Título: Boys will be Boys
Autora:
Padaporn
Fandom: Padackles; J2
Pairing: Jared/Jensen
Classificação: NC-17 / M
Sumario: A mãe de Jared e o pai de Jensen resolvem casar e os dois meninos são forçados a dividirem a mesma casa e o mesmo quarto. Estaria tudo bem, se Jared não fosse o atleta valentão que faz a vida de Jensen um inferno na escola.

Capitulo 1

Jensen's pov

Meu pai 'tá sorridente e é triste admitir que isso nunca é um bom sinal. Geralmente ele acaba me arrastando pra ver algum replay de algum jogo de beisebol no qual eu não tenho o mínimo interesse – apesar de ele gritar empolgado que a jogada é genial e eu seriamente tentar entender o porquê – ou ele quer me dar alguma notícia como a que ele me deu há quase um ano atrás.

Meu cérebro literalmente parou por alguns sérios segundos quando ele me informou "Eu estou saindo com a Sharon Padalecki e nosso relacionamento está ficando bem sério".

Ele falou como se não fosse nada demais, no meio de um almoço qualquer. E eu quase engasguei porque, bem, porque geralmente quando seu pai fala que está namorando com a mãe do garoto que te tranca dentro dos armários do colégio, rouba a sua mochila e joga comida em você desde que você entrou no colegial, você considera a ideia de ele começar a fazer coisas piores com você, se isso for possível.

Acontece que depois que meu pai e Sharon Padalecki começaram a se ver quase todos os dias da semana, além de me empurrar contra o meu armário, Jared também me olhava com aqueles olhos de quem dizia "Se seu pai machucar a minha mãe, você morre". E Jared é só um cara de quase dois metros com braços bem pesados, então não, eu não tenho medo. Nem um pouco.

Ou seja, quando meu pai sorriu e me disse que queria conversar comigo nessa manhã, eu esperei o pior. Por mais que minha curiosidade estivesse formigando na minha pele, eu não tinha certeza se eu realmente ia querer saber, então eu não insisti em perguntar do que se tratava. Algo me dizia que eu ia descobrir mais cedo do que eu desejava, de qualquer forma.

Mas agora eu meio que prefiro que ele tivesse me dito mais cedo do que ter me trazido aqui.

"Aqui" sendo um restaurante no qual eu tenho que vestir um maldito terno e sentar com Jared Padalecki na minha frente, sorrindo como se ele nunca tivesse jogado refrigerante na minha roupa ou pendurado minha mochila em algum lugar que só ele e o Welling conseguem alcançar.

Se bem que ele até parece decente assim, vestindo um terno ao invés da camisa azul do time de basquete do colégio.

Meu pai e Sharon estão conversando em meio a risadinhas enquanto a gente janta. Eles não fazem ideia do se passa entre eu e Jared porque, bem... Olha pro meu pai, cara. Minha mãe e ele se separaram quando eu ainda era muito pequeno e eu nunca tinha visto alguém fazer ele rir do jeito que a Sharon faz. Então nesses momentos em que eu tenho que dividir uma mesa com Jared, eu só finjo que nós nos damos super bem porque é o mínimo que eu posso fazer. E eu fico feliz que Jared faça o mesmo.

Ao menos desejar a felicidade dos nossos pais é algo que nós temos em comum. Por mais que me pareça meio impossível a ideia de Jared querer o bem de alguém além dele mesmo.

Eu não sei bem por que ele apoia esse relacionamento. Na verdade, ele parece não apoiar muito, mas está bem claro que ele se esforça. O que eu sei sobre ele, é que o pai dele morreu poucos meses depois de ele nascer. E desde então ele mora só com a mãe. Eu não sei de onde ele tirou esse jeito brutamontes de ser, porque a mãe dele era obviamente uma mulher adorável, cheia de sorrisos. Um sorriso tão bonito quanto o do seu filho, com covinhas e tudo.

E eu acho que eu passei muito tempo olhando pro sorriso de Jared enquanto ele tenta ser simpático com meu pai e, oh meu Deus, isso é bem estranho. Porque ele está bem longe de ser legal comigo quando estamos na escola. E porque ele meio que me olhou de relance como quem pergunta "O que você tá olhando?" e eu sei que isso significa que ele vai dar um jeito de sumir com os meus livros amanhã. Até hoje eu não sei o que ele fez com o meu exemplar de O Código da Vinci e eu tive que ver o filme pra saber como a história acabava.

Dan Brown não ficaria muito feliz com seu livro possivelmente acabando no esgoto ou na boca de algum Pastor Alemão. Eu já tinha esperanças de que Jared e seus amiguinhos tenham simplesmente usado o livro como arma pra bater em algum nerd que por sua vez tenha ficado com o livro ou ao menos doado pra biblioteca ou algo assim.

Eu estava perdido nesse pensamento sobre livros e eu estava relativamente longe, meus olhos já desviados dos olhos ameaçadoramente quase-verdes de Jared pro meu prato agora vazio quando meu pai anunciou:

"Então, garotos. Eu e Sharon queríamos esclarecer a vocês o motivo desse jantar."

