Pandora Hearts © Jun Mochizuki.
Ernest Nightray não possuía mais do que memórias confusas dos últimos vinte e dois minutos. Os instantes que precederam aquele no qual se encontrava tão vulnerável não passavam de mais do que um borrão em sua mente, repleto de uma névoa de amarelo, preto e branco que ele reconhecera como Vincent. Sentiu algo estremecer dentro de si de uma maneira que não achou nem um pouco agradável ao fazer tal constatação. Sequer considerava o jovem de olhos heterocromáticos digno de viver sob o mesmo teto que ele, que dizer tocá-lo daquela maneira suja. Tudo o que tivesse o toque daquele que se recusava a chamar de irmão adotivo só podia ser corrupto – e se ainda não o era, muito em breve seria.
Por essa mesma razão, tentou repeli-lo como pôde, afastando suas pernas – quase que totalmente expostas – daquelas mãos frias, tendo as suas próprias amarradas com algo que parecia ser, por adivinhação baseada exclusivamente em tato, uma fita de cetim. Soltou um grunhido baixo no processo, coisa que chamou a atenção do mais novo. Vincent deu um risinho, as vibrações de sua garganta causando pequenos calafrios em sua pele pálida e nua.
– Por acaso você acha que vai me convencer de que não está gostando? – sussurrou pouco depois de desocupar a boca, sua voz saindo como um sibilo malicioso.
Ernest estreitou os olhos e rangeu os dentes, como se procurando um insulto suficientemente ofensivo para desferir contra aquele homem cujo sorriso aparentemente angelical – porém muito mais do que diabólico – rapidamente se desfez, voltando à sua ocupação anterior. O gesto fez com que, mais uma vez, se agitasse dentro dos limites de sua privação. Emitiu outro som baixo, dessa vez mais para o lado do gemido. A visão do loiro – tão passivo e indiferente, porém tão dominante ao mesmo tempo – o incitava de uma maneira que lhe dava nojo, mas era incapaz de demonstrar oposição de uma maneira mais vigorosa.
Vincent continuou no mesmo ritmo, fazendo com que o Nightray mais velho não demorasse a terminar. Aparência em completo desalinho, uma imagem na qual não poderia encontrar mais deleite – pele brilhando graças ao suor, o mesmo que grudava seus cabelos e a camisa de tecido branco, macio e caro a ela; rosto avermelhado, olhos lacrimejantes, lábios entreabertos permitindo o trânsito de uma respiração ofegante –, curvando seus lábios num sorriso no mínimo sádico depois de afastá-los dos músculos inquietos de Ernest (e antes de colá-los na boca dele). Sua língua tinha sabor de suor, saliva e sêmen, dividindo-a com o dono dele.
– Você está pagando pela língua, irmão – sussurrou, se afastando com o sorriso ainda imutável. Um fino fio da solução ainda unia sua boca à dele. – E eu estou pagando com ela.
O Nightray adotado limpou o canto da boca com a manga e apenas saiu do quarto, com a maior tranqüilidade, abandonando o mais velho à própria sorte. Se divertiria muito mais ouvindo as explicações de Ernest a quem quer que o encontrasse mais tarde.
[N/A] Eu devo ser a única pessoa que shippa isso no mundo inteiro, mas quem liga?
Reviews, seus lindos? s2
