N/T: Essa fic é uma tradução autorizada pela autora Angel718. É uma história muuito fofa, que me conquistou completamente. Ela descreve os momentos entre Kurt e Blaine e os Warblers que ficaram subentendidos nos episódios da série. A fic original está em inglês e eu pensei, por que não compartilhar essa história encantadora com outras pessoas ;) A original já está escrita até o capítulo 09, logo após o episódio 12 e a autora planeja escrever as cenas até o fim da segunda temporada. Esse primeiro capítulo começa na cena em que Kurt e Blaine encontram Karofsky em "Never been Kissed".
Link para a fic original: .net/s/6664177/1/
N/A: Essa fic nasceu do quão completamente adorável eu achei a interação de Kurt/Blaine depois que eles confrontam Karofsky. Adorável, e encantador, e simplesmente lindo. Então eu quis expandir a cena, e aparentemente, ficou bom. Porque isso ficou bem mais longo do que eu tinha imaginado. Espero que vocês gostem!
"Bem, ele não vai se assumir tão cedo," Blaine brincou levemente, sobrancelhas arqueadas enquanto assistia o maior tormento de Kurt recuar, o tal Dave Karofsky. Mas Kurt, ao invés de rir, soltou um suspiro quieto e deixou-se cair no cimento frio como se não aguentasse mais se manter de pé. "O que está acontecendo?" ele perguntou gentilmente, preocupado com a reação do outro garoto. Kurt apenas abaixou a cabeça, parecendo tão pequeno e assustado que Blaine se perguntou se era possível que seu coração se quebrasse por alguém que você só conhece há dois dias. "Por que você está tão chateado?" ele pressionou, se aproximando de Kurt rapidamente e juntando-se a ele no degrau.
Kurt respirou fundo e endureceu. "...porque, até ontem, eu nunca tinha sido beijado." Para seu horror, a voz dele falhou um pouco, e ele engoliu com dificuldade o nó que ameaçava tomar conta de sua garganta. "Ou pelo menos...um que contasse." Não fez com que ele se sentisse muito melhor admitir isso em voz alta, ele aspirou profundamente e olhou para o céu, achando melhor evitar o olhar penetrante e de cheio de pena de Blaine. Porque se ele tivesse que olhar para o outro agora, ele iria ficar ainda mais atônito.
Blaine, enquanto isso, estava tentando se conformar com o fato de que Kurt- o brilhante, vibrante, confiante Kurt- tinha realmente passado tanto tempo sem que alguém percebesse o quão maravilhoso ele era e o beijasse. E o fato de que aquele imbecil tenha sido quem tirou esse momento dele... ele inspirou fundo e sacudiu a cabeça, apertando os lábios. Surtar não ia ajudar a resolver a situação. E por mais que ele se lamentasse... não havia nada que ele pudesse fazer a respeito agora. Tinha sido seu estúpido conselho que colocara Kurt nessa situação, e ele iria fazer qualquer coisa que pudesse para reparar isso. "Vamos lá." Blaine cutucou de leve o ombro de Kurt, sorrindo o mais brilhante que pôde na esperança de assim animá-lo. "Eu vou te pagar um almoço."
Os lábios de Kurt se curvaram um pouco para cima e ele se lançou de pé para seguir Blaine. Eles mal deram alguns passos, porém, antes que ele falasse. "Onde você está indo? A cafeteria fica dentro da escolar, lembra?" Blaine riu, sentindo-se aliviado com essa pequena demonstração de sarcasmo de Kurt.
"Nós não vamos comer na cafeteria. Depois de todos os seus comentários sobre a comida da sua escola, eu não vou te fazer comer isso a não ser que seja absolutamente necessário." Os cantos dos olhos dele se apertaram enquanto ele reprimia um sorriso. "Eu vou te levar a um lugar de verdade. Alguma preferência?"
Os olhos de Kurt se arregalaram, sua face muito pálida finalmente começando a recuperar um pouco da cor usual. "Você vai?"
"A não ser que você não queira," Blaine emendou rapidamente, fazendo uma prece silenciosa para quem quer que esteja ouvindo pedindo para que esse não seja o caso.
