N.A.: Olá! :) Sim, eu sei que preciso acabar Ladrão de Sorrisos, eu acho errado manter fics não terminadas, mas eu escrever alguma coisa para Hetalia era... preciso, sim

Planejados para essa fic, tenho seis capítulos, contando com esse. Um deles está meio incerto, não acho que vou conseguir escrever... O último capítulo será postado em torno do Natal. Até lá, tenho dois meses de adorável férias, então temos um prazo razoável para escrever :)

Avisos: Essa fic contém slash/yaoi. Nenhum personagem dessa história equivale realmente aos países atuais (apesar de suas aulas de História e Geografia nunca mais serem as mesmas).


С Рождеством

Priecīgus Ziemassvētkus

Em uma manhã de dezembro de 1940, aconchegando o cachecol mais próximo do pescoço, Finlândia entra na cozinha de sua casa, onde vários duendes corriam para lá e para cá arrumando pacotes coloridos. Um deles lhe entregou um copo de chá quente. Ainda confuso de sono, ele olhou o calendário.

- Hah, sabem que dia é hoje? - ele perguntou entusiasmado - 24 de dezembro! É véspera do Natal! Hoje é o grande dia, pessoal, precisamos nos arrumar. Você, tire o trenó da garagem. Você, sele as renas. E você, pegue minha roupa vermelha.

Os duendes se entreolham e continuam a fazer suas tarefas.

Enquanto se trocava, Finlândia falava para ninguém em especial, como fazem as pessoas empolgadas com alguma coisa, como se não se conseguissem se controlar.

- Ah, como eu amo o Natal! Uma data especial! Especialmente neste ano. Vou tentar trazer alguma felicidade e paz para os países em guerra.

Uma hora depois ele já estava voando, os duendes acenando satisfeitos pareciam minúsculos pontos verdes no meio da neve. Ele checa o relógio: ainda faltavam 8 horas para a meia-noite. Ótimo. Puxa um mapa do bolso, o observa por alguns minutos e traça sua rota; comanda as renas:

- Primeira parada: Moscou!

- Rússia -

Finlândia escorrega habilmente pela chaminé da casa da Rússia, onde sabia que os países soviéticos estavam reunidos comemorando o Natal. De seu saco de presentes, tira seis pacotes: um para o Rússia, um para a Bielorússia, outro para a Ucrânia, três para Lituânia, Letônia e Estônia.

Já ia saindo quando ouve uma conversa agitada no cômodo ao lado, que mais parecia uma discussão do que uma festa de fim de ano. "Talvez tenham ouvido minha chegada", pensou preocupado, mas logo descartou a ideia pensando na prática que adquiriu nos inúmeros anos em que entregava presentes. A curiosidade pela União Soviética falou mais alto que a pressa e se juntou à porta para ouvir a conversa.

- Eu cansei dessa vida! Não quero mais morar na mesma casa do Rússia, ele é assustador! - Letônia choramingava.

- Apenas pelo medo ele nos impede de fugir dessa casa. - Estônia refletiu com pose de inteligente.

- É muita pressão, sempre falar o que o agrada. Eu nunca consigo fazer a coisa certa! E depois, com a maior falsidade, ele bate amigavelmente na minha cabeça, me esmagando ao mesmo tempo...

- Se você falasse menos, Letônia, você erraria menos! - Letônia reclamou - De onde veio a ideia brilhante de perguntar se as festas de natal nos EUA são tão divertidas quanto as nossas? Eu já não te disse que o nome Alfred é proibido nessa casa?

- Eu, eu, eu vou me aliar ao Alemanha, qualquer coisa é melhor que isso! - Letônia sugeriu num assalto de desespero.

- Você é louco? - Lituânia gritou logo em seguida.

- Ele é assustador do mesmo jeito. - confirmou o Estônia.

- Como assim? O Itália parece estar feliz como aliado dele.

Lituânia e Estônia trocaram um olhar atrapalhado, mas nada comentaram.

Letônia secou as lágrimas dos cantos dos olhos.

- Estou lá fora. Avisem o Rússia que... é costume na Letônia passar o Natal ao ar livre, vendo as estrelas. E voltem para a sala, depressa. Ele já deve estar desconfiando onde nós fomos. E também, tenho medo do que pode acontecer quando a Bielorússia e o senhor Rússia estão no mesmo quarto...

Finlândia se escondeu nas sombras enquanto o pequeno Letônia passava, indo para o quintal nevado. Foi quando sentiu uma respiração bem atrás de si. Congelou de medo. Olhou lentamente para trás, já suspeitando que fora descoberto. "É o fim do Natal de 1940", pensou quando deu de cara com o Rússia e seu sorriso cínico.

Finlândia já pensava desesperado o que fariam seus duendes quando ele não chegasse na manhã seguinte, mas Rússia se limitou a colocar um dedo sobre a boca em um sinal para que ficasse quieto, deu uma tapinha em sua cabeça - que seria amigável se não tivesse sido dado com tanta força - e seguiu para o quintal. "Vai entender...", Finlândia pensou.

Ele se aproximou vagarosamente da porta dos fundos.

Letônia havia se sentado perto de uma árvore sem folhas. Abraçava os joelhos contra o peito e olhava para frente, pensando. Ao perceber que o Rússia se agachava ao seu lado, começou a tremer sem parar, seus olhos arregalados de pânico.

