Capitulo 1 – Quem é a bêbada do banheiro?
Havia duas coisas que mantinha como verdades absolutas na minha vida. A primeira é que o amor é a melhor coisa que alguém pode ter na vida. Com ele você vai às alturas sem precisar de drogas ou bebidas, isso é um fato.
Mesmo que sexo também te proporcione isto algumas vezes, não se compara ao amor. O amor é a droga mais poderosa que alguém pode experimentar. Uma junção de felicidade instantânea ou depressão profunda, variando de caso para caso.
Agora você me pergunta qual seria a segunda. A segunda é justamente a explicação da primeira; O amor é uma droga. Não importa o quão possa parecer a coisa certa na sua vida, o sentido que você procurava ou o bem-estar almejado.
A verdade é que o amor vai te transformar em alguém estúpido o bastante para acreditar naquilo que é impossível; que o amor só te trará felicidade e a mesma durará para sempre.
Se isto fosse verdade, eu não estaria na situação em que me encontro agora. Sentada no banheiro do avião que está me levando para o Alaska com a cabeça girando e querendo colocar toda a vodka que tomei na última hora para fora.
Se isto fosse verdade, a aeromoça não estaria gritando para que eu saísse há mais de meia hora, pois há pessoas precisando do banheiro, enquanto escuto vozes preocupadas e comentários desnecessários do outro lado da porta.
Pois é, o amor pode ser uma droga bem destrutiva, hein? A culpa, é claro, é minha. Eu, Ginevra Molly Weasley, que sempre fui a garota de dar o fora e fugir de qualquer tipo de relação mais séria, fui enganada da pior maneira possível. Traída pelo meu noivo da forma mais cretina possível.
Estúpida. Burra. Anta. Tantos adjetivos gritavam na minha mente, mas ainda não tinha encontrado o mais adequado. Quer dizer, eu era muito pior que isso. Como uma pessoa que vive de aconselhar a vida amorosa das pessoas poderia ser tão ingênua a ponto de não suspeitar de que seu noivo estava tendo um caso com a jornalista mais ridícula que Nova Iorque já teve?
- Senhora, por favor. Você precisa sair.
Escutei a voz estressada da aeromoça do outro lado da porta falar novamente, mas não tinha como responder. A cada tentativa de abrir a boca parecia que toda a bebida seria jogada para fora em apenas um jato. Quem mandou ela me servir o suco de laranja? Se não tivesse, não tinha bebida a garrafa de vodca que ia levar de presente para Rony, meu irmão que mora no Alaska.
- Ela não está respondendo! Acho melhor chamar Robert. Ele poderá abrir...
Escutei o desabafo preocupado da aeromoça. Provavelmente relatando para outra aeromoça de plantão. É, eu tenho que sair daqui. Minha cabeça girava tanto quanto meu estomago. Eu definitivamente não sabia como tinha chegado naquela situação. E nem como sair dela.
Viu? O Amor é sim uma droga.
Depois da enésima tentativa de me distrair naquela noite, me dei por vencido e fui para o bar do Lupin. O único da cidade, mas nem por isso menos divertido e interessante em noites como esta. Pelo menos lá eu poderia aproveitar uma boa cerveja e colocar a conversa em dia com Remo.
Quando estava me aproximando do bar, vi dois homens conversando. Um parecia bastante alterado, enquanto o outro estava nervoso. Logo reconheci que eram Rony e Neville.
- Olha, não tem nada demais. Você pega o meu carro e pronto.
Rony era o cara alterado. Ele era o xerife forasteiro da cidade. Um homem alto, ruivo e cheio de sardas no rosto. Um típico inglês em todos os modos, mesmo que educação extrema não fosse seu forte.
- Xerife, eu não tenho experiência com o seu carro. Não acho uma boa idéia usá-lo. Eu quero sim ajudá-lo, mas...
- Noite.
Cumprimentei, fazendo o rapaz moreno e muito tímido, Neville Longbottom, se virar assustado, percebendo minha presença.
