Título: Céu & Inferno

Autora: Bruna Galle

Nota: Eu não pretendo mostrar o que já foi visto na televisão, sendo assim, é fundamental ter assistido a segunda, terceira e quarta temporada para entender completamente os capítulos que se seguem. Não haverá detalhes sobre operações da UCT, serão capítulos enfocados na vida de Tony e Michelle nos últimos anos. Sem os eventos da quinta temporada. Obviamente, os personagens pertecem a Fox e aos criadores de 24 horas. Qualquer personagem que não seja de 24 horas é puramente fictício.

Os acontecimentos a seguir ocorrem a partir do término da segunda temporada.

Capítulo Um: Amanhã.

Não fazia nem vinte quatro horas desde os últimos acontecimentos. Michelle percebia agora como um dia podia mudar completamente a vida de qualquer pessoa. Ela saiu da UCT e decidiu ir para casa. Agora, depois de um bom banho e uma ótima refeição, encontrava-se deitada no sofá da sua sala, pensando em tudo que havia acontecido, em como uma bomba nuclear quase desencadeou uma guerra e o fato deles terem impedido isso. Pensou em Jack e em como ele havia acreditado nela e feito tudo isso parar. E claro, pensou nele, Tony Almeida. Desde o dia em que havia chegado na UCT, desde o momento em que colocou os olhos nele, ela sentiu algo diferente. Nunca soube, é verdade, se ele sentia algo por ela. Às vezes, demonstrava que sim, às vezes não demonstrava nada. Era complicado. Mas agora, agora não, ela havia tomado coragem. Relembrou o primeiro beijo, há algumas horas atrás e sentiu um calafrio. Passou a mão pela nuca, desejando que ele estivesse ali com ela. Levantou-se, pensando que seria melhor ir para a cama, o relógio marcava 20:30, amanhã voltariam ao trabalho e ela o veria novamente. Trocou de roupa e deitou.

O dia amanheceu ensolarado e Michelle se sentiu renovada. Saiu da cama, tomou banho e quando ia começar a preparar o café da manhã, a campanhia tocou.

Quem diabos pode ser essa hora da manhã?

Curiosa, correu para abrir a porta. Ficou surpresa ao ver um homem desconhecido com flores e uma caixa de chocolate na mão.

"Bom dia, senhorita..." Ele parou e checou na prancheta de entrega. "...Dessler."

"Bom dia." Ela respondeu desconfiada.
"Estes presentes são para você."
Michelle ficou sem palavras, apenas pegou os presentes mais o cartão que o homem a entregou, agradeceu e voltou para dentro de casa. Decidiu abrir primeiramente o cartão, ver quem a mandara aquilo tudo, e mesmo tendo quase certeza da resposta, foi emocionante pra ela ver que havia sido ele quem havia escrito aquelas belas palavras.

"A partir do momento em que eu vi você

A partir do momento que eu olhei dentro dos seus olhos

Havia alguma coisa, eu sabia

Que você era única em toda uma vida

Um tesouro muito difícil de ser encontrado."

Com amor, Tony Almeida.

Michelle ficou parada, durante mais ou menos 5 minutos olhando para aquele cartão e o quão real aquilo tudo poderia ser. Devidamente recuperada, ela abriu a caixa de chocolate, pegou um e foi em direção à cozinha arranjar um vaso para colocar as belas flores. Feito isso, ela preparou o café da manhã, comeu, terminou de se arrumar e dirigiu-se a UCT.

Depois da explosão, a UCT estava começando os trabalhos de reconstrução. Havia operários por todos os lados, de fato, o lugar estava uma bagunça. Michelle ficou aliviada ao pensar que era só se dirigir à sala do diretor onde com certeza encontraria Tony. Desviou-se de tudo quanto pôde no caminho e com uma certa dificuldade conseguiu subir às escadas e chegar à sala dele. Ao vê-la entrar, ele deu uma desculpa para quem estava na linha, virou-se e sorriu para ela.

"Isso aqui tá um verdadeiro pandemônio, eu sei. Chappelle está quase enlouquecendo."
Eles riram.
"Imagino que sim." Michelle nem queria encontrar Chappelle, quando ele estava de mau humor tornava-se mais insuportável do que costumava ser.

"Você recebeu?"

"Recebi."
Michelle deu um sorriso tímido. Ele saiu de trás da mesa e encaminhou-se em sua direção. Estavam muito próximos agora.
"Obrigada." Ela agradeceu.

Ficaram abraçados um bom tempo, eles sabiam que poderiam ficar assim por horas, mas tinham muito trabalho a fazer.

"Ryan quer que desçamos pra uma reunião. Estávamos esperando por você."
"Reunião?"
"É."
"Eu odeio reuniões." Falou em tom de brincadeira.

Jack e Ryan conversavam alguma coisa quando Tony e Michelle entraram pela porta da sala de reuniões.
"Finalmente você chegou." Ryan falou asperamente dirigindo-se a Michelle.

"Dá um tempo, Ryan." Tony odiava o constante mau humor dele.

