Avisos Importantes:

- Esta fic é apenas um teste. Tudo o que tenho escrito é o que está postado. Preciso saber se alguém se interessaria em ler antes de realmente me focar na história.

- A fanfic é classificada como M por razões óbvias. Provavelmente, em alguns momentos, beira MA, mas tentei aliviar um pouco para poder postar aqui.

- Você vai encontrar menção a violência/morte logo no início.

- Como não sei se vou continuar, alguns pontos podem parecer vagos agora. Mas foram deixados propositalmente para que eu não tenha que mudar muito a trama caso resolva investir na história.

- Personagens que sobreviveram no livro podem estar mortos aqui, bem como mortos podem estar vivos.

Se eu fosse J.K. Rowling e tivesse escrito Harry Potter, eu estaria nadando no meu próprio dinheiro agora. Infelizmente não é o caso e só me aproveito um pouco desses personagens incríveis.


CAPÍTULO 1

Maldosos, raivosos, com repulsa e um ou dois com pena, olhos de todos os tipos a encaravam do outro lado da praça. Alguns eram familiares, outros não, mas talvez fosse tudo sua imaginação. O que era realidade, afinal? Ela não sabia distinguir com sua cabeça pulsando, o sangue escorrendo e deixando um gosto amargo na boca, as dores em pontos não identificados de seu corpo. Havia a fome, o cansaço, a humilhação, o desespero. Um misto de sensações que a acompanhavam há algum tempo agora. Desde a guerra, mais precisamente.

Desde que Voldemort ganhara, durante os esconderijos mal iluminados e sem suplementos ou enquanto sentia a adrenalina das perseguições. O medo se misturara a todo o resto e ela não sabia mais descrever tudo o que sentia. Em certos momentos se questionava quanto à sanidade de sua mente. A escuridão pode ferrar com sua cabeça. E em tempos como esse onde não havia luz, ela estava condenada.

Havia outros como ela ali. Um homem com o rosto desconfigurado e as genitálias cortadas, sangrando em várias partes do corpo. Uma jovem com severos hematomas entre as coxas e o busto, cortes por todo o tórax e braços, o rosto manchado de sujeira e lágrimas. Uma criança em igual ou pior estado que estes, chorando sem parar. Além, apenas outro homem sem uma das orelhas e cego de um olho, com braços sangrentos e lábios rachados. Ela se recusava a pensar em seu estado.

Sabia que tinha se machucado bastante enquanto corria pela floresta e sentia os galhos cortarem seus braços, pernas e rosto. Suas costelas frágeis provavelmente se fraturaram na queda que culminou em sua prisão. Os ossos e a pele doíam em diversos pontos incessantemente. Seu rosto e corpo deviam estar roxos das punições durante o caminho até ali. Suas roupas foram retiradas assim que entrou na jaula improvisada com madeira em cima de uma carroça. E o sangue não parava de voltar a sua boca, deixando-a ainda mais enjoada. Não, definitivamente não queria poder se enxergar.

Meu nome é Hermione Jean Granger. Fazem duzentos e setenta e um dias que sou ninguém.

Um homem alto e imponente subia ao palco em que ela e os outros estavam expostos, presos a cordas que se sustentavam no nada. Atrás de si sua capa preta o acompanhava como a sombra, deixando-o ainda mais terrível enquanto passava distribuindo olhares de desgosto por cada um. Finalmente se voltando para o público, ele mirou a varinha na garganta e anunciou: "Comecem os lances."

Ele se posicionou em frente a garotinha com um sorriso macabro estampado no rosto. Os olhos brilhavam de malícia. Se possível, ela sentiu-se ainda mais enjoada.

- Quem será o gentil cavalheiro responsável por esta aqui? – questionou, seu rosto se levantando em apreensão esperando pelo primeiro movimento.

Hermione deixou seus olhos vagarem pelas pessoas mais uma vez. Não eram muitas, mas o suficiente para que pudessem disputar entre si pelos escravos. Notou que eram todos homens, rostos desconhecidos e tão terríveis quanto a do seu leiloeiro. Olhos castanhos, verdes, azuis, frios como uma noite de inverno.

