Pois é nada disso me pertence

Pois é nada disso me pertence! Ta tão na cara! Se me pertencesse o L não teria morrido. Nem o Mello. Nem o Matt. Nem o Raito. Nem o Mikami. Só a Misa e a Takada!

Mas, vamos lá: Death Note não me pertence. Nem seus personagens. Nem sua trilha sonora!

Escrevo por prazer, hobbie ou futura profissão.

Fic de Mello e Near! Mas aparece um monte de personagens É que eu escrevo, escrevo, escrevo! Ufa! Se você é uma pessoa impaciente, acho melhor nem ler a minha fic.

Ah! Eu adoro descrever o Matt! Eu adoro ele! Imagino-o com uma personalidade muito forte e madura! E ele não é o cachorrinho do Mello como muitos gostam de pintá-lo! u.ú

Yaoi e Lemon... Ui ui ui, eu não consigo resistir. Até que tento, mas no meio da fic eu começo a imaginar... Ah, que merda! Mas eu juro que um dia vou fazer uma fic bem levezinha e inocente. Por enquanto, contentem-se com esta.

Bem, pra quem gosta de lemon, é um prato cheio! De qualquer forma, é bem romântica!

Anyway, vamos à fic!

Espero sinceramente que gostem!

Promessas

A rua estava deserta. Também pudera. Poucas pessoas se arriscam a sair de casa com esse clima tão frio. A chuva e a noite aumentavam as chances das pessoas optarem pelo conforto e a proteção de seus lares. Mas não ele. Ele tinha que sair e tinha que ser agora.

O cenário deserto e melancólico só servia para aumentar a dor em seu peito. O garoto loiro, com uma pequena mochila nas costas, deu uma ligeira olhada por cima do ombro para o lugar que nunca mais voltaria.

Avistou uma figura à janela observando-o atentamente. As roupas claras faziam-no destacar no casarão às escuras. Seu peito doeu. Seu peito sangrou.

Ele estava quebrando e ao mesmo tempo, cumprindo a promessa que um dia fizeram...

...

A aula de inglês, mais uma vez, estava enfadonha. A velha professora cansava-o. A sua saia florida, a sua blusa cheia de babados, os óculos antiquados, os cabelos mal tingidos... Ela era um conjunto de mau gosto espalhado desastrosamente em uma única pessoa.

A voz esganiça agredia o ouvido do garoto loiro entediado.

Sem muitas opções, abriu a barra de chocolates que estava em cima de sua mesa de madeira.

- Mello! Já disse que não quero que coma enquanto eu estiver na classe!

O garoto não dignou-se a encará-la. Pôs o cotovelo em cima da mesa e apoiou a cabeça na mão, virou-se para a janela e mordeu o chocolate, indiferente.

A professora suspirou.

-Isso vai chegar aos ouvidos de Roger!

Nada. Ele parecia não ouvir.

Ela aproximou-se dele.

-Não venha me ameaçar. Se você tirar meu chocolate, tire o game de Matt e o quebra-cabeça de Near. Não vale a pena a briga - Falou calmo.

"...de Near"

Near levantou a cabeça e com o canto dos olhos observou a cena que ignorava. Mello continuava olhando para algum lugar no jardim, impassível.

A professora suspirou mais uma vez.

-Ok! Near guarde o quebra-cabeça e Matt guarde o gameboy.

Matt continuou apertando os botões do eletrônico como se não estivesse ouvindo.

-Sim - respondeu Near

-Near! Não! - Vociferou Mello - Não guarde!

Near congelou com aquele grito imperativo.Olhou para Mello que meneou a cabeça e moveu os lábios. Near os leu.

"Não guarde. Fique do meu lado".

Near olhou para a professora hesitante. Baixou os olhos e continuou montando o quebra-cabeça.

-Até você Near? Estou decepcionada.- falou a mulher.

Relutante, a professora teve que continuar a aula. Mello comendo, Matt jogando e Near montando.

Mello ficou surpreso por Near ter atendido um pedido seu. Pedira no impulso. Mas ele jamais esperava que Near atendesse seu pedido. Teria assim, mais um motivo pra quebrar a cara do número 1! Mas não...

