E desapareceu mesmo. Não voltou, mas também não esperava que voltasse.

Ou será que esperava?

As palavras ainda ecoavam na minha cabeça, " Será como se nunca tivesse existido".

Uma onda de dor e histeria percorreu o meu corpo. Cascatas de lágrimas e ofegantes respirações tomaram conta de mim.

-Bella! – Charlie entrou de rompante no meu quarto.

-Eu estou bem. – Menti, sabendo que a palavra bem nunca se iria adequar a mim.

-Querida, o Edwa... -Interrompi-o logo.

Edward. Edward. O nome dele estava em todo o lado, quer dentro de mim, quer à minha volta.

-Chega.

-Eu e a tua mãe estivemos a falar e… Bem, ela que fale contigo.

Olhei-o desconfiada e, a muito custo, inspirei fundo.

Charlie deslocou-se para a janela.

A janela por onde ele entrava e saía para ver-me dormir; a janela por onde ele saltava perfeitamente; a janela por onde ele me lançava os seu sorrisos enigmáticos…

Até ao dia em que me deparara com a sua realidade. Não é que não soubesse que não era boa para ele.

Eu sabia, mas estava iludida.

-Bella... – A minha mãe entrou no meu quarto, com a minha mala de viagem cheia.

A Renée vinha visitar-nos? Demorei algum tempo até entender o que aquelas malas significavam.

Grunhi interiormente e levantei-me, determinada.

Normalmente, não era nada brusca nem violenta, mas agora não podia acalmar-me.

-Isabella, vem comigo. Ficares aqui não te vai ajudar. Ele não vai…

-Chega, Renée. Eu não vou a lado nenhum! Eu vivo aqui e já tenho 18 anos. – Gritei-lhe.

A minha mãe assustou-se comigo e recuou um passo.

-Bella, é o melhor. – Charlie tentava suavizar o ambiente.

-Eu não saio daqui. – Rugi-lhes.

Instintivamente, arranquei as malas que Renée carregava.

Abri-as, retirando toda a roupa que estava dobrada, cuidadosamente, e mandei tudo para cima da cama.

Sentia os olhares fixos deles, enquanto eu rasgava o vestido que Alice me emprestara para o baile de finalistas.

Quando dei por mim, chorava compulsivamente ao perceber a barbaridade que cometera. Estava a destruir uma recordação que ele não levara.

Levei os restos do vestido ao nariz e percebi que o cheiro ainda se mantinha.

"Estás linda", a voz dele, nessa noite, ecoou na minha cabeça.

-Tu precisas de sair daqui.

-NÃO!

-Bella, o Edward foi-se embora! – O meu pai gritou.

O meu corpo todo sentiu-se a fraquejar.

Edward, ele.

-Não sei quem é. – Que fraca que era.

-Ele não vai voltar. – Renée também se juntava a esta discussão.

-Eu não vou falar disto e ninguém o fará. Vai ser proibido, ou eu desapareço. – "Ou morro", pensei.

Ambos entreolharam-se e suspiraram.

-Saiam. – E expulsei-os, já com as lágrimas a saírem.

Mandei-me para cima da cama e tentei sufocar-me com a almofada.

Gritei para dentro desta e chorei.

Chorei, chorei, chorei…

Lágrimas de dor e sofrimento...

Um buraco no peito tomou conta de mim. Eu estava perdida.

O…ele…não voltaria.

Eu tinha de assimilar isso.

E esse…foi apenas um dia perdida num mundo à parte. Um mundo onde eu não voltaria a ver a luz.

Um mundo onde ele, existira.