Nome do autor: Fla Cane
Título: Foto Antiga
Sinopse: Era uma natureza morte. Uma bela natureza morta.
Ship: Pansy/Harry
Gênero: Romance
Classificação: M
Observação: Fic totalmente U.A.
N.A.: Para a Maratona Harry & Pansy do fórum 6V, do tópico Harry & Pansy. Bobinha, mas eu amei. Sem betagem, sorry.
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Foto Antiga
por Fla Cane
Harry olhava para Pansy e pensava em quantas vezes já se perguntara se ela estava realmente viva. Flores morrem, pessoas morrem e almas também. E a alma de Pansy parecia estar morta há muito tempo. Mas era como foto antiga, desbotando aos poucos, caindo pedaço por pedaço.
Pansy via os olhares de Potter em sua direção e não o entendia. O garoto era o seu oposto, mas também poderia ser sua ajuda. Mas já não tinha força de fingir, de usar, de ser quem fora por tanto tempo antes da Guerra. E agora, um ano depois, já não havia mais graça. Já não tinha quem seduzir com um sorriso ou pisar com ofensas. Blaise perdera a graça, Draco perdera o gosto. Granger estava mais patética que antes, mas sem vontade de ir até lá só para desagradar.
Não, Pansy estava cansada, de paciência esgotada. E só poderia culpar Potter por ter vencido a maldita Guerra. Caso ele tivesse perdido não precisaria estar cansada, na verdade, estaria mais do que alegre de estar a ser ela mesma. Mas Pansy sentia-se antiga, passada, sem cor nenhuma. Como se todo o mundo fosse em preto e branco, e ela em cinza.
Olhou para Potter outra vez, agora nos olhos. Aquele verde que ela não gostava, pareciam cada dia mais brilhantes, como se ele ganhasse vida enquanto ela perdia. E pela primeira vez, Pansy quis que fosse ao contrário. Que os olhos escuros dela deveriam ganhar vida pelos olhos quase mortos de Potter. Porque era irritante vê-lo ali, daquele modo tão ridículo de lhe fitar fixamente.
Era estranho vê-la lhe olhar, mas Harry via a cor desbotando dos olhos dela. Teve pena. Eram olhos bonitos. Pansy era uma garota bonita. E até a natureza morte é bela.
Tocou a pele dela, gelada, lisa, molhada. Estava chovendo, e o que era desbotado, antigo, ficou mais. Harry não conseguia tirar da cabeça como Pansy parecia uma foto antiga, uma foto vista demais, que morria e perdia a cor e a utilidade. Seus dedos trilhavam a pele molhada do ombro dela, seus olhos fitando os castanhos desbotados dos olhos dela. E outra vez, doía e sentia dó ao olhar dentro dos olhos dela.
Respirou fundo ao vê-lo ali, e a vontade de gritar, esmurra-lo e de humilhar quase que se acendeu em seu corpo. Mas não foi. Não conseguiu, não teve forças, não teve a mínima vontade. Não teve pois ele a tocou. Seu ombro descoberto pela camisa da escola aberta quase que totalmente. Estava correndo na chuva, afastando-se dos muros negros da escola, da vontade branca das pessoas.
Não percebera que estava quase nu até ele lhe chamar, até sentir o toque quente dele em si. O verde ganhava mais brilho, como que sugando sua força. Ela odiava que mesmo na chuva, no vento, ele era quente, ele era vivo. E só ele tinha cores.
Harry subiu a ponta dos dedos pela pele sem cor e fria de Pansy, os dedos trilhando os lábios rosa desbotados. A garota apenas estremeceu, sem ser de frio, dava para ver. Ela estremecera de ódio. Ela sentia ódio, e isso apagava mais a bela foto que ela era.
"Você..."
"Cale a boca." Pansy queria a vida, queria a cor e o brilho.
E quando seus lábios se tocaram, Pansy teve plena certeza que o quente poderia pintar seu mundo outra vez. Teve plena certeza de que o brilho voltaria para seus olhos e que a energia que ele lhe roubara, apenas por estar vivo, inundaria sua vida.
O beijou, sugou seus lábios, moldou seu corpo ao dele, o quente queimando o mundo monocromático que ela vivia. Potter era o maldito brilho que precisava e Pansy queria tanto que não precisou prestar atenção as outras coisas. Chuva, vento, cores. Tudo era a moldura do quadro, que ele voltava a trazer cores. Os braços ganharam vida, puxando-o para baixo de uma árvore, encostando suas costas na casaca dura e pontiaguda. Mas a árvore ainda não tinha cor, então Pansy tinha que ter Potter.
A beijou, colando seu corpo ao dela, trilhando pequenos caminhos com os dedos na pele fria dela. Ao abrir os olhos, estremeceu, o castanho dos olhos dela ganhavam vida. Uma semi-vida na verdade, mas já era algo. Entretanto tinha alguma coisa estranha, algo que ainda prendia Pansy a foto antiga. E Harry soube assim que a prensou na árvore, e a beijou, dessa vez no pescoço, que Pansy era uma beleza morta por vontade própria. E que tentava recuperar a cor, nele.
Ele iria deixar, mesmo que fosse somente por um tempo. E que fosse somente daquele jeito. Ele queria aquela foto antiga, pintada outra vez.
Fim
N.A.: Primeira das fics do Projeto.
Comentem, sim?
Kiss
