Um olhar e a emoção

A noite estava agradável na cidade de Londres. O tempo estava ameno, com alguma brisa fria de vez em quando, e em uma rua do bairro mais luxuoso da cidade o cheiro de lírios invadia o ar inevitavelmente. O movimento era intenso em frente à mansão Malfoy. Vários carros chegavam trazendo pessoas importantes da sociedade elegantemente vestidas e com sorrisos de orgulho e altivez estampados na cara. A noite era de festa. Cada pessoa que chegava ao local se impressionava com a bela decoração do lugar. Os lírios estavam espalhados pelo bem cuidado jardim que circundava a mansão, algumas velas iluminavam o lugar o que dava um aspecto romântico e ao mesmo tempo sombrio, os caminhos eram de blocos de pedras coloridos e havia alguns bancos de pedra bem talhados e bem postos embaixo de frondosas árvores, tudo era simplesmente encantador. A decoração da mansão era luxuosa, podia-se ver ouro na maioria dos objetos da casa cujos pisos eram de madeira impecavelmente encerada e as paredes eram brancas com detalhes dourados ou quadros lindíssimos. O bom gosto e a elegância eram evidentes, bem como a posição social dos anfitriões. O saguão era grande e aconchegante, uma banda tocava algumas musicas dançantes ao canto e algumas pessoas dançavam. Os homens estavam impecáveis em seus ternos pretos e as mulheres disputavam quem era a mais bonita com seus longos vestidos de gala e as jóias mais caras que possuíam. O champanhe era servido por garçons juntamente com alguns salgados. Mais atrás tinha a sala de janta com uma imensa mesa com louça de porcelana e taças de cristal onde seria servido o jantar.

Harry Potter e sua esposa Virginia Potter chegaram a festa exatamente as 20:00 h, meia depois do horário de inicio da comemoração, como mandava a etiqueta. Iam de braços cruzados e observavam admirados, como todos que chegavam, o lugar onde se encontravam. Harry Potter era um famoso e respeitado médico da alta sociedade. Era o único herdeiro de toda a fortuna da família Potter, tinha ficado órfão de pai e mãe aos 11 anos e sem saber o que fazer havia sido amparado pela família Weasley, amigos de seus pais com quem passou a viver. Abandonou a mansão onde vivia com os pais, era tão bonita e elegante como a dos Malfoy, e foi viver na casa dos Weasleys que eram de classe media. Molly e Arthur Weasley eram pra ele como pais, bem como Ronald e Virginia eram como seus irmãos, viveram assim ate que ele fosse pra faculdade de Medicina e Ronald, com todo o esforço dos pais, fosse cursar Direito em Paris. Harry havia oferecido dinheiro pros estudos do amigo, quase irmão, mas eles haviam recusado, jamais haviam aceitado dinheiro de Harry, arcando com todas as despesas desde que ele havia ido morar com eles. A principio a separação havia sido dolorosa, mas como ele dividiu o quarto com Ronald enquanto estavam na faculdade, tudo tinha sido mais fácil. Dividiram o quarto ainda com mais dois rapazes, Draco Malfoy e Cedrico Digorry. Ele e Cedrico haviam feito Medicina enquanto que Ronald e Draco cursaram Direito. Ambos compartilharam durante cinco anos suas vidas e podiam dizer que se tornaram grandes amigos. Quando retornaram da França, logo foram introduzidos na sociedade por serem todos de posses e graduados, assim passaram a conhecer muitas pessoas que acabaram por se tornarem seus clientes. Nesse ambiente Ronald havia conhecido Luna Lovegood, filha de um dos mais conceituados arquitetos do país, e apaixonaram-se, vindo a constituir matrimônio quatro meses após o regresso, agora esperavam ansiosos pelo primeiro filho. Harry também se casara, quando voltou de Paris não conseguiu ver Virginia, irmã de Ronald e filha dos Weasleys, como irmã como sempre havia sido antes, apaixonou-se por ela e descobrindo-se correspondido casaram no mesmo dia em que Ronald e Luna. Após o casamento dos filhos os Weasley haviam se mudado para uma vila um pouco distante de Londres já que as posses que tinham permitia que vivessem tranqüilos no campo, saindo de seu lar algumas vezes apenas para ir ate a cidade ver os filhos, ou estes iam até eles. Cedrico não tinha ficado no país, tinha viajado para a china, com os pais, que eram ricos comerciantes. Soubera que o amigo havia casado por lá com uma jovem filha de amigos do pai e que havia retornado a apenas uma semana a Londres, mas ainda não tinha reencontrado o amigo, com certeza ele havia sido convidado, Draco não esqueceria do amigo, seria bom reencontra-lo após mais de 1 ano sem se virem. Na verdade, ate Draco ele pouco via, trabalhava bastante pelo prazer em ajudar e gostava de ficar ao lado da esposa, a quem amava intensamente, não gostava das festas da corte e Virginia também era moça discreta e não lhe agradavam festejos alem dos da família.