Near tinha todos os motivos do mundo para não atender um pedido de Mello. O loiro sempre o maltratava. Sempre o ofendia, sempre chutava e quebrava seus brinquedos.

Mello agora mantinha seus olhos fixos na figura de Near, sentado na primeira carteira, na fileira da janela.

"Near...? Que maluco..."

Ao término da aula, a professora saiu da classe enfurecida.

O almoço estava servido e as crianças encaminharam-se para o refeitório. Várias mesas compridas no lugar espaçoso.

Mello carregou Matt corredores abaixo e agora ambos sentavam-se lado a lado na mesa de refeição. Matt continuava jogando, indiferente.

-Cara... Que estranho o Near... - Mello falou com a boca cheia de bacon e batatas.

Procurou-o com os olhos pelo refeitório, mas não o encontrou.

-O que você acha, Matt? – perguntou.

Matt ignorou-o totalmente.

-MATT!! – chamou com a boca novamente cheia.

-Que é?

-O Near!

-Que foi? – indagou o ruivo.

-Ele ter ficado do nosso lado...

-Que?

-Na classe... Desobedeceu a professora. – falou Mello perdendo a paciência.

-Que?

-Matt! Cara estou falando contigo! – esbravejou o loiro.

Matt levantou os olhos e percebeu onde estava. Então falou:

-Cara! Estou morrendo de fome! – Com isso, começou a encher o prato à sua frente.

Mello revira os olhos, impaciente.

-Ainda bem que você notou a comida à sua frente. – falou sarcástico.

-Ahan. – murmurou Matt ingênuo.

Mello suspira. Ele tem que arrastar Matt pelos corredores. O garoto ruivo fica tão concentrado em seus jogos que não percebe a movimentação ao seu redor.

-O Near é estranho. – falou Mello pensativo.

-Que? – Matt virou-se para encarar o loiro. – Pensei que isso não fosse mais novidade. – falou cínico.

-Ah... Mas é novidade sim.

Matt levanta uma sobrancelha.

-Mello! Matt!

A voz de Roger chegou aos ouvidos dos garotos. Viraram o corpo para encará-lo.

-Quando acabarem de almoçar, vão à minha sala.

- Ta. – respondeu Mello.

-Que foi? – perguntou Matt.

-Matt, você é inacreditável! Vai ganhar uma pequena bronca e não sabe porque. – Mello virou-se pra frente. Matt deu de ombros e continuou comendo.

...

Roger permanecia imóvel atrás da mesa de madeira no seu jeito de sempre. Os olhos semicerrados. O queixo apoiado nas mãos entrelaçadas. Mello permanecia parado dignamente. Os braços estendidos relaxadamente ao longo do corpo mostravam segurança. Matt permanecia ao seu lado e mantinha as mãos nos bolsos.

A professora de pé ao lado de Roger respirava pesadamente. Mello observou que estava um tanto nervosa. As narinas da mulher abriam-se violentamente. Nos olhos, um brilho de raiva.

-Matt, Mello... – Roger respirou cansado – Não é a primeira vez que a Sra. Rachel reclama de vocês...

A mulher pigarreou e corrigiu Roger:

-É srta.

-Com licença.

Matt virou a cabeça pra ver quem entrava. Mello não precisou tanto. Ele sabia a quem pertencia aquela voz baixa.

-Near, quer falar comigo? Volte mais tarde. Agora estamos tendo uma conversa.

-Não Roger. Eu vim para essa conversa. Creio que a Sra. Rachel esqueceu-se de mencionar o meu nome quando veio falar-lhe há pouco.

-É srta!

-Você esta se confundindo Near. Estamos aqui conversando sobre o mau comportamento de Mello e Matt na aula hoje. – falou Roger ignorando a mulher.

Near adentrou ainda mais na sala e se pôs ao lado de Matt, sentando no seu jeito habitual.

-Sim. É isso mesmo.

-Near, você não precisa ficar aqui. Sei que Mello deve tê-lo ameaçado a não guardar...

-Não... - cortou Near. – Eu fiz a minha escolha.

Mello observava a cena de soslaio.

"Mas o que esta acontecendo aqui?".

