Titulo: O Legado de Perdido - Prólogo

Autor: BeeHime (Saharlem Maels)

Sumário: Algo de errado aconteceu quando Severus activou uma portkey ao escapar do castelo de Lucius desaparecendo num mar de chamas.

Disc.: 'Harry Potter' pertence a J. K. Rollings e 'Lord of the Rings' é da autoria de J. R. R. Tolkien, esta fanfiction foi escrita apenas para alimentar a minha perversa musa!

Notas: Esta fic encontra-se também publicada na minha página em AO3.


"SEVERUS!" gritou Lucius Malfoy enraivecido, alcançando o topo das longas escadas de granito, fazendo com que o mestre de poções parasse centímetros da janela que acabara de abrir, e que pela qual tencionava escapar.

Devido à estupidez crónica de Potter e dos seus amigos de se armarem em heróis, acabaram por ser capturados na mais óbvia armadilha de sempre, e desta vez nenhum dos adultos estava por perto para os ajudar quando as coisas deram para o torto! Desse modo Severus Snape fora obrigado a comprometer o seu papel de espião, expirando assim desnecessariamente um insubstituível recurso da Ordem de Fénix; ao ser descoberto pelos os Deatheaters depois de ter posto a salvou os miúdos.

Olhando para trás de si sobre o seu ombro, Severus viu o élfico slytherin aparecer bloqueando a única entrada da divisão. Não havia duvida, Lucius conhecia-o muito bem, ao contrário dos restantes idiotas que pensaram em o encurralar no rés-do-chão bloqueando as saídas mais óbvias, o aristocrata que previra as suas intenções, subiu sem demora até a mais alta torre da sua antiga residência de verão. O castelo de Mooramond, como as terras envolventes, foram doadas pelo rei por serviços prestados à coroa, depois do clã deste emigrar para Escócia no final do século treze.

"Que loucura pensas que estas a fazer!" Exclamou rispidamente o Lorde Malfoy, os seus olhos metálicos ardiam quase friamente, evocando aborrecimento mais do que choque pela sua traição. Não era o acto cometido por ele, que a postura rígida de Lucius parecia repreender, mas, as consequências que pagaria pela ousadia de tal acção, e com isso, os lábios de Severus esticaram-se num sorriso aprazível rodando resto do corpo e defrontando sem temor o seu companheiro, enquanto este avançava em largas passadas em sua direcção devorando num ápice a distância que os separava.

"Lucius!" Sussurrou Severus, estendo rapidamente um dos seus braços estancado a marcha de Malfoy com a ponta da sua varinha que espetara de encontro ao peito deste. "Apesar de não estares presente na altura, sabia que serias o primeiro a me encontrar." Afirmou estudando o belo rosto do feiticeiro ignorando o que anteriormente bradara.

"Porquê?" Disse autoritariamente como estivesse a falar com uma criança traquina que inadvertidamente pregara uma partida de mau gosto; descartando ameaça que a varinha no seu peito representava agarrou rudemente o tecido negro do casaco do homem a sua frente, puxando-o para si sem obter qualquer resistência física deste.

"Não tenhas medo por mim..." respondeu Severus permitindo o movimento; ambos sabiam mesmo que não tivessem escolha, nunca lutariam um contra o outro, e neste momento Lucius não o impediria de escapar, apenas queria respostas para o acto impulsivo que cometeu. Apesar das aparências existia entre eles uma profunda amizade, que subsistia desde que se conheceram várias décadas atrás não havia nada no mundo que quebrasse a lealdade entre eles.

"Desculpa-me!" Severus sussurrou agarrando a nuca do lorde emaranhando os seus dedos pelas longas madeixas e puxando o rosto deste para junto de si mergulhando os seus negros olhos em argênteo. "Terei cuidado!" Mas a mente astuciosa do feiticeiro segredou algo muito mais importante a Malfoy. Seguidamente para irritação deste e sabendo que Lucius não o esperava, Severus depositou um beijo na sua testa usando o choque subsequente para se desprender dele, e saltando da janela atrás de si.

Fora tão rápido que Lorde Malfoy perdeu valiosos segundos a olhar atónito para a maldita janela, tentando compreender o que acabara de acontecer. "SEVERUS!" O nome do professor de poções soltou-se da sua garganta ressequida ribombando pela diminuta divisão. Com os olhos cheios de horror encurtou a distância que o separava da inócua abertura tirando prontamente a sua varinha do seu fino robe quase rasgando o bolso, antes de se debruçar grosseiramente no parapeito temendo ver a figura do seu amigo esmagada de encontro as pedras vários metros abaixo, mas o que viu nesse instante o deixou ainda mais aterrado, ceifando instantaneamente o feitiço que tinha nos lábios e que salvaria o seu amigo da insensatez que acabara de cometer.

Sob o inesperado clamor aveludado da voz de Severus, Lucius avistou labaredas duma cor turmalina brotarem do braço esquerdo do Slytherin, engolindo em segundos a figura esguia do feiticeiro, instantes depois de começar o fogo preternatural consumira o ser do seu amigo sem piedade, emudecendo o seu sofrimento não restando nada atrás de si a não ser cinzas e farrapos ardentes que caíram delicadamente no fundo mergulhando nas frias águas do lago que banhava o sopé da antiga fortaleza.

Amargurado fechou os olhos, tentando controlar o seu desespero, 'n-não...não acabei de ver... Severus...ele não morreu!' Considerou abanado furiosamente a cabeça negativamente; 'ele esta são e salvo em Hogwarts e quando eu lhe colocar as mãos em cima, vai desejar não me ter tirado do sério!' Prometeu, voltando as costas a janela. Inspirando fundo soltando o ar devagar, tentando se compor algo que naquele momento parecia impossível! Alargando os seus punhos serrados guardou cuidadosamente a sua varinha receando quebra-la com a tensão que o seu corpo possuía naquele instante. Sentia uma vontade imensurável de bater em alguém, raiva era melhor do que o gélido sentimento de impotência que preenchia o seu coração, em bruscas passadas dirigiu-se a lareira mais próxima. Implorando silenciosamente a todos os deuses que o pudessem ouvir, pelo salvo-conduto de Severus e que o acidente que presenciara não significasse a sua perda, nem ele nem a sua pequena família saberia o que fazer se isso acontecesse!