Hermione acordou naquela manhã de mau humor. Era o primeiro dia de aula de seu sexto ano, e no dia anterior não tinha conversado com seus amigos. Estava profundamente triste, talvez por Harry e Rony serem seus únicos amigos, se sentia vazia sem eles por perto. Acordou mais cedo do que costume, então tomou um banho rápido, se arrumou, pegou suas coisas e começou a andar sem rumo pelos corredores de Hogwarts até cansar de não fazer nada e ir tomar café. Haviam poucas pessoas no Salão Principal. Harry e Rony já estavam lá, e pareciam conversar animadamente. Se dirigiu até lá, e sentou-se ao lado de Harry, de frente para Rony.

-Bom dia, Hermi! -Falou Gina, mais animada que o normal. Por que as pessoas estavam animadas no primeiro de aula? Isso era uma piada? Até a própria, por ser tão estudiosa, estava com preguiça. Hermione nunca simpatizou muito com a ruiva, embora ela fosse uma boa pessoa. Por isso, sempre fingia sorrisos e conversas. Ela deu um sorriso falso, mas ela pareceu não notar.

-Bom dia, Hermione! -Disseram Rony e Harry em uníssono. Que falsidade era aquela? Num dia a ignoram, e no dia seguinte a tratam como se nada tivesse acontecido? Odiava isso, mas eles eram seus amigos, ficar brigada com eles não era agradável.

-Bom dia, meninos. -Respondeu ela, entre um suspiro cansado. -Posso saber por que tanta animação? -Perguntou indiferente, se servindo de chá e torradas.

-Nada em especial, Mi. -Harry respondeu, sorrindo. Ela sorriu pra ele também. Rony e Harry engataram para uma conversa sobre um assunto qualquer que ela não fez questão de saber. Terminou de tomar café em silêncio, se despediu dos garotos e foi para a primeira aula antes de todos, detestava atrasos.

Poções, era tudo que precisava. Bufou e entrou na sala vazia. Não tinha nada pra fazer, já que tinha lido a matéria a ser estudada ainda nas férias. Viu um garoto alto, de cabelos muito pretos e pele clara entrar na sala alguns segundos depois. Ele sorriu para ela e se sentou do outro lado da sala. Um sonserino sorrindo para ela era novidade. Logo a sala lotou de alunos grifinórios e sonserinos; e Snape entrou na sala marchando. Todos ficaram quietos. Ele encarou os alunos grifinórios com repugnância.

-Peguem seus materiais, teremos aula prática hoje. –Hermione imediatamente tirou alguns ingredientes de sua bolsa e posicionou seu caldeirão em cima de sua mesa. Snape passeou pela sala com sua típica expressão de tédio e voltou ao centro da sala. –Abram seus livros na página 367. Quem conseguir realizar a poção sem nenhum erro ganhará 50 pontos para sua respectiva casa. –Ele sentou-se em sua cadeira fitando cada aluno. A poção não era muito difícil para ela, já que havia estudado bem cada ingrediente e a função destes, provavelmente seria difícil para os outros. Enquanto separava três penas de Dedo-Duro, sentiu atrás alguém cutucá-la. Ela virou-se e repreendeu Rony.

-Rony! O que você quer? –Perguntou irritada, olhando diretamente para Snape.

-Me ajuda a fazer, Mi... –Ele fez uma voz manhosa que Hermione quase não resistiu.

-Não! –Ela virou-se e terminou de fazer sua poção ignorando Harry e Rony que chamavam por seu nome e jogavam bilhetinhos para ela.

-Potter e Wesley, menos 30 pontos para a grifinória. –Snape disse, enquanto lia um livro qualquer. Hermione revirou os olhos e chamou o professor. Sua poção estava pronta e certinha, havia conseguido a cor correta da poção, um tom verde azulado. Todos se impressionaram com a rapidez que a garota fez a poção. Ela sorria internamente, orgulhosa.

-Sua poção está correta, Granger?. –Após analisar a poção por longos minutos, ele perguntou. Hermione olhou para ele e balançou a cabeça afirmativamente. -Pois seu amigo irá testá-la. Wesley? –Ele o chamou. Rony ficou parado e não saiu do lugar onde estava. -Seu cérebro é mais lento do que eu imaginava, Wesley. –Comentou o homem, dando um sorriso de lado. Draco, que assistia tudo, interessado, riu alto. Hermione fez uma careta pra ele e mergulhou um copo dentro do caldeirão. A poção não tinha cheiro de nada. Olhando para Snape e xingando-o mentalmente, deu o copo para Rony, que após observar o conteúdo dentro dele com nojo, bebeu de uma vez só. Não tinha gosto de nada, também, e não sentiu absolutamente nenhum sintoma, como dizia no livro de Poções. Alguns alunos se aproximaram e olhavam para ela com curiosidade.

