Disclaimer: Nada me pertence, nem os personagens do mundo de Harry Potter, nem a mitologia Nórdica e Grega, muito explorada. ;D
Prólogo
O grande continente de Hogwarts é dividido em quatro grandes reinos.
Gryffindor, com suas grandes planícies esverdeadas e seus rios caudalosos.
Slytherin, com suas montanhas íngremes e sombrias, circundadas pela temida Floresta Negra.
Hufflepluff, com seus bosques floridos e suas belas praias.
E Ravenclaw, com suas coxilhas acinzentadas e suas impressionantes florestas de sequóias gigantes.
Nas terras ao sul, encontram-se os povos bárbaros; notoriamente os Vikings; sempre em iminência de invadir Hogwarts e acabar com a paz naquelas terras. Não que Hogwarts fosse pacata. Dois dentre os quatro reinos viviam em guerra. Gryffindor e Slytherin. Ravenclaw há muitas gerações luta ao lado de Gryffindor, e Hufflepluff mantém-se neutra.
Os Vikings, muito espertos, sempre se aproveitam dos momentos em que os dois reinos estão em guerra para atacar Hogwarts. Porém, nesses momentos, os quatro reinos se unem para destruir o inimigo em comum, e os bárbaros não vêem outra opção senão recuar.
Nas terras ao norte, a grande floresta dos Elfos Luminosos se estende. Lá, eles protegem a árvore da vida, Yggdrasil, elo entre os três mundos. Asgard, a Terra dos Deuses; Midgard, a Terra dos Homens; e Nilheim, reino do gelo e do frio.
Nilfheim é dividida em diversos níveis. Um destes níveis é projetado para os heróis e deuses, onde Hel, Rainha do Inferno, preside as festividades entre eles. Outro nível é reservado para os idosos, os doentes e aqueles que foram incapazes de morrer gloriosamente no meio da batalha.
O nível mais baixo de Nilfheim, por muitos conhecido como Tártaro, é um poço úmido, frio e desgraçadamente imerso na mais tenebrosa escuridão, onde o crime encontra seu castigo.
Mas por enquanto, é Midgard que nos interessa; com seus problemas mundamos e mesquinhos, com todo o individualismo que rege as leis dos homens. E nossa atenção se volta para dois jovens de reinos rivais, que se encontraram por um capricho do destino...
As duas garotas pararam, ofegantes como suas montarias, em frente a uma descida íngreme. Uma depressão em meio à planície. Uma delas, de longos e brilhosos cabelos vermelhos, o rosto salpicado por sardas e a pele muito branca já mostrando sinais de irritação pelo sol forte do meio da tarde. A outra, mais franzina, de cabelos loiros opacos, olhos azuis como água, expressão sonhadora.
- Uma corrida até o lago lá embaixo. – Disse a loira, dando tapinhas no pescoço do cavalo.
- No três. – Concordou a ruiva, olhando para a descida com os olhos cheios de expectativa. – Um, dois, três!
As duas bateram os calcanhares na barriga de suas montarias e desceram o morro a toda velocidade. O vento batia-lhes nas faces coradas, refrescando a pele do calor do sol.
A ruiva venceu por segundos de diferença, freando o cavalo a centímetros da beira do lago.
- Luna! Puxe as rédeas! – Gritou a vencedora, ao ver que o cavalo da amiga não diminuía a velocidade.
- Gina! – Gritou Luna, puxando as rédeas com força no último segundo. O cavalo parou com uma brusquidão absurda às margem do lago. A loira voou por cima do animal e caiu diretamente no lago, espalhando água por todos os lados.
- Luna! Você está bem? – Gritou Gina, descendo do cavalo. Luna não emergia. – Luna, é bom que você não esteja brincando! Apareça sua magricela! – Chamou, um pouco desesperada, observando com horror as bolinhas de ar que subiam à superfície. – Luna, eu estou indo por você!