- Harry! - Rony se virou para mim, parecendo aliviado por me ver. – Não sabia que já tinha voltado do alto mar.
- Voltei hoje pela manhã.
- Que bom, cara. Olha, estava precisando mesmo falar com você.
- Podemos entrar no bar. Vim tomar uma cerveja e colocar a conversa em dia com Lupin. Como vai, Neville?
Respondi e depois cumprimentei o radialista da cidade. Na verdade, Neville era o único que ainda mantinha a rádio da cidade. Apesar de seus temas um pouco fora da nossa realidade, às vezes gostava de escutar o programa dele.
- Bem, obrigado. Acho que Harry tem razão, Xerife. Aqui está muito frio.
- Não posso. Tenho um chamado acima das colinas. Um urso atacou um turista e enquanto não encontrarmos o restante dos garotos que estavam com ele, não pode parar as buscas.
Tinha escutado alguns comentários no cais quando voltei, mas estava tão cansado que não quis dar atenção a mais um boato sobre turistas aventureiros que se metem na floresta sem nenhum preparo ou responsabilidade.
- Escute, Harry, preciso que me faça um favor. Minha irmã está chegando hoje e não posso ir buscá-la por causa disso. Neville iria comigo, mas como está com medo de pegar a estrada essa hora da noite sozinho. – Vi Neville fazendo negando com a cabeça e sussurrando "Não sei dirigir o carro dele", mas Rony não escutou – Preciso que vá com ele. Se ela chegar e não estiver ninguém lá, não apenas escutarei sermões da minha mãe pelo resto da vida, como Gina com certeza iria me trucidar.
Nunca antes tinha tido a impressão de ele ser exagerado, mas agora estava. Quer dizer, a mãe dele estava a quilômetros de distância. Sem falar que pelo pouco que Rony me falou sobre a família, tinha entendido que esta era a irmã caçula dele e única, o resto eram só irmãos.
- Não sabia que sua irmã estava vindo visitá-lo. Deixa-me só falar rapidamente com o Lupin e a Tonks e vou com o Neville. Sem problemas.
- Cara, valeu mesmo! – Às vezes Rony me lembrava um garoto de 17 anos, não um homem de 25. – Ela não veio só pra me visitar. Neville pediu e ela aceitou vim fazer uma palestra para os ouvintes da rádio.
- A Srta Weasley é tão sábia em seus livros. Você já deve ter escutado algumas leituras que fiz na rádio, não?
Neville agora parecia tão feliz quanto o ruivo a minha frente e me mostrou empolgado um pequeno livro de bolso que carregava no bolso do casaco. A capa era bonita, apesar de pequena e mostrava um desenho abstrato de uma mulher, dava para identificar pela curvas, com as mãos abertas demonstrando um pequeno homem. O significado daquela capa era simples e objetivo; os homens estavam nas mãos das mulheres.
- Desculpe, Neville, mas não pega o sinal da rádio quando estou em alto mar.
Não era de todo mentira, mas eu poderia escutar o programa dele enquanto estava na cidade, coisa que também não fazia.
- Sim, sim, Gina sabe como escrever e conseguir ganhar dinheiro com isto. Mas então, Harry, você tem que ir logo. Com certeza ela já deve ter chegado no cais.
Rony disse apressado, claramente ansioso que fossemos logo pegar sua irmã caçula. Pelo jeito não poderia conversar com Lupin, cumprimentar Tonks ou beber uma cerveja antes de ir buscar a jovem Weasley. Agora tinha me dado conta que não sabia como era a aparência dela. Rony morava no quartinho atrás da delegacia, não tinha propriamente uma casa da qual colocasse fotos de familiares para pelo menos uma vez eu tivesse o interesse de olhar.
- Oh, Droga!
Neville disse baixinho e atendeu o celular. Provavelmente era sua avó, pois começou a ficar vermelho, como se estivesse embaraçado, enquanto resmungava algo em resposta para o celular, se afastando para que não escutássemos mais uma das broncas da Sra Longbottom.
