Flashes de uma História

Autor: Rapousa

Beta: Condessa Oluha (inclusive, essa fic, é tudo culpa dela)

Capa: http://img406.imageshack.us/my.php?image (igual) flashsdeumahistriacapaaz8.jpg --- Substitua o (igual) pelo símbolo respectivo (tosquíssima, não repara xP)

Gênero: Romance/Geral

Ship: Draco/Harry e Harry/Draco (se é que você me entende ;P) (n/b: eu entendo... hehe ;P)

Resumo:. Procurando uma história fluffy, com soft lemon, romance, e de brinde com um M-Preg leve? Sorria, você acaba de encontrar a história certa. Apenas relaxe, ache um local confortável e leia. Às vezes pode ser simplesmente muito bom ler uma história boba sobre um romance feliz com um casal interessante, não perca a oportunidade ;

Contém lotes e montes de Slash/Yaoi/Menino-com-menino, tem algumas cenas picantes e tem M-Preg, leia sem preconceito, prejulgamentos e seja feliz ;D


Capítulo Primeiro – Porco

Ele estava amando, ah sim amando, perdido, enternecido, encantado, estava perdidamente apaixonado e sabia que iria durar para sempre. Seu sorriso bobo não tinha nome, mas tinha endereço e significado, tinha apenas um dono. E o pior, ele nunca vira o dono de seus suspiros, ah não, isso teria de esperar.

Havia sim em sua vida um outro amor, um amor mais difícil de dar o braço a torcer, um outro amor que fizera ocorrer esse novo amor que era agora tão imensamente grande. Esse antigo amor, difícil amor, tinha nome, rosto, endereço, um metro e oitenta, loiro com olhos acinzentados.

- Uhn... – foi um murmúrio meio enjoado. Nenhuma resposta, instantes de silêncio, uma respiração pesada podia ser ouvida, nenhum movimento. – Uuhuuhnnn – mais um muxoxo enjoado e agora irritadiço, nenhuma reação novamente. – Ah! – foi quase um suspiro exasperado, seguido instantes depois de uma cotovelada.

- Ouch! – olhos repentinamente abertos, falta de respiração com o susto, ele se sentou, ligou a luminária da cabeceira da cama, olhou envolta ainda atordoado.

- Uhnn... – mais um muxoxo fresco, um bocejo vindo do recém acordado, olhos esfregados, então, a tão esperada pergunta:

- O que foi Harry? Querido. – se a sinceridade (ou o medo das conseqüências) o permitisse, ele teria na verdade perguntado: "O que foi dessa vez caramba?!", no entanto, ele tinha noção do perigo, ah se tinha.

- Água. – o outro respondeu com uma voz sonolenta. A briga foi retida, perdida dentro de algum lugar de sua revolta, rotina. Eles não precisavam de outra briga, não outra. Ele segurou o que tinha a dizer na ponta de sua língua, crispou os lábios para não deixar o que não queira sair. Respirou fundo, soltou o ar, encarou com os olhos cerrados de raiva a criatura a seu lado na cama, estava deitado de lado, soltando um bocejo preguiçoso. Raiva.

Bruscamente ele se levantou da cama, jogando com força o edredom contra o lugar em que a pouco esteve adormecido, sonhando tranquilamente sobre alguma frivolidade feliz. Maldita exigência desse idiotinha mimado!

Ao descer as escadas ele se recriminou por não ter pegado o roupão, estava frio, e ele vestia apenas suas roupas de baixo. Já deveria estar acostumado a esse tipo de coisa, afinal essa era qual? A qüinquagésima vez em que ele era acordado no meio da noite por nada, ou quase nada? E mesmo assim ele não conseguia evitar se irritar, e mesmo assim ele ainda se esquecia de se aquecer antes de descer para a fria cozinha no andar de baixo.

Pegou o copo d'água e voltou bufando para o andar de cima, e pra quê? Para encontrar o outro roncando sonoramente, voltara a pegar no sono sem nem parecer se preocupar com o maldito copo d'água... Fora acordado com uma cotovelada, descera de roupas de baixo para o frio da noite e para quê? Para atender a droga de uma necessidade que poderia aguardar até de manhã. Sua mão coçou para jogar o conteúdo do copo no rosto descontraído do criminoso maníaco noturno ressoante.