Gina pulou no lago, ciente de que não sabia nadar. Mas quando deu por si, estava em pé dentro dele, com a água um pouco acima da cintura somente. Ouviu uma risadinha debochada.
- Você deveria ter visto a sua cara! – Exclamou Luna, às gargalhadas, com uma folha enorme em cima da cabeça. – Como você não me viu embaixo dessa Vitória Régia, sua abobada?
- Você me enganou! – Exclamou Gina, de queixo caído. – Se escondeu embaixo da planta para que eu me jogasse na água!
Luna riu mais.
- Você é tão fácil de enganar. - Disse, antes de levar um jato de água na cara. – AH! Gina, pare, me desculpe! Não vale! – Gritou, de olhos fechados, mexendo os braços de qualquer forma, tentando revidar o ataque da amiga.
Ficaram em guerra por muitos minutos, até que o cansaço as fez parar.
- Você é impossível! – Exclamou Gina, jogando o corpo para trás, numa tentativa de boiar na água fresca. – Mas devo admitir que isso aqui está uma delícia.
- Claro, - Disse a loira, imitando os movimentos da amiga. – Foi tudo planejado, eu quis ser jogada dentro d'água.
Gina revirou os olhos.
- Claro; você pediu educadamente para que Orvalho a jogasse aqui dentro, quando eu não estava ouvindo. Porque, você sabe, eu entendo tudo da língua dos cavalos. – Debochou a ruiva, fechando os olhos e aproveitando os sons da natureza.
Um canário começou a cantar uma melodia animada em alguma árvore ali perto.
- Sim, - Concordou Luna, sonolenta. – Eu e o Orvalho somos como unha e carne; ele me entende.
Ficaram em silêncio por alguns minutos, quando um barulho vindo do céu as fez abrir os olhos e imediatamente arregalá-los ao ver um enorme dragão preto passar voando por suas cabeças.
- Oh minha Deusa! – Exclamou Gina, afundando na água quando duas lanças passaram também, seguindo o dragão.
Luna pulou quando uma delas caiu no lago, a centímetros de seu corpo.
- Gina, os cavalos vão fugir! – Exclamou Luna, se esforçando para chegar à margem do lago ao reparar na agitação de Orvalho e Ornamento.
Gina olhou para trás, da direção que o dragão havia vindo e viu dois cavaleiros descendo o morro em alta velocidade; cada um segurando um atirador de lanças, muito usados na caça de animais voadores, em uma mão e um amplo escudo na outra. Eles pareciam magníficos em suas poses de guerra.
- Gina, dá para parar de brincar de estátua e me ajudar aqui? – Gritou Luna, que segurava as rédeas dos dois cavalos com dificuldade.
Gina virou-se para a amiga e viu que o dragão agora retornava.
- Luna! Abaixe-se! – Gritou, mergulhando no lago na mesma hora em que uma bola de fogo era lançada sobre este. Por sorte o fogo não atingiu Luna e os cavalos, mas ela teve que se esforçar muito para que os dois não saíssem correndo.
Gina emergiu e nadou até a margem, saiu da água e finalmente ajudou Luna a segurar Ornamento.
As duas olharam para a planície do outro lado do lago. O Dragão pousara, e agora os dois cavaleiros cavalgavam em torno dele, erguendo os escudos para se proteger do fogo e erguendo o atirador de lanças.
Ambas estavam boquiabertas. Quem em sã consciência duelava com um Dragão das Montanhas Negras, crescido? Se enfrentar um filhote já era algo um tanto suicida.
- Gi, acho melhor a gente dar o fora, antes que o dragão coma os dois e procure pela sobremesa. – Falou Luna, olhando aterrorizada para a cena. Os dois cavaleiros pareciam duas formiguinhas perto do gigantesco volume negro que soltava fogo e balança a cauda cheia de escamas em forma de espinhos.
Antes que Gina pudesse responder, o dragão girou o corpo e derrubou os dois cavaleiros com um golpe da cauda.
- Oh minha Deusa, ele vai matá-los! – Exclamou Gina, tapando a boca com as duas mãos.