Finalmente os Potter chegaram ao hall e foram imediatamente recebidos por Narcisa e Lucius Malfoy, pais de Draco. Narcisa era mulher fina e elegante, seu corpo esbelto, cabelos longos e loiros, olhos azuis, pele macia, perfume francês e um vestido de fino tecido davam-lhe ar aristocrata, bem como ao marido, também loiro, olhos azuis e porte forte, olhar endurecido. Após as saudações dirigiram-se para onde estavam Ronald e sua esposa Luna iniciando agradável conversa.

- Esta muito elegante Luna! Encantadora como sempre. – Harry disse galante enquanto beijava a mão da esposa do marido, sabia que Ronald era ciumento – Luna tinha cabelos loiros brancos, olhos azuis vivo, pele muito branca, estatura media, corpo esbelto e magro, jeito doce e delicado. Ela usava um delicado vestido azul que combinava com seus olhos e sua pele, era longo de corte delicado caindo bem com a barriga de seis meses de gravidez.

- Potter, você esta exagerando! – Ronald respondeu com visível nervosismo. Seu rosto havia ficado levemente vermelho como seus cabelos. Ronald era ruivo, olhos azuis, alto e forte, elegante e inteligente, muito bonito e admirado pelas mulheres. Harry via os olhares de algumas delas na direção do amigo.

- Você também esta muito elegante Ronald, deixe de ser ciumento, será que não vê que só estou dizendo que Luna ficou mais linda grávida. – disse Harry ao amigo com um sorriso divertido.

- Não sou ciumento Harry! E você não precisa ficar elogiando minha esposa desse jeito, sei que faz isso só pra me irritar – retrucou Ronald parecendo perplexo com a afirmação do amigo.

- Oh não! Que engano o meu em pensar isso de você! - Harry riu com gosto enquanto tirava os óculos para enxugar os olhos. Ele tinha pele clara, cabelos escuros desgrenhados e olhos verdes vivo, era alto, não tanto quanto Ronald, porte atlético e também muito admirado pela ala feminina.

- Parem já os dois! Nem aqui vocês se comportam? – Virginia disse com leve irritação. Ela era ruiva como Ronald, cabelos lisos e longos, abaixo dos ombros, olhos azuis mais claros que os do irmão, pele clara com algumas sardas distribuídas, estatura media, traços delicados embora sua expressão fosse seria, cintura fina, embora fosse magra tinha um corpo tipo violão, pele macia e cheirosa. Usava um vestido vermelho que lhe caia muito bem combinando com os cabelos e a pele, era sem duvida uma das mulheres mais bonitas da festa, se não fosse a mais. Os homens presentes dirigiam-lhe olhares furtivos de curiosidade e interesse, visto que Virginia pouco freqüentava as festas sociais e por ser inegável sua beleza.

Harry apertou-lhe na cintura e beijou-lhe delicadamente a face enquanto Ronald fazia o mesmo com Luna. Virginia sentiu-se levemente tonta.

- Vou ao toalete amor. – Virginia informou o marido que assentiu.

- Acompanho você Virginia. – Luna prontificou-se ao que Ronald olhou-a meio de lado não querendo solta-lá ate que ela delicadamente se desfez dos braços do marido.

- Não é necessário Luna. – Virginia disse sorrindo amavelmente.

- Eu a acompanharei, preciso ir ate lá mesmo. – ele disse alisando a barriga.

Contrariada, Virginia deixou-se acompanhar pela cunhada. Na verdade pretendia ir sozinha, não ao toalete, queria sair daquele lugar e ir ate os jardins tomar um pouco de ar, sozinha para pensar no que estava acontecendo. Fazia alguns dias que ela sentia pequenas tonturas e enjôos, desconfiava de uma gravidez, mas não queria dizer ainda por medo de estar enganada. Também não gostava daquelas festas onde a maioria das pessoas lhe via como uma interesseira que deu o golpe do baú no herdeiro da família Potter, sim porque ela sabia que era assim que eles pensavam embora ficassem com sorrisos para ela. Falsos! Era o que eles eram. Hipócritas! Ela havia casado com Harry por amor, ele sempre soube de suas condições e fora ele quem se declarara primeiro. Detestava aquelas mulheres de pose que a olhavam como superiores e aqueles homens que a desejam despudoradamente com o olhar. Chegou ao banheiro com a cunhada e fingiu retocar a maquiagem enquanto ela foi até a cabine, conversaram banalidades e quando terminaram seguiram rumo ao salão para encontrarem os maridos.