Mas foi então que sentiu vontade de rir.

Andava assim nos últimos tempos, meio alegre de mais, feliz além do devido. Ia ser pai, e isso o deixava com no mínimo um sorrisinho ao pensar no assunto, e vendo agora o companheiro dormindo tão relaxado, ele sentiu amor. Ah sim, amor. Ele já não tinha mais vergonha de assumir, era amor caramba! Ele gostava daquele rosto tolo e desprezível que odiara por anos a fio. E não podia evitar sorrir, com ternura contida, mesmo agora, no meio da noite, sem ninguém espionando, para aquele rosto dorminhoco que o fizera acordar por nada no meio da noite.

Ainda avaliou a possibilidade de despertá-lo, só pelo prazer de ver as íris verdes o encarando, ou quem sabe, só pelo prazer de vê-lo ser desperto também, e entregar o copo, assim, talvez aquela cotovelada no meio da noite não teria sido tão inútil.

Mas ele não fez isso. Antigamente teria adorado fazer... Entretanto, agora era diferente, não sabia como tinham chegado aquele ponto... Ou sabia? Sim, ele sabia perfeitamente bem como tinham chegado naquele ponto.

Afastou uma mecha do cabelo negro de seu companheiro – tão diferentes dos seus loiros platinados – e visualizou a cicatriz, sorriu, e sentiu os olhos pesando: estava com sono.

Colocou o copo sobre a cabeceira ao lado do dorminhoco e foi deitar do seu lado, desligou a luz, deu um beijo no cangote do companheiro, atravessou o braço pela sua cintura já bem redonda e adormeceu quase instantaneamente.

oOo

Harry estava deitado no sofá, a varinha na mão, brincava de fazer pequenos feitiços, às vezes brincava de convocar objetos, ou faze-los levitar. Nada de interessante, mas era melhor do que nada.

Queria poder continuar com o emprego de auror, todavia desistira da idéia desde que todos o obrigaram a tirar férias. Bem, Draco estava realmente impossível, se ele continuasse mais um dia trabalhando iria pirar, não por conta da gravidez, do emprego, do serviço ou algo assim, mas por causa do loiro, que ia todo dia ao seu departamento, enchia o seu saco, dava chiliques, ralhava com todos pela displicência de deixar um grávido se levantar sozinho da cadeira, irritante era o que era. E todo dia, quando chegavam em casa era aquela discussão, perdera a conta de quantas vezes fora chamado de irresponsável, insensível e egoísta. Oh sim, Draco Malfoy o estava chamando de egoísta, o mundo devia estar acabando mesmo.

Porém, ele cedera no final, em algum momento teria que parar de fingir, só por implicância, que não se importava tanto assim com a criança. Além é claro dos Weasley, da Hermione e quem mais quer que fosse que achava que tinha direito de se intrometer na vida dele. Um inferno. Por isso preferia simplesmente ficar em casa. Facilitava as coisas.

Nos primeiros dias fora até agradável, nada para fazer, podia apenas ficar de barriga pro alto no sofá, comendo e bebendo o que quisesse. Mas, era mentira, Harry amava o seu emprego, nunca se sentira cansado dele, se cansara da preocupação alheia, isso sim. Por isso, e só por isso ficava em casa.

O pior era não poder passear... se Harry fosse pelo menos um cara gorducho, ele poderia fingir que sua barriga era de cerveja, gordura ou sei lá mais o que. Contudo, ele era magro, sempre fora, e a barriga se destacava de forma exemplar de seu corpo, e ela tinha só seis meses, indisfarçável. Ficava dentro de casa por conta dos trouxas.

O vazo que ele convocara passou voando pelo lado de seu rosto e se chocou contra a parede oposta. Acontecia com freqüência, desníveis de poder, incontroláveis, e se ele estivesse zangado então... Melhor não usar mágica para não matar ninguém.

