Desafio

Por: Aryam

Sumário: Heero é um príncipe e se casa com Relena por causa de um acordo. Ele desenvolve uma grande atração pelo ajudante pessoal de sua rainha e tenta conciliar esse desejo com sua falta do que fazer no reino Peacecraft. Universo Alternativo. Casal principal: 1x2.

Notas da autora: Fic feita em resposta ao desafio furry da Kiara-chan (Kyra Salkys). A proposta era de nós duas escrevermos algo onde um ou mais personagens se transformassem em animais (furry-fic). Kiara, espero que goste! E quero ler a sua, viu? Canidae VS Felidae não conta XD

Casais: principal = 1x2; R+1 e H+2

Avisos: NC-17 (linguagem pesada, lime, lemon, insinuações de het), furry

Boa ação do dia: Comente e faça uma pessoa feliz. Autoras felizes fazem leitoras felizes... E vice-versa.

Observações serão evidenciadas por um: *


Campanha:

Diga não a morte do fandom nacional de GW. Salve os nossos G-boys, o "felizes para sempre" deles depende de você!

Faça uma boa ação: Leia e Comente.

Apóie as autoras nacionais também! Se gostar de uma história, comente, diga à autora que gosta ou do porquê de não gostar. É importantíssimo se ter esse retorno do leitor para poder sempre melhorar no desenvolvimento e escrever coisas melhores. Assim todos saem ganhando. Não é fácil escrever uma fic nem traduzir. A motivação é essencial para sua continuação, não façam autoras desistirem de seus projetos, o fandom GW nacional está se desfazendo! Então, aproveitem para dizer o que pensam e ajudem a continuarmos vendo boas histórias de Gundam Wing antes que mais autoras desistam por não serem devidamente valorizadas, fazendo-as migrar para outros fandoms.

Eu sei que isso parece chatisse minha, mas a reclamação é geral e estou realmente preocupada com várias autoras incrivelmente desanimadas com as leitoras brasileiras, por serem tão omissas. É difícil entender o quanto um simples comentários naquela tal fic pode deixar a pessoa que está por trás dela mais feliz.

Não se acanhe! Comentários são sempre muito bem-vindos!

Desde já, obrigada.


Parte 1

Era um grande dia para o reino Peacecraft.

A cerimônia era linda, simplesmente perfeita, como a princesa, logo rainha, planejara há meses. Tulipas brancas decoravam o interior do salão, coroas de flores por todo o corredor, os altos vitrais reluziam com o sol forte da tarde.

Ela entrou na igreja sem conseguir conter o sorriso ao vê-lo no altar a esperando. O local estava cheio de familiares e amigos da nobreza vindos de longe para apreciar o grande evento do suntuoso reino. Muitos habitantes espiavam do lado de fora tentando ver o novo casal.

Heero, com as mãos para trás e ostentando uma expressão indiferente, torcia para que Relena deixasse de lado as passadas lentas de acordo com a Marcha Nupcial e chegasse logo para acabarem com essa bobagem de uma vez, não via a hora de tirar suas roupas quentes. Ou de vê-la torcer o pé e cair de cara no tapete vermelho na frente dessa gente importante; pelo menos teria algo com o que se entreter.

O casamento fora marcado quando eram meros bebês com um acordo de paz entre o reino Peacecraft e o de Lowe, portanto já estava ciente do seu destino desde criança. Por isso não contestara seu pai quando o ordenou noivar com a garota e o mandou para o palácio no dia especial.

Longos minutos depois, Relena, ainda com passos agonizantemente lentos, subiu o degrau e postou-se ao lado de seu futuro esposo.

O rapaz de cabelos bagunçados usou todas as suas forças para se manter de pé durante o interminável discurso do padre. Fora uma longa viagem. Ao chegar só tivera tempo de tomar banho, comer um lanche rápido e se arrumar para estar ali na hora marcada. Seus olhos tentavam se fechar a todo o custo, tanto que o padre teve que chamá-lo duas vezes para repetir os votos e nem sabia como parara de encarar o senhor franzino e acabara de frente para sua noiva sorridente.

Viu Noin, a Tenente-coronel da Guarda Real e fiel escudeira de Relena, chamar alguém e um rapaz carregando as duas alianças sobre uma almofada vermelha de seda, apareceu detrás dela. Ela o empurrou para que se apressasse e ele saiu tropicando, não conseguindo parar quando chegou à exagerada cauda do vestido branco, fazendo o tecido enrolar-se em seus calcanhares e caiu aos pés dos noivos.

-Duo! – a princesa ralhou. Houve gargalhadas entre a platéia.