Eu notei os olhos de Jared tão curiosos quanto os meus quando eu olhei pra ele de relance antes de direcionar minha atenção ao meu pai. Parecem longos segundos os que esperamos até que meu pai dissesse alguma coisa, esperando a aprovação dos olhos de Sharon antes de começar.

"Como vocês sabem, eu e Sharon estamos saindo há um bom tempo agora e temos um relacionamento estável", ele tomou um gole do seu vinho e então continuou, "E no final de semana passado eu, bem... Eu a pedi em casamento".

Casa... O quê?

Eu não disse isso em voz alta, mas meus olhos estavam bem arregalados, eu tenho certeza. Casamento. Aquilo que as pessoas fazem e então elas vão morar juntas e, oh meu Deus, isso não pode estar acontecendo.

Mas meu pai ainda estava falando.

"E eu sei que nós não temos uma casa tão grande assim, mas eu vou começar a reforma pra construir mais um andar na casa, fazer um quarto extra pra que Jared tenha seu próprio quarto..."

Eu tenho quase certeza de que eu vou vomitar. Ou desmaiar. Ou vomitar e desmaiar.

"Mas você não se incomoda de dividir seu quarto com o Jared por um meses, certo, Jensen?"

Dividir. Quarto. Jared. Meses.

Eu estou sentindo o meu sangue abandonar o meu rosto e eu devo estar parado com uma cara de alguém que acabou de ver um fantasma. Coisa que eu ia me tornar quando Jared começasse a morar comigo porque ele ia encontrar uma maneira de me matar.

Eu olhei pra Jared, e eu posso jurar que vi um sorriso macabro no seu rosto. Ele vai enterrar meu corpo no quintal e nunca vão me encontrar.

Eu olhei pra Sharon, ela estava obviamente nervosa e meu pai ainda estava esperando uma resposta.

"Cla-claro", eu gaguejei e isso foi o meu piloto automático respondendo por mim, aquele que se negava a decepcionar as pessoas.

Eu estava gritando por dentro.

A sobremesa veio, Sharon e meu pai estavam fazendo planos pro casamento e ampliar a casa. Sharon ia vender a casa em que ela e Jared moravam pra que eles tivessem dinheiro pra fazer tudo isso. Eu me perguntava silenciosamente se Jared estava ok com isso. Eu o olhei de canto de olho e pelo jeito como sua mandíbula se apertava, eu meio que deduzi que ele não estava.

Ele estava absorto em pensamentos, isso eu podia perceber. E eu não sei por que, mas eu pensei que talvez houvesse um ser humano ali dentro e talvez Jared não fosse uma pessoa tão ruim como ele mostrava ser.

Eles combinaram de começar a mudança depois de amanhã e eu fiz uma nota mental de esconder meus musicais dentro de um cofre ou algo assim.

-J2-

Ok. Eu posso ser gay e tudo. E eu tenho uma queda por dramas e musicais, mas eu não estou nem perto de ser dramático quando me refiro a Jared.

Quando entrei no colegial, eu tinha esse par de jeans meio rasgado que eu comprei pra ir em um festival de bandas que aconteceu aqui no Texas. Eu a considerava minha calça da sorte porque no meio do show do Adam Lambert, eu conheci um cara alguns centímetros mais alto que eu, com uma mecha azul no cabelo castanho. Ele tava com a camisa amarrada no braço e o abdome definido estava descoberto. Nessa época eu não sabia muito bem quem era Adam Lambert e muito menos que ele beijava o baixista no meio dos shows. De repente eu estava rodeado por um monte de pessoas cujo sexo eu não conseguia muito bem identificar. E esse cara da mecha azul perguntou se eu já tinha idade legal pra beber, eu neguei, então ele me comprou uma coca-cola e me roubou o primeiro beijo que eu já tinha dado na vida. Tinha o gosto salgado de suor misturado com Smirnoff Ice e a música era muito alta.

E foi a coisa mais errada que eu já fiz, considerando que até hoje meu pai pensa que eu estava dormindo na casa do Misha. Então a calça era a única prova do crime.

Mas logo na primeira semana de aula, o time de basquete se formou. Não sei por que esportistas tem essa necessidade de serem uns idiotas, mas eles simplesmente são. E a maioria deles fazia parte tanto do time de basquete quanto o de futebol americano, o que os fazia idiotas em dobro.

Eu estava encostado no meu armário quando eu vi o trio azul formado de caras vestindo o uniforme do time da escola. Padalecki, Welling e Murray. Incrível como os caras estavam sempre juntos. E eu tenho que admitir que eles são o tipo de caras que você fica encarando quando eles passam por você no corredor. E as garotas estavam encarando.

E eu estava tentando parecer discreto, dando pequenas olhadelas por detrás dos meus óculos de grau.

Meu grande erro? Estar segurando Harry Potter e a Câmara Secreta nos meus braços.

