Capítulo 1 – Querido Diário

Mino's POV

Dear diary, nemure nai yoru ni wa,

(Querido diário, nas noites não podemos dormir,)

Afureru tears, osae te miageteru stars

(Nós contemos as lágrimas, que transbordam e olhamos para as estrelas)

Sō Why do we?

(Então, por quê?)

Kizutsuke au bakari de, what can I do? dōka oshie te

(Por nada, além de se machucar, o que eu posso fazer? Por favor, diga-me)

Segunda-feira

Mino mais uma vez se encontrava sozinha em seu quarto fazendo anotações em seu diário. Na maioria dos dias escrevia coisas corriqueiras ou anotações para recordar algo que deveria fazer ou que gostaria de fazer, mas, se desse um pouco de sorte, ele apareceria no orfanato e então tudo o que acontecia se tornava especial. Só o fato de ele aparecer por lá tornava seus dias mais alegres e, dessa vez ele chegara a trocar algumas palavras com ela. Ele falara com ela, pensou a jovem empolgada, começando a escrever.

Flashback

You keep all my secrets, you know all my fears

(Você guarda todos os meus segredos, sabe todos os meus medos)

You hear all my laughter, donna toki mo

(Ouve todos os meus risos, a qualquer momento)

Eire ficara encarregada de colocar as crianças menores para dormir e ela deveria levar as maiores para brincar no quintal para que não atrapalhassem o cochilo dos pequenos. E enquanto as crianças corriam de um lado para o outro, jogando futebol ou pulando corda, ela sentou na varanda para observá-los e descansar um pouco.

Estava um dia bonito, porém quente, e ela suava um pouco, mas isso não a impedia de apreciar a alegria das crianças, pensou com um sorriso, cobrindo seus olhos com uma mão para evitar que a luz do sol os atingisse diretamente. E foi então que sentiu que havia alguém a seu lado. Quando se virou para ver quem chegara, se deparara com o cavaleiro de Fênix encarando-a.

- Olá. – Ela disse sentindo seu rosto corar.

- Oi. – Ele respondeu com um sorriso de canto que a desarmara no mesmo instante. Se não estivesse sentada, tinha certeza de que não conseguiria se manter de pé, pois suas pernas ficaram trêmulas.

Antes que pudesse abrir a boca para dizer mais alguma coisa, as crianças o avistaram e logo o convocaram para participar do jogo com elas. Ikki dificilmente conseguiria escapar deles. O cavaleiro lhe lançou um olhar de resignação e foi ao encontro deles, voltando a deixá-la sozinha com seus pensamentos, que naquele momento estavam focados nele.

Ikki jogava bem, mas claramente não jogava a sério para dar às crianças a oportunidade de o alcançarem. E mino apenas observava seus passos, seu corpo, sua desenvoltura. Como alguém, um dia, pudera achar que Ikki se dedicaria a algo maligno? Ele era tão gentil e amável com as crianças. Era claro que algum tipo de mal-entendido ocorrera durante o Torneio Galáctico, mas, por sorte, tudo se esclarecera.

Mino se distraiu pensando nisso e quando deu por si, o cavaleiro estava tirando sua camisa na frente dela.

- Está muito quente. – Ele comentou passando a camisa pelo corpo para se secar. – Vou deixar a camisa aqui, ok? – Indagou colocando-a sobre o braço de uma cadeira que estava ao lado dela.

- Ok. – A jovem respondeu com o rosto vermelho, fazendo um esforço descomunal para não desviar seus olhos dos dele e ficar encarando seu corpo. Em seguida Ikki voltou a jogar com as crianças, embora olhasse para ela algumas vezes durante o jogo. Provavelmente ele notara a forma com que ela o encarava quando achava que ele não estava olhando. Tinha que tentar ser mais discreta na próxima vez.

Fim do Flashback

Apesar de ter se sentido constrangida, devido às suas próprias atitudes e aos olhares dele, Mino não se arrependia do que ocorrera. Quando teria outra oportunidade de vê-lo daquela maneira? Quando poderia estar perto do homem pelo qual era apaixonada novamente? Ikki quase sempre desaparecia sem dizer nada. Nem mesmo seu irmão tinha notícias suas com frequência, portanto ela sabia que fizera muito bem em aproveitar aquele momento único, pensara antes de cair no sono.