Harry esperou ate que elas se afastassem para pegar taças de champanhe para ele e o amigo e atormentar mais Ronald dizendo o quanto ele era ciumento. Estavam discutindo baixinho e disfarçadamente quando Cedrico juntou-se ao grupo, ele era alto e forte, cabelos castanho claro elegantemente penteados, olhos azuis muito claros, quase cinzas e pele clara, muito atraente, algumas pessoas olhavam curiosas para onde eles estavam.

- Harry e Ronald, quanto tempo - ele foi logo envolvido pelo abraçado saudoso dos amigos.

- Cedrico! Como estas? – fora Harry quem perguntara.

- Bem, muito bem amigos! Desisti de exercer Medicina como Ronald, i isso aconteceu quando viajei pra China com meus pais, interessei-me pelo trabalho dele e tornei-me comerciante! Casei-me na china com uma jovem que é de uma família amiga de meus pais e agora voltei para ficar de vez em Londres. Essa e minha esposa, Cho Chang Diggory.

Imediatamente uma jovem oriental saiu de trás dele. Ela tinha cabelos negros e lisos cuidadosamente presos em um coque, olhos escuros, pele pouco morena, era baixa diante de Cedrico, usava um vestido com estilo chinês que lhe emoldurara bem o corpo e lhe diferenciava das demais damas do lugar.

- Como vai Senhora! Ronald Weasley – Ronald cumprimentara-a primeiro pegando-lhe a mão e beijando-a sem tocar os lábios.

- Harry Potter. Como vai? – Harry pegou-lhe a mão e beijou-a tocando os lábios delicadamente ao que ele pode perceber que a esposa do amigo estremeceu. Ele mesmo havia estremecido com o toque dela, não entendia o que se passava com ele, mas sentiu-se atraído por aquela jovem.

- Ah, essa é minha esposa Luna! – Ronald apresentava a mulher que havia acabado de se aproximar com Virginia – Este é meu amigo Cedrico de quem lhe falei, dividiu quarto conosco em Paris.

- Como vai Senhora? Es encantadora! Ainda mais com esta barriga! – Cedrico pegou-lhe a mão e beijou-a sem tocar os lábios, ele estava ansioso por conhecer a jovem ruiva que acompanhava a esposa do amigo.

- Esta é Virginia, minha irmã e esposa do Harry – Ronald também disse ao notar que o amigo parecera esquecer que a mulher estava ali.

- Encantado em conhecê-la Senhora Potter – Cedrico disse galante o que fez com que Virginia corasse.

O grupo iniciou uma alegre conversa sobre os tempos da faculdade enquanto as mulheres demonstravam interesse em ouvi-los e vez ou outra diziam algo. Harry trocava olhares furtivos com Cho enquanto conversavam e embora soubessem que o que faziam era errado, não conseguiam dominar a atração que sentiam. Cedrico também procurava Virginia com os olhos embora tentasse se controlar, nunca havia se encantado com outra mulher antes, tinha certeza que amava Cho. Virginia parecia alheia ao que se passava, o que ela queria era voltar pra casa, não se sentia realmente bem, estava sentindo-se mais tonta e ainda tinha um aperto no coração, pressentia que algo iria acontecer, mas não sabia o que. Ronald e Luna pareciam não perceber já que estavam mais preocupados em acariciar a barriga de Luna e conversar com o bebê.