As duas seguraram o ar quando o grande animal se ergueu ameaçadoramente em frente aos dois cavaleiros caídos. Mas nada poderia tê-las preparado para a cena que se seguiu.
O dragão jogou-se para trás, deitando-se de barriga para cima, como um cachorro quando pede carinho e depois rolou, ficando de barriga para o chão e de cabeça baixa.
- Mas que merda é essa? – Perguntou Luna, com uma expressão de pura incredulidade, não muito diferente da de Gina.
- Espera. Eles estão fazendo carinho no bicho? – Gina arfou, esfregando os olhos. Estava imaginando. Alguém colocara cogumelos alucinógenos no café da manhã.
- Muito bem, Erebus. – Disse um dos cavaleiros, dando tapinhas carinhosos entre as narinas do dragão negro.
O dragão soltou um jato de ar quente das narinas sobre o jovem.
- Erebus, não! Que cheiro de enxofre. – Reclamou o loiro.
O outro cavaleiro se aproximou.
- Draco, olhe, duas pessoas do outro lado do lago. – Informou o cavaleiro. Sua pele negra como o ébano.
Draco desviou o olhar para as duas figuras que os encaravam boquiabertas.
- Duas meninas. Eu estou ficando cego ou elas estão vestidas como homens? – Perguntou, estreitando os olhos. Sem dúvidas, se não fossem pelos longos cabelos amarrados em altos rabos-de-cavalo, elas poderiam ser confundidas com dois garotos.
- Elas estão fugindo! – Exclamou o negro. – Erebus, pegue-as!
O dragão levantou-se de um pulo e levantou vôo. O movimento das longas asas lançando uma rajada de ar que desequilibrou os dois rapazes momentaneamente.
- Blaise, seu sádico, vai matar as duas meninas de medo. – Comentou Draco, montando novamente em seu alazão branco.
- Elas sobrevivem. – Blaise deu de ombros, montando também.
Os dois começaram a correr em direção às garotas, já encurraladas por Erebus.
- Gina, o dragão está nos perseguindo! – Gritou Luna, instigando Orvalho a galopar mais rápido.
- Luna, pare! – Gritou Gina, puxando as rédeas com força.
O dragão pousara com um estrondo em frente às garotas, abrindo as asas, cercando-as.
- Oh, Gi! Nós vamos morrer! Você é minha melhor amiga, me desculpa por ter deixado você levar toda a culpa naquela vez em que desarrochamos as rodas da carruagem do Marquês de Hogsmeade, e por ter deixado escapar que nós que roubáramos a peruca do Duque de Godric's Hollow e –
- Luna, cale-se. – Gritou Gina, já tonta com a tagarelice de Luna, que falava tão rápido que quase comia algumas sílabas.
As duas olharam para trás, ao ouvir uma voz masculina.
- Erebus, feche essas asas assanhadas, está assustando as meninas! – Gritou Draco, fazendo com que os queixos de Luna e de Gina despencassem novamente. Ele estava falando com o dragão?
O dragão recolheu as asas e sentou comportado.
- Eu estou ficando louca ou você acaba de controlar o dragão? – Exclamou Gina, olhando estupefata do dragão para Draco.
Erebus bufou, batendo as patas dianteiras no chão.
Draco sorriu torto.
- Eu não diria controlar. Somos amigos; não é mesmo, Erebus? – O dragão balançou a cabeça, parecendo satisfeito.
- Erebus, a personificação da escuridão... – Falou Luna, mais para si mesmo. – Faz sentido.
Blaise olhou com maior interesse para Luna, que corou imediatamente.
- Sim, Erebus, o Deus criador das trevas. Mesmo que ele esteja longe de ser um Deus. – Disse Blaise, torcendo o nariz ao ver que Erebus tentava tocar as narinas com a ponta da língua. E pior; conseguia.
- Um dragão! Como vocês domesticaram um Dragão Negro? – Perguntou Gina, ainda sem conseguir acreditar.