Heero reprimiu um sorriso e abaixou-se para ajudar o jovem a encontrar as alianças espalhadas. Entregou-o uma delas e o rosto ruborizado que o encarou de volta o fez paralisar. Nunca vira, em todos os seus vinte e um anos, criatura tão bela. Os olhos violeta tão brilhantes que refletiam seus arredores, a pele branca dando-lhe um ar etéreo. Sentiu uma enorme vontade de correr suas mãos pela trança castanha de aparência sedosa caindo pelo ombro.

Duo se levantou desajeitado, batendo as mãos em sua túnica negra e estendeu a almofada entre os dois prestes a se unir perante a Igreja.

O príncipe não conseguiu desviar seu olhar intenso do ajudante. O tal jovem de cabelos compridos lhe fez um gesto discreto indicando com os olhos o senhor de batina, que limpou a garganta.

-Heero Yuy, aceita Relena Darlian como sua legítima esposa? – seu tom alto e lento indicava não se a primeira vez a fazer aquela pergunta.

Os olhos azuis se voltaram para os violetas e respondeu com firmeza:

-Sim.

Relena tinha uma expressão incomodada quando respondeu também o "sim", mas no momento em que colocaram as alianças douradas nos dedos, ela fez um gesto com a mão para o ajudante sair dali, sorrindo novamente com a realização do dia mais importante de sua vida.

Com uma reverência, Duo se apressou, tendo o cuidado de pular por cima da cauda do vestido e se retirou. Os olhos atentos de Heero seguindo sua figura todo o tempo.


A princesa aproveitou-se da festa para exibir a todos seu novo marido enquanto dançavam. Além do garoto por quem se apaixonara desde pequena ter se tornado um belíssimo homem, ele também era sua passagem para se tornar rainha, uma vez que não poderia por as mãos na coroa sendo solteira.

Heero, por sua vez, agüentava tudo mecanicamente. Antes, tudo o que se passava pela sua cabeça era consumar o casamento e firmar uma rotina entediante em sua nova vida como apenas o marido na nova soberana. Agora estava cheio de pensamentos com o rapaz maravilhoso o qual vira anteriormente.


Para o príncipe*, antes de Lowe e agora de Peacecraft, a cerimônia de coroação era tão chata quanto o casamento em si. Levantou-se dos bastidores durante o discurso, o qual conhecia Relena o suficiente para saber que seria demorado e cheio de ideologias, e saiu para andar pelo castelo.

Os corredores estavam praticamente vazios, a maioria dos empregados correndo para organizar a festa em seguida.

Não conhecendo bem o lugar ainda, seus pés o levaram para o quarto real. Lá, assustou-se em encontrar alguém mexendo em seus lençóis ainda amarrotados e úmidos pela atividade da noite anterior a qual tornou a garota numa mulher. Ficou ainda mais surpreso em perceber ser a criatura pela qual se encantara no dia anterior.

-O que está fazendo? – sua voz soou mais rude do que intencionava.

O jovem se sobressaltou deixando os panos caírem no chão de uma vez.

-Ah, Vossa Alteza! Achei que estaria na cerimônia.

-Isso não responde minha pergunta. – Heero visivelmente tentou suavizar seu tom.

-Eu estou – Duo ergueu uma sobrancelha – trocando seus lençóis.

-E por que faria isso? – o príncipe avançou lentamente como um predador tentando não assustar a presa.

-Porque eu trabalho aqui. – respondeu como se fosse óbvio.

-E do que exatamente você é responsável? – estavam a meros centímetros de distância agora.

Duo abriu e fechou algumas vezes a boca tentando se concentrar em algo que não fosse o rosto bem delineado tão próximo do seu novo patrão.

-Eu sou ajudante pessoal da princ... Rainha.

-Hum. Quer dizer que agora você também é meu ajudante pessoal. – não foi bem uma pergunta e Heero não ligava muito para a resposta.

-Bem – engoliu seco – Sim, mas você pode escolher outro se...

-Quer dizer que seu trabalho é me servir? – sussurrou. Duo sentiu o hálito do príncipe soprar em seu pescoço.

-S-sim, senhor.

-Que bom. Espero bons serviços seus, meu rapaz.

-Duo. Meu nome é... – não chegou a terminar a frase, pois estava muito ocupado tentando não tremer quando viu os lábios finos prestes a encontrar com os seus.

Ouviram uma alta corneta do lado de fora e uma gritaria. O discurso terminara.

Heero estava tão perto de realizar seu desejo que quase não se conteve em estrangular o servente chegando correndo e gritando do batente da porta.

-Sua Alteza! Sua Alteza Yuy! A princes, desculpe, a Rainha mandou lhe chamar! Quer que compareça imediatamente ao salão para entrarem juntos e fazerem a abertura das festividades.

-Claro.

O príncipe lançou um último olhar lascivo para o ajudante pessoal ainda sem reação e se retirou.