Assim que Jared bateu os olhos na capa do livro, eu me tornei o nerd que ele infernizaria pro resto da sua vida escolar. A Fanta uva que ele segurava na –enorme -mão direita foi parar no meu jeans favorito e meu livro foi parar dentro de uma das lixeiras do corredor. Eu ainda fui procurar por ele depois, mas nunca o encontrei.

Eu nunca consegui tirar a mancha cor de uva da minha calça e também passei a esconder os meus livros enquanto eu estava na escola.

Outro erro que eu cometi foi estar no banheiro ao mesmo tempo em que o trio estava lá bebendo uma garrafa do que eu reconheci como sendo Vodca. Não deu tempo de saber exatamente a marca da bebida ou qualquer coisa assim porque eles esconderam a garrafa antes de me trancarem em uma das cabines do banheiro. Ao menos isso era melhor do que enfiar minha cabeça no vaso sanitário ou algo assim. Eu até afastei a possibilidade da minha cabeça pra que não houvesse transferência de pensamento e eles não decidissem realmente enfiar a minha cabeça na água.

Eles riram orgulhosos pelo fato de eu estar tentando sair dali de dentro, batendo e chutando a porta da cabine, até que eu desisti e apenas sentei na tampa do vaso sanitário. Eu achava injusto que eles simplesmente pudessem fazer isso comigo, sem receber nenhum tipo de punição. Mas era assim que as coisas funcionavam e não é bem como se eu pudesse mudar.

Fiquei lá sentado com a cabeça encostada na parede atrás de mim, ouvindo eles rirem enquanto bebiam. E de vez em quando eu ouvia algum deles dizer "Tá se masturbando aí dentro, Ackles?" e os outros rirem como se isso fosse alguma piada genial. Eu só ficava surpreso por eles ao menos saberem o meu nome.

Assim que eu ouvi os três saindo, eu procurei pelo meu celular dentro dos meus bolsos, mandando uma mensagem de texto pra Misha. Não muitos minutos depois ele apareceu no banheiro, me destrancando da cabine.

Misha tinha sido meu amigo desde o jardim de infância. Ele é esquisito e fuma substancias que eu nem tenho coragem de perguntar o que são, mas ele é um cara legal. Ele foi a primeira pessoa pra quem eu admiti que meninas não me interessavam muito e ele disse "Tudo bem, cara. Cada qual com seu cada qual, contanto que você esteja feliz e não tente me beijar, a gente tá de boa". E eu lembro que eu joguei uma almofada nele na hora, mas o que eu queria mesmo era abraça-lo.

Então tínhamos sido eu e ele... E Danneel. Que veio sentar com a gente no primeiro ano porque, segundo ela, nós éramos as pessoas estranhas menos estranhas do refeitório. Seja lá o que ela queria dizer com isso. Mas ela usa coturnos e roupas muito escuras e a maquiagem dos olhos é pesadamente preta também. E apesar de ser meio bruta, ela é a única garota que eu conheço que não faz um escândalo se você não reparar no corte de cabelo ou algo assim.

Ninguém mexe diretamente com ela, porque provavelmente o fato de ela ter deixado o olho de uma das líderes de torcida roxo meio que faz as outras meninas temerem por suas maquiagens impecáveis e seus rostos perfeitos. Mas ainda assim nós ouvimos uma coisa maldosa ou outra pelos corredores quando ela passa. Até hoje é um segredo absoluto o que Cindy falou de tão ofensivo que fez ela sair com a marca do punho de Danneel ao redor do olho. Misha perguntou umas duas vezes, mas ela só bufou que "aquela loira burra mereceu" e ninguém mais falou no assunto.

Os garotos não mexiam com ela também, talvez pelo fato de ela ser uma garota. E Misha levava um empurrão uma vez ou outra, mas pelo fato de ele ser o cara que providenciava as bebidas – e acho que algumas outras substancias mais ilegais - pras festas, ele recebia um pouco mais de respeito que eu.

Eu e meus óculos e meus livros. Eu sou um alvo fácil, convenhamos. Então, não. Não estou sendo dramático quando eu penso que Jared é capaz de tornar minha vida um inferno na minha própria casa, além de só na escola. Eu estou sendo realista. E isso porque ele nem sabe do pequeno fato de eu não ser interessado em garotas. Por algum motivo eu comecei a pensar em quando ele começar a trazer líderes de torcida pra casa, e provavelmente começar a dar amassos com elas no meu quarto. E agora meu estômago está revirando e eu não consigo dormir. Saber que Jared estará aqui em alguns dias, dormindo bem ao meu lado me faz pensar que eu vou passar muitos dias sem conseguir pregar o olho, com medo de acordar com minhas pálpebras grudadas com super cola ou algo assim.

Mas uma parte de mim, uma parte bem pequena, tem esperanças de que a gente possa se entender de alguma forma. Se isso sequer for possível.

Continua...

N/a: Capítulo dedicado à minha Raquel, que me ajudou com os detalhes e me deu forças pra escrever.

Essa é minha segunda longfic. Capítulo 2 já está em andamento e eu espero ansiosa pelas reviews de vocês pra poder continuar.

Beijo,
Padaporn.