- Reparo. – disse com a voz cheia de tédio, o vaso voltou a se restaurar.

Um chute.

- Hey! – Harry sorriu, adorava os chutes. Levantou a blusa e encarou a própria barriga redonda, pôs a mão sobre ela tentando sentir o bebê.

Mais um chute, ele sorriu. Desejou que Draco estivesse por perto para sentir também, ele sabia que Draco, apesar de fingir que não, adorava os chutes, ficava maravilhado, como uma criança ao descobrir algo magnífico sobre o mundo.

Pensou seriamente na possibilidade de enfiar a cara na lareira e chamar o companheiro, talvez ele gostasse... se bem que agora que estava nesse novo emprego, no setor jurídico do ministério, não pegaria bem Harry ficar enfiando a cara para dentro da lareira e chamando-o assim, para quase nada.

- Esse momento é só meu e seu. – ele disse carinhoso para a própria barriga. – Não mandei Draco ser ruim e não ter engravidado antes. Oh, ele ficaria lindo grávido, lindo mesmo, mas eu fui mais rápido, e agora você e eu temos esses momentos só nossos antes de eu ter que dividi-lo com o seu outro pai.

Falando assim, parecia que fora tudo planejado, ledo engano. Harry e Draco não eram um casal normal, feliz e perfeito, juntos por conta de um grande amor de contos de fada, iniciado de um modo simples e convencional. Ah não. Harry ainda desconfiava de que na verdade era mentira, tudo mentira, eles ainda estavam encenando, e que em algum momento iria acabar, cada um seguiria seu rumo, sozinho.

oOo

Draco simplesmente não conseguia se concentrar no processo que estava lendo. No geral, andava por esses tempos sempre meio nervoso, irritadiço, quase zangado, com a ironia subindo nas alturas. E o pior de tudo, era que quando chegava em casa e encontrava Harry deitado no sofá entediado, ou assaltando a geladeira com a boca cheia de sorvete, todo esse estresse, frustração e nervosismo passava. Mágica? Não, e ele sabia o que era, no entanto, o motivo não podia ser pronunciado em voz alta.

Agora lá estava ele, estressado, zangado e mal humorado, distraído, pensando impropérios para cada pessoa que passava em ente à sua porta fazendo barulho de sapatos. Feitiço antipertubador? Sua mente não cogitava a possibilidade, amaldiçoar os outros pelo barulho de seus passos era muito melhor.

Draco tinha total consciência da dependência que tinha do outro, tinha e não se orgulhava, porém, não podia evitar. Ele ficara um bom tempo perdido no mundo, seus pais falecidos, seu dinheiro, mansão e mordomias confiscados. Tudo. E quem aparecera para ajudá-lo? O maldito santo Potter. Ou seria o querido Harry?

Draco fez uma careta ao pensar como tinham chegado a tal ponto.

Santo Potter não se aproximara dele por pena, compreensão ou algo simpático, eles foram obrigados, através de uma série de acontecimentos, a trabalharem juntos, Potter precisava dele, porque Draco conhecia as pessoas certas, e Harry era o auror certo, coincidência, ironia, sadismo? Quem sabe?

A questão é que, desde aqueles trabalhos tudo havia mudado, e qual o choque ao reparar que eles faziam uma boa dupla? Conseguiam tirar as informações de quem quisessem, Draco gostava desse poder, só não gostava da companhia. E o pior de tudo fora o serviço em que por conta de uma série de mal entendidos, foram dados como um casal, e para sustentar a missão tiveram de agüentar o engano e ainda reforça-lo. No começo, só disfarce, um contato físico maior, mãos dadas, braços entrelaçados, sorrisos falsamente felizes e apaixonados, no quarto, um dormia no chão, outro na cama, o problema era a briga para decidir isso... Harry quase sempre vencia.

Até o dia, que por causa da missão, e só por causa da missão, pra disfarçar, para não estragar completamente o plano, eles tiveram que se beijar. Era aquilo ou seriam descobertos, entrariam em suspeita, afinal, o que a dupla estava fazendo no corredor escuro, perto da ala proibida aquela hora da noite? Foi no susto, foi contra a vontade... ou não.