Blaise e Draco sorriram convencidos.
- Nós o achamos há alguns anos sozinho perto da Montanha Negra; era apenas um bebê. Estava machucado, então cuidamos dele. – Explicou Blaise, com um olhar muito interessado sobre Luna.
- Desde então ele está com a gente. É pior que um cachorro pulguento. – Disse Draco. Erebus estreitou os olhos, ameaçador, Draco pressentiu o perigo. – Mas muito inteligente. – Completou, fazendo com que o dragão estufasse o peito.
- É genial! – Exclamou Gina, virando-se para o dragão. – Olá, Erebus.
Erebus abaixou um pouco a cabeça, em uma mesura.
- Uau, ele é demais! – Disse Luna, com olhinhos brilhosos.
- Não falem demais. Ele vai acabar convencido. – Resmungou Blaise, tentando reconquistar a atenção da loirinha. – Vocês são da onde? É a primeira vez que as vemos por aqui.
Luna abriu para a boca para responder, mas Gina foi mais rápida, pois percebera algo verde metálico cintilando no peito de Draco.
- Somos duas camponesas! – Exclamou, recebendo por isso um olhar confuso de Luna. Gina tentou indicar a insígnia no peito de Draco. Luna olhou e arregalou os olhos.
- Moramos para leste, nas terras de Hogsmeade. Chamo-me Luna e está é Gina. – Emendou a loira, cuidando para não dizer o nome completo da amiga.
Hogsmeade era o grande Burgo de Hogwarts. Importante centro comercial e uma espécie de elo entre os quatro reinos. Por isso considerada uma área neutra.
- Vocês estão bem longe de casa. – Disse Draco, lançando um olhar suspeito às duas.
Estavam mais ou menos na divisa entre o reino de Gryffindor e Slytherin. Gina e Luna não tinham noção de que haviam cavalgado até tão longe. Já Draco e Blaise sempre se afastavam bastante do reino, para treinar com Erebus.
- É, acho que nos empolgamos um pouco. – Retrucou Gina, dando um meio sorriso e coçando a cabeça.
- E vocês são da onde? – Perguntou Luna, desviando o assunto. Já sabia a resposta, a insígnia em formato de cobra no peito de Draco falava por si só.
- Somos de Slytherin. Cavaleiros do rei. – Informou Draco, empertigando-se sobre o cavalo.
- Oh, que fantástico. – Disse Gina, com falso entusiasmo. Erebus parecia incrivelmente entediado.
Gryffindor e Slytherin eram inimigas declaradas. Se os dois soubessem que ela era a princesa do reino rival, provavelmente a levariam de presente para o rei Lucius.
- Tudo é muito lindo, mas eu acho melhor nós duas voltarmos. Tirar essas roupas molhadas, sabe como é. – Disse Luna, com uma risada nervosa.
-Oh! – Exclamou Blaise, decepcionado. – E quando as veremos de novo?
'Nunca' pensou Luna, mas cuidou para não dar voz aos pensamentos.
- Ah, eu não sei. – Disse Gina, evasiva.
- Amanhã! Apareçam aqui amanhã aqui, mais cedo, antes do meio dia. – Disse Draco, olhando diretamente nos olhos de Gina.
A ruiva tremeu sob aquele olhar. Ele tinha olhos tão profundos. Um azul acinzentado, como o céu na iminência de uma tempestade.
- Está bem, - Disse Gina, sem pensar. Luna olhou desaprovadoramente para a amiga. – Ahn, até amanhã então.
- Até. – Disseram os dois.
O dragão levantou vôo e deu algumas piruetas no ar. Gina e Luna partiram, cavalgando rápido morro acima.
- Erebus, chega de se exibir, elas já foram. – Gritou Draco.
Ele e Blaise seguiram para a direção oposta.
- Vamos, Erebus! Dessa vez nós é que iremos ganhar! – Gritou Blaise. E os dois cavaleiros voltaram a perseguir o dragão.
