Disclaimer: A maioria dos personagens e situações dessa história são de propriedade de J.K.Rowlings e WB. Esta fic não tem fins lucrativos de qualquer tipo.
Título: Bem Me Quer, Mal Me Quer (título original: Love Me, Love Me Not)
Sumário: Quatro anos após a derrota de Voldemort, Draco e Harry se reencontram meio que forçadamente. Draco espera com isso enterrar seus sentimentos por Harry para sempre. Mas será que ele vai conseguir?
Pares: Draco/Harry; Bill/Draco; Ron/Hermione
Nota da Autora: Fiquei animada quando a Celly M. me pediu para traduzir Obsession para o português. Eu sou brasileira, mas como na época em que comecei com minha obsessão por slash só havia fics em inglês, resolvi arriscar e escrever também em inglês. O resultado é que todos os meus fics são em inglês. Mas estou pretendendo mudar isso. Celly já começou Obsessão. Ela também irá traduzir outra história minha mais pra frente. Eu irei traduzir Love Me, Love Me Not, que é minha fic mais recente e ainda inacabada. Espero que vocês gostem! Por favor, me mandem comentários! Esse fic é minha estréia na categoria de fics em português!
Ch01 – Uma Reunião
Lá estava de novo, aquele terrível choro de bebê. A mulher ruiva que segurava o bebê em seus braços fazia o possível para apaziguá-lo enquanto tentava manter o homem encapuzado longe do quarto de paredes verde-claras. E o jovem rapaz a seu lado não podia fazer nada a não ser observar a cena enquanto o homem encapuzado explodia a porta. A ruiva ainda tentou pedir clemência por seu filho, mas foi em vão. O homem a sua frente não conhecia esse sentimento. Em seu coração havia apenas o ódio e a vontade de destruir tudo.
Harry sabia de cor o que vinha a seguir, e assistir àquela cena horrível vezes sem conta em seus pesadelos partia seu coração. Ele fechou os olhos um segundo antes de Voldemort lançar Avada Kedrava, o feitiço da morte, na direção de Lílian Potter. O corpo desfalecido de Lílian foi ao chão, e o bebê Harry foi deixado sozinho para lidar com o que seria o começo de uma vida amaldiçoada.
Lágrimas escorreram pelas bochechas de Harry, e ele acordou suado e ofegante. De novo. Ele já deveria ter se acostumado aos pesadelos, mas não importava quantas vezes ele os tivesse, nunca se acostumaria a ver o corpo sem vida de sua mãe. Não havia nada que pudesse fazer para que aqueles sonhos ruins parassem de assombrá-lo.
Ele jogou o cobertor longe e se levantou, trêmulo. Havia algo que conseguia entorpecê-lo por um curto – mas suficiente – espaço de tempo. Na verdade, havia duas coisas, mas Hermione estava observando-o de perto, e ir à Travessa do Tranco para obter a Poção do Estupor não era mais tão fácil. No entanto, a primeira das opções era fácil de conseguir em qualquer supermercado. Hermione chamava aquilo de veneno. Harry o chamava apenas de uísque. Era o nome da maldita bebida afinal.
Preguiçosamente, ele caminhou até a sala de estar chutando as roupas sujas no caminho. Parou por um momento e olhou a sua volta com uma carranca. Perguntou-se a última vez em que o elfo doméstico havia feito a faxina. A casa estava uma bagunça até para os seus padrões. Ele fez uma careta quando um cheiro desagradável penetrou suas narinas.
- Tilly? – gritou, sua voz suando esquisita. Ele limpou sua garganta dolorida, mas aquilo apenas fez com que a dor ficasse pior. – Tilly? – tentou de novo, mas o elfo doméstico não apareceu. Fez uma carranca de novo. Ele enterrou os dedos nos cabelos, frustrado, e então se lembrou. Havia expulsado o elfo de casa. Só não se lembrava quando.
Não importava. A maldita criatura não fizera nada além de importuná-lo sobre qualquer coisinha que ele fizesse ou não fizesse. 'Harry está bebendo muito' era sua frase favorita. E Tilly adorava dedurá-lo. No momento em que Hermione entrava em sua casa, lá estava Tilly contando a ela quantas vezes Harry entornara uma bebida. Por isso Harry despedira Tilly. Ele não conseguia mais suportar que ninguém – pessoa ou criatura – lhe dissesse o que fazer e o que não fazer com sua própria vida.