- Coitado! Isto ai é pior que polícia em cima de você! – Rony disse, rindo, mas realmente parecia penalizado pela situação do radialista.
- Rony, só tem um problema. Eu não sei como a sua irmã é.
- Ora, não é muito fácil se encontrar mulheres por ai que tenham isto sem ser pintado, sabe? – Ele riu e apontou para os cabelos ruivos que tinha.
Ele tinha razão, ainda mais se fosse procurar por ruivos nos Alaska; quase inexistente. Ainda assim não estava confiante de identificá-la, mesmo sabendo que não haveria uma multidão no cais e que possivelmente só uma mulher ruiva e decente se encontraria lá por essas horas.
- Ainda assim, era melhor que ligasse para ela e avisasse que irei buscá-la, assim pode me descrever também para ela e deste modo ela também irá me procurar por lá.
- Bom, mesmo que eu quisesse, não tem como ligar. O telefone dela está desligado desde que saiu de Nove Iorque. Além disso, prefiro que ela fique sabendo que não pude ir por você e Neville.
Tive a impressão de que ele estava se divertindo com algo na última frase. Seria a respeito da irmãzinha dele ser tão raivosa que até de contá-la algo por telefone dava medo ao Xerife da cidade? Claro que não, suposição idiota.
- Tá certo. Então me dê logo a chave do seu carro.
Disse já não mais tão disposto a fazer o favor. Mas tinha me comprometido e agora teria que ir até o fim.
- Toma. Ela está tendo uns problemas nas marchas, mas de resto tudo ok.
Peguei a chave e fui indo em direção a caminhonete vermelha, caindo aos pedaços devo acrescentar, estacionada próxima ao bar. Tive que realmente me forçar a ir em direção do carro, pois o meu desejo por uma cerveja no Maroto's Bar continuava.
- Neville! Vamos!
Gritei sob os ombros e cheguei a caminhonete. Fingi não ouvir os agradecimentos de Rony, que logo entrou na viatura e sumiu pelas estradas cobertas de neve, do lado oposto ao meu, indo na direção das montanhas.
- Desculpe, Harry, mas não vou poder ir.
O rapaz ainda estava com o rosto vermelho, mas agora a raiva também era explicita pelo tom que falou.
- O que houve, Neville?
- Preciso voltar para a pousada e ajudar vovó. Me desculpe mesmo, mas não vou poder ir. – Ele pareceu agora um garotinho desolado por não poder ir ao parque de diversão.
- Ok. Não se preocupe. Ela vai se hospedar na sua pousada de qualquer maneira, então poderá conhecê-la assim que chegarmos.
Fiquei com pena do garoto. Apesar de ser quase da minha idade, era apenas uns 2 anos mais velho, ainda via Neville com o mesmo garotinho bochechudo que conheci quando cheguei no Alaska.
- Você poderia fazer um favor? Leve o livro – Ele empurrou o livro pequeno e surrado que tinha me mostrado minutos antes – e peça para ela autografar. Sei que vou vê-la depois, mas será como um pedaço meu que foi buscá-la e assim Srta Weasley não ficará tão decepcionada por não ter ido pegá-la como havia prometido nos e-mails que trocamos.
Achei aquilo muito estranho, mas pela expressão de súplica dele, resolvi pegar o livro e acenar com a cabeça, afirmando que faria o que ele me pediu. Entrei no carro e dei um breve tchau com a mão, começando a sair com a caminhonete.
A direção do carro estava dura demais e a marcha terrível de passar. Rony só poderia estar de brincadeira! Sabia que ter amizade com um estrangeiro ruivo me daria problemas, mais cedo ou mais tarde. Só esperava que pelo menos quando encontrasse a caçula Weasley fosse rápido o suficiente para ainda ter tempo de apreciar a boa e velha cerveja do Maroto's Bar.