Novamente sozinho, Duo deixou-se cair de joelhos. Abraçou distraidamente os lençóis limpos e respirou fundo.

-Droga... – murmurou para si mesmo – por que a princesa tinha que se casar com um cara tão... tão... – ele passou a língua entre os lábios inconscientemente. – Isso não vai acabar nada bem.


*Príncipes que se casam com Rainhas, não se tornam Reis por não serem herdeiros ao trono, portanto, Relena é a herdeira e Heero continua com seu título original de príncipe.


Como Rainha, Relena passou a não ter muito tempo para qualquer outra coisa que não suas obrigações. Principalmente nesse tempo de transição, tendo muito a aprender para governar.

Heero se via cada vez mais incomodado com a falta do que fazer. Em seu antigo reino, ele era incumbido de participar das decisões e reuniões, além de supervisionar as forças do exército. Aqui, a única coisa que podia fazer era ler livros da imensa biblioteca. O pequeno exército local tinha Noin como supervisora e ela não gostava muito quando ele estava por perto para palpitar sobre seu trabalho.

De qualquer maneira, o príncipe estava cheio daquilo tudo. Se continuasse sem fazer nada, provavelmente acabaria atacando aquele preenchendo completamente seus pensamentos desde quando chegara ali. E pensar ter se passado apenas uma semana...

Esperou entardecer e saiu para os alojamentos não muito distantes do palácio. Caminhou lentamente pelo gramado até onde uns soldados ainda praticavam com o Major Chang gritando-lhes elogios, broncas ou dicas.

-Vossa Alteza. – Wufei o cumprimentou ao se aproximar, olhando-o apenas de soslaio.

-Major. Como está indo o treinamento?

-Bem. Mas o senhor não deveria se preocupar com essas coisas.

-Pois acho que deveria. Se o reino for atacado...

-Não será. Peacecraft é um reino pacifista.

-Por isso temos essa mixaria de exército? – perguntou arrogantemente. Seu antigo reino, Lowe, era conhecido por ter uma das maiores e mais bem treinadas forças militares dentre as nações conhecidas.

Chang virou-se para ele encarando-o com severidade.

-Podemos não ter uma tropa muito expressiva, mas é muito bem preparada.

-Preparada para quê? Proteger camponeses de lobos invisíveis?

Wufei sentiu o sangue subir na cabeça. Não imaginava que o príncipe soubesse dessa história humilhante. O rei anterior os mandara investigar uma porção de animais ensangüentados encontrados nos bosques por, sinceramente, não terem nada melhor para fazer. Colocaram a culpa em lobos por não agüentarem mais patrulhar fazendas, mesmo não havendo esses animais nessa área do continente. Descobriram por fim ser apenas uma briga de fazendeiros vizinhos, um tentando assustar o outro. Fora uma enorme perda de tempo para todos.

-Ser uma nação pacifista não os deixa imunes a um ataque.

O Major soltou um suspiro resignado.

-Sei disso. – concordou de forma cúmplice – Mas são ordens da Tenente-coronel deixar as coisas como estão. Acha que se aumentarmos nossa tropa, será um convite para batalha.

-Se deixarmos as coisas como estão é que será um convite para sermos conquistados.

-Talvez. Mas... – Wufei passou a olhar o príncipe de esguelha de forma sugestiva – quem sou eu para mudar as ordens da própria Rainha...?

Heero sorriu maliciosamente. Wufei poderia não ter influência direta nenhuma, mas ele sim conseguiria toda a atenção de sua esposa.


O príncipe caiu para o lado em seu travesseiro e passou a encarar o teto do quarto. Seu corpo mal suava. Relena se espreguiçou contente e descansou a cabeça em seu peito nu, sorrindo satisfeita. Ele nem se deu ao trabalho de envolver o ombro dela com o braço.

-Relena, você deveria reforçar sua defesa.

A garota abriu os olhos de repente e olhou para o rosto sério de seu esposo. Essa não era exatamente a conversa de travesseiro que esperava após uma sessão de sexo no meio da tarde.

-O que quer dizer, meu bem?

-Sei que suas negociações com a Rommefeller estão tensas e se eles planejarem atacar estaremos completamente indefesos.

-Mas a Guarda montada por Noin...

-Está longe de ser suficiente para nos proteger de uma real ameaça.

Ficaram um tempo em silêncio e ela recostou a cabeça novamente.

-Acha que corremos risco? – ela perguntou, pela primeira vez preocupada.

-Sim.

-Então – respirou fundo – eu te dou total liberdade para fazer o que achar necessário para garantir a segurança do meu povo. – Relena se levantou e começou a se vestir – Enviarei uma carta para Noin imediatamente. – ela se virou para seu marido deitado relaxado na cama com as duas mãos atrás da cabeça – Querido, seja discreto. Não quero que pensem estarmos ameaçando nenhum outro reino. Tenho uma reunião agora, vou mandar alguém limpar o quarto.