- Dez galeões! – gritou uma voz mais a esquerda.

Ela seguiu a direção da voz. Seu corpo inteiro tremeu quando seus olhos encontraram outros, um par cinza de céu nublado. Não. Quase gritou, mas duvidava que suas cordas vocais a permitiriam de qualquer forma. Não, não, não. O desespero gritou mais forte por trás de sua garganta e estourou em forma de lágrimas. Por favor, Deus. Não.

Do outro lado, Draco Malfoy a encarava tão friamente quanto os outros. Os cabelos impecavelmente penteados, mais longos do que o de costume, um rosto tão pálido e duro quanto sempre e um terno muito bem assentado ao seu corpo esguio. Era o fim da linha, ela sabia. Se ele soubesse quem ela era estava tudo acabado.

E, oh, meu Deus, como rezava para que os cabelos curtos e loiros de seu disfarce junto aos machucados não o deixassem reconhecê-la, por favor. Seu choro se tornara um grito baixo de agonia por entre a boca fechada. As lágrimas ardiam enquanto faziam o caminho pelo rosto.

- Por cinquenta galeões o jovem McCellan ganha o lance. Ouço vinte galeões por este homem? – ele apontou para o homem de rosto estranho abaixado com a cabeça na altura de seus joelhos.

Com sua pequena distração ela nem vira que o leilão continuava. Sua mente repetia por favor, Deus como um mantra. Gostaria de poder lembrar das orações que aprendera com sua mãe quando era mais nova. Mas novamente, do que ela conseguia realmente se lembrar? Tudo parecia um borrão de outra vida, de uma pessoa que não era ela.

Sentiu os olhos dele de novo sobre si e fez tudo que pode para esconder o rosto. Merda, merda, merda! Por favor, Deus. Alguém. Por favor. Por favor. Duvidava que alguém fosse ouvi-la. Não havia ajuda, ela lembrou, todos estavam mortos. Assim como ela. Não existia ninguém. E quem existia, era ninguém também. Um corpo a mais só esperando pelo momento em que não conseguissem mais escapar. Deus não existia, nunca acreditara nele, e esse mundo novo só provava isso. Há o bem, o mal, e pessoas no meio disso.

Sua vez chegou rápido demais, o desespero cresceu em seu peito, os soluços escaparam de sua boca. E tão logo chegou, foi embora.

- Cento e dez galeões – a voz de Draco Malfoy se arrastou até seus ouvidos.

Ela estava acabada.

Em seguida a outra mulher foi a última, sendo arrematada por um homem rechonchudo de aparência perturbadora.

- Os compradores compareçam na tenda atrás do palco. Nos encontramos novamente na próxima semana.

O leiloeiro se voltou para os escravos com o mesmo sorriso desprezível e abanou sua varinha para que as cordas se afrouxassem. Colocava-os numa linha desajeitada quando o inesperado ocorreu. O homem que ela vira antes franziu seu rosto distorcido enquanto ajuntava a corda e a apertava em seu pescoço apressadamente, se jogando para fora do palco no momento seguinte. Não houve tempo para pensar, gritar, ou reagir de qualquer forma. Todos o encaravam com choque.

Hermione apenas olhava o corpo pendurado se retorcer num instinto natural de busca pela sobrevivência. Mas ele não sobreviveria. Não ali. O público soltou uma risada junto a seu leiloeiro.

- Que pena – disse ele sem emoção.

Sem dar muita atenção ao acontecido, o homem os encaminhou por uma escada de quatro degraus e então para uma pequena tenda dois metros atrás do palco. Os escravos caminhavam lentamente e ela viu alguns se encolhendo conforme davam os passos. Ela própria sentia picadas de dor e se retraía. Ainda chorava silenciosamente, mas o choque do suicídio a acalmara de certa forma. Talvez fosse isso o que chamavam de estupor.

Os ganhadores já se encontravam na tenda conversando baixinho entre si. Pareciam ainda mais ameaçadores do que antes.