- Calma. - Rússia colocou uma mão sobre seu braço, o que não ajudou em nada no pavor de Letônia, que já ameaçava chorar. Ele deve ter percebido isso, pois recuou a mão e a recolocou no bolso do casaco.

- Senhor Rússia, por favor, não pense que eu prefiro o América a você. Eu o admiro muito... - Letônia falou com um fiapo de voz.

Rússia pareceu não ouvir o pedido de desculpas, já que nada respondeu durante alguns minutos. Ele apenas olhava para o pequeno com uma expressão pensativa.

- Letônia, eu estou me sentindo muito sozinho.

- Sozinho...? - ele hesitou.

- Eu nunca me senti assim. Nem deveria, é estranho. Sempre tive minhas irmãs a meu lado. Apesar de elas serem um pouco... - ele franziu o rosto - ...difíceis, eu adorava seu carinho e apoio. Mas desde que criei a União Soviética sinto que eu sempre estive sozinho, como se a bondade que elas sempre me deram nunca tivesse sido, assim, a coisa mais especial do mundo. Eu descobri que sempre senti falta de algo, mas não percebia. Continuo gostando delas, mas aprendi a lidar com essas duas coisas ao mesmo tempo.

- E o que você descobriu? - Letônia estava verdadeiramente curioso. Com sua inocência, claro que ainda não fazia ideia do que Rússia estava falando.

- Acho que isso é o que os ocidentais chamam de amor. - Rússia falou com ar de dúvida.

Letônia levantou as sobrancelhas, atônito.

- Você é tão jovem - Rússia sorriu. Colocou uma mão sobre a cabeça dele e bagunçou seus cabelos, agora suavemente. - Nunca percebeu que entre os Bálticos eu sempre preferi você? Eu te assusto porque esse é o único jeito que encontrei para manter você comigo. E além do que, amedrontar é muito divertido. - ele completou com uma gargalhada um tanto sinistra.

- Senhor Rússia - Letônia não sabia bem o que dizer. A única palavra que surgiu não era muito comum para ele, mas era a mais sincera - Obrigado.

O vento passa congelante e os dois não falaram nada. Um tranquilo sossego. Letônia levanta o olhar e se atreve a mirar nos olhos roxos de Rússia. Parecia que queria perguntar algo, ou talvez procurava respostas.

- Sim? - Rússia se antecipa animado.

- Está frio aqui. - Letônia se limita a dizer e espera que ele entenda.

- Hum, você tem que beber um pouco de vodca, costuma aquecer bastante. - Rússia aconselha.

Ele passa com todo o cuidado um braço por sob as pernas de Letônia, enquanto o outro atravessa sua cintura. Sem o mínimo esforço aparente, Rússia o levanta e o coloca gentilmente em seu colo, apertando-o contra o peito.

- Mas acho que isso basta, não? - Rússia levanta a cabeça do pequeno com um dedo, autoritariamente esperando uma resposta.

Letônia suspira. Ele não mais sentia medo, mas ainda assim duvidava.

- Ivan...

Rússia encerrou discussões dando-lhe um pequeno beijo.

Envergonhado, Letônia escondeu o rosto entre os cabelos prateados do outro.

- Raivis - Rússia dizia no seu ouvido enquanto afagava seus cabelos - Você promete que nunca vai me deixar sozinho? Promete que sempre vai estar aqui?

- Sim... Senhor.

Veio outra longa pausa. Os dois continuaram no meio do quintal mesmo quando os primeiros flocos de neve começaram a cair. Até que Letônia fala baixinho, se desvencilhando acanhado dos braços de Rússia:

- Acho que temos que ir.

E fez menção de se levantar.

- Ah, Letônia, eu não estou com a mínima vontade. - Rússia diz.

Alegremente, ele enrola seu cachecol em torno do braço de Letônia e o puxa, levando o pequeno a cair no chão.

- A neve é macia, Letônia, não se preocupe.

- Ai, da última vez que pensou isso, senhor, você quebrou uma porção de ossos.

Rússia se preocupava em distribuir beijos no seu rosto e não se preocupou com aquela insubordinação. Letônia fechou os olhos e forçou-se a ser tão despreocupado quanto ele. Descobriu-se enlaçando seus braços, ainda que timidamente, em torno do pescoço do Rússia, enquanto ele se ocupava um pouco mais demoradamente com a sua boca. Numa última tentativa de fazer a coisa certa, perguntou:

- Isso não parece correto, senhor Rússia. O que a União vai pensar? E se alguém descobrir a gente aqui?

- Quem dita as regras da União Soviética sou eu, Letônia. E a única pessoa que pode vir até esse quintal é o Finlândia chegando com os presentes de Natal. E acredite, ele não vai ficar nem um pouco aborrecido.

"Ahm, acho que devo ir", Finlândia pensou, entendendo o aviso.

Ele se virou para ir embora, deixando Rússia e Letônia nas estrelas.


N.A.: Capítulo para a Ana, que ama RússiaxLetônia. Ela foi a principal responsável do Rússia ter virado esse cowboy de cachecol (ou melhor, vaqueiro, cowboy é muito americano). Para se ter ideia, no meu rascunho original só tinha um abraço ._.
Segundo o Google Tradutor, o título desse capítulo é "Feliz Natal" em russo e letão, respectivamente.
Próxima parada: Áustria!
Até, Rosicleide.