Assim que a porta se fechou, Heero deixou um sorriu tomar seus lábios. Agora tinha completo poder sobre o exército do enorme reino Peacecraft. Fechou os olhos e começou a planejar tudo o que poderia fazer. Primeiro, uma campanha de recrutamento e conseguir mais recursos para treinar novos recrutas. Comprar mais armamentos e equipamentos. Não apenas aumentar o contingente, mas diversificá-lo também. Cavalaria, arqueiros, infantaria, artilharia...

Seus pensamentos foram interrompidos pela porta se abrindo novamente. Sua esposa deveria ter esquecido alguma coisa... Mas os passos eram diferentes. Mais pesados e bruscos. Abriu um olho para espiar e teve que conter o sorriso de aumentar.

-Espero que tenha vindo para se juntar a mim. – falou malicioso, batendo uma mão ao seu lado no colchão.

Duo se assustou e largou a cortina que estava prestes a abrir; com o movimento, deixou apenas uma fresta aberta, o suficiente para o sol iluminar gentilmente a silhueta nua na cama. O jovem ajudante engoliu seco com o corpo que viu. Sentiu o seu próprio se esquentando. Há quanto tempo não tinha contato com ninguém? A resposta seria nunca, tirando a bruxa das poções não perdendo uma oportunidade para agarrá-lo desprevenido.

Deixou seus olhos violetas passearem pelos ombros robustos, os braços fortes, desceu pelo tórax e o abdômen bem definidos, a cintura fina, o quadril onde estava um membro murcho, as pernas esbeltas e toda a pele bronzeada. Quando se voltou para o rosto charmoso, ele tinha uma expressão orgulhosa, os olhos azuis brilhavam.

O rapaz de cabelos longos tossiu desconfortável e desviou o rosto tentando pensar em outra coisa. Ainda bem que suas roupas eram folgadas.

-Venha até aqui. – Heero ordenou.

Duo endireitou-se e ergueu o rosto desafiadoramente.

-Vossa Alteza, peço, por favor, que me respeite. Estou aqui para servi-lo sim, mas nem por isso pode me tratar como quiser.

-Duo... – o nome saiu como uma carícia da voz grave – Não estou te desrespeitando, muito pelo contrário. Aprecio muito seus – os olhos atentos se abaixaram para a protuberância levemente visível nas calças de pano fino do outro – dotes. Só pedi para se aproximar. – Ele bateu novamente no colchão.

Hesitante, ponderando bem seus movimentos, Duo estufou o peito e se adiantou cuidadosamente. Ficou ao lado da cama e esperou qualquer que fosse o desejo de seu patrão.

Heero segurou de leve o pulso do ajudante e delicadamente o puxou para baixo. Não havia força em seu agarre, deixando claro para Duo que ele poderia facilmente se livrar e dar-lhe as costas se assim desejasse. Mas não o fez e desceu conforme era conduzido como se estivesse hipnotizado.

Duo sentou-se na beirada da cama, mas seu rosto continuou a descer de encontro ao do outro. Uma mão descansou em seu pescoço.

Os lábios se encontraram. O beijo começou delicado, como se Duo temesse sua própria ousadia e Heero, que o espantasse se fosse brusco. O príncipe trouxe a mão do jovem que segurava para o seu peito e deslizou-a pelo seu próprio corpo. Sentiu Duo arfar.

Heero retomou o beijo com mais fervor. Segurou a cinta da roupa do outro e o puxou por cima de si para que ele ficasse de costas na cama espaçosa. Deitou por cima do corpo que tanto desejava sem separar seus lábios dos dele. Ouviu um gemido vindo debaixo e isso só o estimulou a esfregar sua dureza contra a de Duo. Só o que os separava era a frágil túnica negra.

Ambos ofegavam com a excitação. Duo apertava suas mãos nas costas do príncipe, este apertava suas nádegas de encontro com seu próprio quadril procurando um contato mais frenético para aliviar suas ereções. Heero desceu a boca para o pescoço do outro e Duo passou a choramingar mais livremente.

-V-vossa Alteza...

Os lábios finos do príncipe sorriram contra a pele branca.

-Por mais excitante seja você gemer assim – falou rouco – me chame de Heero.

-Heero! – foi o que Duo exclamou quando finalmente liberou seu prazer.

O rapaz de cabelos bagunçados voltou a beijar o rapaz abaixo de si e o seguiu, sujando toda a calça negra de branco.

Continuaram nessa posição por alguns minutos, recuperando o fôlego. Os olhos azuis finalmente se abriram para contemplar o rosto ruborizado e os lábios entreabertos. Deu uma última lambida naquela boca deliciosa e se levantou.