Draco Malfoy estava satisfeito com a festa em sua mansão. Tudo estava saindo como o planejado e a alta sociedade havia sido convidada e comparecido. Era sua festa de noivado! Talvez por isso todas aquelas pessoas estivessem ali, nem ele mesmo acreditava, logo ele que sempre fora galanteador, sempre estivera com muitas mulheres, agora se uniria a uma apenas. A esse pensamento ele riu enquanto ajeitava a gravata. Jamais seria de uma única mulher! Embora fosse casar, não amava Hermione, não creditava no amor, e tudo o que ele queria com esse casamento era uma esposa bonita, inteligente e rica que pudesse lhe dar um herdeiro e manter as aparências da sociedade, por isso escolheu Hermione, as outras eram levianas e fúteis demais para ser a Sra. Malfoy, enquanto que Hermione era discreta, sóbria e equilibrada em tudo que fazia. Terminou de arrumar-se com aprumo, estava impecável naquelas vestes negras que ele tanto gostava. Elas contrastavam com a pele pálida dele, os cabelos loiros claríssimos com algumas mexas que teimavam em cair sobre seus olhos, os olhos azuis acinzentados, nariz afilado, lábios vermelhos, alto, porte atlético, longe se fazia notar, era um homem muito atraente e cobiçado.

Ele saiu do quarto e encontrou Hermione do topo da escada para descerem juntos. Hermione era sua noiva, uma jovem de pele clara, cabelos castanhos e encaracolados que lhe emolduravam o rosto fino e de traços delicados que tinha uma expressão de mulher madura. Era alta e esbelta, elegantemente vestida. Filha de um famoso engenheiro era a herdeira de grande fortuna, alem de ser estudada já que havia sido criada em colégio de freiras por toda a vida. Draco tomou-lhe a mão e juntos desceram até o meio da escada, ambos iam sorridentes. Draco fez o anúncio oficial de seu noivado e todos brindaram ao casal. Em seguida eles continuaram a descer e foi ai que Draco viu pela primeira vez a mulher que mudaria sua vida para sempre, Virginia.

Ao final da escada começou a receber as felicitações de todos, desviando-se um pouco e puxando consigo a noiva dirigiu-se até os amigos, seu interesse real era conhecer a bela ruiva.

- Como estão vocês caros amigos! Há quanto tempo não nos vemos! Esta é minha noiva Hermione!

- Draco meu caro, confesso que estou surpreso, nunca pensei que se casaria! – Harry disse em tom brincalhão cumprimentando Hermione com um aperto de mão.

- Nem eu meu caro, mas Hermione conquistou-me! – ele disse enquanto sorria e beijava delicadamente a mão da noiva.

- Como vai Srta.? E seus pais? Não os vi por aqui! – Ronald disse amigavelmente enquanto também beijava delicadamente a mão de Hermione.

- Bem, obrigada! Eles não puderam vir, mamãe esta doente, problemas respiratórios, viajou com papai para climas mais secos afim de ter melhora em seu estado. – sua voz saiu meio embargada enquanto ela corava um pouco. Lembrava-se muito bem dele, foi seu primeiro amor, apaixonou-se por ele na primeira vez que o viu, no entanto, ele já era noivo e sempre a tratou com respeito, vendo nela uma amiga pra não dizer irmã.

- Não sabia que conhecia Ronald minha querida! – Draco olhou-a surpreso.

- Sou advogado do Sr. Granger desde que me formei.

- Ah sim, que bom, estamos realmente todos em família! – Draco ergueu a taça de champanhe ao que todos fizeram o mesmo.

- Esta é Cho... – Harry começou a dizer quando Draco cortou-o.

- Cho Potter sua esposa imagino.

- Não, não é minha esposa, é esposa de Cedrico – Harry disse constrangido olhando para os amigos.

- Ah , desculpe o engano, mas como os vi trocando olhares apaixonados, julguei que fossem um casal, pelo que eu saiba você havia casado, mas não sabia que o Cedrico tinha casado também, julguei até que ele estava a paquerar essa jovem ruiva que acredito seja sua irmã Ronald, já que ele não para de lançar olhares para ela desde que se afastou, mas devo ter visto mal, eu estava de longe mesmo.

- Não, você trocou tudo Draco, Virginia e esposa do Harry e Cho do Cedrico! – Ronald disse parecendo encarar como brincadeira o que o amigo havia dito.

- Ah, desculpem-me então! Eu realmente me enganei! – Draco disse sorrindo calmamente. Embora tivesse sido maldoso demais em seus comentários, não havia mentido em nada e disso ele sabia.

O clima havia ficado tenso. Harry e Cho agora não se olhavam mais com medo dos comentários que isso poderia causar ao que Harry procurou envolver Virginia, mas ela o afastou querendo constatar se o que Draco havia dito tinha algum fundo de verdade. Cho havia ido para perto do marido. Ronald e Luna tentavam puxar conversa para ver se amenizavam as coisas entre eles afirmando que Draco havia feito uma brincadeira, mesmo que de mau gosto. Hermione observava o quanto Ronald era atencioso e amoroso com a esposa e sentia uma pontada de ciúmes, decidiu puxar Draco para longe dali.

