O sol nascera a pouco, iluminando seus cabelos dourados espalhados sobre o travesseiro. Natsume Maya encolhia-se mais sobre a cama já sabendo que estava na hora de se levantar. Pensar que teria de viver novamente a vida corrida de uma colegial aguçava mais sua vontade de continuar deitada. No entanto, seu pai a forçara a sair da cama quando bateu na porta de seu quarto para lhe dar bom dia. Maya correu para o banho sem demora. Odiava que o pai entrasse em seu quarto.

Vestiu seu novo uniforme escolar um pouco entediada. Aquela era a terceira vez que vestia o uniforme de um colégio diferente. Porém, esperava que fosse a última. Além disso, seu pai finalmente havia encontrado um emprego que garantiria conviver num lugar fixo. Partiu os cabelos ao meio, deixando-os soltos e na forma de seu corte. Maya não gostava de se maquilar. Acreditava que a beleza natural era a mais bela de todas. Não demorou a descer as escadas e fazer o desjejum. Adorava comer os bolinhos que seu pai preparava todas as manhãs. Era uma pena nunca ter conseguido um emprego que atendesse tal habilidade. Natsume Kenji tivera de interromper os estudos e procurar algum emprego ainda jovem quando soubera que sua namorada estava grávida de Maya.

— Querida, fiz uns bolinhos extras para levar hoje. — Kenji entregou uma pequena marmita à filha com um sorriso saudável.

— Não vem dando uma de bom pai para cima de mim, cara! — Maya o olhava de esguelha. — Não estou nem um pouco contente em estudar em um colégio de gente esnobe. Além disso, tenho que usar esse uniforme todo arrumadinho que deixa minhas pernas a amostra. Odeio saias rodadas!

— Ora filha, você conseguiu uma bolsa integral num colégio super-priveilegiado. Sairá de lá com um bom currículo.

Maya o olhou cinicamente e com o cenho franzido:

— Foi pura sorte. Chutei todas as questões em múltipla escolha. E isso tudo porque eu não queria passar.

Seu pai se aproximou surpreendendo-a com um abraço caloroso.

— Tenho certeza de que sua mãe deve estar orgulhosa de você, querida.

Ela retribuiu o abraço com os olhos marejados. Sua mãe morrera no dia de seu aniversário, atropelada por um carro em alta velocidade. Desde então prometera a si própria que faria de tudo para mostrar que era uma boa filha. Ou quase isso.

Logo que chegou à rua de seu novo colégio apavorou-se com a cena de um garoto sendo pisoteado por um grupo de seis garotos. Sentira que deveria ajudá-lo, porém prometera ao pai tentar não arrumar problemas. Estava tão distraída olhando tal impunidade que não percebera que andava sem olhar sua a frente. Em poucos segundos trombou com uma garota com o cabelo loiro preso em rabo de cavalo.

— Me desculpe! Não me vi. — disse Maya de forma enrolada.

— Você não ME viu garota! — a garota encarou Maya com desdém e logo se retirou jogando os cabelos para o lado.

Maya arqueou a sobrancelha um tanto confusa. Com certeza seria perturbada por seus novos companheiros de classe. Antes de continuar sua caminhada, olhou novamente para trás e viu o mesmo grupo continuando a espancar o garoto. Lutava contra seu senso de justiça, porém ele era mais forte. Andou calmamente até eles. Todos pararam de atacar o pobre coitado que se encontrava ao chão completamente desacordado.

— Uuuh! Vejam o que temos aqui, rapazes! — disse um jovem de cabelos castanhos e arrepiados. — Por acaso é algum presentinho do chefe? Eu adoro uma loirinha, sabia?

Ela percebeu o olhar nada discreto com que ele a olhava, principalmente para suas pernas. Maya nada disse. Observara que eles tinham gravatas vermelhas, diferentes da sua que era azul. Então, o mesmo garoto ameaçou puxá-la pelo braço. Maya deu um passo para trás e retornou a frente atingindo-lhe com uma cotovelada na cabeça. Não calculara a intensidade de seu golpe, pois o garoto caíra desmaiado ao chão.

— Hei! Kiba! Acorde! Acorde! — os demais gritavam.