-'Tão olhando o quê? –Perguntou arqueando uma sombrancelha e cruzando os braços. Draco passou entre os sonserinos, se aproximou de Rony com uma expressão de nojo e sussurrou algo em seu ouvido. Ele virou-se pra ele e deu uma gargalhada. –O que eu acho do Snape? –Repetiu a pergunta, olhando para o professor, que agora mantinha uma expressão séria. –Acho ele muito cheio de si, mas não passa de um velho reumático mal amado e depressivo. –Disse enquanto o observava de cima a baixo. Harry, Hermione e os outros grifinórios não pensaram duas vezes antes de rir.

–Sem contar essa cara de sofredor e esse cabelo que ele não lava desde que sua mãe deixou de dar banho nele. –Rony disse em meio a risadas. Depois notou o que havia dito e tampou a boca com a mão.

-Menos 50 pontos para a grifinóra por falta de respeito para com o professor. –Snape disse. Rony olhou desafiadoramente para ele, mas antes que pudesse dizer algo novamente, Harry colocou a mão na boca de Rony.

-E mais 50 pontos para a grifinória porque a poção da Granger funcionou corretamente. –Hermione ficou espantada, ao ver que um sonserino tinha dito isso. Era o garoto que sorriu para ela no começo da aula. Ele piscou pra ela; e ela sorriu em resposta. Rony viu aquilo e fechou a cara, ainda com a mão de Harry em sua boca. Snape procurou o dono da voz e o garoto deu um passo á frente. Ele ficou pensativo, olhou de Hermione para Harry, de Harry para Rony.

-50 pontos para a grifinória. Estão liberados. –Ele deus as costas para Rony, pegou suas coisas e saiu da sala.

-Obrigaaaada, Hermione... –Rony disse, ironicamente.

-Ih, Rony. Me agradeça mesmo, porque se a poção desse errado você poderia estar muito pior que agora. –Ela deu um sorrisinho.

-Eu sei, por isso que eu confio em você. Você nunca erra. –Disse, olhando em seus olhos, sorrindo. Logo suas orelhas ficaram vermelhas e desfez o sorriso. Hermione sentiu uma onda de calor, ele falou de um jeito tão fofo... Ela sorriu um pouco envergonhada e disse um tímido "obrigada". Rony saiu rapidamente da sala, aparentemente com vergonha.

-Quanto dura o efeito da poção? –Questionou, parando na porta.

-Algumas horas. –Respondeu, terminando de pegar suas coisas e o seguindo, junto com Harry.

O resto do dia passou devagar. As aulas se tornaram mais engraçadas com Rony sendo sincero demais com os professores e as pessoas. Por isso, tiveram alguns pontos descontados. Na última aula ela estava tão exausta que foi para o dormitório descançar, iria jantar mais tarde naquele dia. Chegando lá, apenas tomou um banho rápido e deitou-se em sua cama. Tentou ler um livro, mas antes de terminar a primeira página, pegou no sono.

(Ouça a seguinte música: Blue Foundation - Sweep. Por favor, é importante, ajuda a dar mais emoção na leitura. *.*)

Estava só de camisola, descalça, parada em algum corredor estreito que nunca havia visto. Olhava fixadamente para a parede. Ficou assim por minutos, talvez horas. Até que subitamente notou o que estava fazendo. Olhou para os lados, e não enxergou o fim do corredor. Só havia um pouco de luz na parte do corredor onde estava. Queria sair dali imediatamente. Seus batimentos cardíacos começaram a ficar frenéticos. Começou a andar, se apoiando na parede fria. O chão estava gélido. Conforme andava, mais ficava escuro. Parou por um momento, hesitante. Olhou para trás e viu que a luz havia se apagado. O lugar estava completamente escuro. Abraçou a si mesma. A respiração ofegante; medo e desespero. Pânico. Sentiu receio de continuar a andar, então se encostou na parede e olhou em todas as direções, na esperança de destingüir algo. Então ouviu um baque, como algo se chocando contra uma parede. O som foi abafado pela distância. Se afastou da parede, sentiu-se desesperar e não resistiu ao impulso de saber se alguém estava ali.