Após o jantar a festa continuava animada, agora mais que antes. Alguns casais dançavam alegres algumas modinhas modernas que tocavam. Harry estava dançando com Cho, Cedrico tinha proposto que ambos dançassem juntos, e Ronald com Luna. Cedrico chamou Virginia para dançar, mas ela recusou e nesse instante o pai dele o chamou a se reunir a um grupo de homens. Virginia agradeceu mentalmente, e olhou novamente para seu marido e a esposa do amigo, dançavam alegres e envolvidos, ao que Virginia sentiu novamente o coração apertar, precisava sair dali logo, agora podia ir aos jardins respirar pra ver se aquela sensação passava. Observou que todos estavam distraídos e discretamente encaminhou-se ate a saída. Alcançou os jardins e sentou-se o mais distante possível da agitação, fechou os olhos e respirando profundamente prendeu o ar nos pulmões, depois lentamente foi soltando e abrindo os olhos. Assustou-se ao ver que o amigo de seu marido Draco Malfoy estava ali em sua frente.

- O que faz tão bela dama sozinha aqui nos jardins? A festa não esta lhe agradando? – Draco perguntou galante.

- Não Senhor, a festa esta ótima. Desculpe-me por ter saído assim, mas eu precisava tomar um pouco de ar. – Virginia estava surpresa e sem graça.

- Não se preocupe, não tem que me dar satisfações, eu a vi sair tão sorrateira que – ele ia dizendo, mas ela o interrompeu.

- Pensou que eu havia roubado alguma coisa! – ela disse entredentes, o rosto avermelhando e a expressão de defesa.

- Não minha senhora, pensei que queria fugir dali. – ele devolveu calmo enquanto a encarava com curiosidade.

- Fugir? Eu, não queria fugir apenas tomar ar. - Virginia disse tentando esconder a surpresa, ele a tinha visto sair e tinha ido ao encontro dela, o que ele pretendia afinal com aquilo?

- Não fique incomodada, não pensaria jamais que serias capaz de roubar algo, pareceu-me que não se sentia bem onde estava e eu vim ver se posso fazer algo. Se quiser ir para casa sem seu marido eu mando um dos empregados levá-la em um carro de minha família, notei que não está aproveitando a festa como todos os outros, parece ansiosa. – Draco aproximou-se mais da jovem.

- Só precisava tomar ar, não costumo freqüentar festas sociais e me sinto estranha nesse meio. – ela devolveu mais calma, embora com certo receio, pois não deviam esta conversando a sós no jardim.

- Perdoe-me se lhe causei algum incomodo, pode ficar a vontade, vou voltar para a festa. – ele disse educadamente.

- Obrigada – Virginia levantou-se do banco - mas acho melhor eu voltar para perto de meu marido, nos vemos lá dentro – Virginia começou a caminhar quando sentiu outra tontura e cambaleou. Draco segurou-a.

- Sente-se mal? – ele perguntou preocupado.

- Não, já vai passar, é só uma tontura. – a tontura que ela sentia era forte, mas mais forte era sensação que ela sentia agora nos braços dele, seu corpo tremia e um calor lhe atacava. – Estou melhor, já pode me... – mas Virginia não terminou, desmaiou nos braços de Draco.

Draco pegou-a nos braços desmaiada, o peso dela era leve e o perfume dela o estava inebriando, caminhou pelos jardins até chegar ao fundo da mansão, por onde entrou causando um alvoroço nos empregados que se direcionaram a ele perguntando em que podiam servir, estavam assustados, Draco nunca ia lá. Ele apenas ordenou que continuassem seus trabalhos e não dissessem nada a ninguém, ao que eles obedeceram prontamente. Levou-a pela passagem dos empregados ate seu quarto e colocou-a sobre a cama, aproximou-se dela para sentir sua respiração e o tomou-lhe o pulso verificando que ela estava com a pressão baixa. Draco afastou-se dela indo ate um pequeno armário no banheiro onde havia alguns remédios, tirou de lá sais e voltou aproximando o frasco do nariz da ruiva fazendo com que ela despertasse lentamente. Enquanto aguardava que ele tornasse a si, ele observava o rosto da mulher a sua frente, a pele clara e corada, as sardas que lhe davam infinita graça, os cabelos ruivos que exalavam um agradável cheiro enquanto ele caminhava com ela, o perfume delicado e marcante. Ela entreabriu os lábios vermelhos e abriu devagar os olhos azuis cerrando-os ao que Draco não pode deixar de pensar no quanto ela era linda e sentir uma vontade imensa de beijar-lhe os lábios e fazer amor com ela