Então, o sinal soou deixando todos preocupados. Maya fora a primeira a correr. Seria um ótimo castigo chegar atrasada no primeiro dia por ter desobedecido ao pai. Quando alcançou o saguão a única coisa que conseguira ver fora a classe em que estava. O acesso ao corredor estava bloqueado por um homem pequeno e magro que tinha na camisa escrito inspetor em preto. Suspirou admitindo sua derrota. O pátio estava vazio. Os corredores também. Ficar ali sentada em um dos bancos esperando a próxima aula não a agradaria. Como não tivera a oportunidade de conhecer seu novo colégio no qual nem o nome conhecia, seria uma ótima idéia fazê-lo, mesmo não podendo alcançar os demais andares. O colégio não era como ela havia imaginado: um prédio com aquela arquitetura clássica e uma escada banhada em ouro. Não. Era apenas um prédio moderno com pouca diferença em sua arquitetura, no entanto possuía um jardim divino. Com grande extensão, mesas e um chafariz gigante. Uma pena não tê-lo percebido quando estava correndo. Maya seguiu um pequeno caminho onde ficavam as flores do jardim e chegou a um lugar que possuía algumas árvores que distribuíam a beleza de suas folhas.

— Aqui parece um ótimo local para eu comer os... — assustou-se ao ver um jovem de cabelos vermelhos sentado na grama parecendo estar meditando. — Acho que nem aqui vou ter total privacidade. — Seu estômago deu uma enorme roncada deixando-a encabulada.

O jovem abriu os olhos e a encarou seriamente. Ela olhou-o, sem graça.

— Puxa vida! Acho que meu estômago precisa ingerir mais substâncias orgânicas. — Maya mostrou um pequeno sorriso sem graça e logo abriu a mochila e pegou sua marmita. — Hei! Você também quer? — ofereceu-lhe um de seus bolinhos.

O jovem continuou a fita-la seriamente, deixando-a mais incomodada. Além disso, odiava que ficassem a observando sem modéstia alguma. Não demorou em deixar transparecer seu desgosto. Com certeza ele devia ser mais um dos ricos medíocres daquele lugar. Percebera também que o jovem usava uma gravata preta. Ficara curiosa, porém sua ira falara mais alto:

— Hei! Tem com algum problema comigo? — questionou de modo autoritário. — Estou oferecendo um de meus deliciosos bolinhos e você fica me olhando com essa cara de esnobe! — ela se aproximou dele, deixando-o surpreso.

— Afaste-se por gentileza. Está me atrapalhando.

— Como é? — questionou indignada.

Então, tinha certeza ao tipo de pessoa que era aquele garoto. Mais um "riquinho de merda". Começou a contar de um a dez consecutivamente em pequenos murmúrios. Ao vê-la com os punhos cerrados, imaginou que fosse acertá-lo com um murro. Contudo, afastou-se dele rumando na direção do ginásio da instituição. Ficara tão concentra nos números para ficar mais calma que acabou se esquecendo a marmita sobre o gramado.

O som de gritos masculinos aumentava à medida que se aproximava das arquibancadas do ginásio. Um grupo de garotos jogava futebol de salão supervisionado por um homem que aparentava ser o técnico. Não estava atenta a partida, mas sim aos seus pensamentos. Imaginava como conseguiria conviver junto de pessoas com um outro nível. Seria tratada com a mesma arrogância daquela garota loira na hora da entrada? Ou até mesmo com a indiferença daquele garoto ruivo esquisito? E os trabalhos em grupo...? Tantas preocupações circulavam em sua mente, no entanto jamais deixaria de ser quem era. Natsume Maya sempre fora orgulhosa e com certeza não deixaria que fizessem pouco de si por ser pobre.

Gritos eufóricos a fizeram voltar a si e dirigir sua atenção ao andar debaixo. Havia um garoto com cabelos loiros berrando assiduamente.

— Juiz ladrão! Porrada é solução! Ladrão!

— Hei! Moleque! Dá pra calar a boca!

O jovem voltou o rosto para ela demonstrando uma careta:

— Tá incomodada? Desce aqui! — ele falou mais alto.

Em menos de um minuto, Maya jogou-se em cima dele e puxou suas orelhas.

— Eu desci. E aí?

— Solta! Minhas orelhas! Solta!

— Vai parar de berrar? — olhou-o séria

Ele meneou a cabeça com os olhos marejados.

Maya o soltou ficando de pé. Ele a olhou parecendo admirado. Então, começou a rir, deixando-a confusa.

— Garoto, você tem algum problema mental?

— Não sei. — respondeu mostrando um sorriso no canto da boca. — Minha avó diz que sou hiperativo, mas não é por isso que estou contente!