"Não, não, eu quero," Kurt disse abruptamente, antes que pudesse sequer se preocupar se estava soando muito ansioso; Blaine o agraciou com um sorriso charmoso que fez seu coração pular uma batida.
"Eu estacionei para cá," ele disse, colocando a mão levemente no meio das costas de Kurt para guiá-lo.
Kurt prendeu a respiração com o contato, por mais simples que tenha sido. Talvez por causa do quão simples foi. Ele não conseguia se lembrar da última vez que um cara tinha o tocado tão casualmente. É claro, Mercedes o abraçava o tempo todo, e Brittany andaria de mãos dadas e abraçaria praticamente qualquer um. Mas com caras... isso só nunca tinha acontecido. Finn viviacom ele, pelo amor de Deus, e ele poderia contar o número de vezes que eles tiveram qualquer tipo de contato físico no ultimo mês em uma mão. Mas Blaine... Blaine era diferente. Mais caloroso.
Se ele notou a preocupação de Kurt, ele foi muito educado por não dizer nada além de "Hey, sou eu," enquanto eles alcançavam o carro.
Kurt hesitou, o queixo caindo. "Blaine, isso é uma Ferrari."
Ele corou e baixou o olhar, coçando a nuca desconfortavelmente. "Um. Sim. É sim."
"Caramba,"Kurt soltou sem pensar. "Eu estou meio que com medo de encostar nele."
Blaine levantou a cabeça tão depressa que ficou tonto. Deixar Kurt desconfortável era algo que ele queria evitar a qualquer custo. O garoto se sentia descolocado na própria escola. A última coisa que Blaine queria era fazê-lo se sentir mal porque aconteceu de seus pais terem dinheiro suficiente para dar ao filho uma Ferrari quando ele tirou carteira. (O desespero dele para fazer Kurt se sentir seguro com ele, é claro, significava que ele estava começando a pensar demais em tudo. Ele podia ver Wes e David com as testas franzidas em desaprovação dentro de sua cabeça. O que, na verdade, era um tanto assustador.) "Não, por favor," ele exclamou. "Não fique." A inspiração golpeou de uma vez e ele sorriu afetadamente. "Até porque, você vai ter que enconstar nele. Se você não o fizer, eu vou ter que ir até aí e fazer isso por você." Verdade, ele não conhecia Kurt há muito tempo, mas já tinha visto o suficiente para saber que o garoto era ferozmente independente, e que, por isso, essa provavelmente não seria uma perspectiva muito atraente.
Cor inundou as bochechas de Kurt e ele soltou um meio riso absolutamente adorável. "Eu estou quase tentado a testar você nisso,"ele brincou, mas entrou no carro por vontade própria de qualquer forma. "Você seria o único exemplo de cavalheirismo restante em Ohio."
"Eu teria feito isso e você sabe," Blaine replicou, sorrindo. "Oh, e você pode conectar seu iPod se quiser, ou escolhar uma estação de rádio qualquer." Ele se mexeu no assento desnecessariamente, só para fazer algo. Por alguma razãor (a voz de Wes/Davis que vivia em sua cabeça gargalhou maliciosamente), ele realmente estava se sentindo meio nervoso. O que, de verdade, era simplesmente ridículo. Isso não era nada. Ele só... queria fazer Kurt se sentir melhor. Queria ser um bom amigo, especialmente considerando que o que estava acontecendo era em parte culpa sua. Era só isso. (Cale-se, Wevid.)
"Você tem certeza?" Kurt perguntou, incerto, enrolando o fio do fone de ouvido nos dedos tão apertado que as pontas estavam ficando roxas. "Quero dizer, Eu não quero quebrar nada."
Blaine alcançou as mãos dele e gentilmente desenrolou o fio, tentando não pensar no quão perto isso o trouxe de Kurt; tentando não ler significados inexistentes na respiração levemente rasa e rápida de Kurt; . "Cuidado,"ele murmurou, reunindo coragem (Deus, que irônico) para apertar as mãos de Kurt levemente enquanto liberava o iPod do aperto dele. "Circulação é uma coisa boa."
"Anotado," Kurt afirmou, esperando que não soasse tão sem ar quanto se sentia.