Dear diary, kono sekai ni hikari o

(Querido diário, dê luz a este mundo)

Tada aisuru koto dake de, let's make the world a better place

(Apenas por amar, vamos tornar o mundo um lugar melhor)

Dear diary, kono te ni chikara o

(Querido diario, dê poder a estas mãos)

Kanashimi o tsuyo sa ni kaeru yō ni, oh, please, dear diary

(Para transformar a tristeza em força, oh, Por favor, querido diário)

Terça-feira

Mino mal conseguia conter as batidas de seu coração enquanto tentava lembrar de tudo que ocorrera naquela tarde para anotar em seu diário. Ela realmente acreditava que Ikki pudesse gostar dela, pelo menos um pouco, e isso era demais para qualquer um.

Flashback

Surpreendentemente, Ikki retornara ao orfanato no dia seguinte no mesmo horário; e se deparara com a mesma cena do dia anterior. Só que, dessa vez, ela escrevia em seu diário, pois dormira antes de conseguir escrever tudo o que queria. Se ela soubesse que ele voltaria lá, teria tentado se arrumar um pouco mais, mas, novamente, estava com aquela aparência suada, o que certamente não ajudaria o cavaleiro a notá-la.

Assim que o cavaleiro chegou, ela fechou o diário e eles se cumprimentaram. Ikki parecia querer dizer alguma coisa a mais, mas as crianças monopolizaram sua atenção novamente e ele se afastou dela. Provavelmente não queria dizer nada demais, mas, mesmo assim, ela gostaria de ouvi-lo.

Wasure rare nu hodo ni, kurikaeshi

(Essa cena repete tanto, não consigo esquecer)

Mune shimetsukeru ano shīn, why can't we?

(E aperto o coração, por que não podemos?)

Wakariaeru no nara, how can I do dōka oshie te

(Como posso fazer para nos entendermos, por favor diga-me)

Ao se ver sozinha novamente, Mino voltou a escrever em seu diário. Não progrediu muito antes que uma sombra encobrisse a ela e ao caderno.

- O que tanto você escreve? – Era Ikki que a pegara desprevenida. Mino fechou o diário com pressa e ergueu a cabeça assustada. Será que ele lera alguma coisa?

- Nada demais. – Respondeu um pouco nervosa e ele a encarou com suspeita.

- Bom, se é assim, você pode jogar um pouco de futebol com a gente. – O cavaleiro falou com um sorriso brincalhão.

- O quê? – A jovem se sobressaltou. – Mas eu não sei jogar. Eu...

- Não é muito difícil. Vem. – Ikki insistiu, estendendo a mão para ela. Mino pensou em recusar mais uma vez, mas não queria parecer uma chata, estraga prazeres, por isso segurou a mão dele e o seguiu, deixando o diário sobre a cadeira onde estivera sentada.

Ikki lhe explicou as regras básicas e, em seguida, ela corria junto com ele e as crianças. Era óbvio que ela não tinha a mesma capacidade física que ele, mas conseguia correr com eles tranquilamente, embora nunca fizesse menção de tocar na bola.

Em um momento de distração, quando olhava para ele, uma das crianças jogou a bola para ela, mas antes que pudesse pensar em alcançá-la, Makoto lhe deu um empurrão que a jogou no chão.

- Desculpa, Mino. – O menino pediu angustiado.

- Está tudo bem. – Ela disse rindo da situação e, antes que pudesse se levantar, Ikki já estava a seu lado pegando-a no colo e fazendo-a corar até a raiz dos cabelos.

- Tem certeza de que está bem? – A voz dele, tão próxima ao seu ouvido, lhe causou um arrepio.

- Estou bem. – Mino respondeu encarando-o, envergonhada. – Já pode me colocar no chão. – Ikki também parecia envergonhado, embora ela não pudesse afirmar a razão. Acreditava que ele pudesse estar arrependido por tê-la convidado para o jogo. – Eu disse que não sabia jogar. – Concluiu com um sorriso constrangido enquanto ele a colocava no chão.

- O quê? – Ele indagou com incredulidade. – Você estava indo bem até esse troglodita te derrubar. – O cavaleiro falou implicando com Makoto. – Acho que você tem direito a um pênalti. O que acham? – Perguntou às crianças e todas começaram a gritar: "Pênalti! Pênalti!"

