Julho era um mês complicado.

Era assim havia séculos: todo mês de julho, a nação-ilha se tornava ainda mais reclusa, mais taciturna e mais predisposta a perder completamente a paciência. A presença dos Estados Unidos geralmente tornava a coisa toda ainda mais desagradável, mas naquele mês de Julho em particular, era a ausência quase que completa do mais novo que piorava seu humor.

América trabalhava exaustivamente havia anos, e agora que a data se aproximava, era quase impossível vê-lo. Ainda mais com os contínuos avanços que a Rússia fazia no campo.

1969, até então, havia se demostrado um ano singular. A venda de seu melhor jornal de domingo para alguém lá de baixo, a última performance pública de seu quarteto favorito, descer em Anguilla, empatar com o sapo no Eurovision, problemas com a Irlanda, John fazendo história novamente, outro John entrando para a história, problemas com a Rodésia...

E então, dia 20 de julho chega, e nada mais importa.

O mais novo lhe telefona alguns dias antes, convidando-o a assistir o espetáculo e mencionando algo sobre o quão legal e heroico aquilo tudo era. Ele aceita, claro. E força o mais novo a assistir o evento pela BBC, claro.

Assim foi que, às duas e cinquenta e seis da manhã, ele se encontrou sentado num sofá que cheirava fortemente a queijo cheddar e carne processada, as imagens em preto e branco parendo dançar em suas retinas. Jamais sentira tanto orgulho em sua vida.

A nação mais nova, a seu lado, alternava ansiosamente o olhar entre ele e a tela. Pensava estar sendo discreto, mas realmente não estava. Jamais. Inglaterra se permitiu um sorriso.

"Isso foi brilhante."

O sorriso que recebeu em resposta era quase grande demais para o rosto que o continha.

"Mas não vi nenhum de seus amigos aliens ali, receio."

A risada que se seguiu era uma das mais raras.

"Aliens não moram na lua, Iggy! Eles são de Marte, todo mundo sabe disso."

Inglaterra sorriu novamente. De fato.