"Você tem certeza de que não se importa com para onde vamos?" Agora que ele estava ocupado conectando o iPod, tendo corretamente chutado que não importava o que ele dissesse, o outro garoto não o faria, Blaine era capaz de pensar claramente o suficiente para articular esses pensamentos.
A voz de Patti LuPone inundou o carro e Blaine assistiu com uma combinação de diversão e admiração enquanto Kurt relaxava visivelmente com o som familiar. "Não, sem preferências."
"Nós provavelmente não deveríamos ir muito longe, huh?" Blaine refletiu, saindo do estacionamento. "O que você tem depois do almoço?"
"Eu tenho um horário livre," Kurt propôs, soando quase esperançoso e sorrindo timidamente.
"Oh! Ótimo!" Blaine sorriu completamente. "David diz que há um lugar ótimo há cerca de vinte minutos daqui, se você não se importer com a distância." Não que, você sabe, ele tenha desesperadamente atormentado todo mundo por ideias de restaurantes na noite anterior nem nada.
"Não me importo de jeito nenhum. Parece ótimo." Vai me manter longe do McKinley por alguns minutos extra e nada mais. Para não mencionar...bem, não. Ele não iria deixar sua mente seguir esse caminho. Ele se permitiu dar outra espiada em Blaine, que estava sorrindo de leve enquanto dirigia.
Eles não estavam na Estrada há muito tempo quando a melodia inicial de "Teenage Dream" tocou através dos alto-falantes. Blaine girou a cabeça apenas o suficiente para notar que Kurt tinha rapidamente se virado para encarar com muita atenção a paisagem pela janela, de forma que Blaine não pudesse ver seu rosto. As próprias bochechas de Blaine queimaram quando ele se lembrou dos comentários desagradáveis de Wes e David (em nada menos que um fórum público) sobre a única razão de Blaine gostar daquela música (que, okay, pode ou não ter muito/tudo a ver com ter conhecido Kurt aquele dia). O outro garoto parecia tão embarassado quanto ele, se não mais, então Blaine decidiu que o melhor a se fazer para dispersar a estranheza seria fingir que ela não existia. Como alternativa, ele abriu a boca e começou a cantar junto, ironicamente bem onde o arranjo dos Warblers que Kurt tinha ouvido no outro dia começava. "Before you met me, I was alright, but things were kinda heavy. You brought me to life. Now every February, you'll be my Valentine."
Kurt sorriu para si mesmo, levantou a cabeça e entrou na música, suave mas audível, tecendo uma melodia em cima da de Blaine que fez o mais velho ter certeza que essa era sua nova música favorita. "Você é fantástico," ele adimitiu sinceramente quando a música acabou. "Os outros me matariam por dizer isso, mas você é um contratenor melhor que o nosso. Estou com um pouco de inveja."
Kurt riu abertamente e Blaine percebeu (enquanto seu coração crepitava hiperativamente com o som) que nunca tinha ouvido a risada dele antes. "Oh, por favor, pare com a adulação. Você mal me ouviu."
"Então cante outra coisa," Blaine provocou, levantando uma sobrancelha. "Eu garanto que não vou mudar de opinião."
"Isto é um desafio, senhor Anderson?" Havia vestígios de uma risada na voz de Kurt, mas seus olhos estavam sérios.
"E se for?" O coração dele ainda estava batendo um tanto rápido demais e ele não conseguia afastar a sensação de que se não pisasse em ovos, ele diria algo estúpido que mandaria esse novo e mais feliz Kurt embora.
Ao invés disso, um absolutamente perverso sorriso surgiu no rosto do outro garoto. "A Rachel Berry que ocasionalmente invade minha cabeça está gritando sobre espiões e me dizendo que isso é uma péssima ideia. E é exatamente por isso que vou cantar."
Ele riu. "Rachel Berry?"
"Nossa solista."
Ele sabia, é claro. Matthews tinha achado o canal no youtube do New Directions assim que receberam a informação das seletivas e o nome da morena baixinha estava em toda parte. Mas admitir que tinham espreitado assim seria completamente arrepiante.