- Ok. – A jovem concordou rindo. – O que devo fazer? – Ikki a posicionou em frente ao gol e, com uma mão em sua cintura, explicou o que ela deveria fazer. A proximidade com o corpo dele a deixava entorpecida. – E se eu errar? – O rosto dele estava bem próximo ao dela.

- Não tem nenhum problema, onna. – Explicou com um sorriso de canto. – Não estamos disputando o campeonato mundial. – Ela assentiu, rindo.

- Certo. – O cavaleiro se afastou e Mino tomou um pouco de distância antes de chutar. Depois que chutou a bola, parou e observou. Logo todos comemoravam o gol dela.

- Eu acertei! – Gritou animada dando um pulinho. – Eu acertei! – Mino repetiu quando Ikki voltou a se aproximar dela e, quando deu por si, já estava abraçando ele.

Num primeiro momento, Ikki ficou tenso com o abraço repentino, mas, em seguida, correspondeu-a. Ela poderia ficar nos braços dele o dia todo, mas aquilo seria loucura, por isso se afastou e abraçou as crianças que queriam parabenizá-la. E, mesmo estando ocupada com as crianças, a jovem não deixou de notar que os olhos de Ikki estavam sempre buscando os seus.

Fim do Flashback

No fundo Mino sabia que isso não significava muito. Provavelmente não significava nada. Mas seu coração sempre acelerava quando lembrava dos olhares que ele lhe lançava e, de alguma forma, isso só aumentava suas esperanças de que um dia ele a notasse.


Dear diary, kono negai o kanae te

(Querido diário, conceda-me esse desejo)

Tada shinjiru koto dake de, let's make the world a better place

(Apenas acreditando, vamos fazer do mundo um lugar melhor)

Dear diary, kono te ni chikara o

(Querido diario, dê poder a estas mãos)

Itami o itoshi sa ni kaeru yō ni, oh, please

(Para transformar dor em amor, oh, Por favor)

Quarta-feira

Mino não queria admitir, mas esperava ansiosa pela vinda de Ikki. Ele não dissera que retornaria naquele dia, mas a jovem tinha esperanças que sim. Enquanto aguardava, ia continuar escrevendo em seu diário. No dia anterior ocorreram tantas coisas que ela nem sequer tivera cabeça para ficar escrevendo depois que ele fora embora.

Já estava quase terminando de escrever seu relato, quando ouviu o alvoroço que as crianças faziam. Ela olhou na direção da porta e se deparou com Ikki, que chegava com uma caixa cheia de picolés, o que, obviamente, deixou as crianças em polvorosa.

O cavaleiro distribuía os picolés tentando manter a ordem entre as crianças, mas todos queriam ser os primeiros. Mino achou a cena tão engraçada que acabou rindo um pouco mais alto que o normal.

- Quer dizer que você vai ficar rindo de mim? – Ele indagou fingindo estar indignado e o sorriso de Mino de alargou.

- É engraçado ver outra pessoa, além de mim, passando por essa situação. – Ela respondeu ainda sorrindo.

- Se me ajudar, você ganha um. – Ikki disse tentando suborná-la.

- Do sabor que eu quiser? – Mino indagou brincalhona.

- Claro. Afinal sou um cavalheiro. – Ele respondeu entrando na brincadeira.

- Ok, então. – A jovem se levantou para ajudá-lo e logo as crianças se acalmaram, quando cada uma havia escolhido seu sabor favorito.

- Nossa. Achei que fosse ser pisoteado. – O cavaleiro comentou, fazendo-a rir novamente.

- Mas pra minha sorte, não foi. – Mino respondeu sem pensar e, em seguida, corou ao perceber o que dissera. – Quero dizer... Quem iria garantir meu sorvete? – Ela falou tentando não demonstrar o que realmente quisera dizer, afinal os olhos de Ikki não saiam de cima dela.

- Tem razão. – Ele concordou com um sorriso de canto. – Você quer de que sabor? – A jovem olhou para ele e os dois ficaram se encarando em silêncio.

- Tem de chocolate? – Ela perguntou, por fim, desviando os olhos dos dele.

- Hm... Chocolate... – Ikki procurava na caixa. – Tem. Tem sim. – Exclamou ao encontrar o sorvete solicitado. – Aqui está. – Suas mãos se tocaram quando Mino pegou o sorvete.