-Quem está aí? –Sua voz esganiçada ecoou. Não houve resposta. Passados exatos cinco segundos, ouviu o baque novamente, só que muito mais próximo e mais forte. Não sabia se estava raciocinando direito, mas seu corpo agiu. Pôs-se a correr na maior velocidade que podia, sem se preocupar sequer com o que podia estar a sua frente. O baque lhe perseguia, cada vez mais próximo. O que poderia ser? Um assassino? Um monstro? Sua mente começou a trabalhar á mil, imaginava diversas coisas que poderiam acontecer. Se esforçava para não perder o ritmo, enquanto aquilo estava atrás de si. Pensou em seus amigos, em sua família. Iria morrer? O estrondo se intensificava a cada segundo. Não podia ver nada. Seu peito subia e descia tão rapidamente, que estava se sentindo pronta para infartar a qualquer segundo. O chão começou a ficar molhado, não sabia o que era, mas tinha um cheiro forte, característico, que não sabia identificar exatamente o que era. Escorregou algumas vezes, até chocar-se brutalmente contra uma parede, devido a velocidade. Havia achado o fim do corredor e logo estaria morta. Oh, triste fim. Caiu deitada, sua camisola fina e seu corpo se encharcaram. Mas nada importava, já que mal pensava direito de tanta dor. Talvez tivesse deslocado a mandíbula. Não teve tempo de tentar pensar, porque o local se iluminou abruptalmente, forçando-a a fechar os olhos. Não havia mais baque. Então abriu os olhos lentamente e enxergou um teto preto, sujo. Levantou as mãos e viu que estavam tingidas de um tom marrom avermelhado. Sua camisola, seu corpo, estavam sujos desse líquido escuro e repugnante. Levantou-se com dificuldade, massageando o queixo delicadamente. Foi inevitável não gemer. Encarou a parede. Haviam riscos e palavras escritas aparentemente com aquele mesmo líquido do chão; e não soube idenficar o que significavam. Se distraiu aproximando-se da parede e analisando cada detalhe. Interessante. Até ouvir o baque, já familiar, atrás de si. Seus olhos se arregalaram de pavor e parou de respirar. Tentou resistir ao impulso de se virar, mas não aguentou. Seus pés giraram, e antes que seus olhos pudessem ver algo, o escuro voltou.

Abriu os olhos e piscou algumas vezes. Sua cabeça repousava sobre as palmas das mãos, o olhar fixo no teto. Por um momento não recordou-se de nada. Então as lembranças vieram à tona. O corredor escuro, os desenhos na parede... O baque. Tudo. Tão nitidamente que parecia um filme em sua cabeça. Cada detalhe.

Sentou-se na cama, pensativa. Poucas vezes se lembrava de seus sonhos, e ainda sim, a maioria eram flashbacks. Era estranho, sonhar algo tão real, como se realmente tivesse vivido aquela experiência. Foi até o banheiro e observou seu reflexo no espelho. Estava exatamente do jeito que estava no sonho, a mesma camisola, o cabelo assanhado, descalça. Lavou o rosto e apoiou suas mãos na pia. Estava curiosa e intrigada. Quem ou o quê a perseguia? Sentiu seu estômago roncar. Ainda dava tempo de ir comer alguma coisa. Decidiu que só conseguiria sair dali se tomasse um banho frio para livrar-se da indisposição. Vestiu uma roupa simples, e com os cabelos ainda molhados, foi jantar.

O Salão Principal estava lotado, mas não tinha reparado mesmo, estava tão distraída por causa do sonho, que nem se preocupou em sentar-se perto de seus amigos. Começou a comer, e, ao levantar o olhar, viu que Rony acenava para ela. Entendeu que ele estava chamando-a para ir comer com ele e Harry. Um sorriso involutário surgiu em seu rosto, pegou seu prato e foi ao encontro do ruivo. Sentou-se ao seu lado. Harry estava ao lado de Rony.

-O que aconteceu, Hermione? Você sumiu. –Harry disse, com o olhar preocupado. –Aconteceu alguma coisa? Não está se sentindo bem? –A castanha negou tudo com a cabeça.

