Naruto não me pertence e eu nem sei se queria que pertencesse...


Souffrance

O sofrimento era uma dádiva.

E cada vez que ele fazia seu ritual ele tinha mais e mais certeza sobre esse fato.

Era necessário apenas alguns requisitos facilmente arranjáveis. E depois estava lá, aquilo pelo qual ele tento ansiava. E então ele fazia tudo aquilo que sua consciência ordenava, tudo o que sua crença o fazia querer, em honra ao seu deus.

Sentia-se orgulhoso de sua posição, de sua fé, de seu tão sagrado ritual.

Acreditava que era daquele jeito que as coisas tinham que ser e quando ele sentia todas as dores que a outra pessoa certamente estava sentindo... talvez não pudesse haver algo melhor que a sensação de poder e controle que ele possuía sobre o corpo e a vida de sua pobre vítima. Era como se a dor e o sofrimento fossem a concretização de tudo.

E ainda tinha a consciência de sua imortalidade.

Por vezes ele olhava para os olhos (muitas vezes, temerosos, orgulhosos, ou indiferentes) daquela existência que aos poucos se extinguia em dores e achava que o sofrimento estampado naqueles olhares era a prova concreta de que ele conseguia ser o que queria. Era uma espécie satisfação que o agradava.

Não sabia ao certo de onde surgira toda aquela devoção, mas sabia como a manteria e o porquê.

Apreciava cada gemido sofrido que escutava, cada tentativa de resistência, cada fina esperança que seu inimigo, ou sua vítima (como preferir), parecia ter, acreditando que aquela seria a última que morria.

Mas em meio a tanta dor, em meio àquele mar de agonia em que muitos acabavam por se afogar, não sobraria nada. Só a lembrança do que ocorrera e talvez da vida que se fora como um sacrifício a uma religião que interessava somente a ele.

E quando o golpe final era enfim desferido, ele não conseguia evitar que uma risada alucinada escapasse de seus lábios, marcando o desfecho daquilo que era tão meticulosamente preparado.

Mais uma vida se fora pelas suas mãos e pelas mãos de seu deus.

Ele sentia-se agraciado e agradecido. Cansado (fora uma luta no fim das contas).

O ritual estava acabado.

O sangue espalhava-se por alguns lugares agora. O cheiro do sacrifício se espalhava.

E então era hora de procurar pelo seu próximo presente, pelo seu próximo sacrifício, pela próxima pessoa destinada ao sofrimento.

Como um ciclo que (nunca) não acaba.

(...uma pena que tenha acabado...)

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Lirit Fala:

Ai, ai. Bom, tudo o que eu quero falar sobre o texto acima é o seguinte: eu estou passando pelo que é o pior bloqueio criativo na minha vida até agora, mas essa era uma ideia que eu tinha há algum tempo e que eu quis arriscar, sabe como é, pra ver se eu saio dessa. Detesto bloqueios mentais e eles não eram tão frequentes até que veio esse e... bem... eu estou me virando (ou tentanto).

A fic não está grande coisa, eu sei. Não se sintam obrigados ou impelidos a deixar alguma review.

E isso não é qualquer tipo de psicologia reversa.

A fic está aqui só por conta dos 30 cookies mesmo (30 cookies, inverno, 21 - sofrimento).

É isso.