- Obrigada. – Os olhos do cavaleiro pareciam se concentrar em seus lábios.

- Disponha. – Mino jurava que havia algum tipo de interesse nos olhos de Ikki, mas não podia realmente acreditar que fosse algo além de sua imaginação. O que alguém como Ikki veria nela? Pensou enquanto mordia o sorvete. – Sabe, esse é o último picolé de chocolate e esse é meu sabor favorito. Você bem que podia dividir comigo, não acha? – A jovem olhou para ele surpresa e voltou a corar.

- Se você quiser, pode ficar com ele. – Disse envergonhada. – Embora eu já tenha mordido.

- Não. – O cavaleiro falou com um sorriso enigmático. – Só quero um pedaço. – Concluiu antes de segurar a mão dela, que sustentava o sorvete, e trazê-la para perto de seus lábios. Ikki mordeu o picolé sem desviar os olhos dos dela, e acabou deixando que o sorvete pingasse na mão dela. – Veja que sujeira eu fiz. Caiu um pouco na sua mão. – E antes que Mino pudesse ter qualquer reação, o cavaleiro passou a língua sobre o sorvete que caíra na mão dela, fazendo seu coração disparar e seu corpo ansiar por mais um toque dele. A jovem arfou, o que lhe rendeu um sorriso malicioso por parte de Ikki. – Viu? Já está limpo. – O cavaleiro disse inocentemente, embora Mino tivesse bastante certeza de que ele estava ciente do efeito que causara nela.

- O-obrigada. – Ela respondeu notando que ele se aproximava mais dela. A jovem foi andando para trás conforme ele se aproximava e, logo, estava quase imprensada contra a parede da casa.

- Não há de que. –Ikki sussurrou quase em seu ouvido. – Mino sentiu suas pernas fraquejarem.

- Mino! – Gritou uma das crianças, prestes a chorar, e os dois se afastaram rapidamente. – O Ryu derrubou o meu sorvete

- Calma. – Disse Ikki se recuperando mais rápido que ela. – Pegue outro. – Ofereceu se afastando dela. Não sem antes lhe lançar um olhar que prometia que aquilo ainda não estava acabado.

Ela se perguntava o que estava acontecendo, enquanto se apoiava na parede. Será que estava sonhando?


Ore te shimai sō na my heart, nidoto kire sō mo nai start

(Meu coração parece que vai se quebrar, nunca mais vou partir novamente)

Should I still believe? Dakedo ima kono omoi chain

(Eu ainda deveria acreditar? Mas agora me solto dessa corrente pesada)

kirihanashi te try again, yes I still believe

(E tento novamente, sim, eu ainda acredito)

Quinta-feira

Desde o dia anterior Mino estava desesperada. Seu diário desaparecera. E ela já perguntara à todas as crianças a respeito dele, mas elas afirmaram que não sabiam nada sobre o assunto. A jovem chegara a duvidar um pouco, pois o diário não desapareceria sem deixar vestígios, então achava que provavelmente queriam lhe pregar uma peça.

A única coisa que a preocupava realmente era que se não tivesse sido culpa das crianças, a única outra pessoa que poderia ter pego seu diário, era Ikki. Esse pensamento a assustava, pois, o que ele pensaria ao ler tudo que ela escrevera sobre suas emoções e sensações com relação a ele? Se Ikki lesse seu diário, ela nunca mais conseguiria encará-lo.

A jovem ficou pensando nisso a tarde toda e naquele dia Ikki não aparecera. Agora, em seu coração, ela tinha certeza de que ele estava com seu diário e ciente de tudo que se passava com ela. Mino fez o máximo possível para ninguém perceber seu desespero e tristeza e só deu vazão às suas lágrimas quando já estava sozinha em seu quarto.

Será que agora que sabia toda a verdade Ikki passaria a evitá-la? Era claro que sim! Devia estar pensando que ela era algum tipo de pervertida pela forma como descrevia suas sensações aos toques dele. Mino chorou mais ainda ao pensar nisso.

Só parou de chorar ao ouvir um barulho em sua janela. Por um segundo achara que era apenas uma impressão sua, mas o barulho se repetiu. Mino limpou seu rosto o melhor que pôde e foi até a janela. Sentiu seu coração disparar ao se deparar com Ikki prestes a jogar a terceira pedrinha em sua janela.