Ele deu de ombros. Tilly se fora. Não faria um drama por isso. Sua casa estava um pouco caótica. E daí? Ele não dava a mínima. Afinal de contas, ele sempre podia contratar outra pessoa para limpá-la. Alguém que não fizesse muitas perguntas. Ele apenas precisava achar essa pessoa ou criatura em algum lugar. Sentia falta dos velhos tempos em que os elfos domésticos eram criaturinhas dóceis prontas a satisfazer os desejos de seus mestres sem dizer uma palavra. Então ele sacudiu a cabeça. Ele estava sendo cruel e injusto. Os elfos domésticos mereciam toda a liberdade que haviam obtido depois da derrota de Voldemort. Eles mereciam aquilo e mais. Não era culpa de Tilly se Harry estava se afogando em autopiedade e rancor.
Mas ele não queria filosofar demais naquela manhã. Na verdade, ele não queria nem pensar. Pegou a garrafa de uísque do bar e tomou um gole. O líquido lhe aqueceu todo. Ele bebeu metade da garrafa antes de voltar para a cama com os olhos fechados e a cabeça rodando. Sorriu fracamente enquanto a escuridão o abraçava. Talvez dessa vez ele dormisse sem sonhar com nada. Talvez dessa vez – como geralmente acontecia quando ele bebia até perder a consciência – ele deixasse de ver o corpo sem vida de sua mãe pela milésima vez.
Quem sabe dessa vez ele dormisse para sempre.
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- Ok, me diga de novo porquê eu. – perguntou Draco mais uma vez para ver se havia entendido direito o pedido que lhe estava sendo feito.
Todos os Weasleys o olharam atentamente, e ter tantos olhos voltados para ele o perturbou. Normalmente, ele não se deixava incomodar assim tão facilmente, mas aquela situação em particular era tudo menos normal. Pela décima vez naquele dia ele se perguntou o motivo de ter aceitado o convite de Hermione para a reunião dos Weasleys. Ele não tinha negócios ali. Era apenas um intruso que estava lá porque era amigo – e parceiro – de Hermione G. Weasley, agora casada com Ronald Weasley. Aquela reunião não era para ele. Afinal de contas, ele não se importava nem um pouco com o futuro de Harry Potter. Ele não se importava mesmo. Havia virado aquela página de sua vida. Por ele, Potter podia ir se ferrar.
Eles eram inimigos. Sempre haviam sido inimigos. Era o papel que cabia a eles, e ambos seguiriam aquele roteiro invisível até o fim. Potter nunca acreditara em Draco quando o loiro decidira se juntar a ele. Nunca havia confiado em Draco o bastante para lhe contar os planos da Ordem de Fênix. Nunca havia dado a Draco o benefício da dúvida. Draco seria para sempre um rival aos olhos de Potter. E aquilo não importava para Draco. Não mesmo. Ele ignorou a estranha dor em seu coração e fitou Bill Weasley, que o observava silenciosamente perto da lareira.
- Você é o único que pode tirar Harry da miséria em que ele se encontra. – disse Rony. O ardente ruivo soava muito irritado com o fato. Draco quase riu. Ele podia imaginar o quão difícil era para Rony dizer-lhe aquilo.
Draco suspirou e cruzou os braços. Ele era a única salvação de Potter? Que piada. Ele fez uma careta e se perguntou quem estava sendo punido ali: ele, por ter que lidar com Potter, ou Potter por ter que aturá-lo. Ele não havia dito sim ainda. Ele podia dizer não. Mas ele sabia que seria difícil dizer não com Hermione olhando-o pedantemente. Quem imaginaria que Draco amoleceria por uma sangue-ruim?
- Por quê? – Draco perguntou, indiferente.
Rony teve vontade de voar em seu pescoço.
- Eu não sei porquê! Foi idéia de Hermione. – Rony olhou para sua esposa. – Ela também não soube me explicar suas razões. – Hermione não parecia nem um pouco perturbada pelo olhar furioso de Rony. – Mas por incrível que pareça, Gina concorda com ela, assim como minha mãe, Bill e Fred.
Draco encontrou os olhos de Bill por um segundo e rapidamente desviou o olhar. Sentiu suas bochechas esquentarem, e ele amaldiçoou Bill em pensamento. 'Vá se foder, Bill! Já disse várias vezes para não se meter comigo, apenas dormir comigo e ficar quieto! Essa é minha vida, seu bastardo maldito!'
- E é por isso que você está aqui e nós estamos tendo esta estranha conversa. – continuou Rony sem notar o tumulto interno de Draco. – Honestamente, não tenho idéia do que você pode fazer para ajudar Harry. Ele certamente odeia você!
