Verão da paixão eterna
Fanfiction de Sion Neblina
Romance – Yaoi
Disclaimer: Saint Seiya não me pertence, os personagens aqui citados pertencem a Masami Kurumada e Toei Animation, texto sem fins lucrativos, apenas para diversão dos fãs.
Atenção: Esse texto mostra romance homoerótico, podendo contar cenas de sexo e é recomendado para maiores de 18 anos
N/A: Essa história não tem nenhum respaldo médico, tudo narrado aqui não passa de fantasia da mente perturbada da autora.
L'arrivée
I Capítulo
Shun observava o caminho arborizado que levava ao endereço escrito apressadamente no papel. Conferiu novamente e sorriu, com certeza era uma mansão. Não havia casinhas escondidas naquele bosque, só as casas mais sofisticadas de Provence-Alpes-Côte d'Azur localidade de alto padrao do sul da França.
O jovem japones ficava cada vez mais intimidado com todo aquele luxo. Lembrava-se do que o grego falou: trabalharia para uma das mais ricas e aristocratica família francesa, e estaria definitivamente fora do Japão e toda a triste história deixada no oriente; incrivel como um encontro poderia transformar a vida de uma pessoa...
Suspirou; não queria pensar naquela história, queria pensar apenas na nova chance que teria do outro lado do mundo. Chance de trabalhar e ajudar mais uma pessoa, afinal, ajudar pessoas sempre foi o seu ideal de vida; desde muito cedo, cedo mesmo... Suspirou, afinal, como dizia seu irmão: ele "mal saira das fraldas..."
Sorriu ao se lembrar de Ikki. Não sabia o que faria se não fosse pela força que ele lhe dera. A única pessoa que verdadeiramente acreditara nele, bem, isso antes de conhecer aquele loiro cativante, em sua recente viagem pela europa; viagem para esquecer, esquecer seus próprios medos, desesperanças e a decepção.
Sentia-se exausto, uma longa viagem do Japão com três escalas e depois, mais duas horas até chegar em Nice e de lá um trem para Mônaco. Agora estava a mais de trinta minutos dentro de um táxi que o levaria para o seu destino final, se tivesse sorte...
O carro finalmente parou em frente a uma imensa casa em tom pastel com detalhes em tijolos vermelhos e imensas portas e janelas.
Sua arquitetura se parecia com a de um castelo romano, incrustrado num imenso bosque de árvores altas. Porém, era cheia de toques de modernidade, como as janelas com vidraças fumês e a piscina com designer moderno.
- Vous pouvez attendre ici, s'il vous plaît?– Shun pediu que o taxista o esperasse, utilizando o seu parco francês.
Caminhou até a entrada da casa, já que era um longo caminho gramado sem portão.
A campainha tocou por duas vezes, antes da porta de uma rica e sofisticada madeira se abrir. Seus olhos verdes se fixaram no belo loiro de pele bronzeada que apareceu a sua frente. Ele vestia uma calça branca que se moldava divinamente nas pernas longas e musculosas, e uma camisa pólo verde de uma grife famosa, que também evidenciava os músculos trabalhados, provavelmente, por horas numa academia.
O loiro sorriu e se virou para dentro da mansão, fazendo seus longos e cacheados cabelos dançarem com o gesto.
- Camus, ele chegou! - falou e se voltou para o rapaz parado à porta, com um lindo sorriso – Pensei que se atrasaria, afinal é longe do Japão até aqui!
Shun sorriu também e foi convidado a entrar.
- É, mas sou muito pontual e calculo o tempo antes de fazer qualquer viagem...
- Eu me chamo Milo! – cumprimentou piscando.
- Shun, Shun Amamiya, foi você quem me chamou, estou certo?
- Sim, mas você conversará com o Camus... – explicou o loiro e caminhou para o imenso e refinado bar de madeira – Bebe alguma coisa?
- Água, por favor... – disse Shun, enquanto Milo abria um frigobar inox e retirava uma garrafa de água mineral.