Draco gostou. Fora iniciativa de Harry, fora ele que pensara rápido, Draco havia entrado em pânico com o susto, não teria tido condições de pensar no beijo. Porém, há tempos percebia que o perfume do companheiro o fazia sentir um frio suspeito pela espinha, havia algum tempo que se sentia incomodado em ver Harry saindo sem camisa do banheiro, e aquele beijo, aquele beijo não foi só um beijo, foi o início.

O frio na espinha, o nervosismo, a irritação, a raiva, a necessidade de contato, a lembrança do cheiro quando ele não estava por perto, pronto, o beijo, estava tudo explicado, assim, do nada, como um feitiço simples, coisa de criança de primeiro ano, ele entendeu tudo.

Ficou em pânico claro, quis empurrar o outro de perto de si, conseguiu, e encontrou olhos tão dúbios quanto os seus, olhos que pareciam saber o que sentiam, mas que ainda assim não assimilavam por completo, ele viu nos olhos de Harry os seus próprios. Foi correspondido, e por isso, foi a sua vez de tomar a iniciativa, beijou o outro, deixou-se levar pelo que queria, era mestre nisso. Nos momentos extremos, ele não tinha controle, e por isso foi sua vez de ser o predador, atacou, beijou, e Harry permitiu, foi junto.

oOo

Nenhum dos dois foi exatamente jogado na cama, eles caíram juntos e ao mesmo tempo, como duas toras de madeira que se entrelaçavam e não conseguiam soltar as raízes. Mãos se perdiam pelos corpos, quem apertava o que e onde de quem já não estava mais a encargo da consciência, era instinto. Cabelos puxados, chupões, empurrões, esfregões, suspiros, perda de ar, prazer, tudo ao mesmo tempo.

Ficaram um período apenas se perdendo nos impulsos, no prazer momentâneo, no desafogo dos que se negavam há tempos. Então as duas íris se encontraram, desejos transbordando, não só em uma como na outra, mas cada um viu a beleza do outro, viu que aquilo não era só luxúria no final das contas. Draco teria ignorado o que havia visto, no entanto, Potter o beijou. Beijou porque não podia negar o que vira nos olhos de Malfoy, beijou porque não podia negar o que sabia que em algum lugar sentia. Foi um beijo calmo, exigente, mas tranqüilo, intenso, era paixão, não só saciação do prazer, da atração momentânea.

Entretanto, o corpo de Draco urgia por mais além de um beijinho, bom não podia negar, mas só um beijo. Suas mãos escorreram para a blusa já metade desabotoada do outro, e terminou o serviço, ficou feliz em ver que não teria de fazer tudo sozinho. Potter também começou a despir sua blusa. Leves gemidos de prazer podiam ser ouvidos quando alguma mão excessivamente carinhosa, ousada ou ansiosa passava por um local um pouco mais sensível, eles estavam se descobrindo, desvendando os corpos um do outro.

A mão de Draco passou levianamente pelo cós da calça de Potter, um gemido contido foi sua resposta, as bocas não se soltavam. Ele estava sendo inconseqüente e sabia disso, mas não se importava. Importava-se com a sua ereção e com o prazer que seria tê-la relaxada por outrem. Por isso começou a abrir a calça de Potter, que esperou estar só de roupas íntimas para enfim se livrar de uma vez só da roupa de Draco, as calças e a cueca, num movimento só.

E dali pra frente, bem, dali pra frente já dá para imaginar o resto.

Oh, não se engane, não foi fácil. Foi uma luta, uma luta que quase chegou à agressão física, para decidirem quem ficaria por cima no final, eles não se amavam, não eram um casal feliz, cada um queria possuir o outro, Draco era o mais alto, Potter o mais rápido e resistente.