- Acho que seu dinheiro não será necessário, O'Callaghan. Belo espetáculo, aquele – o leiloeiro falou num tom animado, em que recebeu um sorriso malicioso do homem referido.

- Tudo bem, lhe devo dinheirro pelo espetáculo – respondeu com seu sotaque irlandês, acentuando as palavras em lugares incomuns.

- Pegue sua garota, Donovan. Vamos logo com isso – ela ouviu Malfoy mais ao fundo onde conversava com um homem aparentemente da mesma idade dele e longos cabelos negros.

O tal Donovan se aproximou de seu vendedor e entregou-lhe um saquinho de moedas. Enquanto deixava o homem para contar o dinheiro, caminhou para a menininha recém-adquirida e a puxou pela mão. Ela, por sua vez, começou a espernear e seus gritos fizeram cada parte do corpo de Hermione tremer. Pobre alma – não, pobres almas, todas as deles. Talvez seguir o exemplo do suicida não fosse tão má ideia.

Malfoy seguiu o companheiro e entregou o dinheiro para o leiloeiro.

- Espero não me arrepender, Renly.

- Não vai, senhor – aquele sorriso maníaco não parecia deixar seu rosto nunca. Uma constante careta de maldade.

O jovem o analisou seriamente por apenas alguns segundos antes de caminhar para perto dela. Hermione fechou os olhos tentando controlar a agonia. Quando ele chegou próximo o suficiente, deixou seus olhos percorrerem todo o corpo desnudo em sua frente enquanto carregava uma expressão dura no rosto. Ela podia sentir as íris cinza brilhando maldosamente por cada traço trilhado, lembrando-a o quanto estava exposta. Sentiu o aperto em sua garganta aumentar. Tinha certeza de que se tivesse se alimentado recentemente já teria vomitado.

- Muito bem – ele começou – como é seu nome, sangue-ruim?

Seus olhos se abriram espantados. O quê? Será... Talvez ele não tivesse a reconhecido, afinal. Mas como não? Estava tão perto agora. Talvez ele pense que eu estou morta. Uma fagulha de esperança voltou a se acender dentro dela por um segundo antes de que pudesse se lembrar que, mesmo sem saber sua identidade, ela continuava sendo escrava dele. Escrava de Malfoy.

Então, um sentimento que tinha esquecido como era voltou a borbulhar por baixo de sua pele. Raiva. Muita raiva. Num momento rápido juntou suas forças e cuspiu com repulsa no rosto pálido dele. O choque em sua expressão a teria feito rir anos atrás.

Ele a encarou com um sentimento semelhante brilhando em seus olhos, mas não falou nada. Puxou-a apertadamente pelo braço e a levou para fora do local, seguindo Donovan e a menininha que ainda berrava, só parando quando chegaram a um ponto perto da rua. Despediram-se rápido e Malfoy apertou ainda mais forte seu braço enquanto ela podia sentir o puxão no estômago comum da aparatação. No momento seguinte alcançavam a frente na Mansão Malfoy e ela era arrastada propriedade adentro.

Hermione tentou se soltar, mas ele era forte demais. Podia culpar sua fragilidade devido às últimas condições em que vivera. Mal alimentada, sem ver a luz do sol por dias, sem conseguir dormir, definitivamente estava fraca.

Ao entrarem na sala de estar ele a jogou com força contra o chão.

- Nem pense em fugir, Granger – ameaçou raivosamente, sorrindo de canto quando percebeu a surpresa no rosto dela – é agora que a diversão começa.


Notas da Autora: Ufa! Essa foi a coisa mais difícil que eu tive de escrever até hoje, mas eu realmente gosto da ideia. O que acharam? Mandem reviews para eu saber se devo continuar escrevendo. E, caso a resposta seja favorável, o que acham do tamanho do capítulo? Devo manter assim ou aumentar? E eu estou bem insegura com a classificação, me avisem se tiver problema quanto aos assuntos mencionados, porque muito dificilmente passará disso. Aceito alternativas para mudar o título (como vocês podem ver, sou péssima, haha). Muito obrigada e... Até a próxima? :D