Ele ficou examinando o ambiente; o luxo da mansão era evidente, porém, discreto, nada ostensivo, básico e elegante. As portas e detalhes em madeira vermelha nobre, a iluminação suave e os móveis claros e confortáveis que decorava a imensa sala de estar transmitiam masculinidade e força. Logo percebeu que faltava um toque feminino na casa, e se lembrou da informação recebida de que a mãe do paciente era falecida.
Ficou observando cada detalhe; os diversos quadros e esculturas, as taças de cristal penduradas no bar, as bebidas caras. Tudo isso, não deixavam dúvidas sobre o dono da casa: alguém discreto, sofisticado e de bom gosto.
Outro homem chegou à sala. Seu rosto era austero e frio e não jovial como o do loiro, embora sua aparência física demonstrasse que deveriam ter basicamente a mesma idade, algo entre vinte e oito a trinta anos. Seus cabelos também eram longos, pouco abaixo dos ombros e vermelhos e lisos, impecavelmente penteados no corte meio repicado que jogava uma bela franja sobre a testa clara.
Ele possuía olhos azuis, mas não eram calorosos como os de Milo, ao contrário, os seus pareciam deitar gelo em tudo que mirava. Vestia um terno formal e elegante, Armani com certeza, e o perfume másculo que Shun sentiu quando ele se aproximou, não deixava dúvida de que pertencia à mesma grife.
- Olá... – ele cumprimentou, e Shun se ergueu e apertou-lhe a mão – Eu sou o Camus e achei por seu currículo que fosse mais velho.
Shun engoliu em seco, a voz dele não se alterou e nem foi hostil, contudo, percebeu que sua idade constituía um problema para o homem a sua frente.
- Tenho vinte e dois anos e como informa o meu currículo, sou graduado em psicologia...
- Camus, por favor... – pediu Milo, nervoso, entregando o copo d'água a Shun – Já conhecemos o currículo dele.
O ruivo não se alterou, continuou olhando o terapeuta, com seus impenetráveis olhos azuis. Seu rosto assemelhava-se ao de uma estátua, sem nenhuma expressão.
- O senhor veio começar imediatamente, senhor Shun? – perguntou, e o jovem oriental se controlou para não sorrir. Não queria que parecesse que estava desesperado pelo emprego, embora estivesse.
- Sim, como o combinado, até o final do verão. Caso não tenhamos êxito, recomendarei outra terapia... – respondeu friamente, e o ruivo assentiu com a cabeça, erguendo-se do sofá e se afastando em direção ao bar. Encheu um copo com uísque e voltou a se sentar de frente ao psicólogo.
- Doutor Amamiya...
- Pode me chamar de Shun, por favor... – interrompeu.
- Certo, Shun... – Camus concordou, mas o terapeuta percebeu que aquilo o desagradava – Como Milo já lhe deixou a par, é um caso complicado e já tentamos muitas terapias.
- Não é um problema clínico e sim psicológico... – falou o loiro sentando-se ao lado do companheiro e lançando um olhar de advertência ao japonês.
- Estou a par disso, foi um choque emocional, não foi isso?
- Sim, um acidente de carro onde ele perdeu a namorada e o pai... – continuou Milo – Foi algo muito traumático...
O rapaz assentiu com a cabeça, estava preparado para aquele desafio, mas no fundo sentia medo. Era pouco experiente e sabia que, muitas vezes, um bloqueio psicológico se mostrava mais difícil de ser quebrado que barreiras físicas.
- Bem, já contratamos todos os terapeutas e fizemos todos os tratamentos possíveis e não tivemos nenhum progresso... – o ruivo voltou a falar – Até que o Milo leu algo a seu respeito.
O loiro exibiu novamente seu lindo sorriso.
- Eu li algo sobre a sua terapia numa revista e achei que poderia nos ajudar... – disse ele – o titulo era... "A arte milenar de um jovem terapeuta".