Virginia abriu os olhos lentamente e assustou-se ao ver Draco olhando-a de uma maneira estranha. Abrindo mais os olhos percebeu que estava em uma cama desconhecida e olhando ao redor pareceu estar em um quarto, olhou para Draco e se deu conta de que estava a sós com ele novamente, teve ímpetos de levantar-se, mas a cabeça lhe doía e por isso ela não pode mover-se e fugir dali o mais rápido que podia e queria, a presença dele lhe causava um incomodo que ela não sabia explicar, sentia calor, sentia vontade de admirá-lo, seu coração batia mais rápido e a respiração acelerava, seu estomago também revirava devagar. Draco percebendo que ela despertava e agora parecia mais consciente levantou-se da cama e balançando a cabeça para afastar os pensamentos anteriores postou-se em pé ao lado da bela mulher.

- Sente-me melhor? – Draco perguntou preocupado.

- Eu desmaiei? Onde estamos? Onde esta Harry? – ela parecia ansiosa pelas respostas.

- Sim, você desmaiou nos jardins e eu a trouxe pra cá, este é meu quarto, sei que não fica bem que você esteja aqui, mas não ficaria também se soubessem que estávamos a sos nos jardins. Harry esta dançando com a Sra. Diggory e seu irmão esta com sua esposa. Ah, também o Cedrico esta dançando com minha noiva, estão todos se divertindo, não darão por nossa falta, fique tranqüila.

- Eu, obrigada pela ajuda, mas tenho que voltar pra lá – Virginia tentou erguer-se e dessa vez conseguiu.

- Deixe-me ajudá-la – Draco estendeu-lhe a mão.

- Obrigada – Virginia disse enquanto se apoiava a mão de Draco e erguia-se. Quando ficou de pé sentiu-se tonta novamente e Draco envolveu-a pela cintura, aproximando demais os corpos, os rostos a menos de cinco centímetros de distancia, olhos nos olhos.

Harry estava dançando com Cho, tê-la nos braços para ele era ótimo, o movimento deles dançando era harmônico, o corpo dela era leve e bem feito pelo que ele podia sentir, o sorriso dela era indiscreto e isso o encantava, os olhares que ela lhe dava entre um passo e outro eram ao mesmo tempo maliciosos e inocentes, os corpos já estavam levemente suados visto que há tempos eles dançavam, a conversa fluía animada. Não pareciam notar o ar de maldade com o qual as pessoas olhavam para eles, afinal, Harry era casado e, no entanto, fazia já algum tempo que a mulher desaparecera e ele estava completamente envolvido pela oriental que não era bem vista desde que chegara devido a seu modo de se portar, olhando todos com ar esnobe, usando roupas diferentes e atraindo os olhares dos homens que ali estavam com seu modo de dançar sensual e sedutor, típico das orientais, o que incomodava as mulheres que ali estavam e que se consideravam de sociedade.

Hermione dançava sorridente com Cedrico, embora seus pensamentos estivessem voltados a Ronald. Como ela pudera se sentir assim ao tê-lo visto? Ela era noiva e ele casado, o que ela sentiu por ele foi só uma paixonite, não podia ser amor de verdade e mesmo se fosse, não podiam ficar juntos de forma alguma, tinham seus compromissos. Hermione repreendeu-se mentalmente por pensar em amor com ele, afinal, ele nem gostava dela, era apaixonado pela esposa como todos podiam perceber. Precisava tirá-lo de seus pensamentos e continuar sua vida, ia se casar com Draco, um belo rapaz que ela pensava que amava até se deparar novamente com Ronald. Não, ela não pensava, ela amava Draco ela afirmou a si mesma, mas ainda assim não conseguiu esquecer o modo carinhoso e apaixonado com que Ronald olhava para Luna e desejar ser olhada daquele mesmo modo por ele.

Ronald e Luna dançavam felizes uma musica alegre, alheios a todas as duvidas, maldades, ausências, falatórios e tudo o mais que acontecia na festa. Ronald era extremamente apaixonado pela esposa e ela idem, a felicidade do casal era completa, pois aguardavam a chegada do herdeiro para daqui a três meses. Ronald embalava a esposa pelos braços e ambos trocavam juras de amor eterno.