- Precisamente! – exclamou Hermione, tirando Draco de seus pensamentos sombrios e ganhando sua total atenção. – É por isso que Draco é perfeito para essa missão.
Draco franziu a testa.
– Isto é uma missão? – ele perguntou.
- Sim. Estamos todos reunidos aqui hoje para achar uma solução para a depressão de Harry. – disse Gina. – Nós pensamos em você.
- Pelo amor de Merlin, por que eu?
- Porque Harry odeia você, Draco. – Hermione começou a explicar. – Nós tentamos de tudo com ele até agora. Tentamos terapeutas, poções, amizade e chantagem. Tentamos fazê-lo enxergar o quão patético é o seu comportamento. Tentamos conversar e ser compreensivos. Tentamos ser firmes, mas nada adiantou. Foi então que algo me iluminou: você! Você pode ser a resposta. Quer dizer, Harry não gosta de você.
Nesse ponto, Draco quis gritar para que ela parasse de dizer aquilo, já que ele sabia mais do que ninguém o quanto Harry o odiava. Mas ele a deixou continuar:
- Se você for até lá e o importunar bastante, talvez ele reaja a você. Tenho quase certeza que ele irá reagir! Depois da formatura Harry ainda nos escutava e saia de vez em quando, mas agora ele não se importa mais. Ele nem quer sair do quarto. Não quer conversar conosco. Ele está se tornando entorpecido. Mas talvez você o faça reagir de alguma forma.
- Reagir? – Draco deu um sorrisinho de escárnio. – Ele irá me amaldiçoar com a mais dolorosa de todas as maldições!
- Isso seria maravilhoso! – disse Gina. Draco lhe lançou um olhar mortífero. Ele queria acusá-la de ser um dos problemas de Harry já que ela havia lhe dado o fora depois da formatura, mas com tantos Weasleys por perto para defendê-la, Draco decidiu ficar quieto e continuar na escuta. – Quis dizer que ao menos ele terá algum tipo de reação ao invés de ficar inexpressivo como ele está agora. – Ela tentou consertar.
- Esse é nosso objetivo, Draco. Que você o tire de sua indiferença perante a vida. – terminou Hermione.
- Olhe, Draco, nós apenas queremos que você tente. Apenas vá na casa dele, faça algumas visitas e então veja o que acontece. – disse Bill. Dessa vez Draco lhe lançou um aviso silencioso, mas Bill não pareceu se importar.
- Draco, querido, - disse a Sra. Weasley. No momento em que ela abriu a boca, Draco soube que perdera a batalha. Ele até podia dizer não a Hermione algumas vezes, mas nunca podia dizer não a Sra. Weasley. Não quando ela havia sido tão boa para ele apesar dos Malfoys sempre terem intimidado os Weasleys por gerações. A Sra. Weasley recebera Draco em sua casa de braços abertos. Tratara-o como um filho. Ele não podia desapontá-la. Ela continuou, - Sabemos que estamos lhe pedindo muito...
E estavam mesmo.
- Isso não é verdade! Draco nos deve bastante por tudo que sua família nos fez. – Rony disse, agitado. A Sra. Weasley lhe lançou um olhar atravessado e Rony fechou sua boca no mesmo instante. Fred e Jorge riram da cara emburrada do irmão mais novo.
- Como eu estava dizendo, querido, - disse a Sra Weasley em um doce tom de voz, virando-se novamente para Draco. – Nós sabemos que estamos lhe pedindo muita coisa, e sabemos que sua história com Harry não é exatamente o que podemos chamar de "amigável", mas talvez você seja exatamente o que Harry precisa agora.
Draco evitou olhar para Fred, mas não teve a mesma sorte em evitar os olhos de Bill. Draco não sabia qual olhar era pior; os olhos maliciosos de Fred ou o olhar amadurecido de Bill. Ele sabia o que ambos os irmãos estavam pensando. Ele se culpava por dormir com eles para começo de conversa. Fred, seu antigo amante, e Bill, o atual, sabiam muito sobre ele. Draco nunca havia dito nada a Fred, e havia apenas revelado um pouco de seus infortúnios na vida e no amor para Bill, mas ambos os Weasleys haviam decifrado Draco ambos mesmo que ele próprio. Eles sabiam o que havia no fundo do coração de Draco.
- E não vamos nos esquecer da coisa mais importante, - O Sr. Weasley apontou, preocupado. – Nós temos medo do que Harry possa fazer a si mesmo. Tememos que ele se machuque...