-Pode ir agora. – o príncipe nem ao menos olhou para trás enquanto se vestia.

Os olhos violetas se arregalaram. Uma expressão de dor passou pelo belo rosto, em seguida, de raiva. Duo se ergueu, pegou os lençóis, deixando-os propositalmente soltos para cobrirem a vergonha em suas roupas desarrumadas e sujas, e se retirou.


-Como estão as preparações, Major?

-Ótimas, Vossa Alteza! – Chang limpou a garganta tentando disfarçar sua animação – Está tudo correndo como o planejado. Estamos recebendo mais inscrições do que o esperado.

-Muito bom. – O príncipe parou observando os homens de todas as idades assinarem seus nomes aceitando entrar no treinamento para se tornarem soldados. O salário não era ruim e os ajudava a alimentar seu nacionalismo.

-Se continuar assim, logo teremos um contingente considerável.

-Príncipe Yuy! – Noin gritou ao se aproximar – O que pensa que está fazendo?

-Tomando a responsabilidade do Exército Nacional.

-Sim, eu recebi a carta da Rainha, mas isso não é necessário.

-Pois eu julgo que seja. – Heero, apesar de ser mais baixo que a mulher, conseguia se impor sobre ela.

-Você está ameaçando a segurança do reino!

-Muito pelo contrário. Tenho certeza de que se esforçou para montar uma guarda eficiente, entretanto, se formos atacados, essa pequena Guarda não conseguiria proteger nem mesmo 1/3 da cidade.

-Tenho fé nas negociações de nossa soberana.

-Claro que tem. Mas fé não nos protege de espadas e flechas.

Noin calou-se, visivelmente irritada, fez uma meia reverência e se retirou.

Em suas acomodações, a mulher olhou para o alto, respirando fundo tentando se controlar. Não conseguiu. Soltou um grito e passou o braço por sua mesa, derrubando tudo que estava lá. Estava a ponto de jogar a cadeira na janela quando viu no chão um porta retrato. Imediatamente largou o móvel e se ajoelhou, virando a foto para encarar os lindos olhos azuis e cabelos loiros que não falhavam em fazê-la sorrir.

-Ah, Zechs... Desde que partiu, estou tentando tanto cumprir minha promessa de proteger sua irmã. Preciso manter esse reino em paz para que um dia você volte para mim. Mas esse casamento, mesmo fazendo Relena tão feliz, foi a pior coisa que aconteceu! Esse menino vai estragar tudo.


Duo andava apressado pelos corredores, passando direto por todos tentando não encarar ninguém. Não queria falar, nem trabalhar, não queria fazer nada no momento. Sentia-se usado e humilhado.

Aquele homem sem escrúpulos mal chegara e já estava o fazendo considerar largar do emprego tão bom conseguido a tanto custos. Foram anos de serviço e submissão para chegar a essa posição onde ganhava roupas melhores, mais comida, banhos diários e um quarto descente por ter de estar sempre bem arrumado e disposto ao redor da princesa, agora Rainha.

Mas se fosse embora, para onde iria?

Passou pela cozinha, onde as mulheres estavam alvoroçadas preparando o jantar que aconteceria logo após a reunião dos nobres, e foi para a área de serviço, vazia. Apoiou as mãos no tanque de esfregar roupa, temendo suas pernas trêmulas o derrubarem. Tentou acalmar seus batimentos antes que seu coração saltasse do peito.

Como deixara ser seduzido assim, tão facilmente? Por outro lado, que culpa ele tinha se o príncipe era tão maravilhoso?

Sentiu mãos em sua cintura e se sobressaltou. As pessoas estavam com uma mania de assustá-lo ultimamente... Contudo, conhecia esse toque.

-Hilde...

A mulher o abraçou por completo por trás e descansou a cabeça em suas costas.

-Que bom te ver de novo, querido. – A bruxa falou com voz doce acariciando onde alcançasse.

Duo tentou se desvencilhar.

-Não sou seu querido. – afirmou rudemente.

Agora de frente, Duo podia ver o sorriso no rosto delicado, os olhos azuis, o cabelo curto e a capa cobrindo o corpo, como sempre usava após voltar de alguns dias acampando na floresta procurando ervas medicinais para fabricar os cosméticos da Rainha.

Ela, sem cerimônias, pegou seu rosto e o puxou para si, beijando-o.

Duo estava acostumado com suas atitudes impulsivas. Sempre a afastava da melhor maneira possível. No início sentira-se lisonjeado, mas com o passar do tempo, sobrara apenas irritação. Todavia, pela primeira vez tivera verdadeiro asco dela.

Empurrou-a com força desnecessária e espantou-se ao ver ter provocado aquela expressão assustada no rosto a sua frente.

