OLHOS DE ANJO
Ficwriter: Lannyluck
Eu nunca lhe deixarei ir
Você sempre está em minha mente
Você é a única para mim
Você é tudo que eu preciso
E eu nunca vou, nunca lhe deixar ir
(Stellheart – I'll Never Let You Go)
Disclaimer: Os personagens presentes nessa fanfic não são da minha autoria, dando devidos direitos a Masami Kurumada e à Toei Animation. Se fossem meus, muitas cenas na série seriam diferentes!
Cap. I – Ida ao Paraíso
Começo de tarde ensolarado no orfanato em que Minu trabalhava. Seis meses depois do começo do seu relacionamento, a vida para ela tinha outro sentido. Renovara-se em termo de motivação, esperança e autoestima. Ikki dera um novo significado para sua vida e, de verdade, ela sentia-se amada. Retribuía esse amor da melhor maneira que podia e por isso, a imagem de Esmeralda era para Ikki apenas uma doce lembrança que ele nunca esqueceria. Apenas permitira-se amar de novo. Sabia que esse seria o desejo de Esmeralda.
E naquele final da manhã, Minu corria atrás de um menino rebelde que chegara ao orfanato em menos de um mês. Era uma criança difícil de lidar. Possuía um gênio forte e sempre estava brigando com os outros órfãos. Minu e Eiri tentavam ajudá-lo como podiam, mas o trabalho era árduo. Naquele momento, ele fugia de Minu, que queria levá-lo para almoçar.
O menino corria velozmente na sua frente e Minu fazia um esforço hercúleo para alcançá-lo. Quando quase o consegui, o menino conseguiu escapar. Metros distante, ele parou, colocou as mãos ao lado do rosto, sacudiu os dedos e debochou:
- Não me pega! Não me pega!
- Volte aqui, Hikaru!
Minu apenas continuava a correr. Corria em desatino, enganando seu próprio cansaço. No entanto, na pressa, não viu pelo caminho um brinquedo masculino que a fez tropeçar e cair.
De longe, Hikaru viu a queda. Parou de correr e, rindo alto, disse:
- Você é muito lerda!
Cansada do trabalho que o menino vinha dando, Minu ficou sentada no chão, chorando de dor e de tristeza.
"Hikaru..."
Segundos depois, ouviu, ao longe, a voz do garoto gritar "Me solta! Me põe no chão, seu idiota!" Era Ikki que se aproximava, carregando o menino nos ombros.
- Só vou soltar se você pedir desculpas para a Minu!
O menino se debatia, sem sucesso.
- Não vou!
- Então não vai pro chão!
- Ikki, solte-o. - Interveio Minu, ainda sentada no chão. - Ele não precisa pedir desculpas...
- Claro que precisa, Minu! Onde já se viu? Você dá todo o amor possível para essas crianças e é assim que esse moleque retribui? Eu não aceito! Vamos, pivete! Se quiser ir pro chão, peça desculpas a Minu!
- Tá bom! Mas me põe no chão primeiro! - Hikaru continuava se debatendo.
- Você acha que eu nasci ontem? Anda, peça desculpa de uma vez porque minha paciência é curta!
- Des... culpa! - Rendeu-se o menino, de má vontade.
Não satisfeito, Ikki deu meia volta e deixou o menino de frente para Minu.
- Olhando pra ela!
Contrariado, o órfão levantou os olhos para Minu e pediu:
- Desculpa!
- Você aceita essa desculpa, Minu?
- Claro que sim. - Minu esforçou-se para sorrir.
- Muito bem.
Satisfeito, Ikki colocou Hikaru no chão. O menino disparou para dentro do orfanato.
A sós com a namorada, Ikki estendeu a mão para ela. Minu a segurou e, de pé, permitiu que Ikki a abraçasse.
- Esse menino novo tem dado muito trabalho, não? - Perguntou Ikki,
- Sim. A assistente social disse que ele tem muitos problemas psicológicos.
- Devido a que?
- Parece que o pai era alcoólatra, agredia a mãe e a ele também. Ambos morreram num acidente de carro e nenhum parente quis assumir o Hikaru. Por isso esse temperamento forte.
