Zigue-zague, pensamentos que se entreligam


Capítulo 9.1: Motivos


Não saber nada sobre ele era um tormento para mim. Tudo o que eu mais queria era tomá-lo em meus braços e dizer-lhe que tudo daria certo, que eu estava com ele para ajudá-lo a vencer seus traumas.

Mas ele se recusava a contar-me sobre seu passado, e isso irritava-me muito. Ele deveria confiar cegamente em mim, entregar-me sua vida, seu destino e futuro, e eu iria cuidar dele com todo o meu zelo, garantiria que ele seria feliz.

Mas não, Cloud insistia em não deixar-me saber tudo sobre ele.

Eu sentia que ele fechava uma parte de seu coração para mim e eu não iria aceitar, queria seu coração todo para mim, independente das feridas que haveria nele.

Quando eu o conheci soube que não poderia deixá-lo ir embora. Ora!, aquele belo rapaz, loiro, de intensos olhos azuis e pele clara, tão hesitante quanto uma virgem e surpreendentemente fofo como um coelho. Eu o queria para mim! Eu o teria!

Me intrigava que ele tivesse sido achado na fronteira. O que ele fazia ali? Ou melhor: o que o fizera ir parar ali? Poucas eram as pessoas que cruzavam Avalanche pelas terras de Tempestade, aliás, ninguém nunca havia feito aquilo.

Meus homens pretendiam interrogá-lo, torturá-lo e até matá-lo. Eu sei que alguns, escondido do resto, iriam violá-lo e abusar dele, apesar da minha ordem expressa de que esse tipo de situação não aconteceria por aqui, havia alguns rebeldes que ousavam desobedecer-me.

Suspirei, o que eu havia feito com Cloud era imperdoável. Eu nem sabia mais como poderia voltar a encará-lo. Minha frustração pela negação dele em contar-me sobre ele levou-me a extremos dos quais eu arrependo-me profundamente, mas já está feito, não há volta.

Ele havia dito que me odiava e eu sabia merecer tal sentimento. Retirá-lo do quarto foi a minha única alternativa. Eu sabia que, por si mesmo, ele não faria.

Não há mais saída, minha única solução é esperar que ele possa perdoar-me. Que eu possa perdoar-me.