Os lábios dela simplesmente não eram firmes como os dele, seu rosto não era tão quente, suas mãos não eram tão dominadoras.

Seu coração doía por perceber ter gostado do que o príncipe lhe fizera. Culpa. Traía a pessoa a quem lhe dera uma oportunidade na vida, a Rainha poderia ser ingênua para muitas coisas e até tratá-lo mal por vezes, mas era uma pessoa boa de coração. Seus sentimentos traíam-na e a si mesmo.

Deu as costas à bruxa e saiu correndo dali.


-Duo. – um dos serventes o chamou – a Rainha está pedindo para que você vá prepará-la um banho quente.

O jovem de cabelos compridos assentiu e se levantou de sua cama, pesaroso. Rezando para não encontrar o príncipe, fez seu caminho para o quarto.

Infelizmente, os deuses não estavam a seu favor, pois enquanto passava por um dos vários corredores, um particularmente escuro, viu uma silhueta vir ao seu encontro e a tocha iluminou o rosto de ninguém mais ninguém menos do que Heero Yuy.

Por respeito, Duo abaixou a cabeça.

-Vossa Alteza. – cumprimentou baixo.

O rapaz de olhos azuis manteve o rosto sério, andando a passos firmes, parecia que passaria direto. Ledo engano. Olhando para frente, como se ignorasse o ajudante, ao se aproximar, empurrou Duo contra a parede e se pressionou contra o corpo ligeiramente menor.

O rapaz de trança levou alguns segundos para entender como chegara naquela posição, mas quando entendeu, não ficou muito feliz.

-Hei! O que pensa que está fazendo?

-Pensei ter pedido para me chamar pelo primeiro nome.

-Não está em meu lugar tratá-lo com intimidade. – girou o rosto para o lado oposto tentando não encarar a boca tentadora de seu soberano.

-Intimidade é tudo o que quero de você, Duo.

Com mãos surpreendentemente delicadas, Heero segurou o queixo do outro e o virou de frente novamente.

-Senhor Yuy – Duo colocou ambas as mãos no peito do príncipe tentando afastá-lo – Posso ser seu criado, mas sou incumbido de tarefas domésticas e não em ser sua... seu... – gaguejou lutando para seu rosto não corar – Alívio de estresse. – terminou achando a expressão melhor do que 'prostituto'.

Duo o encarava com severidade, mas o príncipe não parecia se importar em absoluto, pois inclinou a cabeça e o beijou. Teria um sinal na sua testa escrito "moleste-me"?

O criado empurrou-o conseguindo afastá-lo um pouco de si.

-Não ouviu uma palavra do que disse? – perguntou irritado.

Heero visivelmente encarava de modo fixo apenas seus lábios.

-Como? – indagou atordoado – Desculpe. Sinceramente não ouvi nada.

O rapaz, ainda encostado na parede, engoliu seco e dessa vez não lutou quando o príncipe se aproximou novamente com toda a intenção de tocá-lo intimamente, sabia ser uma luta perdida.

-Você não está me entendendo. – Heero sussurrou sedutoramente – Eu simplesmente... te desejo. Tanto.

Duo já ofegava em antecipação.

-Vossa Alteza! Este criado está sendo insubordinado? – Major Chang apareceu no fim do corredor, vendo a cena de Heero se aproximando com a mão levantada de um jovem estremecendo contra a parede.

-E da próxima vez – sua voz retumbou pelo corredor de pedra, forte e austera, completamente diferente de meros segundos atrás – coloque lençóis limpos e passados na cama. Quero ver aquele chão brilhando! Entendido?

Nessa altura, Wufei já estava ao seu lado, a postos.

-S-sim, senhor. – respondeu o ajudante com a voz fraca baixando a cabeça ante as autoridades.

Heero fez um gesto brusco para que Wufei se fosse. Este lhe prestou reverência, tendo um novo respeito por seu soberano, e se retirou.

-Tenho que dar mais afazeres a ele para que me deixe em paz... – comentou para o ar – Agora – voltou-se para o criado – onde estávamos?

-Não sou um objeto. – o rapaz de trança afirmou com toda a firmeza que conseguiu reunir.

-É claro que não, é belo demais para isso. Você é quem deveria ser reverenciado, Duo.

Os olhos se encararam como se competissem em quem não piscaria primeiro.

Dessa vez, foi o criado que lançou seus braços em volta do pescoço do outro e puxou aquele rosto contra o seu.

-Duo? Duo! – alguém acabara de virar o corredor e os dois se separaram bruscamente – A Rainha está te esperando! Ah... Vossa Alteza. – a servente o reverenciou. – Desculpe...

-Não, está tudo bem. – Heero encarou os olhos violetas – Vá.