- O que foi aquilo! – Exclamou Luna, quando já estavam próximas do povoado de Gryffindor. – Você ficou louca? Se eles descobrirem quem nós somos, estamos raladas!
Gina mordeu os lábios.
- Mas eles não precisam saber, certo? Podemos continuar como duas simples camponesas. – Tentou, olhando de esgoela para a amiga.
Luna estreitou os olhos, nem um pouco convencida.
- Oh, Luna, vamos! Vai dizer que você não os achou os dois seres mais lindos da face da terra? – Exclamou a ruiva, sorrindo maliciosa.
- Gina! Sua assanhada! – Luna corou, e Gina continuou olhando para a amiga com uma expressão debochada. – Está bem, está bem. Eles eram. Principalmente aquele Deus de Ébano.
Luna abanou-se, e Gina riu.
- Que bom que gostou do Deus de Ébano, porque eu gostei mesmo é daquele loiro branquelo.
As duas riram, cúmplices.
- E então? – Tentou Gina mais uma vez.
- E então o quê?
- Luna! – Exclamou Gina. – Você sabe o quê.
Luna suspirou.
- Está bem, está bem. Não tem como eles descobrirem. Eu acho... – Disse, incerta.
Gina só não deu pulinhos porque cairia do cavalo se tentasse.
- É claro que não. Vai ser divertido, você vai ver.
As duas alcançaram o povoado próximo ao castelo. Nele residia uma velha senhora rica que sempre ajudava as duas garotas em suas escapadas. Entraram no estábulo nos fundos do casarão e colocaram os cavalos na cocheira, dando-lhes água e ração.
- Bom garoto. – Disse Gina, acariciando o pescoço longo de Ornamento. O animal relinchou, satisfeito.
Saíram do estábulo e entraram no casarão, onde uma senhora de quarenta anos, baixinha e esguia as esperava.
- Eu bem que gostaria de saber por que vocês nunca chegam no horário combinado e... Oh! – A senhora se interrompeu. – Olhem para vocês duas! Sujas e despenteadas! O que vocês fizeram no cabelo? Está um lixo!
As garotas se entreolharam, só então reparando no estado lastimável dos cabelos frouxamente presos. A combinação de água e vento não fizeras-lhe nenhum bem.
- Gina, você está mesmo horrível! – Gargalhou Luna, dobrando-se de tanto rir.
Gina fez uma careta.
- Você não fica longe com essas cerdas de vassoura. – Retrucou Gina, empinando o nariz.
- Cara de tomate.
- Sabugo de milho.
- Abóbora de jardim.
- Ai! – Exclamaram as duas ao mesmo tempo. Mirtes, a velha senhora, as segurara pelas orelhas e agora as arrastava até um dos quartos.
Teria muito trabalho até que ambas estivessem apresentáveis para que pudessem voltar escondidas para o castelo. E já estava quase escurecendo...
Já arrumadas, os cabelos presos em coques altos e em trajes típicos da nobreza, Gina e Luna pularam o muro do grande castelo com a ajuda de uma pequena árvore que crescia próximo a ele.
Era noite agora, e com certeza todos já teriam percebido a ausência da princesa e sua inseparável amiga.
- Pssiu! – Sussurrou Gina, quando Luna chutou uma pedrinha solta. – Vamos entrar pelas cozinhas.
Começaram a caminhar silenciosamente até a entrada de empregados quando duas vozes muito irritadas fizeram-se ouvir ao mesmo tempo, assustando as garotas.
- GINEVRA MOLLY WEASLEY!
- LUNA LOVEGOOD!
Gina de imediato reconheceu a voz da Rainha e Luna a da própria mãe. Ambas saíram justamente por onde as meninas planejam entrar.
- Corram por suas vidas! – Gritou Gina, e as duas saíram correndo em direção à outra entrada que conheciam.
Teriam muito que explicar, mais tarde.
Longe dali, dois jovens adultos também voltavam para casa, exaustos da cavalgada e dos treinos com Erebus.