Draco se moveu desconfortavelmente ao ouvir aquilo. Certamente que a situação não era tão ruim assim, era? O Garoto de Ouro da Grifinória, o Herói do mundo bruxo não podia estar pensando em se matar, podia? Draco não podia nem imaginar um mundo sem Harry Potter. A presença de Potter o irritava, mas estava lá. O que aconteceria se Potter não estivesse mais lá?
- Não acredito que ele faria algo assim, - Draco murmurou.
- Bem, eu também não quero acreditar, Malfoy, mas... – Rony suspirou. – Conheço Harry há um tempão e nunca o vi assim. Ele tem bebido muito. Eu acho... que ele está pegando algo muito forte na Travessa do Tranco. Ele está se autodestruindo.
- Harry Potter usando drogas? – Draco sorriu com escárnio. – Isso é algo que eu não acredito de jeito nenhum! Ele é tão grifinório!
- Ele está diferente, Draco. – disse Jorge seriamente. Draco não conseguia se lembrar de um momento em que Jorge havia se mostrado sério sobre alguma coisa.
- É, colega. Aquele Harry Potter que você achava que conhecia há muito desapareceu. – terminou Fred. – Jorge e eu de vez em quando mandamos alguns novos designers de nossa loja e ele nem liga. Aquelas festas instantâneas foram uma ótima idéia e ele nem se dignou a nos dizer o quão brilhante era!
- Ele está ficando esperto, então, - zombou Draco. Fred lhe mostrou o dedo do meio discretamente. – Potter era tão chato antes. Ele era sempre tão perfeito. Talvez agora ele esteja mais interessante. – Draco deu um sorriso afetado, mas sua marca registrada não alcançou seus olhos. Muito tempo havia se passado desde da última vez em que ele havia visto ou ouvido falar de Potter. Ele havia tentado esquecer seu inimigo por várias razões e a principal delas era que Potter mexia muito com suas emoções.
Ele tentara negar – tantas vezes que perdera a conta – mas sempre estivera lá, dentro de si, e crescera conforme eles trabalhavam juntos para a Ordem. Harry Potter o enraivecia, mas também o excitava mais do que qualquer pessoa que Draco conhecia.
Mas Draco havia feito um pacto consigo mesmo. Depois da derrota de Lorde Voldemort e o aprisionamento de Lúcio, ele havia jurado se esquecer da loucura que o atraía para Potter e havia começado uma nova vida. Ele vivia bem agora, com bons e verdadeiros amigos e uma boa transa de vez em quando. Bill era o seu parceiro favorito. O que Bill estaria pensando ao pedir que Draco ajudasse Potter?
Draco não queria mais ver Potter. Ele sabia que se fosse até Potter, sua vida inteira mudaria. Mesmo se nada mudasse, ele sabia que ficaria extremamente desnorteado. Mas ele não podia suportar a idéia de Potter cometendo suicídio.
Ele respirou profundamente, nem um pouco seguro se estava tomando a decisão certa. Mas antes que ele pudesse pensar sobre suas ações, as palavras saíram de sua boca:
- Eu aceito. Eu o aborrecerei tanto que ele desejará me matar. Mas quero algo em troca.
Os Weasleys o olharam com perplexidade. Hermione franziu as sobrancelhas. Draco deu um sorrisinho. Hermione já devia saber. Ele era um Malfoy afinal de contas, e Malfoys sempre pediam algo em troca.
- Eu quero a alma dele.
Draco quase gargalhou da expressão estarrecida de Rony. Ele sorriu e passou a língua sobre os lábios.
- Estou brincando, - disse ele. Os Weasleys respiraram aliviados. – Quero apenas ingressos grátis para toda a temporada de Quadribol. Tenho certeza de que Rony poderá me ajudar com isso.
Rony, o capitão dos Chuddley Cannons, franziu a testa para Draco e disse:
– Não acho que possa conseguir ingressos para toda a temporada.
- Você irá tentar, - disse Hermione docemente. Rony nunca conseguia discutir com ela quando Hermione usava aquele tom com ele. – Temos um acordo, então! – ela disse, apertando a mão de Draco.
Enquanto os Weasleys conversavam, a mente de Draco se deixou levar para Harry. Ele sentiu os olhos de Bill sobre ele, mas não olhou para cima. Ele não podia. Bill sabia demais. Bill sabia que aquela missão poderia custar caro para Draco. Não custaria a alma de Harry, mas a sua.
Continua…
Blanche: E aí? Qual o veredicto? Me escrevam!