Com o canto dos olhos viu Near mexendo numa mecha do cabelo prata.

-Roger, continue o sermão. – falou Near calmo.

As íris de Mello se comprimiram.

"Quer dizer que ele esta aqui pra levar bronca conosco?".

A professora olhava de Near para Roger, ansiosa.

-Realmente é uma grande surpresa. Você sempre teve um excelente comportamento. - falou Roger tranqüilo.

-Não Roger. – respondeu Near – Na verdade eu sempre tive o mesmo comportamento. Desde o primeiro dia de aula eu monto e remonto quebra-cabeças. Então, se vai nos dar uma punição, faça-o.

-Near! Eu já falei que não é necessário você receber punição alguma! Essa briga é somente de Mello e Matt! – falou Rachel dando um passo à frente, num claro sinal de descontrole.

-Sra. Rachel... Assim a sra me faz ser repetitivo. Não há diferença alguma entre Matt e eu. Entre Mello e eu. Roger, por favor, ande logo com isso.

-É srta! –falou ruborizada.

Roger virou-se para a professora e pediu que esta saísse. Maior não podia ser o espanto estampado em sua cara.

-Que? Eu que vou escolher a punição deles! Esses garotos petulantes... Geniozinhos cheios de arrogância! E Roger, eu sou uma doutora! Não me trate como se eu fosse uma professora de quinta categoria!!

Roger suspirou cansado

"... é tão difícil lidar com não-gênios..."

-Por favor, vá. Sua vontade será respeitada. Agora saia.

A mulher olhou bufando pro meninos. Nenhum deles dirigiu-lhe o olhar.

-Bando de esnobes, intelectuais, presunçosos... – saiu pisando firme e murmurando pra si mesma.

-Que falta de classe. – comentou Matt.

Roger relaxou visivelmente. Abriu mais os olhos e encostou-se na cadeira.

-Essa mulher... Tem me tirado do sério.

Os três garotos estavam surpresos.

-Todo dia! Todo dia ela vem reclamar de alguma coisa! Até da Missy do 1º ano... A menina é uma artista! Eu não vou proibi-la de desenhar... Mesmo que ela o faça na classe...

Silêncio. Parecia que Roger estava desabafando com eles.

-Mas ela é a melhor professora de inglês da Inglaterra... – prosseguiu.

Silêncio.

Near estava decepcionado. Isso era uma bronca? Que saco... Soltou uma mexa do cabelo e pegou outra.

-Vou ligar pro Watari. Talvez busquemos uma outra professora fora do país que entenda nossas crianças... – continuou.

Mello, Matt e Near apenas ouviam.

-Mas enquanto isso, vou ter que lhes dar a punição que ela sugeriu. Há uma remessa de livros que Watari enviou-nos dos Estados Unidos. Chegou essa manhã. O trabalho de vocês é organizar na biblioteca esses novos livros. Utilizem-se do tempo que for necessário.

-Por que Roger? Quantos livros são? – perguntou Mello.

-Vocês verão. O horário de vocês é a partir das 22 horas.

-Então, devem ter muitos... – disse Matt.

-Ah! Sim... – falou Mello.

Near levantou-se silencioso e caminhou-se para a porta. Mello observou. "Numa coisa essa mulher estava certa: esse garoto é um arrogante!".

Mello e Matt caminhavam lado a lado.

-Droga! A bateria acabou... – Matt reclamou. Olhou pra Mello – Agora sei porque você disse que Near era ainda mais estranho...

-É... Ele é estranho...

-Se eu não o conhecesse, o chamaria de burro...

...

A temperatura de inverno da Inglaterra invadia os paredões do casarão, fazendo as crianças e os velhos se reunirem na sala de convivência, protegendo-se do frio no aconchego da lareira. Um lugar espaçoso e acolhedor. Sofás, mantas, almofadas e pequenas mesas preenchiam o aposento, dando conforto à todos do Wammy's House.

Mello estava mal humorado. Só de pensar que dali a pouco teria que organizar livros dava-lhe desanimo.

-Maldita! – sussurrou.

E ainda tinha o esquisito do Near.

"Por que diabos tive que pedir pra ele não guardar? Agora terei que aturá-lo até na punição...".