Apesar de não ser o tipo de mulher que planeja tudo, como minha amiga e agente Hermione Granger, tenho que confessar que aquela não estava sendo a viagem que tinha em mente.
Descobrir que meu noivo tem um caso com uma ridícula jornalista do New York Times pelas fotos do notebook dele enquanto estava no avião, me fazendo beber o presente do meu irmão Rony e ficar naquele estado deplorável dentro do banheiro definitivamente não era o que imaginava para esta viagem.
Depois que o avião pousou, e fui praticamente expulsa dele, tive ainda que pegar outro pequeno avião para depois ainda pegar um barco e finalmente chegar ao cais indicado por Neville Longbottom, o radialista fanático pelos meus livros que me convenceu ir fazer uma palestra no Alaska.
Mas é claro que o idiota do meu irmão mais novo tinha que me deixar na mão! Depois de toda a viagem infernal que tive, a ressaca já começando, Rony não estava no cais me esperando, como havíamos combinado. Tentei o celular, mas estava descarregado. Merda!
Era impressão ou a minha sorte tinha se transformado em azar do dia para a noite? Ou talvez o cara lá de cima tivesse começado a cobrar todos os milhares de favores que fez por mim desde que sai de casa, aos 16 anos.
- Olha, Rock! O garoto é muito fraco mesmo! Com certeza é uma mariquinha vestindo calças. Nunca vai poder ser um homem do mar desse jeito.
A voz grossa e brincalhona ecoou no cais silencioso, me fazendo olhar em volta e constatar vários homens sentados em torno de um toco de madeira, usando-o como mesa. Seus risos alegres e altos me fizeram caminhar em direção dele, de modo automático.
- Não é nada demais! Eu só não gosto de coisas fortes como estas. – Um rapaz magricela e baixo respondeu, se defendendo, muito contrariado pelo comentário. – Isto não é bebida, é veneno!
Sua voz furiosa apenas fazia com que os velhos homens sentados em roda rissem ainda mais. Aproximei-me e resolvi que eles não pareciam os tipos de caras assustadores, mas sim um bando de velhos bêbados.
- Com licença.
Demorou a prestarem atenção em mim e minha bagagem excessiva, estava trazendo três malas carrinho. Agora eu admitia que exagerei um pouco na quantidade de roupas, mas o frio do Alaska me pareceu excessivo para as roupas normais de Nova Iorque.
Um dos velhos cutucou outro que ainda ria e todos seguiram o olhar deste, me encarando e não apresentando mais o riso alegre de antes. Agora sim eles pareciam assustadores com aquele semblante sério e curioso passeando por mim.
- Alguém poderia me informar onde posso encontrar um telefone público que funcione por aqui?
O silêncio reinou e desejei não ter ido naquela direção. Eles me encaravam como se eu fosse algo que não existisse no mundo deles. Provavelmente, era a verdade.
- O que uma mocinha tão bonita como você está fazendo por aqui a essa hora, hein?
O que zombou do garoto magricela me perguntou, com um olhar inquisidor. Ele parecia ser o porta-voz do grupo, talvez por ser o único com coragem suficiente para fazer contato com um ser estranho.
- Você sabe me dizer onde posso encontrar um telefone público que funcione, por favor?
Falei de modo vagaroso como se estivesse falando com estrangeiros que não entendem a minha língua. O líder que falou comigo riu da minha maneira, enquanto o garoto magricela me olhou com cara de revolta.
- Não somos imbecis, sabe? Não precisa falar dessa maneira!
- Não sei quanto a eles, mas se você não é capaz de apreciar um bom e velho whisky como este – apontei para a garrafa em cima do toco da madeira - então está perfeitamente classificado no significado de imbecil para mim.
Aquele idiota não tinha coragem de enfrentar o grupinho e vinha descontar em mim? Bem, sempre fui do tipo de agir e depois pensar no que tinha feito. E essa foi uma dessas horas. Depois que falei esperei pelos olhares de raiva, mas eles não vieram.