Ele a olhava de uma forma estranha e até perigosa. Maya ameaçou ir afastar-se, no entanto ele a segurou, ainda sorrindo.

— Quer parar com isso! Não sei o que é tão engraçado!

— Você! — ele respondeu eufórico. — Você é um presente divino! Entende?

Ela arqueou a sobrancelha imaginando o que ele queria.

— Não estou interessada em sair com você! — disse amargamente.

O sorriso se desfez nos lábios do jovem. Porém para surpresa dela, ele colocou as mãos em seus ombros e a encarou sério.

— Quem... Quem disse que eu tô querendo sair com você! — ele a sacudiu com força. — Não que fosse ruim. — ele a soltou. — Fique sabendo que eu já tenho minha cara-metade! É claro que ela também é bonita. Tem uma delicadeza que me deixa empolgado. O brilho do cabelo dela me deixa cego. O sorriso dela me fascina...

Maya olhava para ele, inerte. Ele devia ter algum tipo de problema de cabeça, o qual não conhecia.

— Eu falei que os olhos dela ficam mais atraentes à noite?

— Não me interessa saber quem é essa aí!

— Não precisa ficar com ciúmes. Você é tão bonita quanto ela.

Maya puxou-o pelo colarinho com o cenho franzido e olhos fixos nele.

— Se não falar o que ia dizer a meu respeito vai se arrepender.

— Calminha aí, girl! Meu nome é Uzumaki Naruto. Qual o seu?

Deixando-o livre, respondeu irritada:

— Natsume Maya. Pode me chamar pelo primeiro nome. Odeio formalidades.

— Somos dois. — ele sorriu. — Deu pra perceber que você seria uma ótima companheira de combate. O que acha?

— Companheira de combate? — indagou confusa.

— Eu e você! Você e eu! A gente vai limpar esse colégio. Vamos acabar com o Tora e o Washi.

— Tora e Washi? — continuava confusa.

Naruto suspirou desanimado.

— É uma longa história. Mas vou resumir: O Tora e o Washi são as gangues rivais da Toudou. Você deve ter percebido que há estudantes com gravatas vermelhas e estudantes com gravatas pretas.

Maya lembrou-se de mais cedo ter visto um grupo de garotos com gravatas vermelhas e o garoto ruivo com uma gravata preta. Pelo olhar absorto que demonstrava, Naruto percebeu que podia prosseguir:

— Nenhum aluno do Tora pode falar intimamente com algum do Washi e vise-versa. Esses alunos aparentam estar disciplinados devido ao acordo assinado por ambos os líderes das duas gangues. Mas, alunos normais, como você e eu, somos os principais alvos. Já que não pertencemos a essa baderna. Entendeu?

Ela permaneceu calada por um momento, tentando processar o que Naruto lhe dissera. Gangues rivais dentro de uma instituição como aquela? Era muita falta do que fazer — pensava.

— Sinto muito, mas não quero me envolver nesse circo de gente arrogante.

Afastou-se dele e caminhou até a saída do ginásio. Naruto não hesitou em segui-la. Não podia impedi-lo de fazê-lo, pois ainda não conhecia o colégio por completo. Ao ver a cantina, apressou-se para comprar uma vitamina de morango. E bem gelada!

Não impediu que Naruto sentasse ao seu lado. Por mais que implorasse, sua decisão não mudaria. A garçonete entregou-lhe a bebida e antes que fosse tomá-la, avistou o jovem ruivo que conhecera no jardim. Ele estava próximo, porém caminhando para uma outra direção. Observou-o por uns instantes e viu que carregava sua marmita nas mãos. Seu cérebro demorou em mandá-la levantar-se e segui-lo. Antes mesmo de fazê-lo, sua imagem desaparecera entre um dos corredores.

— Disse que não queria... Mais que mentiroso! — Ao aproximar do caminho que dava acesso aos corredores, ouviu uma agitação se aproximar. — Mas o que está...

Aos poucos alguns alunos foram descendo as escadas correndo, andando... Maya recuava aos poucos, porém sentiu seu braço ser puxado por uma garota a qual conhecia. A mesma arrogante da entrada.

— Atenção, todos! — disse a garota. — Hoje temos uma carne nova para o Tora. Principalmente para os meninos.

Vozes masculinas dos integrantes do Tora ecoaram por toda cantina.

— Deixem de ser gulosos! — berrou uma outra garota, também loira. — Os garotos do Washi também merecem um divertimento.

