TÍTULO: NOS BRAÇOS DE UM PIRATA

AUTORA: Lady K

BETA READER: TowandaBR

DISCLAIMER: Todos os personagens da série "Sir Arthur Conan Doyle's The Lost World" são propriedade de John Landis, Telescene, Coote/Hayes, DirecTV, New Line Television, Space, Action Adventure Network, Goodman/Rosen Productions, e Richmel Productions (não venham nos pentelhar).

GÊNERO: Aventura, romance, mistério, terror, intrigas, comédia, drama e umas cenas calientes (quem sabe?). Eu sei q ninguém liga p/ esses avisos, MAS, fiquem fora desta fic, crianças! Não nos responsabilizamos por qqr dano psicológico ou moral. lol.

COMMENTS: Quero deixar meus agradecimentos a Mamma Corleone, que me sugeriu de fazer uma fic. Fiquei dias pensando no que escrever e quando escolhi, veio o dilema: DDT ou não DDT? Por ser uma fic mais light, Towanda e eu achamos que não ia entrar no clima que está a DDT5, então fica sendo uma história em algum lugar da quarta temporada.

Meu agradecimentos também a TowandaBR, que é minha beta, revisora e enchedora de lingüiça rs...

Obrigada a vocês duas!

Espero que todas gostem.


Verônica e Marguerite terminavam de arrumar suas coisas, levando dentro das mochilas alguns alimentos, os cantis, algumas mudas de roupa e suas armas.

"Têm certeza de que vão ficar bem, Challenger?" - perguntou a loira, enquanto terminava de guardas suas coisas, ao cientista que, distraidamente, olhava um livro.

"Oh, sim, não há com o que se preocupar."

Marguerite saiu de seu quarto, esperava apenas por Verônica. "Já podemos ir?"

"Sim, estou pronta."

As duas foram para o elevador. Challenger continuava lendo, sentado à mesa, com uma xícara de chá; Malone e Roxton também tomavam seu café ao lado do cientista, calados; Summerlee já havia comido e ido para o laboratório. Aparentemente, não havia nada de errado. Mas elas pressentiam algo estranho no ar, só não sabiam dizer o que era.

"Bom, então, já vamos. Qualquer coisa, mandem sinal com os espelhos." – concluiu Verônica.

"Claro!" - Ned respondeu indiferente.

Marguerite e Roxton trocaram um breve olhar, mas ambos desviaram.

Assim que elas se foram, Roxton correu para a varanda e ficou espiando as duas se afastarem.

"Já foram."

Rapidamente, todos começaram a se movimentar e a se ocupar com suas atividades. Incluindo Summerlee, que surgiu de repente. Aproveitando a ausência das mulheres, haviam combinado de fazer uma reunião de cavalheiros. A idéia surgiu quando Challenger resolveu que fabricaria cerveja. Queria que fosse uma surpresa e fez os testes sem que ninguém ficasse sabendo. Após algumas tentativas, a bebida estava tão boa quanto a servida em qualquer taverna. E agora que Challenger conseguira fazer gelo, não faltava mais nada.

No início da noite, todos estavam de banho tomado e bem vestidos para sua reunião, que se iniciou com uma rodada de cerveja, alguns petiscos e um amistoso jogo de pôquer.

"Challenger, está de parabéns! Acho que se fechasse os olhos, acreditaria estar de volta à civilização." - Summerlee ergueu o copo em um brinde para o cientista, que sorriu orgulhoso de seu feito.

Roxton, que havia saído por alguns minutos, retornou com uma caixa de charutos que havia guardado para uma ocasião especial.

"Não sei vocês, mas sinto falta de algumas coisas, como uma boa partida de críquete." - comentou o caçador.

Malone deu uma risada e o provocou - "Vocês ingleses com suas bizarrices! Primeira coisa: quem falou que críquete é um esporte? Segunda: é um jogo que não acaba nunca!"

"Ah claro, e o beisebol é um esporte tão emocionante quanto o xadrez ou uma corrida de lesmas!" - Roxton revidou e as gargalhadas ecoaram na casa da árvore.

Mais tarde, a conversa fluía cada vez mais descontraída, proporcionando que falassem mais abertamente, sobre si e suas opiniões, algo que há muito não tinham a oportunidade de fazer.

Challenger terminava de contar como veio a se apaixonar pela ciência e, claro, das disputas acadêmicas que ele e Summerlee tiveram praticamente a vida toda, quando Malone, sempre o jornalista, indagou.

"Roxton, você ainda não contou nada esta noite. Não vai contribuir com nossa diversão?"