O dragão dormitava entre o castelo de Slytherin e a Floresta Negra, de onde uivos de lobos faziam-se ouvir nas noites mais quietas, como lamentos tristes.
- Você acreditou por um segundo sequer que elas eram apenas camponesas? – Perguntou Draco, tirando a cela de Pégasus, seu belo alazão branco.
- Por quê? Você acha que elas estavam mentindo? – Blaise arqueou uma sobrancelha.
Draco não respondeu de imediato; apenas começou a escovar o pêlo sedoso de Pégasus.
- Desde quando camponeses tem cavalos tão bonitos e bem cuidados? Eles geralmente estão acabados pelo trabalho e pela falta de uma alimentação adequada. E mais, elas ficaram tensas quando perguntamos de onde eram e deram um jeito de ir embora. – Argumentou Draco.
Blaise pensou por alguns segundos.
- Não reparei em nada disso. Estava mais interessado naquelas roupas molhadas grudando no corpo das duas. – Blaise deu de ombros. – Mas se o que você diz for verdade, então elas provavelmente estavam escondendo alguma coisa.
Draco revirou os olhos. Ele, claro, também notara as roupas molhadas delineando o corpo das garotas. Principalmente da ruiva, cheia de sardas. Adorável. Mas não era seqüelado como Blaise, era capaz de observar mais de uma coisa ao mesmo tempo.
- Amanhã poderemos tirar isso a limpo. Eu já tenho um leve suspeita.
- É mesmo? Qual? – Perguntou Blaise, se espreguiçando, ao terminar de escovar seu cavalo, Trovão.
Draco sorriu malicioso.
- Cabelos vermelhos. Sardas. Jovem, possivelmente não mais que dezesseis anos. E ainda chama-se Gina. O que bem poderia ser um diminutivo para Ginevra. Princesa Ginevra Weasley, filha de Arthur Weasley, rei de Gryffindor, nosso inimigo declarado. – Disse Draco, enquanto os dois se dirigiam para o castelo.
Blaise balançou a cabeça.
- Cara, você pensa demais.
Draco sorriu ainda mais. Aquilo seria interessante.
Mas não apenas de pequenos problemas entre dois reinos insignificantes - comparados à dimensão do universo – nossa história é feita. Confusões maiores e mais perigosas podem surgir quando um homem comum, ou talvez não tão comum, descobre sobre a antiga lenda da Deusa Vesta. Deusa do amor e do ódio, para sempre selada em Asgard e impossibilitada de influir nos acontecimentos de Midgard.
Uma lenda antiga e muito bem guardada pelos Elfos Luminosos, pois toda lenda adormecida tem seu fundo de verdade, e despertá-la inadvertidamente pode colocar todo o mundo que conhecemos em perigo.
E a lenda de Vesta fala sobre amor e traição. Vingança e ódio. E sobre o desequilíbrio de todas as coisas.
Idril Elendil percebeu que algo estava errado quando tocou Yggdrasil e sentiu o alerta da poderosa árvore. Alerta para o perigo e para a devastação que se aproximava. E a árvore chorava; machucada.
Uma de suas raízes da sabedoria fora brutalmente arrancada. Uma raiz que nunca deveria cair na mão dos homens. Uma raiz sobre poder, magia e antigos rituais. Uma raiz sobre Vesta. Agora Deusa apenas do ódio.
Ele correu para reunir os Elfos. Precisavam encontrar o traidor. O homem que planejava pôr todo o equilíbrio a perder. O homem que planejava despertar um poder além da compreensão dos mortais. Libertar os males por tantos séculos aprisionados.
Dumbledore estava lá, quando a reunião foi feita. E ele tinha o veredicto. Um veredicto que lhe doía admitir.
- O ladrão é Tom Riddle. Meu aprendiz, até esta traição.
E é aqui que o verdadeiro problema começa.
Mérope Gaunt era uma camponesa muito bela e encantadora. Atraía a atenção de qualquer homem que por ela passava, e não tardou também para atrair a do Rei das terras onde ela e a família residiam.