-Só estava um pouco cansada e fui descançar. –Respondeu, sando um sorriso fraco. Ele pareceu mais aliviado.

-Herminhione. –Rony falou, com a boca cheia.

-Ronald, engula a comida antes de falar. Não aprende nunca? –Ela o repreendeu. Ele riu com a boca aberta e Hermione virou o rosto para não ter aquela visão. –Preciso ter uma conversa séria com sua mãe sobre seus bons modos, Ronald. –Ele fez uma careta e bebeu um gole de água.

-Mione, você não me ajudou na poção da sinceridade. –Lembrou-se arqueando as duas sobrancelhas e esperando-a se desculpar.

-Como se eu tivesse obrigação! –Exclamou, indignada. Rony deu de ombros.

-Hermione, já disse que você fica linda de cabelo molhado? –Ele perguntou, um tempo depois de observá-la por vários minutos abobalhadamente, fazendo-a ruborizar. Hermione tocou o cabelo, olhando para o seu prato.

-Obrigada, Rony. –O rosto dele ficou num tom de púrpura, tamanha foi a vergonha. O efeito da poção ainda não havia passado. Harry engasgou com a comida e tentou disfarçar o riso tossindo. Hermione fingiu não notar nada e se concentrou na refeição.

-Hermione! –Parvati, que estava ao seu lado, a chamou. Ela virou-se para encará-la.

-Olá, Parvati. –A comprimentou, logo depois voltando a olhar para a comida.

-Er... Você conhece o Goldstein? –Ela perguntou, um pouco hesitante, mas sem disfarçar o entusiasmo.

-Golds... Quem? –Parou de comer, olhando intrigada para a morena.

-Goldstein. Anthony Goldstein.* -Hermione pensou um pouco e negou.

-Não faço idéia de quem seja. Por quê? –Perguntou com interesse.

-Todo mundo notou como ele olhou pra você hoje... Além de ter meio que "defendido" os cinqüenta pontos da sua poção. –Ela falou, dando um sorrisinho malicioso.

-Não sei do que está falando. –Disse, tentando parecer paciente.

-O garoto sonserino... –Hermione olhou pra ela e recordou-se do rapaz. Entendeu tudo. Parvati Patil falando com ela? Só poderia ser sobre garotos mesmo.

-Não foi nada de mais, Patil. –Respondeu fria, virando-se para o lado, declarando fim de papo. Parvati voltou a conversar com as outras garotas. Enquanto comia, lembrou-se do sonho, e voltou a viver aquela experiência mentalmente. Harry, vendo que sua amiga estava pensativa de mais e mantinha o olhar sempre fixo em algo, a chamou. Rony o faria, se não estivesse com tanta vergonha.

-Hermione? –Chamou baixinho, mas vendo que ela escutou, ele deu um tapa na mesa um pouco forte demais.

-Harry! Que susto! –Ela teu um tapa leve nas costas dele. –Quer me matar? –Ela colocou a mão no peito, Harry riu.

-'Tava pensando em quê? –Perguntou, curioso. Ela pensou se contaria ou não sobre o sonho, mas decidiu não contar, já que era só um sonho, não significava nada.

-Nada não, só 'tava distraída mesmo. –Ela sorriu amigavelmente pra ele, que sorriu também. Rony fechou a cara. Hermione e Harry sempre tiveram um relacionamento melhor do que dela e dele, e odiava isso. Nem sabia porque estava na grifinória, já que não tinha um pingo de coragem para contá-la o que brealmente/b sentia por ela. Então teria que agüentar coisas assim. Sempre teve uma uleve/u desconfiança de que, logo, logo, os dois assumiriam um relacionamento. Temia isso todos os dias. Naquele momento, ele jurou a si mesmo, que em uma semana, se declararia para a garota. Se continuasse de braços cruzados daquele jeito, poderia perdê-la para sempre.


Depois do jantar, Hermione e seus amigos ficaram até tarde conversando e jogando xadrez bruxo no Salão Comunal.

-Xeque-mate. –Harry disse pela quarta vez seguida, contra Rony. Hermione gargalhou e o ruivo bufou.

-De novo? –Perguntou, emburrado. Harry subiu em cima do sofá e dez um discurço ridículo em meio a risadas.

-Gente, vou dormir. –Hermione disse entre um bocejo, quando eles começaram uma nova partida. Deu boa noite para os garotos e foi para o dormitório feminino.