Mas, eles ainda teriam muitas outras noites em que lutariam para saber quem ficaria por cima de quem, e algumas vezes um cedia, mesmo fingindo que não. Aquele foi o começo, não deviam mais nada a ninguém, e por isso a consciência estava limpa toda vez que deitavam juntos a noite na cama e se deixavam levar pelo que fingiram não existir por toda a juventude.

oOo

A descoberta da gravidez viera um bom tempo depois do relacionamento ter tido início. As missões que os unira já haviam acabado há tempos. Poderiam cada um ter seguido seu caminho ao fim vitorioso dela, onde conseguiram finalmente prender inclusive um grande traficante de artefatos mágicos das trevas, provas irrefutáveis sobre o crime, sucesso, o nome de Draco estava limpo.

Por um tempo não haviam se visto. Malfoy estava estudando para entrar no Ministério através de uma prova, claro que Harry não sabia disso, teve certeza de que para o outro aquilo tudo que tiveram não passara apenas de sexo, prazer, e um affair temporário, foi com surpresa que um dia esbarrou com Malfoy pelos corredores do ministério.

- Ei, Potter. Eu sou melhor do que você. Entrei aqui pelo meu talento, não pela minha cicatriz. – foi o cumprimento dele.

Harry reconheceu a voz arrastada na hora, pensou que estaria com raiva, até ensaiou um olhar zangado, todavia, quando se virou e viu o rosto pontudo, ar esnobe, cabelos platinados, olhos acinzentados tão arrogantes e triunfantes, não pôde se evitar soltar um pequeno sorriso, Malfoy não mudara nada naqueles meses.

- Como vai Malfoy? – ele perguntou fingindo que não se abalara.

- Tome cuidado, estou de olho em você. – disse ele sarcasticamente, por um momento Harry acreditou que tinham voltado aos corredores de Hogwarts, não ao ministério. Por isso não pôde se evitar uma gargalhada: nostálgico. Malfoy fez um olhar zangado e desconfiado, com um leve tom emburrado, aparentemente não esperava aquele tipo de reação do outro.

- Claro... claro. – respondeu ainda risonho.

- Cuidado Potter. – Malfoy estreitou os olhos – Sou o responsável jurídico do ministério, um erro seu, e destruo você.

O local estava vazio, a última pessoa desaparecera no final do corredor atrás de Harry, que se certificou de que estavam sozinhos antes de começar a caminhar na direção de Malfoy.

- De volta as hostilidades? – se aproximou tanto do loiro, que o próximo passo deste, de prensá-lo contra a parede, foi simplesmente o óbvio a se fazer, incontestavelmente. O beijo, as mãos, o amasso, tudo óbvio, tudo encargo do destino brincalhão.

E foi assim que seguiram com seu relacionamento, não estavam realmente juntos. Pegavam-se pelos corredores, armários e salas vazias do ministério, havia uma tensão, algo que rolava por dentro deles que era transferido por fora em forma de fúria, que virava uma atração que era irresistível, e inconseqüente.

Teve o dia em que Ron flagrou-os, Harry cometera o deslize de arrastar Malfoy para seu escritório no horário do almoço, Ron voltara mais cedo, abrira inocentemente a porta do escritório que dividia com Harry e pimba, lá estava seu melhor amigo agarrado no chão com um semi nu loiro ex-aqui-inimigo. Isso não faria bem ao cérebro de ninguém.

Depois daquilo eles ficaram mais cuidadosos. E mais cuidado significava eventualmente irem dormir um na casa do outro, nada de mais, na manhã seguinte a cama já estava vazia novamente, embora nenhum deles pudesse negar o prazer que era dormir contra o calor de alguém.

Foi assim que um dia Draco acordou com Potter ainda dormindo em seu braço, depois foi a vez dele de perder o tempo nos braços do moreno, então um dia tomaram café juntos, e de repente, aquele que estava dormindo na casa do outro o acordava com cheiro de café. Não era um romance, não de verdade. E não importava o que a sangue-ruim e o Weasel dissessem, ou dessem a entender, aquilo ali era só... um relacionamento estranho, nada mais.

Foi então que veio a notícia.