"Eh, que seja," Kurt continuou, franzindo o nariz. "Eu tipicamente evito fazer qualquer coisa que Rachel faria. Além disso, Eu confio em você, então..."
Ele nem sabia como responder a isso. Então, ele apenas fez uma nota mental para analisar depois, esperou até a música começar a tocar e então piscou, surpreso. "Defying Gravity?"
"É a minha favorita," Kurt deu de ombros alegremente.
Demorou menos de um minuto para a opinião de Blaine se confirmar. O garoto tinha a voz de um anjo. Fato. E então...oh, Deus, e então ele chegou ao fim e Blaine esqueceu como respirar. O F maior ressoou, como um sino, claro e absolutamente etéreo, por todo o carro, de alguma forma parecendo durar para sempre e nem de perto longe o suficiente ao mesmo tempo.
E quando acabou...agradecidamente, Blaine tinha de alguma forma conseguido entrar no estacionamento do restaurante e parado em uma vaga com sucesso enquanto Kurt ainda cantava, então ele pôde se jogar contra o encosto do banco, olhos arregalados, e expirar, "Meu Deus, Kurt."
Os olhos dele (hoje mais azuis do que Blaine se lembrava deles serem) estavam grandes. "Então...é."
"Você..." Estupefato, Blaine balançou a cabeça como um cachorro molhado, tentando reganhar a habilidade de pensar com coerência. "Você realmente pensou que iria mudar minha opinião?"
O menor dos sorrisos cruzou os lábios do outro. "Na verdade não."
"Me explique, por que você não canta mais solos ?" Ou, bem, nenhum, a mente sempre solícita de Blaine apontou.
Kurt piscou surpreso pela pergunta e saiu do carro. (Certo. Duh. Não podemos só ficar sentados no estacionamento o dia todo.) "Porque não é assim que Mr. Shue faz as coisas." Ele fez uma careta. "Ele raramente escolhe alguma coisa que realmente combine com a minha voz. Quer dizer, não me entenda mal, eu não quis reclamar. Eu amo o clube glee, mas...você sabe."
"Eu acho que ele deveria estar apresentando seu talento," Blaine protestou calorosamente, instintivamente segurando a porta do restaurante aberta para Kurt. "Contratenores tão bons quanto você são raros, especialemtne no circuito do ensino médio."
"Obrigado." Ele retirou o cabelo da testa inconscientemente.
"Dois, por favor?" Blaine adicionou, piscando para a recepcionista com um sorriso que quase a fez cair e ela correu para pegar para eles os cardápios.
Depois que eles se sentaram (emu ma mesa de canto deliciosamente confortável – realmente devo me lembrar de agradecer ao David depois), a conversa foi retomada. "Eu fiz o teste para o solo de 'Defying Gravity'," Kurt admitiu, brincando com seu cardápio, "quando achamos que íamos apresentá-lo nas seletivas ano passado. Mas eu não consegui."
"Eu duvido que ela tenha sido melhor que você." Blaine falou sem pensar, e quando Kurt sorriu surpreso, ele apenas deu de ombros. "Não era pra isso ter saído. Mas é verdade."
Quando os olhos de Kurt se iluminaram, Blaine não pôde evitar se perguntar com que frequência o garoto era elogiado. Certamente não tanto quanto merecia. "Bem, ela não foi, realmente. Mas... eu desisti da competição. Eu desafinei no fim."
"O que?" As sobrancelhas de Blaine se arquearam. "Por que? Quer dizer, você não tem que me contar se não quiser-"
"Tudo bem," Kurt interrompeu, tomando um pequeno gole de seu copo com água. "Foi-"
"O que vocês vão querer?" uma ruiva baixinha parou na mesa deles, bloco e caneta na mão e claramente alheia à conversa que acabara de interromper. "Bebidas, talvez um aperitivo para começar?"
Blaine olhou para Kurt, silenciosamente indicando que pedisse primeiro. "Água está ótimo."
"O mesmo," Blaine confirmou. "Kurt, você viu algum aperitivo que gostaria ou outra coisa?"
"Ah...não, a não ser que você queria algum?" Na verdade, ele não tinha nem começado a olhar o cardário. Estava aberto na frente dele, intocado, porque ele esteve tão envolvido na conversa com Blaine que se esqueceu completamente da existência do objeto. Oh, ótimo.
