Normal: narração e fala
Itálico: pensamento
OBS: Essa não é uma ideia original, e sim a adaptação de um jogo de fuga que, se não me engano, se chama "Free Ice Cream".
Sequestrada
Capítulo 1.
"Sorvete! Sorvete! Olha o sorvete grátis!"
X_X
Onde estou?
Foi a primeira coisa que Lindinha Utonium se perguntou ao recuperar a consciência e sentir o solo úmido embaixo de si.
Abrindo os olhos com dificuldade, tentou reconhecer o local em que estava, sem sucesso: não só não reconhecia o que parecia ser o porão de alguém, mas também não fazia ideia de como havia chegado ali.
A última coisa de que se lembrava era de estar fazendo a ronda com suas irmãs, até que viram o sorveteiro dando sorvete de graça e...
- Minhas irmãs! - exclamou, abrindo os olhos completamente, assustada. Olhando para os lados, notou que era a única naquele porão, e as manchas de sangue nas paredes não a ajudava a se acalmar.
Tentando levantar, percebeu que havia sido amarrada, e que não conseguia se livrar das cordas: nem com super-força, nem com olhos de raio laser, nem com poder nenhum. Foi a mesma coisa com o voo: quando finalmente conseguiu ficar de pé, já que suas pernas não estavam amarradas, tentou pegar impulso para voar, mas acabou caindo em cima de uma garrafa de vidro, quebrando-a.
Tem como isso ficar pior? - pensou, aborrecida e dolorida, antes de escutar passos e, logo em seguida, uma porta se abrindo. Foi só então que notou uma escadaria que levava a uma porta que havia no local, aberta por um homem gordo segurando um facão e com sangue nas roupas, incluindo no avental que usava.
Levou apenas um segundo para Lindinha reconhece-lo: era o sorveteiro que ela e suas irmãs tinham visto durante a ronda!
- SERÁ QUE DÁ PRA FAZER SILÊNCIO?! - berrou ele, enfurecido, antes de continuar: - SE EU OUVIR MAIS UM BARULHO, JURO QUE VOU TE CORTAR EM PEDACINHOS!
Após berrar isso, fechou a porta com violência, fazendo Lindinha engolir em seco. Não era novidade que ela era um pouco medrosa, mas nem mesmo Ele havia sido capaz de deixa-la tão assustada quanto naquele momento!
Claro que nunca a ameaçaram com um facão enquanto a mesma estava sem poderes, mas ainda assim...
Pelo menos a sua tentativa de voar serviu para alguma coisa, pois o vidro quebrado a ajudou a cortar as cordas que a amarravam. Uma vez liberta, testou os poderes e, no fim, confirmou: estava realmente sem poderes.
Sem dúvida, o sorveteiro é o responsável. - pensou, levando a mão ao estômago só de lembrar do sorvete que havia comido... e que, além de tirar seus poderes, também a tinha feito adormecer. - Mas não é hora de pensar nisso. Tenho que encontrar minhas irmãs!
Vasculhando o porão, tentou encontrar uma saída, mas aparentemente a única que existia era a porta por onde o sorveteiro havia entrado. E olha que ela tinha olhado até debaixo da escada!
Foi só então que, ao olhar pra cima, notou uma grade de ventilação (não sei se é assim que se chama, mas deu pra entender, certo?). Era uma boa forma de sair dali, mas... como chegaria até ela se estava fora de alcance e não podia voar?
Talvez aquilo sirva. - pensou, olhando para uma prateleira móvel. Com pouco esforço, Lindinha empurrou a prateleira pra bairro da grade e começou a escalar. Uma vez no topo, faltavam apenas poucos centímetros. - Quase...
Infelizmente, ao pegar impulso e pular para alcançar a grade, acabou ficando pendurada nela, antes de desabar no chão: ela, a grade e a prateleira, causando um grande estrondo.
Ai não! - pensou, ao ouvir passos novamente. Foi então que se lembrou do espaço embaixo da escada e correu para se esconder nele. Bem a tempo, pois o sorveteiro invadiu o porão logo em seguida e armou um escândalo ao achar que Lindinha havia escapado pela ventilação.
- AH, MAS QUANDO EU ENCONTRAR ESSA MENINA, EU MATO! - berrou, saindo furioso pela porta, sem se importar em tranca-la novamente. E assim que a barra ficou limpa, Lindinha saiu de seu esconderijo.
Agora é encontrar minhas irmãs pra sairmos daqui. - decidiu, por pensamento, subindo as escadas e finalmente saindo do porão.