Começou com enjôos, mudanças de humor, irritabilidade nas alturas... Um dia, numa daquelas brigas convencionais, Draco encontrara Potter com uma cara tão, mas, tão fechada que foi como levar um soco ver que atrás daquela expressão de ira e zanga tão... masculina e Potteriana havia uma lágrima escorrendo. As coisas estavam bizarras até que foi descoberto: Harry não estava pirando, estava grávido.

Todos, inclusive os futuros pais, ficaram chocados. Harry mais ainda, há pouco tempo chegara a seus ouvidos o caso de um bruxo do departamento de Manutenção Mágica que engravidara, desde então ele já sabia como a gravidez masculina era normal no mundo mágico, porém, o choque foi saber que ele próprio fora "vítima" disso.

No começo seguira a sua vida normalmente, fingia que nada acontecia de errado. Isso por umas duas semanas, até que ficou impossível e os amigos faziam muita pressão, foi quando contou para Draco. O que teria de eventualmente fazer. Quando este ouviu a notícia sumiu do trabalho por dois dias, dois longos dias.

Harry já estava se acostumando com a idéia de ser pai solteiro, descobrira que não se importava, iria assumir tudo sozinho, não tinha nenhum problema.

Só que Malfoy não concordava.

Ao final do terceiro dia Harry estava de bom humor, conseguiram finalizar uma investigação sobre os assassinatos misteriosos em King's Hill e ele se sentia satisfeito. Só não havia saído para comemorar com os outros porque o mero odor de Uísque de Fogo o deixava enjoado. Então, quando chegou o átrio, ficou realmente surpreso em encontrar Malfoy parado, com uma roupa relativamente social, um olhar meio perdido, meio tímido... Basicamente: bizarro.

- Malfoy... – disse ele de forma seca, não esperava nada do outro, sabia que teria de se virar sozinho e não tinha medo das responsabilidades.

- Harry. – respondeu o outro, as defesas de Harry foram para o beléleu. Mesmo com tanto tempo de relacionamento, um ano e meio para ser preciso, eles nunca haviam perdido o costume de se chamarem pelo sobrenome, era como uma proteção, algo que ainda garantia que continuavam sendo eles mesmos, e não duas pessoas estranhas numa história maluca de sentimentos confusos e assustadores. O chão de Harry se foi, e ele não sabia mais como reagir ou o que esperar, sua ponte segura se partira. – Harry... Quer... Quer casar comigo?

Arregalou os olhos de forma que chegou a achar que estes saltariam de seu crânio para o chão. Ele estava delirando ou Malfoy... Draco Malfoy o estava pedindo em casamento? Que insanidade, que loucura... Era inusitado, inesperado, extraviado era...

- Eu não sou a menina do relacionamento que tem de ser pedida em casamento! – foi o único protesto razoavelmente contextualizado que ele conseguiu produzir.

- Eu sei que não idiota. Mas... o que eu quero dizer, é que devemos morar juntos.

- Por que eu moraria com você? – seu olhar de desconfiado se intensificou.

- Porque você já praticamente faz isso, oras! – respondeu o outro irritado, em tom de reclamação – E também, porque você está esperando um filho meu, pelo menos uma vez vamos tentar fazer as coisas da forma certa, como elas têm que ser?

- Quem disse que o filho é seu? – essa era a cartada, o teste, o tapa final de Harry, queria ver só Malfoy lidando com a insegurança!

- Os fatos Harry... Os fatos... Me diz, com que outro homem você dormiria? – Draco perguntou, e ele tinha um argumento. Afinal, Harry não iria manchar sua honra falando que já se relacionara e deixara invadir por outros caras, até porque não era verdade. Por isso, simplesmente suspirou resignado, não havia escolhido o argumento certo.

- Vamos, eu te ajudo a juntar suas coisas, não deve ter lá muita mala pra transferir lá pra casa... Qualquer coisa acoplamos um novo armário lá no meu quarto, embora eu ache que não deva ser muito necessário.

- Por que temos que ir para a sua casa? – sempre perceber, Harry já estava concordando em irem morar juntos.

- Bem, eu moro mais próximo do Ministério... – respondeu Draco levantando os ombros.

- E daí? Nós não chegamos ao Ministério por meios trouxas! Além do que, você mora em apartamento.