Matt conversava com um menino do primeiro ano. A criança devia ter uns 5 ou 6 anos. Ele pedia pra Matt ensinar uma 'manha' no gameboy pra ele passar pro poderoso chefão. O menino aninhou-se ousadamente no colo Matt, mantendo a cabeça debaixo do queixo do ruivo para ter uma boa visão da tela.

'Creack.'

Outro pedaço de chocolate encheu a boca do loiro. Estava tão bom ficar ali.

"Que droga!"

Olhou o fogo e a lenha que se consumiam na lareira à sua direita. Olhou demoradamente cada crianças ao seu redor.

Todas elas tinham alguma excentricidade.

-Todos nós deveríamos organizar os livros... – disse pensativo.

Matt levanta os olhos.

-É... Mas apenas nós estamos no topo. Acho que a Rachel é uma tremenda invejosa, ou sei lá... Tem sérios distúrbios... – respondeu o ruivo.

-É...

Os minutos passavam agradáveis. Mello observava Matt dá as dicas pro menino. Via-o abrir os olhos, brilhantes de excitação, por estar ali, aprendendo com Matt.

-Mas eu não consigo fazer isso... – choramingava o menino.

-É só fazer assim óó... – ensinava pacientemente o ruivo.

Os olhos do menino cintilavam mirando hora o dedo ágil de Matt, hora a tela.

Matt era muito gentil. Mello nunca o vira perder a cabeça. Sempre estava disposto. Sempre estava rindo. Vivia sempre cercado por pequenos fãs. Para aquelas crianças, era um prazer infinito só estar perto de Matt. Era como se o mundo ficasse incrivelmente mais colorido só por prenderem a atenção dele por alguns minutos. Matt era abundante em simpatia e carisma.

"Tão diferente de mim"

As crianças tinham um pouco de medo de Mello. Elas ficavam inseguras em se aproximar de Matt devido a forte presença dele. Mas Matt percebia e sempre as fazia se aproximar. O ruivo ainda contava piadinhas sobre Mello no ouvido delas, que sorriam temerosos, mas logo depois relaxam e esqueciam-se completamente da figura do loiro.

Com Matt, no entanto, elas não tinham o mínimo pudor. Abraçavam-no, subiam em seu ombro, sentavam em seu colo para vê-lo jogar... Era uma verdadeira farra! Matt era um irmão mais velho para aquelas crianças órfãs. Mello se divertia olhando-os. Mesmo a cara sempre estando fechada, ele achava muito agradável ver Matt com elas.

O aposento foi ficando vazio aos poucos. Kevin agora dormia confortavelmente nos braços de Matt, que continuava jogando. A chama da lareira estava se apagando. Olhou o relógio em cima da lareira, 21:50 h. Ainda havia uns alunos mais velhos conversando pelos cantos.

-Vou levá-lo ao quarto e depois vamos pagar nossos pecados.

-Tá.

Mello o viu se afastar. Kevin repousava o rosto no ombro direito de Matt. A mão do menino, estendida ao longo do corpo, segurava fortemente o seu gameboy.

Mello recostou a cabeça na poltrona e fechou os olhos.

"Droga! Mulher maldita! E ainda tem o Near pra atrapalhar! O que ele pensa que esta fazendo? Maldito! Eu o odeio! Sempre tão cheio de manias! O que ele esta querendo? Inferno!".

Abriu os olhos e suspirando levantou-se. Seguiu pelo corredor cruzando com alguns alunos. Desceu dois andares e encaminhou-se para a biblioteca. Abriu a porta de carvalho e entrou no aposento. Um abajur estava acesso nos fundos do cômodo.

"Será se o Near já esta aqui? Droga! Bem que Roger poderia dar pra ele uma punição diferente... Lustrar os troféus é uma boa opção...".

Encaminhou-se para lá resignado.

Mas não era o Near. Uma garotinha dormia em cima dos livros, devia estar exausta.

-Tsc!

Olhou-a sem saber o que fazer. A menina devia ter uns sete anos e estudava física quântica avançada. A pilha de livros abertos em volta dela, e o caderno cheio de anotações, denunciava que estava ali há horas.