"Bom dia pra você também." Michelle replicou contrariada. Olhou pra Jack e sorriu. Ele retribui o sorriso. "Bom dia, Jack."
"Bom dia, Michelle."

Tony e Michelle sentaram-se e esperaram Ryan começar a falar. Todos estavam curiosos para saber o que ele tinha para comunicar.

"Bom, primeiramente, talvez eu deva pedir desculpas por ontem. Vocês estavam certos quanto à não autenticidade do chip."

"Você não tem que pedir desculpas, só estava seguindo ordens e fazendo o que achava ser certo." Jack sabia que o motivo daquela reunião não era para ouvirem Ryan Chappelle pedir desculpas, então ele esperava que agora Chappelle falasse o real motivo daquilo tudo.

"Quando eu cheguei hoje cedo, o irmão do presidente, que uniu-se a equipe da Casa Branca depois da tentativa de retirada do presidente Palmer, me ligou e pediu uma conferência com vocês três. Ele está esperando minha ligação para darmos início à conferência. Posso?"
Os três concordaram.

Ryan fez uma rápida ligação e poucos minutos depois a tela principal da sala foi aparecendo e junto com ela a imagem do irmão do presidente.

"Senhor."
Wayne cumprimentou-os.
"Talvez vocês achem estranho esse pedido, mas, eu não poderia deixar de agradecer por tudo que vocês fizeram, por tudo que vocês três, passando por cima de protocolos, evitaram. Em nome do presidente David Palmer e de todos os cidadãos americanos, eu agradeço."

"Não fizemos mais do que a nossa obrigação, senhor."
"Não, Jack. Vocês tiveram muita coragem para fazer tudo que fizeram. São raras as pessoas que se arriscariam de tal maneira pelo seu país."
"Não nos deixaram escolha, senhor."
"Eu sei, Jack, eu sei."
"Eu também gostaria de poder agradecer ao presidente. Por ele ter acreditado em nós e mesmo sem provas ter retardado o ataque."
"Ele sabia que vocês estavam certos."
"Obrigado, senhor."
Wayne Palmer se despediu e os quatro ficaram sozinhos novamente.
"Agora vocês são heróis." Ryan falou sarcasticamente.
"Sem piadinhas, Ryan. Vamos voltar ao trabalho." Jack realmente não queria brigar com Chappelle.
Ryan saiu e foi em direção a sua sala. Michelle foi para a sua estação de trabalho. Tony estava saindo, quando Jack o chamou.
"Tony!"

"Hey, Jack."
"Tony..." Jack olhou para a perna enfaixada dele. "Desculpe-me sobre isso." E apontou para ela.

Tony olhou para onde ele apontava e abriu um sorriso.
"Se não fosse por isso, eu seria agora, o culpado por não deixar você ir atrás do cara que te deu provas da não autenticidade do chip."
Jack ficou desconsertado, esperava que Tony estivesse realmente irritado com ele.
"Desculpas aceitas, Jack." Tony riu da cara dele. "Está tudo bem."
Jack riu e eles apertaram a mão.

"E você está bem? Ontem você não parecia disposto a enfrentar outro dia de trabalho." Tony falou referindo-se a Jack entrando de maca na UCT.

"Não tive nenhum problema sério, mas você sabe, eles sempre querem manter você em uma cama até eles estarem convencidos de que não tem nada demais. Esperei até hoje para pedir ao doutor Taucht minha liberação. Ao meu jeito, eu consegui sair do centro médico."

"Ao seu jeito?" Tony falou rindo e entendendo o que Jack queria dizer.

Jack balançou a cabeça positivamente com um sorriso maldoso nos lábios.

Ao fim do dia e depois de muito trabalho na reconstrução de bases de dados e arquivos danificados, Michelle se sentiu feliz por poder voltar a sua casa. Pegou suas coisas, despediu-se de Jack e foi falar com Tony.
"Hey..."

Ele estava no computador de uma estação.

"Oi." Ele parou o que estava fazendo para dar atenção a ela.
"Estou indo para casa. Preciso descansar, dormir."
"É. Você parece cansada. Eu deveria ter te dado o dia de folga hoje."
"Não mesmo. Você sabe que eu odeio ficar parada."
Eles ficaram em silêncio.

"Então... Até amanhã, Tony."

Ela começou a se virar para sair da UCT.

"Hey, Michelle."
Tony correu para alcançá-la.

"Você gostaria de, er... sair comigo, amanhã?"

Ela abriu um adorável sorriso.

"Adoraria."
"Então, amanhã, cinema às 21:00 horas quando sairmos daqui?"
"Pra mim tá ótimo. Combinado."
Ele se aproximou discretamente, embora soubesse que não teria coragem para fazer o que realmente gostaria de fazer. A distância entre os dois era tão pequena que ele temia que ela pudesse ouvir as batidas aceleradas de seu coração.

"Até amanhã, Michelle" disse ele, beijando rapidamente seu rosto.

"Até amanhã."

Um Jack Bauer sorria, ao longe, com a cena que acabava de presenciar.