As garotas já dormiam tranqüilamente. Ela escovou os dentes sem pressa e depois ficou em dúvida sem vestia a mesma camisola de tarde, ou não. Acabou escolhendo outra camisola branca, que ia até os calcanhares. Foi até a cama, tirou o livro que estava em cima da cama e o colocou no chão.

Se cobriu até os ombros e suspirou. Ronald Wesley. Pena que o efeito da poção já tinha acabado. Ele falou coisas fofas o dia inteiro, estava tão feliz. Pela primeira vez sentiu esperança de que o ruivo sentisse o mesmo que estava sentindo por ele. Sorriu lembrando-se de suas palavras. Queria poder chegar nele e dizer o que sentia, mas tinha medo, muito medo; de que ele apenas gostasse dela como amiga e a amizade dos dois nunca mais fosse como antes...

O vento frio veio ao encontro de seu rosto, bagunçando seus cabelos, provocando arrepios; intensificando o cheiro da terra molhada. Não sabia se era de manhã, ou de tarde. O céu estava totalmente cinza, provavelmente iria chover. Andou em passos lentos, os pés escorregando no barro lamacento. Haviam porções de poças em toda parte, sua camisola branca já estava suja até a metade da perna. Levantou a camisola com as mãos, deixando parte das pernas á mostra, para não ter mais dificuldade em andar ou cair. Olhou ao redor. O local era enorme. Era uma extensa rua de barro. De um lado, havia um extenso canteiro de árvores enfileiradas. Foi aí que olhou para a direita. Avistou uma única casa; não muito longe dali, toda azul e branca, encardida pelo tempo, e pela lama. Contruída aparentemente no século XIX, por sua construção ser de um modelo bem antigo. Estava caindo aos pedaços, além de ser impossível a passagem até lá, pois havia um lago, formado de lama que ia de uma ponta a outra da casa. Não pretendia entrar ali, de qualquer maneira; mesmo sentindo enorme curiosidade. O vento ficou mais forte. Se assustou quando viu algo se mexendo atrás de uma das árvores. Talvez fosse alguém observando-a. Tentou andar com mais pressa, mas acabou caindo numa poça, ficando completamente suja e encharcada. Se levantou com paciência, e passou as mãos no rosto e no cabelo.

Que lugar estranho era aquele? Estaria sozinha, ou aquilo que viu era apenas produção de seu medo?

Os primeiros pingos de chuva começaram a cair. Era como se em cada gota de chuva que tocava sua pele, houvesse determinação; houvesse força.

Sentidos. Ficou atenta a cada som, e olhava em todas as direções com atenção. Saberia se defender. Estava esperando qualquer coisa. Qualquer coisa. Estaria pronta pra enfrentar. Outra vez algo atrás de uma árvore se mecheu. Não sabia se era um vulto, mas se mexia muito rápido, em ritmos frenéticos, quase imperceptíveis e sumia. Sua mente estava em alerta. Tentou pular para frente, mas caiu numa poça muito funda, que ia até sua cintura. Viu algo branco dentro da lama um pouco a frente. Cada vez ficava mais fundo, era como um rio. Então nadou até o objeto, ou o que fôsse. A lama líquida chegava em seus ombros. Esticou o braço até tocar o "objeto" branco. Puxou e viu que era de pano, portanto bem leve. Até que, com o seu toque, aquilo subiu mais para a superfície. Era um boneco de pano, do tamanho de um corpo. Virou-o com dificuldade, já que a lama subia assustadoramente rápido por causa da chuva. E gritou. Gritou com todas as forças que suas cordas vocais possuíam. Era uma boneca de pano. A usua/u boneca de pano. Tinha os mesmos cabelos que os seus, usava a mesma camisola; o mesmo relicário. Mas a "pele" era roxa, e seus olhos tinham um formato de "X". Indicava morte. A lama ia até seu pescoço. Ela não sabia nadar. E quando gritou pela segunda vez e tentou estender um braço, a água subiu até sua cabeça. Continua...

Anthony Goldstein: É um personagem que pertence a Corvinal, mas por falta de personagens originais sonserinos, eu usei esse nome para um sonserino.

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N/A: Então... Primeiro capítulo aí, espero que gostem! A música do capítulo, Blue Foundation – Sweep, é super bacana, vale a pena ouvir porque ela me inspirou a escrever os sonhos da Hermione. Comentem! :)

Maísa Cullen