- Será um longo trabalho pela frente, mas acredito que você e a Eiri tenham preparo o suficiente para lidar com esse tipo de criança. Sabe que podem contar comigo, não é?
- Eu sei. - Sorrindo, Minu lhe deu um beijo rápido. - Mas a verdade, Ikki, é que eu estou muito cansada.
- Percebi isso. - ele afastou-a por um momento e olhou sério em seus olhos. - Minu, não adianta querer continuar sendo forte quando já não se tem forças. O que eu digo seria proibido no campo de batalha, pro Seiya que o diga...
Ambos riram com o último comentário.
- Mas durante uma batalha, nossos maiores inimigos são os deuses que querem ameaçar nosso bem-estar. Fora dele, ao resistirmos tanto, nós mesmo nos tornamos nossos inimigos, pois não reconhecemos nossos limites e travamos uma autobatalha interminável. Aceite que você precisa descansar e se refazer.
Minu ficou encantada com a sabedoria de Ikki. Sabia que aquela postura de rapaz sisudo e eventualmente sacana era só uma faceta ínfima que aparecia em momentos de defesa do rapaz, talvez para esconder quem ele era de verdade.
- Como, Ikki? Eu preciso trabalhar. Foi a profissão que escolhi e o que me restou fazer...
- Não estou falando para você deixar de trabalhar, querida. Apenas para descansar.
- Eu bem que gostaria. Mas não sei se a dona do orfanato deixaria...
- Esqueceu que a dona agora é a Saori? Você acha que, se relatando tudo isso, ela não te daria uns dias de férias?
Minu abaixou os olhos para não encará-lo. Apesar de não encarar mais Saori como uma rival, existia ainda uma distância grande entre ambas e agora Minu a encarava como uma patroa.
- Não sei. Prefiro não arriscar.
- Deixe isso comigo. Por agora, só arrume suas coisas para viajarmos amanhã.
O pedido a pegou de surpresa.
- Viajar? Para onde?
- Para Rozan. Foi um convite de Shiryu e Shunrei.
Os olhos de Minu brilharam. Por alguns instantes ela devaneou, mas logo a realidade a chamou de novo.
- Eu adoraria conhecer. A Shunrei fala tão bem do lugar que mora... Mas eu realmente não posso, Ikki.
- Já falei para deixar comigo. Arrume suas coisas que amanhã iremos no final da tarde com o helicóptero da fundação.
- Ikki...
Ikki segurou-lhe o rosto e, com delicadeza, aproximou-o do seu:
- Minha teimosinha, confie em mim!
Minu respondeu apenas com um sorriso.
Algumas horas se passaram. Ikki passou a tarde brincando com as crianças do orfanato e tentava, aos poucos, aproximar-se de Hikaru, ganhando-lhe a confiança. Ambos tinham gênio parecido e Ikki lembrava-se de sua própria infância.
No final da tarde, ao despedir-se de Minu, deu-lhe o último aviso:
- Ponha na mala roupas suficiente para um mês e não se esqueça dos trajes de banho, tá?
No dia seguinte no começo da tarde, Minu colocava as crianças para almoçar enquanto tentava lidar com o alvoroço que elas faziam.
"Ai, Ikki, como eu queria acreditar no que você falou... ir para a China não seria nada mal..."
Enquanto as crianças disputavam lugares na fila, Eiri apareceu na cozinha junto com uma visita.
- Minu, o Ikki chegou.
- Boa tarde, molecada! - Disse Ikki. - Boa tarde, meu amor.
- Boa tarde, tio Ikki!
Um pouco isolado do restante do grupo, o menino dia anterior falou:
- Agora você mora aqui, é?
- Hikaru! - Eiri repreendeu-o pela atitude.
- Ainda não. Mas olha que eu venho morar e não divido mais a Minu com ninguém!
- Huuuum! - Exclamaram as crianças em uníssono.
- Bom, crianças, formem logo a fila para servirem-se e sentem-se com modos!
As crianças enfileiraram-se diante da bancada de comida e as duas moças responsáveis pela cozinha - algo que Saori trouxe de novo ao orfanato - os serviam. Eiri foi ajudá-los e Ikki aproximou-se de Minu.
- Já arrumou suas coisas?
- Não. - A resposta de Minu foi seca para esconder seu desagrado com o que acreditava ser brincadeira.