"Eu acho que é só isso por enquanto, obrigado," Blaine disse para a mulher polidamente e ela sorriu para ele.
"Okay. Bem, apenas me chamem se um de vocês precisar de alguma coisa. Meu nome é Marianne, a propósito."
"Você estava dizendo?"
"Oh, certo." Kurt mordeu o lábio, traçando desenhos aleatórios no forro de mesa e evitando os olhos de Blaine. "Isso era, um. Mr. Shue já iria dar o solo para a Rachel, porque é o que normalmente acontece, mas como eu disse, 'Defying Gravity' é uma das minhas músicas preferidas, então eu fiquei meio...frustrado. E encurtando uma longa história, meu pai acabou indo à escola para gritar com o senhor Shue por, bem...discriminação. O que não era, na verdade. Mas eu estava chateado e fiz parecer que fosse."
"De qualquer forma, não era justo," Blaine apontou gentilmente, porque Kurt parecia se arrepender de toda a situação e realmente parecia que o director do New Directions estava sendo irrazoável.
"Então eu consegui uma audição," Kurt continuou, aparentemente ignorando a interferência de Blaine. "Nós íamos ter um duelo de divas e eu estava muito empolgado porque eu sabia que tinha chance. Muita gente odeia que Rachel consiga todos os solos e eu sabia que podia cantar tão bem quanto ela. Ou melhor." Ele estava falando no piloto automático agora, apenas deixando as palavras escaparem porque era um alívio poder dizer tudo isso para alguém que entenderia o que tinha sido para ele. Alguém que seria capaz de compreender a escolha que ele fez, que saberia porque ele teve que fazer isso.
"Então meu pai recebeu uma ligação. Eu mal estava me contendo porque estive praticando e sabia que conseguia todas as notas. Então eu cheguei balbuciando sem parar e ele tentou tanto parecer que se importava, que estava feliz por mim. Mas… ele é terrível escondendo sentimentos, especialmente de mim. Eu tenho tomado conta dele há anos, Blaine. Eu sabia que alguma coisa o estava chateando, mesmo que ele tenha tentado não me dizer o que era."
A garçonete reapareceu e Blaine, que estava esperando com a respiração presa pelo resto da história, apenas a mandou embora com o máximo de educação que pôde. " O que aconteceu, Kurt?"
"Alguém ligou enquanto ele estava trabalhando na garagem, disse, 'Seu filho é uma bicha' e desligou." Kurt sacudiu a cabeça. Mesmo agora, tantos meses depois, a memória do rosto machucado e bravo do seu pai o feria tão profundamente quanto da primeira vez. Ele levantou os olhos do ponto em que estavam na mesa e encontrou o olhar firme e de compaixão de Blaine. "Eu não me importo que as pessoas digam isso pra mim. Eu estou acostumado. Eu consigo lidar com isso. Mas o meu pai… ele não consegue. Isso o mata por dentro, Blaine. E eu sabia… se fizesse o teste e ganhasse o solo, as coisas só iriam piorar. Então… eu desisti."
As mãos dele tremiam levemente e Blaine institivamente as cobriu com as prórpias. Kurt estava acostumado com abuso dessa magnitude? Como? Pelo amor de Deus, como as coisas ficaram tão ruins? Será que ninguém prestava atenção no que acontecia naquela escola?
Mas ele apenas respirou fundo e guardou a raiva, porque ele sabia que não era o que Kurt precisava ver agora. "Sabe," ele começou cuidadosamente, sem soltar as mãos do outro garoto, "eu vi que você era forte desde a primeira vez que te vi. E o que você acabou de me contar… prova isso. Você é… incrível, Kurt. Você é inspirador."Era piegas, talvez, mas era tudo o que Blaine podia pensar que demosntrasse pelo menos um pouco da sua emoção.
Mas Kurt balançou a cabeça. "Eu não sou. Não mesmo. É só um jeito de sobreviver, Blaine. Se eu não fosse assim, jamais teria chegado até aqui."