Escutei o som de risadas mais fortes e altas, enquanto o garoto magricela me direcionava um olhar de "quero que você morra". Tãoooooo maduro! Somente ele tinha me olhando com desprezo, enquanto os outros homens olhavam com cobiça para minha beleza.
Isso, adicionado ao seu modo de falar e gesticular, fez cair logo a ficha; o lider tinha razão, aquele ali era gay. Morar em uma cidade como Nova Iorque te faz aprender a ter olhos para caras como esse; enrustidos.
- Como se por acaso você fosse capaz de beber esse... esse... LIXO!
Sério, precisava demonstrar tanto? A voz fina e aguda era realmente irritante. O silêncio voltou a reinar no grupo, todos me encararam, esperando pela resposta atrevida da vez. Mas ela não veio. Eu apenas deixei as malas no chão, fui em direção a mesa e me servir.
Eles estavam usando um pequeno copo, mas apropriado para tequila do que tomar whisky. Enchi o copo e virei de uma vez, sentindo o liquido rasgar minha garganta ao mesmo tempo em que um calor aumentava por meu corpo. Era disso que estava precisando! Curar ressaca de vodka com algo mais forte.
Só voltei minha atenção para os homens presentes depois de voltar a escutar as risadas estridentes. Eles pareciam comemorar meu ato espontâneo e queriam continuar com aquilo, como se fosse uma brincadeira.
- Não posso ficar, preciso encontrar um telefone para ligar para o meu irmão. Ele é o xerife da cidade vizinha, sabiam?
Respondi, depois de estar confortavelmente sentada na roda deles, no meu terceiro copo de whisky. Bem, já que eles tinham o remédio para a minha ressaca, porque não tomar mais um pouco antes de ir? Escutei os assovios de ironia e as gargalhadas, como se não houvesse problema algum do meu irmão ser um policial. Bom, isso queria dizer que bandidos não eram. Ou pelo menos do tipo que tinha medo de um policial, quer dizer.
- Vamos fazer o seguinte, ruiva; você brinca conosco e nós te levamos até o telefone público mais próximo.
- Que tipo de brincadeira?
- O nome do jogo é sete. Nós falamos sete palavras em seqüência e você tem que decorá-las. Se errar alguma, bebe.
- Já joguei algo semelhante. Eu sou muito boa nisso, vocês irão beber todo o whisky, sabe?
- Isto é o que vamos ver!
O líder do bando respondeu e começamos. Logo descobri que o lider era chamado por Rock, enquanto o do seu lado era Tatts, e o último da roda era o Paul. Todos pescadores daquela cidade que após uma viagem muito penosa e pouco lucrativa tinham iniciado a pequena diversão com a garrafa de whisky. E o rapaz mais novo, e gay enrustido, era Jeff, uma tentativa de pescador, mas que não tinha habilidade para tal.
Depois do que pareceu horas, o whisky acabou e o vento frio da noite castigava nossos rostos. Eu estava ainda me sentindo bem, apesar disso. Os sintomas da ressaca de vodka do avião tinham desaparecido, dando lugar ao estado de felicidade suprema que encontrava no inicio do meu ciclo de bêbada.
- Hein, ruiva! Você acabou com nosso whisky!
Rock gritou, mas era em um tom cômico e logo todos começamos a rir. O único ainda sóbrio e com cara de quem comeu e não gostou (ou não foi comido?) era Jeff, ainda me encarando com mágoa.
- O que iremos apostar agora?
Agora foi Tatts que perguntou, parecendo desolado pela falta de bebida.
- Jeff! Vá comprar uma outra garrafa pra gente.
Paul falou e tirou dinheiro do casaco passando para Jeff. Apesar de não gostar da situação, ele pegou o dinheiro e sumiu por entre o escuro da noite, saindo do cais.
- Sabe o que seria legal? Vamos pagar prendas!
Tatts falou empolgado e eu me perguntei qual seria a idade mental daqueles caras. Prendas? Sério? Nem quando tinha 10 anos brincava de algo assim.