"Essa aí também deve querer suceder L...".

Aproximou-se devagar. Cutucou-a com a ponta da mão, mas a criança nem se mexeu. Mello pos as mãos na cintura e olhou a sua volta.

"Droga, ainda mais essa pra atrapalhar...".

Tocou-a mais uma vez. Sacudiu-a.

Nada.

"Se Matt estivesse aqui pelo menos poderia levá-la...".

Mello pensou por alguns segundos. Fechou os livros da garota, organizou tudo e inseguro, pegou-a nos braços. A menina ajeitou-se no corpo de Mello e continuou a dormir.

Mello suspirou, entediado.

"Esses alunos... perderam a noção...".

Caminhou-se de volta à saída sentindo-se estranho. Olhou o rosto da menina que dormia. Ela parecia estar tão segura e confortável ali... Mello ergueu uma sobrancelha e continuou o caminho. Ainda bem que preparo físico ele tinha pra percorrer o longo caminho da biblioteca, que ficava no segundo andar, até o dormitório das meninas, que ficava no quinto andar. Ao passar pela sala de convivência, uma garota soltou uma risada alta e a menina acordou sobressaltada.

Ao se deparar com o rosto de Mello ela soltou uma exclamação de susto.

-Você!?

Ele a ignorou e continuou caminhando. Pela cara de espanto dela, chegava a ser ofensivo.

-Mello?... O que esta...? – a menina estava confusa.

-Ah... Você dormiu na biblioteca... – falou inseguro com a situação...

-...? E você... Então... Resolveu... ?? Mello, você é bonzinho...

Mello abaixou os olhos e encarou o rosto da menina. Ela voltou a fechar os olhos.

"Que folgada! Mesmo depois de acordar ela ainda assim me deixa carregá-la..."

-Bonzinho nada... Não espalha.

Ela sorriu.

Quando Mello retornou a biblioteca, Matt e Near já estavam lá. Os garotos olhavam para algo que estava fora do alcance de sua visão. Pela expressão na cara deles, não devia ser coisa muito boa.

-Que foi? – indagou.

Mello rodeou a estante que tampava seu campo de visão e viu o que prendia a atenção dos meninos.

-Mas o que...?

Pilhas e mais pilhas de caixas...

-Droga! Watari maldito! Por que ele tinha que comprar tantos assim?

-Porque ele quer que sejamos, pelo menos, iguais ao L... – respondeu Near

-Cala a boca!Eu não falei contigo. – Mello devolveu com rispidez.

-Ora, ora... Essa noite vai ser longa. – murmurou Matt.

Os garotos acenderam alguns abajus e algumas velas e puseram-se à trabalhar. Mello reclamava e amaldiçoava a professora. Matt ria da irritação de Mello e Near mantinha-se quieto. As horas foram se arrastando lentamente, e Mello ficava cada vez mais irritado ao perceber que a quantidade de serviço, praticamente, não mudava.

-Merda! Até que horas vamos ter que ficar aqui? Isso é serviço, pra no mínimo, uma semana inteira!- o loiro bufava.

-Vocês não precisam terminar tudo hoje... – A voz de Roger chegou aos ouvidos dos meninos. Os três viraram-se.

-Roger! Estamos aqui há mais de três horas e nem mesmo terminamos de retirar os livros das caixas! – Mello gritou.

-Por isso que eu falei que não é necessário terminar tudo em uma única noite.

-Maldito! – Mello reclamou cruzando os braços e fechando a cara.

-A propósito, Roger, por que veio aqui? Já esta tarde e acredito que você não veio conferir se estávamos cumprindo o nosso dever. – falou Near segurando alguns livros.

Mello levantou uma sobrancelha e encarou o diretor à sua frente.

-Ah... É mesmo. Matt, por favor, me acompanhe. Ray esta com febres terríveis. Esta delirando e chamando por você.

-QUE?? – Mello gritou. – Era só o que faltava! O Matt escapar do serviço...

Roger fechou os olhos, paciente.

-Ele esta na enfermaria, Roger? –perguntou Matt.

-Não. Esta no quarto. – Ao ouvir a resposta, Matt saiu em disparada.