"Não fale assim. Não diminua o que você foi capaz de fazer." Ele se permitiu sorrir um pouco. "Você não percebe… Deus, eu queria ter uma fração da sua froça. Se eu estivesse na sua situação... Eu nunca teria conseguido resistir o quanto você fez. Eu não consegui."
"Ninguém deveria ter que passer por isso."
"Você está certo," ele murmurou, com simpatia.
"Vocês já se decidiram?" O sorriso de Marianne ainda estava firme quando ela voltou à mesa deles.
Kurt desceu os olhos e escolheu a primeira coisa que viu no cardápio.
Blaine fez o pedido e sorriu agradavelmente.
Quando ela saiu, levando os cardápios, o silencio recaiu sobre eles. Blaine se perguntou, incerto, se deveria continuar a conversa ou se seria melhor mudar de assunto, mas acabou que ele não teve que se preocupar em tomar essa decisão. "Podemos parar de dissecar meus problemas?" Kurt perguntou timidamente. "Parece que é a única coisa que a gente faz sempre que se encontra porque eu sempre estou no meio de alguma grande crise pessoal."
"É claro! Me desculpa, eu-"
"Não, não!" Kurt empalideceu. "Deus, eu não quis que soasse assim. Quero dizer... " ele deu uma risada meio depreciativa, "É tão bom poder converser com alguém que entende. Eu acho que acabo me empolgando."
"Eu espero que você não pense que estaja incomodando," Blaine repreendeu severamente. "Porque absolutamente não está. Eu gosto de conversar com você."
"Eu também gosto de conversar com você." Ele riu nervosamente, torcendo o guardanapo em volta dos dedos compulsivamente. "Então nós deveríamos falar de você."
"Oh. Um. O que você gostaria de saber?"
"Qualquer coisa. Qualquer coisa que você queira me contar."
Blaine riu, hesitante. "Eu não sei. Eu realmente não sou tão interessante."
"Para mim é," Kurt confessou, tentando ignorar os batimentos de seu coração. Ele baixou os olhos, corando.
"Hm. Bem, eu sou Blaine Anderson, e gosto de irritar meus colegas de quarto tocando violão incessantemente, de sentir areia molhada nos pés, e literatura clássica. Sou alérgico a gatos (sou mais do tipo que gosta de cachorros, de qualquer forma). E… eu sou realmente, incrivelmente e dolorosamente ruim em Francês." Ele sorriu orgulhosamente e Kurt prontamente explodiu em uma risada.
Ele se dobrou, sem se preocupar em como seu cabelo ficaria, ou se preocupar com o que teria que encarar quando voltasse para o McKinley. Por agora, era mais que suficiente para ele se perder na completa alegria deste momento. Ele ainda estava histérico quando a garçonete chegou com a comida deles, ele fez um grande esforço para se controlar, mas só acabou rindo mais ainda. Ela lançou um olhar estranho para ele e se apressou em sair, o que, é claro, fez Blaine gargalhar também. Quando o acesso deles finalmente diminuiu, Kurt tocou levemente os olhos lacrimejantes, se perguntando se seu estado atual de sorriso permanente iria acabar e decidindo que não dava a mínima. "Whoo, fazia muito tempo que eu não ria assim."
"Feliz em servir," Blaine brincou, experimentando a comida. "Oh meu Deus. Eu acho que David é a minha nova pessoa preferida."
Kurt delicadamente cortou um pedaço de seu sanduiche (algo que David sempre critica impiedosamente com sarcasmo toda vez que Blaine faz) e colocou na boca. Blaine assistiu, tonto, enquanto o garoto fechava os olhos e parecia deliciado. "Oh, wow. Ele definitivamente subiu para o topo da minha lista."
"Quer experimentar o meu?" Virando o prato para que Kurt pudesse pegar um pedaço que sua boca ainda não tinha tocado, Blaine empurrou a comida (Kurt tentou não ficar desapontado).
"Mmm. É, David definitivamente está na lista das minhas 20 pessoas favoritas por ter te falado desse lugar." Os cantos dos olhos dele de enrugaram quando ele sorriu maliciosamente. "Me diverte muito o fato de você gostar da culinária francesa quando reclama ser terrível na língua."