- E você iria fazer o que Tatts? Dançar para nós que nem uma stripper?
Tatts foi o único que não riu, apenas se levantou e ofereceu sua mão para mim. Ficarei encarando-o sem entender o que ele queria.
- O que?
- Me conceda esta honra, ruivinha!
Ele disse alegremente, pegando na minha mão me fazendo levantar. Não havia musica é claro, mas Tatts fez questão de cantarolar e seguir os passos de uma valsa. Não estava com a mesma vontade dele, mas tentei acompanhá-lo em sua tentativa de ser cavalheiro.
Os rapazes riam e faziam comentários sarcásticos sobre como Tatts era um excelente dançarino (meus pés sabiam que não) e como nossa sintonia era espetacular (eu gritei com ele várias vezes pelos pisões no pé).
Mesmo com isto, eu continuei na brincadeira, agora tentando mostrar como realmente se dançava uma valsa, ensinando o velho marinheiro como ser um verdadeiro lord europeu.
- Sabe, em danças como esta só existem duas regras. A primeira é não pisar no pé da sua companheira de dança. O que você falhou miseravelmente. – Rock e Paul gargalharam mais alto, enquanto Tatts fez uma expressão de magoado. – A segunda é saber rodopiar uma lady pelo salão. Quer tentar?
Eu ri ao terminar, sabendo que ele não iria dispensar o desafio. Após alguns passos ainda no ritmo lento da valsa sem musica que dançávamos, Tatts fez sua primeira tentativa e levantou minha mão para que pudesse rodopiar pelo cais.
Fiquei impressionada por estar conseguindo rodopiar tão bem. A sensação era maravilhosa, não somente meu corpo girava como todo o mundo ao meu redor. Meu riso alegre ecoava pelo silêncio frio do cais e as vozes ao meu redor se distanciavam. Eu girava e girava e nada mais parecia me segurar.
Demorou uma fração de segundos, mas percebi que realmente não sentia mais a mão de Tatts segurando a minha e o desequilíbrio que senti era verdadeiro; iria cair de cara na madeira velha e encardida do cais. Quando meus olhos fecharam, temendo pelo o chão que encontraria, senti dois braços me segurando firmemente, mas ainda assim não foi forte o suficiente para agüentar o meu peso.
O mundo parou de girar e senti que estava em cima de algo (ou seria alguém?) depois do baque ensurdecedor ouvido dos corpos se batendo na madeira do cais. Minhas pernas reclamaram de dor pela posição incomoda em que estava; entrelaçada com as pernas de outra pessoa, enquanto meu tronco estava encostado no tórax dessa pessoa.
Escutei um gemido baixo da pessoa que tinha amortecido a minha queda, pelo jeito eu não seria a única a reclamar das dores pelo corpo.
Então, abri meus olhos e toda a escuridão se perdeu quando encarei dois olhos incrivelmente verdes.
N/A: Olá!
Apesar do nome da fic ser do filme (Griffin & Phoenix, em inglês) O Amor Pode Dar Certo, a história se passa no universo da série, infelizmente já cancelada, Men In Trees (super aconselho quem ainda não viu). Adorava a série e acho a história bem moderna e romântica. Claro que algumas coisas mudei para o entrosamento e andamento da história, mas o básico e geral é a história da série mesmo.
Desculpem alguns possíveis erros relacionados a geografia do local, não entendo nada sobre o Alaska, apenas o que vi na série. Mas o objetivo dessa fic (além da minha diversão em escrevê-la) é a exploração das relações e todo o romance que podemos ter, inclusive em um local longiquo e com pouco habitantes.
A história também contará com outros shippers cannons e outros fandons, mas isto eu deixo para os próximos capitulos.
P.S: Não se espantem por palavrões ou cenas mais pesadas (sim, NC-17), todos os personagens são adultos e agem como tal, apesar de ser um romance.
Até o próximo capitulo! ;D
Srta Evans