Rapidamente e se esquecendo de que ele, provavelmente, lera seu diário, a jovem abriu a janela.

- Ikki... – Ela sussurrou. – O que está acontecendo?

- Posso subir pra falar com você? – Ele perguntou no mesmo tom. Mino deveria dizer não. O que pensariam se soubessem que ela deixou que um homem entrasse em seu quarto no meio da noite no orfanato? Mas a vontade de saber o que Ikki queria dizer era maior.

- Ok. – Ela assentiu e logo Ikki escalava a trepadeira que ficava do lado de fora de sua janela e entrava no quarto.

- Eu sei que está tarde. – Ele disse fechando a janela e a cortina antes de se encostar a ela. – Mas eu não ia conseguir esperar até amanhã. – Mino sentiu seu rosto corar. Era estranho ter um homem como Ikki em seu quarto. Um homem de quem ela gostava.

- Mas o que está acontecendo? – A jovem indagou preocupada.

- Eu li seu diário. – O cavaleiro explicou e Mino sentiu que lágrimas se formavam em seus olhos novamente. Então era verdade. O que ela mais temia, acontecera.

- Então você veio me dizer como eu sou idiota por escrever tudo aquilo e por manter esse tipo de ilusão sobre você? – Ela perguntou, olhando para o chão, extremamente constrangida.

- Não. – Respondeu Ikki com um pequeno sorriso, se aproximando dela. – Eu vim perguntar se tudo aquilo é verdade. Se você realmente se sente daquele jeito quando estou por perto.

- Eu... – Mino estava sem fala devido à proximidade dele. Apesar do fato de já se conhecerem há algum tempo, ela nunca estivera com ele num cômodo sozinha.

- Por favor, me diga a verdade, Mino. – O cavaleiro pediu, parecendo receoso com a resposta dela.

- É claro que é verdade, Ikki. – Ela confirmou começando a chorar. – Você deve achar que pareço uma adolescente idiota, mas... – Ikki a segurou pelos ombros e a silenciou com um beijo. Um beijo que começara com um mero roçar de lábios, mas que, em poucos segundos, se tornou um beijo apaixonado, quando a língua dele invadiu a boca dela e começou a explorá-la.

Mino se entregava ao beijo sem pensar, sem conseguir dizer se o que acontecia era real ou apenas um sonho.

- Ikki... – Ela sussurrou entre beijos, e isso só pareceu deixá-lo mais afoito. As mãos dele desceram por suas costas e a pressionaram contra ele, enquanto seus lábios passaram a atacar o pescoço dela. Quando uma das mãos dele tocou seus seios, Mino despertou de seu delírio. As coisas estavam acontecendo rápido demais. – Ikki, nós não podemos. – A voz dela o trouxe de volta à realidade.

- Me desculpe, Mino. – Ele pediu dando um passo para trás. – Eu não sei o que deu em mim pra te agarrar desse jeito. Não quero que você fique com a impressão errada a meu respeito. Eu tinha preparado todo um discuro, mas acho que estar tão perto de você, me fez perder o foco. – O cavaleiro disse com um sorriso de canto, fazendo-a corar e desviar os olhos dos dele. – Bom, creio que posso resumir tudo em três tópicos. O primeiro: Aquilo que você escreveu é verdade, certo? – Ele indagou tentando soar confiante, mas Mino podia notar que ainda havia receio em sua voz.

Dear diary, kono sekai ni hikari o

(Querido diário, dê luz a este mundo)

Tada aisuru koto dake de, let's make the world a better place

(Apenas por amar, vamos tornar o mundo um lugar melhor)

Dear diary, kono te ni chikara o

(Querido diario, dê poder a estas mãos)

Kanashimi o tsuyo sa ni kaeru yō ni, oh, please, dear diary

(Para transformar a tristeza em força, oh, Por favor, querido diário)

- Eu já disse que sim, Ikki. – A jovem respondeu ansiosa. – Como você pode pensar que eu mentiria em meu próprio diário? – O sorriso de Ikki se alargou e ele voltou a dar um passo a frente, prestes a beijá-la novamente, mas Mino ergueu uma mão, tocando levemente seu peito, para impedi-lo. – Você... Você ainda não disse as outras duas coisas. – Ela tivera que se esforçar muito para conseguir pronunciar aquelas palavras, pois assim que sua mão tocara o peito dele e ela sentira seu coração batendo acelerado sob a camisa, fora difícil não se deixar envolver pelos braços dele.