Draco não resistiu à distância entre seu corpo e o de Virginia, puxou-a indelicado para si e a beijou, pressionando-a fortemente contra seu corpo. Virginia a princípio ficou estática, aquele homem a envolvendo, a força dele, o corpo dela tremendo ao contato dele, a respiração acelerada e o coração batendo forte. No entanto a vontade de corresponder foi maior e ela se deixou levar pelo beijo dele que a havia começado de forma bruta e agora se tornara calmo. Envolveu-o com seus braços e aproximou-os mais de forma delicada. Ficaram assim por alguns minutos, esquecidos do mundo, da festa de noivado de Draco, no marido de Virginia, das pessoas ali presentes, do tempo em que haviam sumido. Ao sentirem o ar faltar, foram separando os lábios devagar, mas o corpo permanecia unido, olharam-se dentro dos olhos e um silêncio caiu sobre eles. O olhar de Virginia mostrava confusão e o de Draco desejo.

- Temos que voltar a festa – foi Draco quem disse primeiro, separando-se a custo dela.

- Sim, temos. – a voz dela saiu fraca, estava perdida no que havia feito. Agora a razão começava a fazer parte de si.

- Vamos voltar por onde viemos, não seremos vistos e você poderá voltar pelos jardins.

- Sim – foi tudo que ela conseguiu responder.

Saíram sorrateiros e de mãos dadas por onde Draco a havia trazido desmaiada. Draco ia à frente, pensando no que havia acabado de acontecer entre eles. Aquela mulher a sua frente era casada, esposa de um dos seus melhores amigos, mas ele não podia negar que ela era linda e fazia com que ele se sentisse de uma forma diferente, o que ela despertava nele, ele não conseguia explicar, nunca havia se sentido assim antes e já havia estado com varias mulheres. Sentiu uma atração irresistível por aquela ruiva comprometida e proibida que ia andando com ele agora, que ele havia beijado em seu quarto, que ele não queria se afastasse dele, não queria que ela partisse com o marido, mas que ele não podia ter para si. Ele sabia que nunca havia sido santo, mas não seria capaz de tentar seduzir aquela jovem, de trair seu amigo e sua noiva, perdeu-se em pensamentos. Virginia nem sequer via por onde estava indo, só pensava no que tinha acontecido com ela e aquele rapaz, amigo de seu marido, estava louca! Só poderia estar para fazer o que fez, precisava ir embora dali o mais rápido que fosse possível. Ela não sabia como agir, como ela pudera cometer tamanho ato? Traíra seu marido, fora um único beijo, mas aquilo para ela significava a traição, nunca havia beijado outro homem antes alem de Harry, e, e não sabia o que pensar mais, estava confusa, tudo havia sido diferente nesta festa, tudo parecia tão errado! Estava tão absorta que nem percebeu quando chegaram aos jardins. Draco parou diante dela fazendo com que ela esbarrasse nele. Virginia olhou-o rapidamente e tudo o que ela fez foi seguir, quase que correndo para dentro da mansão Malfoy. Viu que todos estavam distraídos com jogos, conversas e danças. Viu Harry ainda na companhia de Cho sentados a uma mesa conversando alegremente e tomando vinho, seu coração apertou levemente, ela não sabia se por culpa ou por medo. Caminhou até eles e parou atrás de Harry, abaixando-se e dizendo-lhe no ouvido que gostaria de ir pra casa, pois não estava se sentindo bem.

- Agora querida? A festa esta tão boa – ele disse com um tom diferente ao que Virginia pode identificar que Harry estava levemente embriagado.

- Sim meu amor, não agüento mais ficar aqui, estou cansada, não me sinto bem – Virginia disse solicita.

Nesse momento Luna e Ronald se aproximaram da mesa onde eles estavam e anunciaram que já iam embora ao que Harry pediu que levassem Virginia com eles, pois ele queria ficar um pouco mais na festa com os amigos. Virginia recusou-se a ir com o irmão e a cunhada, então eles se despediram e logo partiram.

- Você não queria ir embora? – Harry falou em um tom de leve irritação.

- Não posso ir sem você Harry, es meu marido. Viemos juntos, vamos voltar juntos – ela devolveu tentando dissimular a raiva.

- Então trata de sentar ou dançar, mas aproveite a festa, pois só vamos quando eu quiser. – ele disse ainda irritado e depois sorriu calmamente para Cho que devolveu-lhe o sorriso.

- Mas Harry – ela ainda tentou argumentar.

- Mas nada Virginia. – ele cortou e ela calou-se se sentando ao lado dele.

