Disclaimer: Saint Seiya pertence unicamente a Masami Kurumada e Toei, todos os direitos são reservados. Rita Guainûmby é uma personagem de minha criação. A música incidental é de Milton Nascimento.
PRÓLOGO
"Beija-flor
me chamou, olha…
Lua branca chegou na hora..."
Estávamos sentados nas escadarias da casa de Áries...a Lua subira no céu lentamente e aqueles raios cor de prata iluminavam o rosto tão abatido de Rita...Rita...como era possível alguém do coração de ouro como o dela...como era cabível alguém que possuía aquela luz interior e aquela beleza absurda ter uma doença tão cruel...algo tão difícil...o que será que esta pessoa fez aos deuses para que eles a castigassem assim?
Tão frágil e tão pequena...Como um beija-flor...Quando Aldebaran me contou certa vez do significado do nome dela passei a acreditar no misticismo que existe nos índios brasileiros...Quais seriam os oráculos que os pais da criança consultaram para saber quão perfeito iria ser este nome para ela?
Sentia-me inseguro perto dela...Queria abraçá-la...Mas nem isso eu poderia fazer...Tinha medo de machucá-la...De fazê-la sentir aquela dor incalculável dos seus músculos tensos e frágeis ao mesmo tempo...Queria beijar seu rosto...Sentir o perfume dos seus cabelos e a doçura de sua pele...Mas a coragem me faltava...
O silencio quebrado por um sorriso dela...Seu sorriso que cantava sem voz...A musica que emanava de seu ser...A musica que era sua vida...
"O
beija mar me deu prova
Uma estrela bem nova
Na luminária
da mata
Força que vem e renova"
A voz saia de sua garganta como se fosse um verdadeiro passaro a cantar...até mesmo aquilo parecia doer...mas quando ela soltava seu ser era como se tudo fosse embora...e então via-se aquela força de Guainumby... aquilo que move a todos nós... aquilo que me fez amá-la e querê-la...pois via naquela moça de pele morena a garra que me era saudosa...a luta que me fazia feliz...a vida que tinha se ido após tantas batalhas...pois a felicidade e a paz que conquistamos para o mundo não eram minhas até aquele momento...até o momento em que seus olhos miravam o céu estrelado e seu cantar entrava na minha alma...
"Beija-Flor
de amor me leva
Como o vento levou a folha"
Deixe-me ir com você, Rita...não pertenço mais a este lugar...este que me foi tão caro durante tanto tempo ja não é mais meu lar...meu lar é o teu coração e eu não quero me separar dele nunca mais...
Tanto para falar a ela...tanto para amar...e eu não conseguia interrompe-la...eu não poderia, como sempre... eu desejava dizer-lhe mas perto da voz daquele anjo negro...eu ao menos ousava dirigir-lhe a palavra...
"Minha
Mamãe soberana
Minha Floresta de jóia
Tu que dás
brilho na sombra
Brilhas também lá na praia"
Era uma lagrima no canto dos olhos dela? Era a saudade daquela maravilhosa e verde terra sul-americana? O canto dela trazia o perfume daquele país encantado...e o sangue que corria em suas veias, no recordar dos irmãos brasileiros nas florestas, poderia ser o meu...esse meu sangue que esta sujo de guerras e destruição...de covardia e degradação de espirito...o que acontecera comigo estes ultimos anos? Porque eu me fechara daquela maneira?...
"Beija-Flor
me mandou embora
Trabalhar e abrir os olhos"
Ela não iria mais voltar, eu sabia. Aquela era sua maneira de dizer adeus...sua dor diminuira tanto com o tratamento dado pelos cavaleiros budistas e ela, então, realizaria o sonho de criança...cantar era sua vida, fato consumado...eu não teria espaço no espirito livre da india Guainumby...mesmo que Rita pudesse me amar...Eu teria que ir também...seguir o curso das minhas realizações...e fazer o que ela me aconselhara...ser eu mesmo era um desafio após tanto tempo...mas era o que eu faria...por ela...
"Estrela
d'Água me molha
Tudo que ama e chora
Some na curva do
rio
Tudo é dentro e fora
Minha Floresta de jóia"
Uma pequena falha na canção...cristais caiam pelo seu rosto...Envolvi seus ombros com meu braço e ela encostou-se em meu peito. Abraçava a minha alma gemea sabendo que dela me separaria, feliz e triste ao mesmo tempo. Minhas lagrimas misturaram-se as dela silenciosas...e meus labios tocaram seus cabelos perfumados...Não sei quanto tempo se passou daquele jeito...realmente não sei...Subitamente ela me fitou...seus olhos como duas pérolas negras percorreram os meus e senti o beijo no canto de minha boca. O toque de sua mão como seda no meu rosto...e minha solidão foi ainda mais forte...e meu amor maior que o universo...
"Tem
a água
tem a água
tem aquela imensidão
tem
sombra da Floresta
tem a luz do coração
Bem-querer..."
O navio se afastou no mar azul cristalino e ela não se virou para despedir...nem mesmo sabia que eu estava ali vendo sua partida...Naquele momento eu lembrava da primeira vez que fui ao Brasil, numa viajem de negócios...tudo era mais cor, mais luz, mais vida...tudo era, o que hoje sei, Rita Guainumby. Alegria de viver, luta, garra, força de vontade e esperança...tudo ali se resumia ao que eu fui um dia e ao que eu desejo retornar a ser...retornar a viver Seiya Ogawara...por ela.
INICIA...
N/A: Enfim parece que desencruei...é assim...fico uns 6 meses sem escrever e de repente surgem as pérolas...
Fiz este fic pensando já em uma idéia que eu tinha mas não sabia como coloca-la no papel...quando surgiu o desafio da Briefs, tudo ficou claro e comecei a bolar as coisas...demorou pra sair de vez...mas agora veio...pelo menos alguma coisa!
Porque "inicia" e não o "continua"? Porque na verdade estamos começando pelo final...e eu agora vou contar o inicio de tudo...a história de Ogawara e Guainûmby.