- Não vejo nenhum problema, acho que é bem confortável.

- Eu moro numa casa de dois andares, três quartos, uma suíte, um banheiro, cozinha grande, sala de estar com lareira e num bairro pacato onde crianças brincam a tardinha... Um lugar excelente para criar um filho não acha? Você mora aonde mesmo? – perguntou Harry ironicamente enquanto ambos se encaminhavam de forma automática para as lareiras do átrio.

- Minha cama é mais confortável. – apesar de saber que seu argumento era débil, Draco mantinha o nariz empinado.

- Então trazemos a sua cama para a minha casa. Pronto, perfeito.

- Mas, meu apartamento é muito mais arrojado... Eu não vou morar na bagunça que é a sua casa com cara de pobre.

- Bem, se o senhor faz tanta questão, redecore a casa e arranje um elfo doméstico! Tudo muito simples.

- Vem cá, o que um solteirão como você faz morando numa casa com três quartos? – Draco perguntou revoltado e ao mesmo tempo curioso.

Essa discussão durou 4 longos dias, até que por fim Draco levou sua mobília para a casa de Harry e eles começaram a montar um novo lar, que mesclava aspectos aqui e ali de cada um.

oOo

A parte mais estranha de irem morar juntos era se chamarem pelo primeiro nome: inusitado. Não foi com facilidade, e sim com o tempo, que ambos começaram a aceitar a presença um do outro. E eles aprenderam a rir juntos, riam de doer a barriga, e Draco chegou a sentir lágrimas nos olhos de tanto rir: amizade.

No começo eles fingiam que era como apenas uma noite mais prolongada na casa do outro, e então, no meio da noite, quando Draco acordava de madrugada e não sentia nenhum peso sobre seu corpo, nenhum calor humano, ele estranhava. Se acostumara com a sensação do outro perto dele, às vezes Harry estava apenas assaltando a geladeira, outras eles estava fora em viagem pelo trabalho, ou ainda estava só com insônia, talvez trazendo trabalho para casa...

Com Harry era o mesmo. Num calmo dia de final de semana, ele se pegara inúmeras vezes encarando carinhosamente Draco enquanto este dormia. Amor? É, talvez fosse... Ou talvez com certeza fosse, quem poderia prever?

E um dia, como eles sabiam que iria acontecer, houve um abraço, daqueles sinceros e despretensiosos, veio de Harry, claro. E Draco ficou admirado, não só com a ação, mas como se sentiu por causa de um mero abraço espontâneo.

Era uma manhã preguiçosa naquela casa. Final de semana, sábado. Harry teria de ir trabalhar, e Draco acordara cedo só pelo hábito. Estava distraído lendo o Profeta Diário e bebericando a caneca de café com leite enquanto o companheiro passava de um lado para o outro da cozinha, hora comendo, hora se vestindo, momentos parado, momentos se movimentando, recolhendo os pertences, se aprontando para mais um dia de rotina.

Ultimamente usava roupas largas e folgadas, a barriga ainda não parecia de gravidez, embora no seu corpo magro fosse logo perceptível, parecia apenas que andava bebendo um pouco, típica barriga de chope, mas mesmo assim ele preferia disfarçar, não queria abelhudos lhe enchendo o saco, notícias no jornal, a privacidade deturpada. Estava muito bem vivendo tranqüilo, poderia evitar o máximo que pudesse notícias sensacionalistas sobre sua vida pessoal.

Draco, sem tirar os olhos da matéria que lia no jornal, esticou o braço em busca das torradas que estavam sobre a mesa, sua mão bateu contra algo macio: a mão de Harry, que no momento também procurava torradas enquanto o dono tentava com a outra mão abotoar a capa. Draco desviou momentaneamente os olhos do jornal, Harry o encarou, sorriso quando seus olhos se encontraram, uma torrada na boca, as mãos ainda sobrepostas. Mal humorado, o loiro apenas fez um muxoxo zangado, voltou sua atenção para o jornal, porém, quando estava tirando a mão de cima da comida sentiu Harry o puxando pelo pulso.