Então, os garotos que faziam parte do Washi gritaram mais algto que os do Tora. Logo, ambos começaram a berrar ao mesmo tempo fazendo ecos incômodos que pararam somente quando um som de palmas aproximou-se. Um garoto alto e com madeixas negras fez com que as garotas de ambos os grupos voltassem o rosto para ele.

— O dia hoje está uma maravilha, não acham? — disse o jovem com um sorriso mais sarcástico que saudoso. — E qual é a nova flor de do nosso jardim? — ele lançou um olhar debochado para Maya. — Diga seu nome, status e de onde é.

Maya permaneceu calada, sem olhá-lo diretamente. Havia algo naquele olhar o qual fizer sentir-se em desvantagem. E realmente estava.

Ele se aproximou e a forçou-a a encará-lo tocando em seu queixo com as pontas dos dedos. Maya recuou, encarando-o séria. O jovem pareceu achar graça naquela reação, pois deixou escapar uma pequena risada. Quem era aquele garoto?

— Hei! Sasuke! — Maya ouviu Naruto berrar e se aproximar.

— Deixe-a em paz!

O jovem identificado por Sasuke permaneceu com o sorriso sarcástico e com o olhar de indiferença.

— Então você tem uma nova amiguinha. — olhou para Maya. — Que interessante!

Naruto grunhiu e avançou como um louco para cima do rapaz lhe dando socos e chutes consecutivos. Contudo, Sasuke os defendia facilmente, deixando os espectadores surpreendidos. Cansado de ficar na defensiva, pegou Naruto pelos braços e lançou-o sobre o chão. O impacto fora tão rígido que expelira uma boa quantidade de sangue.

— Como sempre, você tentando alguma graça comigo. Já lhe disse que odeio palhaços.

Ainda sobre o chão, Naruto tentou levantar-se para um contrataque. Porém Sasuke atingiu-lhe com um chute nas costas fazendo com que regressasse ao chão.

— Você adora envergonhar-se na frente dos outros. — Sasuke falou num tom seco. — É um completo idiota!

Logo os alunos de ambas as gangues começaram a berrar a palavra idiota por consecutivas vezes. Maya olhava-os ao seu redor, descrente no que vira. Como podiam aplaudir diante de uma violência daquelas? Estava confusa, amedrontada e inconformada. Então, esses sentimentos surtiram com mais intensidade quando Naruto levantou-se do chão e voltou a avançar para cima de Sasuke. O resultado era bastante visível. Por mais que Naruto tentasse, por estar debilitado, tombaria ao chão a qualquer instante.

— Naruto! — Maya berrou quando ele foi ao chão por sentir-se zonzo.

Finalmente tomou a iniciativa para socorrê-lo.

— Hei, Maya... Vá embora daqui... Eu tô distraindo esses idiotas. Sai daqui. Agora!

Maya apertou suas bochechas com força até ele pedir que parasse.

— Fique quieto! Eu nunca abandono um amigo. — ela disse com os olhos fixos nele.

Ele percebera que havia determinação e força naquele olhar. Temia que ela fosse capaz de cometer algo no qual sairia prejudicada.

— Maya, você e eu ainda não somos amigos. — disse sério.

— Por que você cortou o clima? — questionou irritada.

— Talvez, o que dizem sobre a simpatia de um cachorro por outro seja verdade. — Sasuke interrompeu a conversa, olhando-os repulsivo.

Ela pôs-se de pé e o encarou sem querer render assunto.

— Acredito que depois desse brilhante ato de seu amigo, queira apresentar-se a nós.

Desta vez, rapaz ficara surpreendido, pois fora respondido com um sorriso antipático.

— Vão se ferrar! Riquinhos de merda! — socou-lhe o rosto de forma inesperada.

Todos os alunos em volta olharam-na admirados. Quanto ao jovem atingido, colocara a mão sobre o local que sofrera o golpe e voltou o rosto para Maya parecendo muito enfurecido. Maya já se preparava para uma briga com ele ficando em posição de combate, deixando-o com um sorriso de satisfação.

— Sasuke, não acha que está indo longe de mais. — Maya ouviu uma voz a qual conhecia bem.

Sasuke voltou-se para trás e lhe respondeu num tom irritadiço:

— Você sempre tem de ficar me vigiando? — caminhou em direção ao rapaz. Contudo, ao ficar bem próximo, olhou-o atentamente e seguiu em frente.