- Hã? Ah, claro...! – sorriu Shun sem jeito, e seus olhos pousaram novamente no ruivo. A impressão que tinha era que o tal Camus não simpatizara nem um pouco com dele.
Resolveu ser o mais profissional possível, pois parecia que o francês o considerava um charlatão e não um psicólogo, e isso, ele não admitiria. Embora, talvez ele estivesse certo, em parte... Não! Trabalhara muito duro a vida inteira e não tolerava que duvidassem do seu potencial profissional, apesar de sua vida inteira constituir vinte e dois anos apenas...
A verdade era que Shun era um prodígio que ingressara na faculdade aos quinze anos e que se graduara com máximo louvor aos vinte. Seus métodos diferentes fizeram com que a comunidade médica japonesa lhe prestasse atenção mesmo quando só era um estagiário, porém, sua escalada de sucesso foi interrompida por um problema... Entretanto, era um homem que gostava de desafios, esse era o motivo também para ter aceitado viajar para o outro lado do mundo. Saber que vários e renomados terapeutas não tiveram sucesso naquele caso e acabaram desistindo do rapaz, o motivava; fazia que desejasse ter êxito.
Shun pegou uma prancheta, e colocou seus óculos de grau.
- Qual a idade dele, agora? – perguntou lendo a pouca informação que possuía, afinal, tudo acontecera rápido demais.
- Vinte e três. – Camus respondeu.
- E quando aconteceu o acidente?
- Há cinco anos... – respondeu o ruivo, e o jovem psicólogo ergue os olhos para ele.
- Muito tempo. Nenhuma reação? – Shun tirou os óculos – Nenhuma melhora nesse tempo?
- Nenhuma... – respondeu o aquariano.
- Vocês são parentes? – continuou com o interrogatório. Era aborrecido, mas necessário, precisava saber tudo sobre o paciente.
- Irmão, ou melhor, meio irmão... – explicou o ruivo – Nosso pai também estava no carro, e a mãe dele já era falecida, antes do acidente.
Shun balançou a cabeça e anotou as informações.
- Será possível ajudá-lo, Shun? – Milo perguntou. Aquele rapaz era sua última esperança.
- Não posso enganá-los, a situação é desanimadora, mas não posso dar nenhum veredicto sem ver o paciente.
- Mas, você considera possível? – dessa vez a voz do ruivo demonstrou algo mais que a frieza mostrada até então, porém, sua expressão continuou a mesma.
- Em psicologia qualquer coisa é possível, senhor Camus, mas nada pode ser garantido.
- Isso já é o suficiente por enquanto! – disse Milo se levantando do sofá – Posso mostrar seu quarto se desejar, e depois pegamos suas malas no carro, certo?
- Na verdade, há um táxi esperando por mim, lá fora...
- Pode deixar que eu pago o táxi e pego as malas. – disse Camus.
- Não é necessário, senhor, eu mesmo faço isso, obrigado. – discordou Shun e saiu, retornou minutos depois arrastando duas pesadas malas.
Milo pegou uma delas.
- Deixe-me ajudá-lo, Shun, aqui nessa casa, temos um grande problema de falta de empregados! – disse lançando um olhar malicioso ao ruivo que subiu as escadas na frente dos dois sem nada dizer.
O terapeuta olhou para a imensa casa, imaginando como um lugar daqueles poderia parecer tão impecável, sem empregados.
- O Camus tem mania de privacidade! – continuou o loiro – Então, temos o mínimo possível de pessoas transitando nessa mansão. Uma cozinheira, uma arrumadeira, uma faxineira, um jardineiro, um motorista e nada de mordomo!
Milo explicava as perguntas mudas do jovem oriental, e ambos adentraram uma suíte decorada com requinte e bom gosto em art décor. Simples e sofisticada.
- Tentei deixar o mais confortável possível, espero que esteja ao seu gosto! – sorriu o grego – Precisando de alguma coisa, sou o mordomo oficial!
- Certo, e obrigado! – riu o japonês - Você também mora aqui?
