Título: O príncipe e a menina azul
Autora: Kikis
Par principal: Kagome/Inu-Yasha
Avisos: Resposta do Desafio dos 140 temas do fórum do Mundo dos Fics (link no profile).
Tema: Poço
Número de palavras: 1041
Disclaimer: Se Inu-Yasha fosse meu, a Kikyou teria morrido e ressuscitado menos vezes XP. Não estou ganhando nenhum dinheiro, apenas horas de diversão.
Sumário: O pequeno príncipe Inu-Yasha, por mais criativo que fosse, não imaginava que o poço se tornaria tão interessante. "Quem é especial normalmente é deixado de lado, Inu-Yasha..." Desafio InuKag, AU
Três horas depois do café e quinze minutos após o treino, diariamente, o pequeno príncipe Inu-Yasha subia a colina para deitar no galho preferido de sua árvore, ainda com a katana pendurada na cintura. Lá, saboreava sua última meia hora antes das aulas tediosas sobre kanjis e estratégia. Sozinho.
O que mais odiava sobre ser príncipe – além das roupas desconfortáveis – era estar quase todos os segundos de seu dia acompanhado. Seja pela presença imponente de seu pai, pela fria de seu irmão e pela calorosa de sua mãe. Por isso, adorava seu momento solitário.
Isso até pouco antes de seu oitavo aniversário.
Estava lá há dois míseros minutos, o tornozelo doendo. Então, seus olhos avistaram-na. De lenço azul na cabeça, segurando um balde, uma garota andava até o poço.
Inicialmente, não parecia ser alguém que merecesse sua atenção. Porém, reparou nos arranhões nas pernas e bochechas dela – tão parecidos com os que adquiria nos treinos. Observou-a, fascinado, enquanto ela manejava a corda para pegar água.
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Inu-Yasha sabia muito sobre meninas. E um dos itens fundamentais para ser uma era a chatice. As garotas da corte eram todas pálidas, gostavam de bonecas, ikebana e quimonos elaborados. Eram desprovidas de criatividade. Quando brincava com elas, sempre tinha que dizer o que fazer. Isso o irritava profundamente.
E elas não tinham arranhões, nem cicatrizes.
A 'garota do poço' tinha.
O hanyou não possuía muitos amigos. Enquanto Kari-sama mostrava como escrever corretamente, imaginava que estilo a garota lutava e se gostava de espadas tanto quanto ele.
Ela não ia a colina sempre, mas ele estava lá todos os dias, mirando o poço.
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Decidiu chamá-la de 'Ao', que era o kanji de 'azul', por causa do lenço que usava – e pelos olhos dela, que eram da mesma cor, notara no dia em que a observara mais de perto.
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'Ao' era bem forte. Tinha vezes em que levava dois baldes cheios, mesmo sendo uma cabeça mais baixa ele. Se ela tivesse mestre, ele estaria orgulhoso. Perguntou-se se um dia poderia mostrar suas próprias técnicas a ela.
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'Ao' cheirava a maças, que era sua fruta preferida. Devia ser a dela também.
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Às vezes, ao entardecer, conseguia escapar das lições. Procurava do aroma de 'Ao'. Geralmente a encontrava sozinha, perto do poço, trançando um cesto de folhas, nunca sorrindo.
Chegou a conclusão que 'Ao' devia ter tantos amigos quanto ele. Nada mais natural. Era como sua mãe dizia: "Quem é especial normalmente é deixado de lado, Inu-Yasha, porque as outras pessoas não conseguem entendê-lo". Ficou contente, pois eram iguais. Nunca falara em voz alta, mas havia horas em que não era bom ser o único 'especial'.
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Inicialmente, foi só uma maça. Então, passou a deixar doces para ela.
Mas quando 'Ao' jogou os bolinhos de arroz no poço, uma dor incomensurável abateu-se sobre si, e não tardou a transformar-se em raiva.