Logo os alunos foram se dispersando. Apenas ficara Maya, Naruto e aquele garoto ruivo que conhecera mais cedo. Naruto grunhiu alto com um sentimento de revolta e atraiu Maya para próximo de si. Estava preocupada com seu estado. Seu rosto tinha uma região roxa e provavelmente sua barriga também. No tempo que demorou observando-o, o jovem de cabelos ruivos aproximou-se e ajudou Naruto a levantar-se, apoiando-o no ombro. Ele caminhou sem pronunciar nada. Então, Maya seguiu-o, também calada. Ao chegarem à enfermaria, ele deixou Naruto sobre uma cama e ameaçou partir.

— Espere. — Maya segurou seu ombro e logo o soltou quando ele parou para olhá-la. — Obrigada. — fez um gesto de referência. — Peço desculpas por...

— Não agradeça. Agora, precisará de sorte. — disse-lhe, de forma frívola e retirando-se da enfermaria.

Maya franziu o cenho, irritada e confusa. Talvez, as pessoas daquele colégio nunca receberam um "obrigada". Quanta arrogância! Suas mãos doíam de tanto enterrar as unhas na palma das mãos.

— Maya — Naruto chamou-a, ofegante.

Ela aproximou-se da cama e o encarou preocupada.

— O que aquele babaca estava fazendo aqui?

— Ora, ele ajudou você. Não se lembra? Além disso, foi muito ignorante quando o agradeci.

Naruto ficou com uma expressão séria no rosto, deixando-a intrigada.

— Me desculpe — ele disse. — Por minha culpa, aquele idiota quase machucou você.

Ela cruzou os braços, evidenciando uma estranha auto-estima.

— Relaxa! Aquele otário do tal Sanosuke ficou todo sem graça quando esmurrei o rostinho dele. Ele é só um riquinho de merda que tá precisando ser disciplinado.

Ele ignorou a confusão que ela fizera com o nome de Sasuke praguejando um palavrão. Maya o encarou surpresa com aquela reação. Quando o conhecera, não passava de um garoto estranhamente doido.

— O Sasuke é um cara perigoso. Ele quase matou três alunos daqui. E não pense que ele irá hesitar por você ser mulher. É como o meu caso: depois que você o atinge uma vez, ele te persegue como um louco até fazer você humilhar-se diante dele. — hesitou para recuperar o fôlego. — No entanto, jamais irei desistir de colocá-lo no lugar. Eu nunca volto com minhas palavras!

Aquelas palavras encorajadoras fizeram Maya sentir um calor dentro de si, que pedia para ajudá-lo.

— Tá certo. — disse determinada. — Você tá parecendo o garoto de um anime... Qual é o nome mesmo?

— Ah! Sim! — sorriu sem graça — Minha avó também diz isso. Ela diz que somos muito parecidos.

— Verdade! Até nos defeitos.

A enfermeira aproximava-se de ambos com maleta de primeiros socorros. Naruto arrepiou-se quando a viu tirar os anti-inflamatórios que conhecia bem. Logo começou a remexer-se sobre a cama a fim de levantar-se dela. No entanto não obteve sucesso. A enfermeira olhou-o com um sorriso, ajudou-o a tirar a blusa e começou a examiná-lo.

— Então Naruto, parece-me que será mais uma vez um paciente assíduo! — a enfermeira olhou-o com um sorriso. — O que foi desta vez? Bateram em você com barras de ferro de novo?

Maya espantou-se diante da curiosidade da enfermeira. Pelo visto, ele a visitava com muita freqüência.

— Não! — ele respondeu firme. — Sabe o que é senhorita Sato...

— Já entendi. — ela respondeu, deixando-o sem graça. — Você e o Uchiha continuam com essa rixa. Já lhe disse que isso não irá levá-lo a nada. — hesitou com um sorriso. — Agora fique em repouso até eu liberá-lo.

Ao terminar os curativos, a enfermeira afastou-se levando consigo a maleta de primeiros socorros. Ele ficara um pouco transtornado por ouvir o mesmo conselho de sempre e socou o colchão indignado.

— Hei cara. — Maya sentou na beirada do colchão. — Estou decidida em ajudá-lo. Vamos acabar com esse totalitarismo de ambas as gangues!

— Sério mesmo? — ele sorriu descrente. — Pra onde foi todo aquele orgulho?