Tomando um gole da bebida espumante, sorriu - "O que querem saber?"

"Você vai contar?"

Ele pensou por alguns instantes - "Hoje posso abrir uma exceção, vamos lá."

"Então, por que não nos conta sobre seu ancestral? O tal capitão Roxton que se tornou lorde. Isso sim é um assunto interessante."

Todos concordaram em uníssono, incentivando-o com palavras de apoio para que falasse. Roxton lembrou-se do dia em que ele e Marguerite conversavam sobre isso, e ela acabou brincando com ele perguntando se seu ancestral usava um tapa olho. Felizmente, naquele dia, a brincadeira rendeu-lhe um beijo.

Ainda que não fosse um assunto com o qual se sentisse totalmente à vontade, a bebida e o clima de camaradagem entre os amigos o fez romper suas barreiras. Além disso, estavam a milhas da civilização, que mal faria?

"Certo. Mas lembrem-se que é assunto de cavalheiros e que permanecerá por aqui." Tomou um último gole, colocando a caneca sobre a mesa - "Vamos lá..."


John Roxton veio de uma família inglesa modesta. Sua infância correu sem nenhum fato excepcional. Era um garoto como outro qualquer. Filho de um alfaiate e de uma dona de casa, que não puderam lhe proporcionar muitos recursos.

Freqüentou a escola por pouco tempo, apenas o suficiente para aprender a ler, escrever e fazer contas. A mãe considerava importante, mas como o pai via os estudos como uma grande perda de tempo, não havia como contrariá-lo. Aliás, seu pai costumava beber vez ou outra e descontar na família, mas não chegava a extremos. No geral, seu maior problema era ser um homem de pouco diálogo, rígido e com dificuldade para expressar seus sentimentos.

Assim que saiu da escola, John passou a trabalhar com o pai na alfaiataria, o que era extremamente enfadonho. Seu pai estava sempre reclamando de seu serviço, dizia que era lento e não fazia nada direito. Como não havia outra coisa a fazer, resignava-se à dominação do pai, porém sabia que um dia se livraria dessa vida que não pretendia que um dia fosse a sua também.

Sua mãe faleceu quando ele ainda era um adolescente, vítima de tuberculose.

Nessa época, a oportunidade bateu a sua porta: soube que alguns navios cargueiros, ancorados no porto, precisavam de gente forte e disposta para trabalhar. A possibilidade de conhecer o mundo e, claro, ainda livrar-se da tirania do pai, lhe pareceu fascinante. Não que John fosse dado a delírios e acreditasse em vida fácil, muito pelo contrário, as experiências de sua jovem vida já o alertavam de que nada se conquistava sem esforço, trabalho duro e sacrifícios pessoais. E mesmo sabendo que uma vida difícil e com pouco ou nenhum conforto o esperava, resolveu atirar-se de cabeça. Ao menos estaria fazendo, enfim, uma escolha.

Naquele dia, entrou no caminho que viria a modificar toda sua existência.

Trabalhando de navio em navio, John Roxton adquiriu experiência, conhecimento sobre o mar e sua rotina, força física e maturidade. Além de características de sua personalidade que puderam, enfim, aflorar, como perseverança, obstinação, disciplina, certa rigidez herdada do pai e espírito de liderança.

Um dia, quando bebia num dos bares freqüentados pelos homens do mar, cercado de belas mulheres de vida fácil, John viu entrar um homem maduro, de barba longa e ruiva. Era gritante o contraste entre ele o ambiente: ainda que as roupas não fossem muito novas, eram elegantes e bem escolhidas. Sua aparência indicava que sabia se impor e, ao entrar, todos se calaram, evitando olhá-lo diretamente. Era seguido por um grupo de homens, trajando roupas bem mais simples e, ao que parecia, de diversas nacionalidades.

"Quem é?" - perguntou à mulher que bebia na cadeira a seu lado.

"Aquele é o Capitão Gregory Beller... é um pirata." - ela murmurou mais baixo a última palavra.

John já havia ouvido falar dos piratas e, obviamente, do homem no outro lado do salão, que era considerado uma lenda. Não permanecia muito tempo em um único lugar, indo de país a país em busca de riquezas. Aliás, muitos navios piratas ingleses se dedicavam às rotas vindas da América, onde saqueavam os navios espanhóis carregados de ouro. Como a Inglaterra estava em relações não muito amistosas com a Espanha, fazia vista grossa aos saques.