Duo percebeu que aquela ordem não se tratava de um desprezo, pedindo para sumir, como interpretara da outra vez, mas Heero tentava lhe dizer que entendia suas obrigações e não tentava impedi-lo de realizá-las. Sorriu de leve e seguiu a servente.


-Muito bom, Major. – Heero elogiou chegando ao campo de treinamento dos novos soldados. Os homens suavam e se esforçavam para entrar em forma e merecerem a armadura.

-Logo poderemos montar um segundo batalhão. – Wufei afirmou contente.

-Ainda acho isso tudo arriscado demais. – a Tenente-coronel proferiu. – Temos que manter sigilo.

-É melhor que saibam de nossas defesas reforçadas, sem realmente revelá-las, assim afastamos ameaças. – o príncipe falou sem realmente se importar com o comentário da outra.

Noin bufou. Queria torcer o pescoço daquele metido esposo de sua soberana. Estava pondo tudo pelo que tanto trabalhara a perder.


-Vamos, Duo! Aperta! – a Rainha, de frente para o espelho vendo sua cintura se afinar com o espartilho, pedia para o criado puxar ainda mais as amarras.

-Com todo o respeito, Senhora, se eu puxar mais, temo pela sua vida.

-Pois bem, deixe-me ver então. – ela soltou o ar que segurava e percebeu realmente estar apertado demais. Sua face começou a azular. –Afrouxa, afrouxa! – tentava exclamar com a voz fraca.

O rapaz de cabelos compridos suspirou resignado e desfez todos os nós para começar tudo novamente.

-Vamos, ande logo! – agora ela o apressava – Não quero atrasar meu discurso para começar o festival.

-Sim, Vossa Alteza. – respondeu mecanicamente finalmente dando o último laço. –Pronto.

-Muito obrigada, você é um doce.

Deu uma última rodada para ver sua saia se balançar e, com passos curtos e rápidos, dirigiu-se a saída do quarto antes de perceber estar sozinha.

-Querido, não vem? – perguntou olhando por cima do ombro.

Heero, sentado na cama, observava com olhos nublados as costas de Duo.

-Já vou. Deixe-me apenas terminar de me arrumar. – respondeu sem tirar os olhos da ponta da trança do rapaz.

Ela o olhou por alguns instantes e voltou-se para Duo, distraído, arrumando os vestidos os quais ela experimentara anteriormente e não gostara. Seu marido parecia bem arrumado com suas roupas brancas com detalhe em dourado, mas talvez quisesse ficar para ajudar. Ele era bondoso assim, sempre sendo gentil com a criadagem, principalmente com o ajudante pessoal. Por fim, deu de ombros.

-Vou na frente então. Mas não demore!

O príncipe assentiu brevemente e esperou a porta se fechar para se levantar.

-Pensei que apenas eunucos pudessem ser tão próximos da realeza.

Duo sentiu-se corar. Eunuco ele não era e o príncipe comprovara pessoalmente.

Heero passou por ele e se apoiou contra a penteadeira para ficarem de frente.

-Isso é serviço de mulher. Está parecendo uma dama de companhia. – comentou, mas não de forma que o denegrisse, soava mais como uma dúvida honesta.

-Não me importo. – o jovem carregou as roupas até o baú – É melhor do que viver nas ruas.

-Ninguém nunca falou nada sobre algo entre você e Relena? Afinal, você está sempre aqui.

-Por quê? – Duo sorriu de canto – Com ciúmes?

Foi a vez de Heero sorrir malicioso.

-Só se for de você.

O sorriso do criado se desfez e ele tossiu para esconder seu desconforto.

-Não, na verdade, foi o antigo Rei que me colocou nessa posição. Trabalhei duro para chegar onde estou e... bem, não tenho uma aparência exatamente ameaçadora. Além do mais, se eu fizer algo que a desagrade, tudo que ela tem que fazer é mandar me decapitar.

-Isso é verdade. Se me permite perguntar, quantos anos tem?

Duo o olhou espantado. Não se lembrava de ninguém lhe fazendo essa pergunta. Todos ainda o tratavam como criança no castelo. Exceto a bruxa, mas ela não contava, pois queria algo mais dele.

-Eu não sei ao certo. A Lady Une, mãe da Hilde, me acolheu quando eu era criança. Pelas contas dela, devo ter uns dezenove.

-Hum... – encararam-se por alguns momentos até o príncipe se endireitar – Vou a esse bendito festival fazer minha aparição, acenar para alguns camponeses, posar ao lado da Rainha fingindo sermos o casal perfeito e... – enquanto falava, ele se aproximava. Quando estava perto o suficiente, roçou seus lábios nos do outro. – provavelmente logo estarei de volta.