- A segunda é que quero saber se você realmente superou os sentimentos que tinha pelo Seiya. – Ele disse parecendo fazer o máximo possível para conter sua raiva ao pronunciar aquele nome. Mino deu um pequeno sorriso ao notar isso.

- Quantas vezes você viu o nome do Seiya no meu diário? – A jovem indagou tocando seu rosto com a mão que antes estava sobre o peito dele.

- Muito poucas. – O cavaleiro respondeu.

- E nessas poucas vezes havia algo parecido com o que eu dizia sobre você? – Ela perguntou tentando conter sua vergonha.

- Não – Ikki confirmou.

- Então creio que isso responde a sua pergunta. – A jovem concluiu num dar de ombros. – Acho que o que eu sentia por Seiya era um tipo de paixão adolescente. – Mino fez um esforço para não desviar seus olhos dos dele. – O que sinto por você... É diferente.

- Como? – Ele puxou-a para perto de si novamente, colando seus corpos. Mino o envolveu pelo pescoço. – Não é paixão? – Os lábios dele tocaram sua orelha e ele a mordiscou, fazendo o corpo dela vibrar.

- Sim. É paixão. – Ela respondeu impetuosa. O fato de estarem tão perto a deixava confusa e perturbada. Era viciante. – Mas não é adolescente. É mais forte. Mais avassalador. – Ikki beijou o pescoço dela e Mino soltou um gemido baixo.

- Você está me deixando maluco. – O cavaleiro explicou afastando a alça da blusa dela para poder beijar seu ombro.

- Qual é a terceira coisa? – Ela sussurrou a pergunta enquanto suas mãos passeavam pelos cabelos dele. Ikki afastou seu rosto do corpo dela e a encarou profundamente.

- Eu sinto o mesmo por você. – Ele respondeu antes de voltar a colar seus lábios aos dela. Mino correspondeu aos beijos dele e o abraçou com firmeza. O cavaleiro a colocou sentada sobre sua escrivaninha sem desgrudar seus lábios; e suas mãos vagavam pelo corpo dela. – Mino...

- Hm? – A jovem abrira suas pernas o suficiente para que ele pudesse se posicionar entre elas, permitindo que seus corpos se tocassem o mais plenamente possível, separados apenas por suas roupas.

- É melhor eu ir embora, ou não vou conseguir me afastar de você. – Ikki disse tentando diminuir a intensidade dos beijos. – E ainda nem tivemos um primeiro encontro. – Mino caiu na gargalhada e ele a acompanhou.

- Tem razão. – A jovem respondeu com a testa encostada na dele. – E as crianças podem ouvir alguma coisa.

- Elas, com certeza, ouviriam. – A jovem corou, mas não pôde deixar de rir novamente.

- Convencido. – Mino acariciou o rosto dele.

- Um dia vamos descobrir se estou sendo convencido ou não, mas, por hoje, é melhor que eu vá. – Ele falou dando um beijo na testa da jovem, que apenas assentiu. – Podemos sair amanhã à noite? – Ikki indagou.

- Aonde vamos?

- Podemos decidir quando eu vier ver as crianças amanhã à tarde.

- Ok. – Mino respondeu sorrindo. O que ela sentia era mais do que felicidade. Precisava anotar tudo em seu diário enquanto ainda estava fresco na memória. Ikki já estava se apoiando na janela para descer, quando ela segurou seu braço. – E o meu diário?

- Hm. – Bufou o cavaleiro, pegando-o em seu bolso. – Pensei que fosse deixar eu ficar com ele como recordação. – Mino pegou o diário e deu um selinho em Ikki.

- Não. Ele não está completo. – Comentou rindo. – Algo me diz que vou ter muito para escrever nele daqui pra frente.

- Pode ter certeza disso. – Respondeu o cavaleiro confiante. – Até amanhã. – Ele falou lhe dando um último beijo antes de desaparecer pela janela.

- Até. – Mino sussurrou fechando a janela e deitando-se em sua cama, abraçada a seu diário com um sorriso apaixonado no rosto. Ela realmente tinha muito que escrever.

Dear diary

(Querido diário)

[Dear Diary – Namie Amuro]

Início: 28/08/2017

Término: 29/08/2017.