"Eu não acho que você entenda. Eu não reclamo, e terrível não chega nem perto de me descrever. Wes é meu colega nessa aula e ele passa horas tentando enfiar alguma coisa na minha cabeça. E eu continuo sem esperança."
"Eu poderia te ajudar."
"Você fala francês?"
"Eu posso, talvez, ser fluente," Kurt admitiu, oferecendo um pedaço de sanduiche para Blaine, que aceitou, e quase sufocou assim que as palavras de Kurt entraram em seus ouvidos.
"Você é o que?"
"Fluente."
"Está falando sério?"
"Sim, senhor."
Blaine deu o sorriso mais encantador possível (Kurt prontamente esqueceu como se mover). "Aconteceria de você ter um skype, Kurt?"
"Eu tenho. Não consigo imaginar porque você estaria questionando uma coisa dessas, Blaine."
"Certamente não é porque Wes tem se recusado a me ajudar ultimamente e eu tenho medo da minha nota em francês. Além disso, também não teria absolutamente nada a ver com querer falar com você mais frequentemente." E querer ver seu rosto, e ouvir sua voz.
"Certamente não," Kurt ecoou, rindo.Blaine estava quase certo de que seu coração iria explodir com o quão puro e adorável aquele som era. "Mas eu talvez te ache lá depois. Você sabe. À toa."
"Eu devo aceitar você," Blaine respondeu, uma risadinha incontrolável. "Talvez."
"E eu talvez esteja disposto a te ajudar. Se você pedir com jeitinho." Kurt estava meio aturdido com a própria ousadia, principalmente considerando os eventos do dia, mas, para o inferno.
O queixo de Blaine caiu um pouco. Cuidado. CuidadoCuidadoCuidado."Eu acho que sou capaz disso," ele respondeu finalmente.
"Eu tenho certeza que é," Kurt murmurou, quase inaudivelmente. Ele não pôde evitar se perguntar se o outro garoto queria que ele tivesse ouvido. "Hey, você tem alguma outra mini biografia para me dar? Eu ainda me sinto trapaceado."
"Kurt Hummel, Eu tenho certeza de que você é quem está trapaceando. Eu realmente não sei muito sobre você. Eu sei o que você tem enfrentado, mas não conheço você."
"Sabe, sim," o outro garoto protestou, gesticulando largamente. "Você sabe que sou fluente em francês e obcecado com a comida desta cultura – bem feita, a propósito. Você sabe que sou obcecado com Patti LuPone e Wicked e que sou o mais épico comprador de pechinchas de sempre."
"E que você é um péssimo espião," Blaine gracejou.
"É-hey!"
"Kurt, você era literalmente a única pessoa na escola que não estava usando o blazer de Dalton. Era meio óbvio."
"Você é chato," Kurt fez uma careta, mas seus olhos estavam brilhando. "Que seja. Eu não vou ganhar essa, vou?"
"Não, não vai," Blaine respondeu prontamente, sorrindo. "Talvez, nós devessemos apenas concordar que nenhum sabe muito sobre o outro e trabalhar nisso?"
"Eu gosto da ideia."
"Eu também."
A conversa caiu em um silêncio confortável e logo a garçonete já estava vindo com a conta. Kurt deu uma olhadela antes que Blaine a pegasse e começou a procurer a carteira.
"Licença. O que você está fazendo?"
Kurt congelou, a metade da mão dentro do bolso. "Pegando minha carteira?"
Blaine franziu a testa. "Por que?"
"Para... pagar pela minha comida?"
"Você não vai fazer nada disso." Ele estreitou os olhos, fingindo raiva. "A não ser que eu esteja muito enganado, o que eu disse foi, 'Eu vou te pagar um almoço.' O que significa que a sua carteira não em propósito nenhum nessa mesa."
"Blaine, realmente-"
"Kurt," he insistiu, agora fazendo seu mais irresistível beicinho. (Kurt paralisou.) "Por favor me deixa pagar seu almoço? Por favor?"
"Nguh," o outro tentou falar. "Um."
"Eu vou entender isso como um sim!" Animadamente, Blaine enfiou uma nota de cinquenta na aba e fez sinal para a garçonete. "Fique com o troco."