- Não, mas passo a maior parte do tempo nessa casa. – Sou um namorado chiclete mesmo, não nego! – piscou o grego, e Shun ruborizou percebendo a indiscrição da pergunta.
- Desculpe-me, não foi isso que...
- Ah, relaxa, estou brincando!
O mais jovem assentiu com a cabeça, e o loiro saiu do quarto, batendo a porta atrás de si.
O jovem psicólogo se jogou na cama macia e rolou sobre ela. Estava muito cansado e imaginava o desafio que seria seus dias dali em diante. Contudo, não recuaria, devia aquele emprego que, por sinal, seria muito bem remunerado, a confiança de uma pessoa adorável, alguém que confiara em suas palavras mesmo sem conhecê-lo, e devia também ao irmão que pagara sua viagem. Ao contrário, estaria ainda no Japão, sendo infernizado pela imprensa.
Suspirou com amargura, às vezes, fazer o bem não era bom negócio e confiar nas pessoas não era com certeza. Pegou o celular e discou um número.
- Alô, oi amor, deu tudo certo, consegui o emprego, a única coisa ruim será ficar longe de você e do Ikki, mas é por uma boa causa. Não, ainda não encontrei o paciente, acho que ele está na fisioterapia... é um caso difícil, mas sou otimista, tenho certeza que terei êxito! Eu também morrerei de saudades, tchau!
Desligou o telefone e ficou lendo a ficha do paciente que lhe fora enviada por e-mail, quando ainda estava no Japão:
"Alexei Hyoga Yukida Verseau, vinte e três anos, paralisia total desde os dezoito. Nenhuma doença física diagnosticada, nenhuma lesão cerebral diagnosticada. Possíveis motivos psicológicos..."
-" Muito bem, Alexei... – pensou Shun - Vamos investigar esses possíveis motivos psicológicos. Tenho cinco meses para livrá-lo dos seus fantasmas..."
Suspirou e resolveu tomar um banho, descansar um pouco, estava exausto! Queria tirar um cochilo, antes que seu paciente chegasse.
Continua...
Notas finais: Vamos para mais um U.A. acho que viciei; mas juro que estou trabalhando numa fic Canon também (cora). Prefiro escrever dentro do CANON, mas... tem me aparecido umas idéias e como sou uma escritora compulsiva escrevo, e como escrevo, tenho que postar.
E Hyoga e Shun, hein? Acho que viciei neles também! Rsrsrsrs,
Ah, em falar nisso, o Hyoga nem apareceu nesse capítulo, perdoem, foi só uma introdução do que virá.
Explicando minhas caminhadas pelo Universo alternativo; tem gente que acha que quem escreve U.A. é porque deseja review e numa história original ninguém deixa review. Bem, meu motivo não é esse, tenho muitas histórias originais não postadas, porque ainda não registrei os textos e temo plágio, com fanfiction não há plágio porque os personagens são conhecidos, tem nomes patenteados (ao menos não plágio sério, aquele que a pessoa ganha dindin com algo feito por outra). Esse é meu primeiro motivo, o segundo é que no caso de utilizar personagens já existentes, não precisamos nos aprofundar nas características psicológicas dos mesmos, o personagem vem pronto é só usar, em outras palavras, preguiça mesmo de criar um personagem! Então, entre plagiar a persona do Camus, Milo, Hyoga e Shun e dar outro nomes a eles, eu prefiro escrever com os próprios.
Observação: Beta ocupada! Perdoem qualquer erro e me informem que corrijo sem demora!
O título do cap está em francês e significa "A Chegada", nessa fic teremos muitas expressões em francês, porque sou uma romântica baka e achei que isso dará o clima que quero a fic. Caso encontre algum erro (meu curso de francês não passou do segundo mês e conto com a ajuda do Babel fish muitas vezes) é só me dizer que eu conserto também!
Agradeço de antemão todo o carinho deixado em forma de review e isso inclui críticas construtivas também!
Sion Neblina