Mais tarde, quando Beller e sua tripulação deixou o bar, John os seguiu. O que queria? Nem ele mesmo sabia... talvez desejasse apenas observar, descobrir o que havia de verdadeiro em todas aquelas histórias de piratas e tesouros. Para seu azar, ou não, o capitão notou estar sendo seguido por ele e, ao virar numa esquina deserta, os homens armaram uma emboscada.

Desembainhando a espada e parando a ponta da lâmina na jugular de Roxton, o capitão lhe falou calmo, porém hostil.

"A mando de quem está me seguindo?"

"De ninguém. Apenas fiquei curioso por ser o senhor um pirata" - respondeu sem perder o controle.

"Curioso? Diga, o que me impede de cortar sua garganta e acabar com sua curiosidade? O que pensam, homens?" - ele provocou, dando uma gargalhada. Seus acompanhantes o incentivavam para que acabasse com o intruso.

"Pode realmente fazer isso e nunca descobrir meus motivos."

Beller coçou a barba ruiva, pensando. Gostou da ousadia do jovem. Talvez pudesse vir a ser útil. E se não fosse, sempre se poderia jogá-lo aos tubarões.

"Se quer satisfazer sua curiosidade, venha conosco. Mas se não for homem o suficiente, sugiro que dê meia volta e suma daqui, antes que eu mude de idéia quanto a cortar sua garganta." - falou guardando a espada.

Roxton cruzou os braços e ficou no mesmo lugar. - "E então, aonde vamos?"

Beller sorriu, dando um tapinha no ombro de Roxton.

"Aprecio sua coragem, rapaz."


"Roxton, esse eu parente era maluco." – interrompeu Ned – "Enfrentar um pirata e seus homens..."

"Cale a boca, Malone." – ralhou Challenger – "Quero ouvir o resto da história."

"Mais bebida, John?" – ofereceu Summerlee.

"Sim, por favor." – o caçador agradeceu – "Onde eu estava mesmo?"

"Você falava do primeiro encontro entre Roxton e o pirata."

"Isso." – John bebeu um gole de cerveja – "Continuando..."


Roxton veio a se tornar o braço direito de Beller, que o considerava como a um filho, ainda que não lhe concedesse nenhuma regalia por conta disso. Era um homem justo com sua tripulação e sabia que para garantir sua sobrevivência no mar e a total união do grupo, todos precisavam sentir que não havia qualquer tratamento especial.

Quando Beller morreu, não houve o que contestar sobre quem seria o novo capitão. E não apenas em respeito a Beller, mas por suas atitudes de liderança perante todos, Roxton era a escolha mais adequada.


Esmeralda subiu a escada depressa e ficou à escuta. A casa estava escura, mas não era a escuridão o que a amedrontava. Estava assustada com as vozes que vinham da sala de jantar e também com a atmosfera que sentia tensa, malignas.

No último mês tinha esperado, ansiosa, a hora de voltar a Granada (Espanha), desejando que tudo voltasse a ser como a três anos, quando partira de lá. Mas, ao chegar àquelas ilhas verdejantes que pareciam esmeraldas incrustadas num mar azul, tudo começou a dar errado.

Havia partido para estudar em Madrid, num colégio de freiras, como toda moça de boa família nobre deveria fazer. A mãe, cansada dos maus tratos e abusos do marido, suas bebedeiras e jogatinas, foi com ela, usando da desculpa de que acompanharia a filha.

Apesar da relação conturbada de seus pais, guardava boas lembranças do pai, que nunca levantara a mão para ela e a tratava como a uma princesa.

Agora, sua mãe havia falecido e o pai lhe escreveu, dizendo que ia levá la de volta ao lar. Apesar de tudo, Esmeralda agradeceu a Deus por ainda ter seu querido pai, além de pensar que talvez pudesse ser feliz no lugar onde nacera, que sempre lhe pareceu uma ilha encantada.

Entretanto, durante a viagem com o pai, notou o quanto estava mudado. Ele ainda ria e a tratava com carinho, mas no fundo, Esmeralda pressentia que ele escondia algo. Mas só ao chegarem a Granada que ela soube da verdade.

Esperava retornar a antiga casa onde crescera e tinha tantas boas lembranças. Entretanto, seu pai tinha outros planos: casá-la com um homem muito rico e que, lembrava-se, sua mãe o odiava por ser parceiro de farra de seu marido.

Quando soube que a carruagem os levava para a casa do Conde Moreno, sentiu um nó formar-se em sua garganta. A estranha sensação de estar entrando numa prisão a acompanhava. Como poderia escapar?

