Primeiro capitulo.

Estava em minha casa, pensando vagamente em como essa temporada de férias não fora muito bem sucedida. Não havia conseguido fazer nada além de estudar, e trabalhar, estudar e trabalhar. Isso podia matar, me cansava muito fazendo ambos, mas não havia jeito. Tinha que fazer, já que, morava sozinho, e com dezessete anos nas costas.

Pelo menos havia sobrado algum dinheiro desta vez, podia gastar assim na lanchonete perto de casa. Havia sobrado bastante. Não havia pensando em como economizar um pouco no fim do mês valia tanto apena. Mas, agora, tinha que me concentrar mais nos estudos. Por isso naquela mesma hora, liguei para minha amiga de escola e marquei um encontro para dali a dez minutos na praça de alimentação. Peguei minha apostila, um lápis e uma borracha e parti...

-Então.... Conseguiu fazer os exercícios da semana passada? -Maki, sempre me perguntava, quase nunca fazia as lições, e sempre sobrava para ela me ajudar. Mas o bom, era que Maki era inteligente e não poupava esforços para me ajudar.

-Na verdade, er.. não. Não consegui. -A mesma desculpa de sempre. Mas era a mais pura verdade.-Dá pra dar uma força? -Um sorriso torto saiu do canto de meus lábios.

-Como sempre não é mesmo, Milo? -Ela começou a me explicar novamente, as mesmas coisas que todas as semanas de férias. Passamos um bom tempo estudando e tomando refrigerante por minha conta. O tempo foi passando e a tarde começou a bater.

-Acho que já está ficando meio tarde, amanhã você acorda cedo. Paramos por aqui hoje tudo bem? -Sempre a responsável, e certinha. Ela se levantou e deu um beijo estalado em minha bochecha. Partiu para o outro lado da rua e sumiu se misturando com as outras pessoas.

Peguei minha apostila, e paguei o cara da lanchonete. Fui andando tranqüilamente para o apartamento onde morava, vendo aquele pôr-do-sol, distraído. Acabei batendo sem querer o braço em uma mulher.

-Opa. Perdão. -Ao me desculpar, abaixei e peguei meu livro, quando voltei, a mulher ainda me olhava sem dizer nada. Fiquei encarando-a por algum tempo, sem os dois dizer mais nada, até que ela quebrou o silêncio.

-Quantos anos tem? -Sua voz era calma profunda, junto com ela, me lançou um sorriso meio apagado que, me fez ficar sem jeito no começo.

-Ham, Dezessete. -Retribui aquele sorriso depois de mais longos três minutos de silêncio. - Com.. Com licença... -Passei pela mulher que não parava de me olhar, parecia por um instante que, me conhecia, mas não me via fazia anos. Os olhos azuis dela me comoveram por algum tempo. O porteiro abriu o portão automático e logo adentrei. Ela não fez nada, a não sei me olhar e olhar.

Subi as escadas até o terceiro andar e peguei as chaves da porta, com dificuldade consegui encaixar a chave e girar a maçaneta, estava longe de mais novamente. Encostei a porta com os pés, e joguei o molho de chaves em cima do sofá. Quando havia acabado de retirar o tênis, ouvi a porta bater.

-O... Oi? -Entreabri a porta, era aquela mulher. Estava me perseguindo? Não era possível. Deixei-a entrar e retirei meus tênis da sala. Quando voltei, estava sentada no sofá me observando. - Moça, tudo bem?

-Você.. -Finalmente ela falou algo. E continuou com o tom baixo e doce que me fazia ficar sem jeito. - Tem os olhos dele... -E sorriu para mim. Não entendi o que queria, aquilo estava muito estranho para o meu gosto.

-Olhos de quem? Quem é você moça? -Comecei a ficar preocupado, ela estava me dando medo. Não devia ter deixado ela entrar em minha casa. -Desculpa mas, você me conhece?

-Milo, é seu nome não é mesmo? Você.. Não.. Não se lembra de mim não é mesmo? -Meneei a cabeça para ela, a mesma abaixou os olhos e continuou com aquele sorriso apagado juntamente com seus olhos, eles fitavam suas mãos pousadas em seu colo. Aquilo me deixava cada vez mais desconfortável.

-Ham.. -Ela me olhou na hora, e se levantou, me abraçou gentilmente e pousou suas mãos sobre meus ombros, me olhando com poucas lágrimas começando a se formar em seus olhos. -Pode ao menos me dizer seu nome?

-Clarye. -As lágrimas surtiram rapidamente sobre o rosto delicado dela. Aquele nome não me era estranho, mas, não sabia quem era. Não tinha idéia.

-Olha Clarye, desculpa te perguntar, mas. De onde me conhece? -Continuei olhando-a desconfortavelmente, ela olhou para baixo novamente, e, retirou as mãos de meus ombros, afastou-se rapidamente, e beijou-me o rosto.

-Posso te ver amanhã? -Estava de costas para mim, e falava baixinho, ia em direção a porta. Já com a mão na maçaneta.

-Po.. Pode.. Pode sim, mas, eu trabalho, e, só volto de noite. -Gaguejei um pouco, olhei-a meio surpreso, então logo a porta foi batida levemente. Ela havia ido embora, sem ao menos responder minhas perguntas.

Em seguida, tomei meu banho e jantei. Coloquei algumas roupas no varal e lavei a louça acumulada, vi um pouco de tv. Já eram nove e meia da noite, teria que acordar cedo no outro dia. Apaguei as luzes, desliguei a televisão e fui para meu quarto. Deitei-me e fiquei fitando o teto por um tempo. Quem era aquela mulher? Por que do nada apareceu assim? O nome dela não era nada estranho...

Virei-me de barriga para baixo, ajustei o relógio, e tombei o rosto no travesseiro. Adormeci pensando naquela mulher que, do nada apareceu em minha vida sem explicação nenhuma...

{{N/A : Bom, esse foi o primeiro capitulo da fic, ficou meio curto, mas a criatividade fugiu um pouco, mas, é só o começo!! Espero que tenham gostado. Criticas são bem vindas. Beijo.}}