Um enorme cão preto estava escondido entre os arbustos observando a mulher e o homem no muro na rua dos Alfeneiros.
Já fazia um bom tempo que Almofadinhas os observava, esperando o momento certo para agir.
Atento a qualquer som, Almofadinhas se sentou, esperando Hagrid aparecer com sua moto que ele emprestará para o meio-gigante trazer o pequeno Harry.
O cachorro soltou um gemido frustado. Ele se culpava pela morte de de seu melhor amigo, James Potter e sua esposa, Lily Evans Potter. Afinal, se ele não tivesse sugerido colocar Rabicho para ser o fiel do segredo dos Potters, nada disso teria acontecido.
O som de algo como um rugido de um motor chamou a atenção do cachorro, o trazendo para a realidade. Ele viu sua moto pousar no meio da escuridão com o meio-gigante trazendo um embrulho que ele supos ser Harry.
Dumbledore e McGonagall se levantaram e se curvaram para o embrulho quando Hagrid saiu da moto. Dumbledore pegou Harry nos braços e Hagrid se curvou para beijar o topo da cabeça de Harry. Aquilo deve ter sido um beijo bem peludo, pensou Almofadinhas.
Almofadinhas saltou quando o meio-gigante soltou um som como de um animal sendo ferido. A mulher pareceu reprende-lo. Almofadinhas sorriu, até aqui ela continua sendo severa.
Dumbledore saltará a mureta de pedra e se dirigiu à porta da frente. Depositou Harry devagarinho no batente, tirou uma carta da capa, meteu-a entre os cobertores do menino e, em seguida voltou a companhia dos dois. Durante um minuto inteiro os três ficaram parados olhando para o embrulhinho.
Os adultos pareciam ter trocado mais algumas palavras até Hagrid ser o primeiro a partir na moto. Profa. McGonagall foi a segunda após trocar mais algumas palavras com o diretor até Dumbledore descer a rua e, com um clique de algo metálico, todas as 12 luzes se acenderam. Com um ultimo olhar para trás, Dumbledore desaparatou.
Foi a vez de Almofadinhas agir. Ele saiu do esconderijo de onde estava e correu até o numero quatro, pulou a mureta e caminhou até o pequeno embrulho que era o seu afilhado.
O grande cão negro encarou o menininho por um bom tempo, até seus olhos tempestuosos encararem a fina cicatriz na testa acima do olho direito. Seu coração apertou. Como o mundo podia ser tão injusto?
De repente, o grande cão negro havia sumido e, onde estava Almofadinhas agora estava um homem de cabelos negros que caiam com uma tal elegância sobre seus olhos azuis acizentados que faria qualquer mulher suspirar.
Ele pegou a criança nos braços a fazendo se remexer um pouco, fazendo o homem sorrir tristemente. Aquela criança não fazia ideia do quão cruel o mundo era, nem de quão cruel era seu destino.
- Vai ficar tudo bem, filhote – sussurrou o homem. – Eu vou cuidar de você.
Dando as costas ao numero 4 das rua dos Alfeneiros, Sirius Black voltou a pular a mureta e desceu a rua. Sem olhar para trás, Black desaparatou da rua dos Alfeneiros.