Cerca de três horas depois, Heero conseguiu escapar da chatíssima festividade onde tudo o que tinha a fazer era cumprimentar aristocratas e ouvir gritos (bons ou ruins) da população. A música misturada com a bagunça das danças já irritava seus ouvidos, todos aqueles sorrisos falsos dos nobres o davam nos nervos.

Vendo que aquilo iria até tarde, saiu de fininho e retornou aos seus aposentos.

Ficou genuinamente surpreso em ver Duo sentado na cama olhando para a janela, como se aguardasse algo.

Silenciosamente, ele se aproximou por trás e acariciou os cabelos do jovem que se sobressaltou e virou-se espantando apenas para se acalmar ao ver de quem se tratava.

-Estava me esperando?

-Bem... Eu já limpei o chão, arrumei os armários, esfreguei os vidros e tirei uma soneca, então... Sim, acho que estava te esperando.

-Entendo... Sendo assim, o que acha de relaxar um pouco? – Heero pousou as mãos nos ombros de Duo e começou uma massagem.

O efeito foi imediato. O jovem criado soltou um gemido longo e gutural deixando sua cabeça cair para trás. O príncipe desceu a cabeça e o beijou. Sem parar a massagem, as mãos descerram pelas costas, acariciaram a cintura e avançaram para frente. Friccionou os mamilos enrijecidos fazendo Duo arquear as costas. Afastou o tecido para ter livre acesso a pele macia. Arrancou a cinta de pano prendendo a roupa e finalmente pôde escorregar a túnica pelos ombros do ajudante.

Duo virou-se completamente para ficarem frente a frente. Tentativamente, tocou o pescoço de Heero e deslizou a mão até os botões da jaqueta elegante abrindo-os um por um. Ele desceu os lábios para a pele aquecida conforme a revelava até tirar completamente a peça de roupa. Desceu lambendo com gosto chegando ao cós. Não se abateu. Empurrou o patrão para se deitar na cama e facilitar para que conseguisse retirar a calça também branca.

O subalterno contemplou o membro inchado e labéu os próprios lábios. Viu Heero arfar em antecipação. Sua boca envolveu a carne dura, chupando com calma e testando os limites de sua garganta com uma calma torturante. Duo recuou e deu uma demorada lambida da base até a glande.

O príncipe gemeu e segurou o criado pelos cabelos.

-Chega com essa brincadeira. – sussurrou rouco. – Esperei demais por isso para acabar tudo tão rápido.

Ele se sentou novamente e, num movimento rápido, pegou Duo pela cintura e o jogou deitado na cama onde estava há poucos segundos. Antes de o outro poder dizer qualquer coisa, tirou a calça negra e a lançou ao pé da cama.

Heero esfregou as coxas e provocou a região ao redor do membro de Duo apenas para vê-lo lhe lançar um olhar irritado.

Desceu um dedo para preparar a entrada. O rapaz de trança suspirou aliviado pelo cuidado de seu futuro amante, fechou os olhos e respirou fundo para relaxar. Logo um segundo dedo se juntou e não se demorou em um terceiro continuar com os movimentos para frente e para trás. Duo já se contorcia na cama, choramingando por mais e apertando os lençóis.

O ajudante se ergueu sobre os cotovelos bruscamente e segurou a ereção de Heero puxando-o para sua entrada.

-Agora é você que está de brincadeira. – resmungou.

O príncipe forçou seus lábios nos dele fazendo-o cair na cama mais uma vez e pressionou a ponta de seu membro fazendo-o entrar aos poucos.

Duo enlaçou a cintura do outro com suas pernas para tentar controlar o ritmo. Heero começou o movimento vagarosamente e aos poucos aumentou o ritmo, não conseguindo se agüentar.

Os dois suavam e ofegavam. Duo se segurava na cabeceira para não ser empurrado contra ela com o vigor das estocadas violentas. Ambos gemiam o nome um do outro, os corpos quentes se friccionando aumentando as sensações arrebatadoras.

Heero finalmente libertou seu prazer dentro de Duo. Este alcançou o próprio membro para um pouco depois deixar sua excitação fluir entre eles.

O rapaz de olhos azuis caiu para o lado e jogou um braço por cima da figura cansada ao seu lado. Estava pronto para dormir ali, aconchegado. Entretanto, o criado de trança se levantou e foi procurar suas roupas.

-Aonde vai? – perguntou não querendo vê-lo ir embora.

-Preciso arrumar essa bagunça e ir embora antes que a Rainha chegue.

-Ela vai demorar. – Heero batia no colchão ao seu lado num convite mudo.

Duo sorriu, mas mesmo assim, limpou-se, vestiu-se e recolheu os lençóis de debaixo do príncipe.

Empurrou gentilmente seu soberano da cama, colocou um novo pano limpo para cobri-la e com um beijo suave, despediu-se, deixando um Heero desiludido para dormir sozinho.

Continua...


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