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One Cup Of Tea
The Feelings That Exceed The Reason
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É sempre curioso os caminhos traiçoeiros que a vida leva.
A forma como ela brinca conosco; como parece sempre nos instigar a um algo mais; como permiti que as pessoas nela entrem sem razão alguma e saiam muito antes do previsto.
As mudanças ocorrem como as estações do ano, os sentimentos que brotam na primavera e queimam no verão voraz, as lembranças que o vento do outono carrega e o que inverno congela.
As pessoas sempre me foram curiosas e incompreensíveis em suas miudezas e nuances, que eu – em minha ignorância, era incapaz de enxergar. Pensava que eram tolas, insanas. Culpavam e perdoavam fatos incoerentes, movidos por razões que para um leigo, como eu no assunto, nada mais pareciam que desculpas bem intrincadas.
O que me faltava? Demorei muito a perceber, na verdade acreditava que nada. Custei a entender como é ser levado por sentimentos e não por pensamentos racionais. Uma vida inteira se passou para que eu enfim percebesse minha imperfeição. Minha deficiência não se deve por falta de carinho e afeto. Eu fui amado.
Minha mãe me amou, minha família me amou, as garotas me amaram, meus amigos me amaram. Todavia eu não sabia o porquê. E eu precisava saber, ansiava em entender: Por que permitir-se ser levado por essa ideia? Por esse pensamento vazio e irracional? O prazer estava na incapacidade de se controlar? Só sentir nunca me foi resposta suficiente, precisava de uma explicação lógica e racional.
Porém como todo bom poeta sempre disse e eu sempre desdenhei: ninguém explica amar. Só fui descobrir isso quando já era tarde demais. Tornei-me refém do sentimento que tanto desprezei.
Arrebatou-me com toda força de um vendaval e eu senti aquela quentura, que transforma o ar em doçura e o toque em ternura.
Eu não conhecia o amor.
Pobre de minha alma atormentada.
Jazida, largada.
Em uma ruela manchada
Definhando na ignorância
Deste pobre escrito malfadado
Ó, o amor já foi chamado de tirano, já foi tachado de indulgente, mas aos meus olhos é simples e gentil, tão pequeno, mas que carrega junto a si tantas outras emoções que lhe causam tal fama. Por que quem não seguiria o amor?
Longe de mim querer explica-lo, longe de mim pressupor conhece-lo a ponto de resenhar sobre tal. Sou apenas outra vítima de suas afiadas garras. E que meu cárcere seja eterno e meu descanso em seu leito.
Eu não conhecia o amor, porém eu amei. Amei a encarnação viva desse sentimento. Ela era todo amor e tudo que a ele se agrega. Paixão. Loucura. Felicidade. Fúria.
Uma força da natureza. Uma amazona. Uma cigana.
Devastadora, imprevisível, arrebatadora
Uma ninfa da floresta que me virou ao avesso. Mudou minhas crenças, minha visão, meu mundo.
E sobre ela que vou falar, sobre ela que preciso falar antes que enlouqueça.
No entanto não pensem que essa história começou com o nosso encontro, não. Obvio que não. Essa é uma história de antes, muito antes dela bater em minha porta e parar em frente ao meu tinteiro.
Na verdade, nem eu sei ao certo onde ela começou. Pode ter sido em uma praia no mar do Caribe, ou em uma mata na América do Sul, na casa ao lado da dos seus pais, ou no playground da quadra.
O que eu sei é que essa história nos leva a um casamento, o casamento dela e não era comigo.