Os olhos dela se arregalaram. "Você tem certeza?"
"Absoluta." Ele olhou o relógio. "Droga. Kurt, está pronto?"
"Você trapaceou!" Kurt acusou de repente, cruzando os braços teimosamente e se recusando a ficar de pé.
"Se é tão importante para você, eu deixo você pagar na próxima vez." Ele bateu as pestanas exageradamente, por dentro pensando que se ele for sortudo o bastante para haver uma próxima vez, certamente ele não vai deixar Kurt pagar.
Próxima vez? A mente de Kurt apreendeu essas duas palavras como um homem afogando agarra um bote salva-vidas. "Cl-Claro," ele gaguejou, se perguntando se era possível que esta tarde toda não tenha passado um um bizarramente vívido e inacreditavelmente fantástico sonho.
"Ótimo. Agora vamos. Eu não quero te meter em problemas."
"Eu não me importo," ele soltou e Blaine riu.
"Eu sim. Eu gostaria que seus amigos não me odiassem por ter te roubado."
Eles nunca te odiariam. Eles sabem o quanto você me faz feliz.
"Oh, muito bom."
A viagem de volta inteira se passou com o iPod de Kurt conectado, cantando o mais alto que podiam, e rápido demais, Blaine já estava estacionando no McKinley e os dois garotos estavam saindo do carro com pesar.
"Muito obrigado pelo almoço. E... por tudo mais." Repentinamente se sentindo tímido de novo, Kurt sorriu para Blaine e agarrou a alça da pasta. "Eu realmente, realmente gostei."
"O prazer foi todo meu," Blaine garantiu a ele. "Quer dizer, eu sei o quanto foi difícil para você confrontar Karofsky, e é claro eu preferia que não tivesse sido necessário, mas eu tenho que admitir... eu fiquei feliz de ter a chance de passar mais tempo com você."
"Eu também." O sorriso de Kurt iluminou seu rosto todo, e Blaine não pôde mais resistir à tentação.
Ele abriu os braços, sorrindo esperançosamente. "Posso pedir um abraço?"
Definitivamente um sonho. De jeito nenhum alguém tão completamente perfeito como Blaine estaria realmente sorrindo tolamente para ele, braços bem abertos e olhos brilhando. E droga, sonho ou não, Kurt iria tirar vantagem deste momento. "É claro." Ele suspirou calmamente, relaxando no abraço do outro garoto. Estar nos braços de Blaine era… quente. Confortável. Parecia… certo. Posso só ficar aqui para sempre?
Blaine riu levemente, e ohmeuDeus Kurt podia sentir a respiração dele na sua nuca e o coração dele batendo contra seu peito e sério, isso era um abraço ou era o paraíso? "Infelizmente, eu acho que você deveria ir para a aula. Não que eu me importe se a gente ficar assim por um tempo." Caramba. Fui longe demais?
Kurt se afastou um pouco, olhos arregalados e em pânico. "Eu disse isso em voz alta, não foi?"
"Sim, você disse," Blaine sorriu de novo. Kurt parecia ter esse efeito sobre ele – ele não se lembrava a última vez que tinha sorrido tanto em apenas algumas horas. E tendo Wes e David como melhores amigos, isso significava muita coisa.
"Oh minha GaGa, me desculpe." Seu rosto ia queimar em chamas. Porque não havia forma nenhuma para ele sobreviver à humilhação com Blaine, elegante, bonito, perfeito Blaine, ente todas as pessoas.
"Não se preocupe com isso. Eu não me importo."
"Bem. Um. Obrigado. De novo." Porque o que mais ele poderia dizer que não acabaria fazendo as coisas ficarem ainda mais constrangedoras?
"Como eu disse-disponha. Além disso, só pra registrar, eu realmente pretendo conversar por skype com você em breve. Só pra você saber."
"Eu ficaria desapontado se você não o fizesse," Kurt replicou, jogando a alça da pasta sobre o ombro e pulando levemente quando o sinal tocou, estridente e desagradável, pelo estacionamento. Droga. "Acho que tenho que ir."
"Eu conversarei com você logo, Kurt."
"Tchau, Blaine."
E aí, o que acharam? :)
