25 de Outubro de 2009 Querido di rio,
Mais um dia de plena tortura se passou, embora o tempo tenha sido escasso e cada segundo que passava parecesse uma eternidade. Para mim j nada fazia sentido, a minha vida tinha parado ali, no momento em que tudo acabou, sem continua o poss vel e imagin ria.
Era como se j n o existisse o sol que me acordava todos os dias quando rompia no c u e dardejava raios de luz atrav s da janela do meu quarto, como se j n o existisse a lua que me acompanhava todas as noites sempre que n o tinha sono, como se j n o existisse o ar que me possibilitava respirar todos os dias da minha vida e, o mais importante de tudo, era como se j n o existisse a natureza, principalmente aquele lugar lindo e florido onde pass vamos as nossas tardes a falar sobre a vida.
Em t o pouco tempo j t nhamos o nosso futuro planeado, o nome dos nossos filhos escolhidos e a nossa casa imaginada, ali, no lugar onde est vamos a maior parte das vezes.
Mas agora tudo estava desfeito e o amor e alegria foram substitu dos por dor e sofrimento. Cada dia que passava, cada hora, cada segundo, a minha vida ficava mais vazia e eu ficava mais solit ria.
Era dif cil habituar-me solid o, foloroso ver o mundo sombrio que surgia minha volta.
Tentava, todos os instantes, lutar com todas as minhas for as e dava voltas para esquecer, colocar tudo para tr s das costas e sorrir, poder dizer a todos para mim foi passado e hoje s me interessa o presente , mas nem tudo poderia ser assim e o meu caso era esse. Sempre que pensava nessa possibilidade as l grimas voltavam a trilhar o caminho que tanto tempo lhes era familiar, caindo pelo meu rosto.
Adorava fazer o mesmo que ele, sair com as minhas amigas e demonstrar que tudo estava bem, que nada se tinha passado e acima de tudo mostrar que isto n o me afectava, mas eu n o era assim, o meu cora o n o quereria demonstrar a mentira, alias eu nunca gostei da mentira.
Nestes momentos, comparava a minha vida a um puzzle ca do e desfeito em mil pe as, que eu voltara a reconstruir vezes sem conta.
Mas jamais escolheria voltar ao inicio, so queria poder gritar ao mundo e dizer que o amava, que o desculpava e que ele era a minha ess ncia. Sem ele n o tinha como viver, apetecia-me correr para a rua num dia agreste, tipico em pleno Inverno, saltando pelas po as da chuva e demonstrando a crian a que vivia em mim, a crian a que um dia foi feliz mas cujo sorriso n o mais brilhava actualmente.
Esperava, ou melhor desejava que um dia o que a minha m e me dizia, fosse realizado. Pois ela sempre dizia Quando deus fecha uma porta abre sempre uma janela .
No entanto, o tempo passava e nunca vi nenhuma janela aberta mas sim uma porta fechada, a qual com o tempo s parecia ser refor ada, para nunca mais abrir.
Mas da vida retiramos experi ncia atrav s de situa es que nos acontecem, nada perfeito e isso j eu sabia, a minha vida n o era perfeita, mas se fosse, tamb m n o teria grande piada.
A vida n o sempre o arco- ris colorido, por vezes a trovoada que muitos tentam evitar.
O meu sofrimento ensinou-me algo, a vida um jogo em que por vezes sa mos a perder, para que novamente possamos ter algo pelo que lutar.
Desta vez aprendi que vivi uma mentira, um jogo de batota, mas para a pr xima terei mais aten o, prometo.