Ao avistar a casa, intuitivamente, Esmeralda a odiou. E parado, esperando a carruagem, estava um velho gordo, barrigudo, de barba e cabelos brancos, esperando-os: o conde.

"Que prazer vê-lo, Gadella!" falou dando um tapinha nas costas do amigo.

Em seguida, estendeu a mão para Esmeralda. Ao ver sua expressão lasciva, a moça teve vontade de dar as costas e sair correndo.

Como já começava a anoitecer, todos foram para dentro, onde um criado já estava pronto para servir o rum em copos de cristais.

"Estava ficando maluco por um desses durante a viagem!" Exclamou Gadella.

"Beba à vontade, meu amigo! Vamos beber à beleza desta moça que trouxe hoje" e ergueu o copo. Esmeralda desviou o olhar ao ver a expressão devassa do conde, como se a enxergasse totalmente nua. Como poderia se casar com esse homem?

Lembrou da mãe e da falta que ela fazia. E em respeito a ela, procurou manter a dignidade e se comportar como uma dama.

Como já esperava, o dono da casa e seu pai beberam além do limite. Já nem comiam mais, apenas bebiam mais e mais, fazendo brindes e deixando claro que o casamento entre ela e o conde deveria ocorrer o mais rápido possível.

Ele nem se deu ao trabalho de me pedir em casamento, Esmeralda reclamou mentalmente.

Não entendia como o pai não via que aquele homem grosseiro e idoso não tinha nada a ver com ela. Teve certeza de que o conde estava pagando algo a seu pai, era a única explicação. Mas o que seria mais valioso que a felicidade de sua filha?

Quisesse ou não, teria que se casar, tornando-se propriedade daquele homem.

"Alguma novidade enquanto estive fora?" seu pai perguntou ao conde Moreno.

"Apenas banalidades. Alguns piratas estiveram por aqui e levaram alguns porcos. E o pior é que cortaram o pescoço do rapaz que tentou impedir o roubo."

"Pobre coitado!" Esmeralda mal percebeu ter dito algo.

"Foi é um idiota tentando lutar sozinho" o conde respondeu arrogante ao falar de seu funcionário. "E dizem que se aproximam alguns piratas ingleses, liderados por aquele maldito Capitão John Roxton. Se eu o vir por aí, meto-lhe uma bala na cabeça, que é o que ele merece."

Conforme os homens se embebedavam, menos se davam conta da presença de Esmeralda à mesa. Aproveitando-se, ela saiu devagar, sem que a notassem

Trancou a porta de seu quarto, o único lugar onde poderia ter um pouco de paz, e ficou imaginando o que poderia fazer para fugir de seu destino. Talvez pudesse recorrer a alguém... não, o pai tinha total poder para buscá-la sem que alguém se opusesse.

Enquanto pensava, ouvia as gargalhadas do conde

"O que posso fazer?" murmurou sentada à beira da janela olhando as estrelas.

Mais tarde, quando a casa já estava em silêncio, Esmeralda vestiu sua camisola e deitou-se. Quase adormecia quando ouviu um ruído. Consciente, ficou à escuta. Ouviu um novo ruído. Talvez houvesse alguém à porte. E se fosse...

Levantou-se, aproximando o ouvido da porta.

"Quem é?"

"Senhorita, sou eu, Anita." A voz feminina respondeu.

Lembrava-se perfeitamente da criada de cabelos loiros e olhos azuis que trabalhava na propriedade de seus pais. Haviam crescido juntas, tornando-se boas amigas; apesar da diferença social, sua mãe nunca deu importância a essas coisas.

Abriu a porta silenciosamente, recebendo a amiga com um abraço.

"Anita, o que faz aqui?"

"Senhorita, precisamos sair daqui, é urgente! A cidade está em chamas, saqueada pelos piratas ingleses. Precisa fugir antes que eles cheguem..."

"Meu deus! Precisamos avisar meu pai!"

"Não há tempo, precisamos correr! E se acordarmos a todos, o conde vai querer enfrentar os piratas! Quando estivermos mais à frente, os outros empregados avisarão os patrões."

Esmeralda vestiu apenas o roupão de seda para cobrir o corpo, pegou um vestido para trocar mais tarde, e saiu correndo pelas escadas com Anita, rumo ao desconhecido. A nova ameaça era iminante.

"Os cavalos nos esperam!" a loira ainda disse.

CONTINUA...

E agora, o que acontece? REVIEW!!!



Atores convidados (rs...):

Gregory Beller: Challenger

Esmeralda: Marguerite

Conde Moreno: Summerlee

Anita: Verônica

Gadella: Maplewhite