Não foi só um puxãozinho, foi um grande puxão, que fez com que Draco fosse quase arrastado, obrigado aos trancos a chegar próximo do companheiro e a levantar da cadeira no susto. Só não caiu porque Harry o puxara para um abraço, inesperado, impulsivo e quente, muito bom. Draco soltou o ar de uma vez, a adrenalina ainda percorrendo seu corpo pelo susto, o jornal frouxamente seguro em sua mão, a boca ainda entreaberta. Demorou alguns instantes sem piscar tentando entender o que se passara.

Quando a compreensão o atingiu e a cor voltou aos poucos a seu rosto ele pensou em brigar, reclamar, entretanto, alguma coisa o impediu; a adrenalina foi substituída por calma, o corpo retesado da surpresa não pôde se evitar amolecer sob o calor do outro, então encostou a cabeça no ombro do companheiro e se deixou levar, afinal, era bom.

Alguns instantes se passaram antes que algum deles fizesse qualquer movimento, e novamente, quem tomou a iniciativa foi Harry.

- Estou atrasado. – disse ele calmamente, logo em seguida afastou delicadamente Draco, que ainda tentou fazer uma cara mal humorada e incomodada, disfarçando o quanto se derretera com aquilo. – Volto o mais cedo que puder. – disse feliz, seu dia começara bem, por isso, naquele instante, vendo o rosto emburrado e bicudo do parceiro, achou mais que conveniente o beijo estalado e demorado que o deu na bochecha, não era o óbvio a se fazer?

- Aaaah! – Draco protestou – Eca, beijo molhado!

- Até! – disse Harry numa voz divertida enquanto pegava a mala que deixara sobre a mesa e saía apressado.

O outro ainda ficara uns instantes na cozinha, encarando de cara fechada o local por onde o moreno saíra, aquilo fora estranho... Da onde saíra o beijo na bochecha?! Que coisa inesperada... Sentou-se novamente na mesa, abriu o jornal e... sorriu. Lembrou da sensação do abraço e do beijo estalado, e não pode evitar um sorriso tímido. Era bem difícil assumir, mais do que a maioria das pessoas poderia meramente compreender, contudo, Draco gostava de cada ato bobo daqueles, de cada carinho inocentemente dado. Se ele pudesse, se fosse fácil, talvez ele mesmo tomasse essas atitudes, mas por hora, ele ficava feliz em receber, mesmo que não confessasse direito nem para si mesmo.
N/A: Não, não acaba aqui xP

Eu ia postar logo a história completa hoje, num capítulo único, mas eu descobri a duras penas que as pessoas não gostam de textos grande x.x

Por isso a história está dividida em duas partes. Depois, dependendo do nível de resposta que essa fic tiver (leia-se: mandem review para eu saber se vale a pena continuar), eu posto a Segunda e última parte.

Devo dizer que essa é minha primeira M-Preg e que tudo é culpa da Condessa Oluha que ficou pedindo um M-Preg e eu não pude evitar atender ao pedido dela :X

Por favor, se você chegou até aqui, mande um review, pode ser só dizendo: "Cheguei até o final/Li tudo/Continue/Não pare!" ou similares, mas obviamente, e acima de tudo, aceito críticas. Sei que muita gente não curte M-Preg, e aceito reviews dessas pessoas também, e ficarei honrada. Embora deva avisar que esse trabalho tem como meta ser fofinho e leve, não ficar filosofando nem nada.

Aaaaah, vamos fazer um trailer de "E No próximo capítulo..." ? #sempre quis fazer isso :B!#


E no próximo capítulo...

- O que você fez seu... seu... – segurou no último momento o palavrão que ia saltar, acostumara-se a não correr riscos – seu estúpido!

- Oi? – perguntou Harry se virando, ainda tinha um sorriso de triunfo. – Não ficou maravilhoso?

- Maravilhosamente brega, só se for! Você tem o que na cabeça?! Estragou o quarto! Vamos ter que pintar tudo novamente!


Reviewe :D! Ou farás uma autora emo... XD