— Isso não interessa mais. O que presenciei é o bastante para ajudá-lo. — ela olhou o relógio e levantou-se rapidamente. — Já vai começar a próxima aula. — correu desesperadamente até a saída, sem ao menos despedir-se de Naruto.

Ele estava preocupado, pois não seria seguro deixá-a andar sozinha pelos corredores do colégio. Contudo, a ida até o segundo andar correra bem para Maya. Somente quando o acessou sentiu que estava sendo seguida. Ignorou suas suspeitas e encontrou sua classe, porém a sala estava vazia. Ao retroceder, mãos estranhas ataram seus braços e boca. Uma espécie de saco preto escondeu sua visão. Sentiu seu corpo ser erguido e carregado por alguém. Quando voltou ao chão ouviu risadas masculinas. O saco foi retirado de sua cabeça, evidenciando seus seqüestradores. Ou quase. Todos estavam usando toucas ninja. Eram cinco no total.

— Quer dizer que foi essa vadia quem bateu no Sasuke? — um garoto olhou-a repulsivo.

Um outro, o qual Maya reconhecera a voz aproximou-se dela e tocou em seu com rosto com entusiasmo no olhar. Desceu os olhos a suas pernas e as acariciou com as pontas dos dedos da outra mão.

— Acho que o melhor a fazer é mostrar um liçãozinha que ela jamais irá se esquecer. — os dedos correram imediatamente para sua blusa, que teve a gravata arrancada à força.

Embora estivesse com uma fita obstruindo sua boca e mãos bem amarradas, Maya conseguiu afastá-lo, empurrando-lhe com uma perna. Contudo sua reação o deixara mais excitado. Tornou a avançar para cima dela, porém Maya jogou-se para o lado oposto e foi de encontro à parede, onde conseguiu apoio para levantar-se.

— Desista! — disse o mesmo rapaz com cinismo na voz. — Ninguém além de alguns membros do Tora conhecem esse local. Agora, colabore. Vai ser rápido. Talvez você sinta uma dorzinha. — gargalhou.

Maya estava segura de que não conseguiriam aproximar-se dela enquanto estivesse com as pernas livres. Na escola de luta aprendera a como usá-las nessa ocasião. No entanto não percebera que um outro garoto surgira em meio a pouca iluminação e a surpreendera agarrando-a pelas pernas.

Então, outro garoto se aproximou enquanto os demais estavam em volta.

— Hei lindinha, agora só relaxe. — abriu seu paletó e blusa arrancando os botões de forma violenta. Olhou seus seios escondidos no sutiã e não hesitou em tocá-los.

Maya atingiu-lhe com uma cabeçada no nariz e jogou-se no chão tentando livrar-se do rapaz que segurava suas pernas.

— Vadia! — berrou o que fora atingido por ela. — Chega de cerimônia! Abra as pernas dela! — sorriu malicioso. — Vou tomá-la a força.

Antes que pudesse alcançá-la, o rapaz fora golpeado na cabeça com uma barra de ferro. Caíra ao chão, inconsciente. Os demais olharam assustados para todas as direções possíveis. Logo outros dois também foram atingidos e tombaram ao chão, também desacordados. Os dois que restaram saíram imediatamente do local deixando Maya mais assustada que aliviada.

Ao ver um outro rapaz que também usava uma touca ninja aproximar-se de si tornou a espernear desesperada.

— Fique calma. Estou aqui para ajudá-la. — ouviu-o dizer com calma.

Logo ela acalmou-se, porém continuara um pouco receosa. Ele a libertou da corda que atara seus braços e da fita em sua boca. Ofereceu-se para ajudá-la a levantar-se, no entanto Maya recusou.

— Não deveria andar sozinha depois do que aconteceu.

Maya afastava-se devagar com olhar fixo nele e sem dar-lhe as costas. Quando tomou uma boa distância, correu o mais rápido que pode. Estava com o coração acelerando a mil. Como alunos daquele colégio podiam tentar um estupro dentro da própria instituição de ensino? Seria possível aqueles garotos terem sido encarregados de fazer-lhe mal? Se aquele rapaz, quem quer que seja não tivesse chegado... — Maya mordeu os lábios ao pensar nas conseqüências. No entanto a imagem do garoto de cabelos negros, o qual golpeara mais cedo veio em sua mente como uma resposta. Cerrou os punhos sentindo uma profunda ira dentro de si. Não interessa se ele era perigoso ou não. Se necessário, estava pronta para confrontá-lo.