Nunca havia revelado-se, não sabia direito sobre o que conversar, apesar dos dois terem muito em comum. Saiu correndo de sua árvore e foi ao poço, entretanto, antes que pudesse falar qualquer coisa, ela o encarou com fúria e bradou:
- O que quer?! Está fazendo de propósito para que seja castigada? Nem eu nem mamãe precisamos de você para nada, seu babaca!
Inu-Yasha ficou estático. O choque impediu-o de agir no instante em que ela disparou para a floresta. Porém, ao contrário do que os outros poderiam pensar, não estava chocado porque ela havia gritado.
Por todo os braços de 'Ao' havia marcas. Não de treino ou travessuras.
O hanyou ficava com marcas iguais quando o Senhor Yusuii o castigava, ou nos tempos em que tentara brincar com outros meninos e o mais velho havia usado o chicote para afugentá-lo.
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De repente, 'Ao' não podia ser simplesmente 'Ao'. No entanto, quando perguntara seu nome, sua única resposta fora um urro. "Me deixe em paz!".
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O príncipe passou a saborear – amargamente – sua meia hora nos fundos do dojo. Pensou seriamente em nunca mais voltar para perto do poço ou olhar na direção dele.
Mas não conseguia, porque 'Ao' era especial, como ele. E os especiais tinham que ajudar um ao outro.
"Se isso não acontecer, ficarão sozinhos."
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E Inu-Yasha resolveu ajudá-la do melhor jeito que podia.
Saiu mais cedo do treino, e foi para o poço dez minutos antes dela. Nesse dia, foi ele quem falou primeiro, impedindo-a de tecer qualquer comentário. Ergueu sua katana.
- Vou te ensinar a lutar. Quando apanhar, vai saber fazer doer menos.
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Foi difícil. 'Ao' insistia em não aprender nada. Ele replicava que não desistiria e sempre estaria lá, em frente ao poço.
E não mentiu.
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Aos poucos, 'Ao' cedia. Primeiro, assistia a Inu-Yasha por cinco minutos, partindo logo em seguida. Após uma semana, permanecia por mais tempo e copiava alguns movimentos.
Depois de três semanas, o hanyou atrasava-se para suas lições, mas não se sentia nem um pouquinho culpado.
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Apesar de 'Ao' aprender rápido e não ter tantas marcas como antes, o príncipe não era muito gentil – na verdade, a relação dos dois parecia não conhecer direito a gentileza.
Um dia, ofegante, a garota levantou os olhos apenas para pronunciar três palavras:
- Me chamo Kagome.
Durante aqueles encontros, o hanyou percebera que a menina sabia que ele era da 'realeza', mas não que era o filho do rei. Inexplicavelmente, temia revelar a verdadeira identidade.
- Sou 'Ao'.
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E passaram a manhã de seu oitavo aniversário juntos e outras muitas manhãs após. Nesta, em especial, Inu-Yasha arranhou o braço.
- Está feio, Ao. – Kagome fez uma careta.
Silêncio. Ser chamado 'Ao' incomodava. Não por não gostar, mas sim por mentir. Ignorando seus problemas, Kagome retirou o lenço dos cabelos e enfaixou o braço machucado, o que o fez arregalar os olhos.
- Mas ess-
- Um lenço azul para um menino azul. – Sorriu.
A culpa. Ele grunhiu.
- No poço, é 'Ao', mas... – Riu, mas seus orbes estavam sérios. E então passou a sussurrar - Também pode ser Inu-Yasha, se quiser.
Mais uma vez, o príncipe ficou imóvel. Suas bochechas esquentaram ao sentir os lábios dela roçarem em sua pele.
No poço seriam o que desejassem. Por enquanto, era apenas uma brincadeira.
N/a: Olá pessoas!!
Nossa, não escrevo nada de Inu-Yasha há tanto tempo...
A história teve que ser curta porque faz parte do Desafio dos 140 temas :), então decidi fazer algo com um clima de 'conto de fadas' no meio da madrugada, por mais que tenha dado vontade de aumentar a história u.U
Se considerarem esse texto digno de reviews, a autora ficaria muito feliz em recebê-las!
Um ótimo carnaval!
Beijos,
Kikis