O Rei Riddle, ciente da beleza da jovem Mérope, seguiu-a uma tarde pelos bosques onde a garota colhia frutos, e tentou seduzi-la. Mérope resistiu, a princípio; mas Riddle era um Rei e ela, apenas uma camponesa, afinal de contas.
Tornou-se amante do Rei, sem que sua família soubesse e acabou por se apaixonar perdidamente por Tom Riddle, o qual fingia sentir o mesmo.
A felicidade da jovem durou alguns meses, até que ela se descobrisse grávida.
Mérope, acreditando que o Rei a amava, julgou que este ficaria feliz com a notícia. Mas como estava enganada. O rei Riddle negou a criança; um bastardo, ele dizia, e exigia que ela livrasse-se da criança o quanto antes. E Mérope não poderia ter ficado mais triste. Mas não desistiu do filho.
Lutou contra a própria família. Contra o pai, que a chamara de prostituta, virando-lhe o rosto. Foi uma gravidez difícil, e se não tivesse sido pelas ajudas às escondidas da mãe de Mérope, talvez Tom Marvolo Riddle nunca houvesse nascido de fato.
Alguns meses depois de dar a luz, Mérope faleceu. Fraca pela gestação complicada e deprimida pela rejeição do Rei.
A família de Mérope não quis criar o bastardo, e o enviaram para ser criado no castelo, como servente. Relutante, o Rei acolheu a criança, mas nunca se aproximou do filho. Não ao menos sabia que Mérope havia dado à criança o mesmo nome do pai.
Quando o pequeno Riddle cresceu, a avó – única que o visitava, eventualmente – contou-lhe o que o Rei fizera à Mérope; contou-lhe que ele era filho do Rei.
Ódio e rancor cresceram no peito de Riddle, e ele, aos onze anos de idade, envenenou a comida do Rei, e partiu daquele castelo que tanto odiava. Partiu para muito longe. Viajou com ciganos, com piratas, com comerciantes, por meses.
E chegou a Hogwarts. Estava sozinho, perto de uma pequena floresta, quase um bosque, quando um velho de longas barbas brancas, segurando um cajado, encontrou-o e convidou-o para tomar um chá em sua cabana.
Chamava-se Dumbledore. Era um feiticeiro poderoso e muito sábio. Conhecias coisas que Riddle jamais imaginara existir. Riddle sentiu a cobiça corroer-lhe também o peito. Queria ser poderoso como Dumbledore. Queria se vingar de todos os Reis mesquinhos, destruir seus castelos e suas riquezas.
Então aprendeu. Tornou-se o melhor aprendiz que Dumbledore jamais poderia desejar. Era dedicado, inteligente e astuto. Escondia do velho homem suas verdadeiras intenções, escondia toda seu desejo por vingança.
Aos trinta e cinco anos, Tom M. Riddle encontrou na Lenda de Vesta a forma de realizar seus desejos. Também ela queria destruir. Também ela fora traída. Juntos eles poderiam obter suas vinganças; ela tinha o poder para isso, e ele o poder para libertá-la.
Dumbledore de nada suspeitava, e graças a isso, e à confiança dos Elfos ao grande feiticeiro, foi permitido a Riddle chegar até Yggdrasil. Nas raízes da árvore estava a chave para a volta de Vesta.
Ele tinha tudo agora. Só precisava encontrar a descendente da Deusa. E ela não estava longe. Muito pelo contrário.
Nota da Autora: Primeiro capítulo completamente diferente. Eu sei. O início vai mudar bastante. Eu fiz a Gina e a Luna mais independentes e aventureiras. Acho que combina mais.
Espero que tenham gostado dessa nova versão! Que na verdade é quase uma fic nova .-. Tanto que eu não via mais sentido em manter o mesmo nome.
Dragão Erebus: http: / pirosfera . files . wordpress . com/2009/10/smok_czarny . gif
Reviews?