Virginia estava surpresa e irritada, Harry quis que ela fosse embora com o irmão e a cunhada e o deixasse ali, bebendo na companhia da mulher do amigo, mesmo depois dela dizer que não estava bem. Olhou bem para Harry e viu que ele estava encantado com aquela mulher, a mulher de seu amigo, e ela parecia corresponder, pois não sai de perto de Harry. Onde estava Cedrico, porque não levava a esposa embora? Olhou ao redor e não o viu. Como ele podia deixar a mulher sozinha e sumir? Bom, Harry não havia sumido, mas desde que aquela mulher chegou àquela festa que ele havia esquecido dela. Tudo estava do avesso. Harry estava bebendo, coisa que ele nunca havia feito antes, estava interessado em outra mulher, ela havia beijado outro homem, o mundo havia enlouquecido. Ela sentiu outra tontura e apoiou a cabeça nas mãos, respirando pesadamente como que para aliviar a dor ela, então decidiu ir embora, com ou sem o Harry.

- Esta se sentindo mal Sra. Potter?

- Eu.. – Virginia ergueu os olhos para deparar-se com Draco, estremeceu.

- Virginia esta reclamando que não esta bem, quer ir embora! Mas é só fingimento, não quis ir com o irmão, então que agora espere, nos só vamos depois.

- Não estou fingindo! – ela respondeu ofendida, Harry havia ido longe demais, onde estava seu marido afinal? Aquele a sua frente com certeza não era o Harry que a amava.

- Posso pedir que a deixem em casa se desejar. – Draco ofereceu cordialmente.

- Eu aceito obrigada! – ela respondeu e levantou-se imediatamente. Sem dizer uma palavra a Harry ou a qualquer outro na festa ela partiu rumo a entrada da Mansão na companhia de Draco.

Chegaram ao portão e Virginia novamente sentiu tontura. Draco a amparou e a ajudou a entrar no carro, entrando em seguida. Virginia olhou para ele com espanto.

- Você não esta bem, não vou deixá-la ir só para casa.

- Mas a festa – ela quis argumentar.

- Volto logo, ninguém vai dar por minha falta.

- A sua noiva. – Virginia insistiu.

- Foi deitar-se, não estava sentindo-se bem também, já explicamos isso aos convidados. Vão pensar que estou com ela.

- E se ela precisar?

- Não vai, o que ela tinha era só cansaço mesmo, não é dada a festas sociais como você.

- Ela vai dormir aqui? – Virginia perguntou espantada.

- Sim, os pais estão viajando, não seria bom se ela ficasse só em casa, melhor aqui na minha companhia e de meus pais.

- Mas as pessoas podem falar.

- Ah, por favor, Virginia, acha que já não estão falando? Harry esqueceu você e esta na companhia da mulher do amigo o máximo que pode, ainda mais agora que Cedrico foi deixar os pais em casa. As mulheres aqui presentes não gostaram nem um pouco dela devido ao jeito encantador que ela tem, na verdade não gostam umas das outras e os homens idem, tudo são aparências Virginia, você vai aprender isso. Alem do mais, Hermione é minha noiva, somos praticamente casados. Nossas famílias aprovam e isso é o que importa. Não me importo com o que falam, como você mesmo disse, são hipócritas, todos hipócritas. A maioria aqui faz coisas que atentam contra a moral e os bons costumes e depois se passar por moralistas. Mas não vamos discutir sobre isso, vou acompanhá-la ate sua casa.

- Esta bem. – Gina respondeu quase inaudível.

Draco ordenou ao cocheiro que partisse para a Mansão Potter, depois olhou para Virginia que estava encolhida a um canto no banco em frente dele. Ela era linda, como podia o marido deixá-la de lado? Cho era bonita, mas era diferente de Virginia. Harry era um idiota completo. Virginia estava confusa, Harry preferiu ficar na festa, como se ela não fosse nada para ele, e além do mais em companhia de uma outra mulher, não que ela tivesse com o que se preocupar, não tinha porque sentir ciúmes dele, Harry sempre fora um ótimo marido, nunca havia feito nada de errado, se bem que hoje havia sido um dia estranho demais, e ela sentiu novamente o aperto no coração. Tinha que esquecer essa festa, tudo havia dado errado. Assim, perdidos em pensamentos, ela e Draco chegaram a Mansão Potter. Draco a ajudou a descer e esperou ate que ela entrasse pelos portões da casa. Fez um gesto com a cabeça e partiu de volta pra casa.