependente. Alice-ela não tem controle sobre nada além de suas próprias ações, dos brinquedos miseráveis com os quais divide seus dias. Alice-você faz o que bem entender em seu próprio mundinho. Preto no branco, sem tons intermediários de cinza, mas com gotas de vermelho aqui e ali.
Quase preto dos cabelos compridos que exalam o perfume de lírios no ar, preto das roupas dela, preto da ausência de luz na qual você vive e ela só conhece quando fecha os olhos e dorme um sono tranquilo. Branco dos seus olhos claros que ardem de ódio, branco dos seus cabelos compridos e de seu vestido. Branco inocente e puro da pele das suas mãos, que se encontram ao redor do pescoço dela e apertam como se não houvesse amanhã. Que deixarão marcas de um vermelho lindo daqui a algumas horas, quando o corpo dela estiver frio e rijo como o de suas bonecas de porcelana.
Alyss, Alyss, Alyss. É um nome inocente, como você. Inocente como o sorriso de dentes brancos que você não consegue tirar do rosto e quer que todos vejam. Que enxerguem que você, e somente você, pode ser o branco em meio ao preto. Pura.
Branca, toda branca, mas não de uma brancura cegante. Não incolor. Branca, alva, clara e doentia em meio às trevas. Preto no branco, sim. Mas com pingos de vermelho. Um vermelho que é – e ao mesmo tempo não é – seu. Vermelho sangue, vermelho Alice.
E você não poderia se contentar com menos.
[N/A] Não faço a menor idéia, sério.
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