- Droga, Minu! Assim vamos nos atrasar. Eu já vim com a mala pronta! Por que você não arrumou?
- Porque eu achei que era uma brincadeira sua! - Minu começava a ficar sinceramente arrependida por não ter acreditado em Ikki.
O japonês afastou-se rapidamente, chateado com a falta de confiança de Minu. De costas, respondeu:
- Eu sei que sou um otário, mas nunca ia brincar assim com você.
A reação dele só fez o coração de Minu se apertar mais.
- Me desculpe. O erro foi meu.
- Se quer mesmo ser desculpada, arrume suas coisas bem rápido. Aproveite que as crianças estão almoçando.
- Mas Ikki! Como eu vou viajar e deixar a Eiri sozinha?
- Quem disse que ela vai ficar sozinha? Já tem uma moça contratada para cobrir as suas férias
Animada, Minu aproximou-se de Ikki e tocou-lhe as costas.
- Tudo bem, senhor resolve tudo! Vou arrumar minhas coisas.
Ikki apenas sorriu. Não estava chateado pelo simples fato de que não conseguia se chatear com ela. Enquanto ela arrumava sua bagagem, a esperava na cozinha e almoçava com as crianças.
Vinte minutos depois, Minu voltou com uma mala razoavelmente cheia, que não passou despercebida pelas crianças. Mimiko foi a primeira a se manifestar:
- Tia Minu, por que você está com essa mala? Você vai embora?
Chorosa, a pequena levantou-se e correu para abraçar a funcionária do orfanato. Minu retribuiu o abraço e falou:
- Não, minha querida. Vou apenas tirar umas férias, mas logo estou de volta.
- Ah, não! Quero que você fique!
- A tia precisa descansar um pouco, Mimiko. Mas vai passar rápido, eu prometo.
- Promete mesmo?
Beijando a testinha da menina, Minu respondeu:
- Prometo.
Tentando conformar-se, Mimiko voltou para seu lugar ao lado de Ikki. Este levantou-se e comunicou:
- É isso mesmo, garotada. Vou roubar a Minu por uns dias e amanhã chega uma tia nova para ajudar.
- Ei! - Makoto levantou-se do banco e elevou a voz: - Nós queremos viajar também!
- Vou falar com Shiryu e Shunrei para saber se um dia podemos fazer uma excursão pra lá!
- Ah, claro que eles deixam! Imagina só comer os doces da tia Shunrei todos os dias!
- Ia ser muito legal! - Foi a vez de Akira levantar-se e intervir. - Lá tem montanhas e cachoeira! Eu quero ir!
- Então nós vamos! - Respondeu Ikki.
A proposta deixou as crianças extasiadas. Comemoravam e comentavam sobre o local a conhecer enquanto comiam. Os três mais velhos entreolharam-se e sorriram.
Eiri aproximou-se de Minu e falou:
- Amiga, vai com Deus e se divirta. Dê um abraço na Shunrei por mim e fale que realmente vou visitá-la no mês que vem.
- Pode deixar. E se precisar, me chame!
- A única coisa que quero é que você se divirta!
As horas passaram-se. No final da tarde, mais precisamente às 17 horas, Ikki e Minu já estavam lado a lado dentro do helicóptero cedido pela fundação.
Ikki olhava o infinito pela janela, com a mão dada à de Minu enquanto esta estava com a cabeça deitada em seu peito. Cansado de olhar o céu, voltou-se para a amada e beijou-lhe os cabelos.
- Prepare-se para viver os dias mais lindos da sua vida.
- Eu já vivo desde que você me pediu em namoro.
Continua...
Oi, pessoal! Nossa, nem acredito que escrevi mais uma fanfic desse casal! Como eu nisso lá em cima, é uma continuação da que eu escrevi no summary e até poderia colocar como um segundo capítulo daquela, mas como, a meu ver, essa fanfic ganha um outro teor, eu preferi colocá-la como fanfic nova.
Se esse capítulo ficou morninho, não se preocupem. O próximo vai ser beem quente. Hehehe. Obrigada a quem acompanhou a anterior e espero que goste dessa também, junto com o próximo capítulo que virá!
Ps: obrigada a minha amiga Alana que sempre me ajuda na escrita das fics. ;)