Roger abriu os olhos e encarou Mello e Near à sua frente.

-E vocês, não se matem. – virou-se e saiu, fechando a porta.

Mello continuava bufando.

-Humpf... Era só o que faltava. Ainda terei que passar mais algumas horas contigo. – falou irritado.

-Isso me agrada tanto quanto te agrada...- respondeu Near.

-Olha aqui, pirralho! – Mello disse aproximando-se de Near e o pegando pelo colarinho. – É melhor você...

O olhar de ambos se encontrou como nunca haviam feito até ali. Mello congelou e sua mente esqueceu-se do que ia falar. O perfume de Near chegou-lhe às narinas e Mello respirou fundo. Algo inesperado e desconhecido percorreu o corpo de Mello.

O garoto de cabelos brancos ergueu uma sobrancelha, intrigado.

-Que foi?

A voz de Near trouxe Mello de volta. O garoto loiro, num ímpeto de raiva, lançou Near com força contra a parede. Fechou o punho e deferiu-lhe um golpe.

O sangue do nariz do garoto pálido manchou seu rosto.

Mello já tinha batido em praticamente todos os meninos da instituição.

-Ora, ora... E isso que Roger pediu para que não nos matássemos... – Near passou o punho pelo nariz. – Isso dói... Não tem jeito...

Antes que Mello pudesse entender a situação, Near virou o corpo num ângulo de 180º gruas, e numa velocidade impressionante, chutou o rosto de Mello.

As íris de Mello se comprimiram tamanha foi sua surpresa. Sentiu o gosto de sangue na boca. Ninguém nunca tinha levantado um dedo contra Mello.Exceto Matt. Aliás, Mello já apanhara diversas vezes do ruivo.

"Eu fui chutado por Near?...".

-Esse chute eu aprendi com L. – disse Near tranqüilamente.

O sangue de Mello borbulhava nas veias.

"Além de me chutar, ainda toca no nome de L... Como é maldito!!"

Insanamente enfurecido Mello gritou:

-Maldito!! Como eu te odeio!!

Fechou o punho mais uma vez e foi pra cima de Near. Antes que pudesse encontrar o rosto do garoto pálido, Near da uma voadora no meio do peito do garoto loiro, fazendo-o cair sentado no chão.

-Esse também. Eu aprendi a ser forte com L. – falou inexpressivo - Agora deu Mello. Se continuarmos com isso, um de nós poderá se machucar.

Mello levanta os olhos para encarar Near. A raiva que estava sentido excedia tudo que sentira durante toda vida. Um sentimento imenso de ódio caiu sobre ele.

"Maldito".

-Como você ousa falar assim? Pensa que tem algum direito de dizer o que devo ou não fazer? Você pensa que pode determinar o meu limite? Near! Só estamos começando! Você pagará caro por ter feito o que fez! Seu maldito! Eu te odeio...

O garoto de cabelos bancos mantém-se indiferente as palavras do loiro. Abre um sorriso e se senta na frente de Mello. Com um pedaço da camisa, limpa o sangramento dos lábios do chocólatra.

"Near? O que esta fazendo?".

Mello ficou completamente confuso com este gesto do Near.

"Pare de me surpreender Near...!".

O ódio e um outro sentimento disputavam em seu interior. O chocólatra deu um tapa na mão de Near.

-Sai. – disse ríspido tentando demonstrar naturalidade.

-Ok!

Near levanta-se e volta ao trabalho deixando Mello atordoado no chão.

"Near! Desgraçado! Isso não vai ficar assim! Você não vai ter a melhor sobre mim!"

-Você vai ficar sentado no chão até quando? – falou Near olhando por cima dos ombros.

"Debochado... quem ele pensa que é?".

Mello levanta-se e se aproxima mais uma vez de Near. Pega-o pelo colarinho e o puxa para si.

-De novo? – Near pergunta.

Os olhos de Mello cintilavam de raiva. Near podia distinguir esse sentimento com muita facilidade, principalmente, em Mello. Observou atentamente os olhos azuis.

-Seus olhos são bonitos, Mello.

"Que? Que? Que? Que? Que? Que?" O loiro pensava confuso.

-QUE? – perguntou aos berros.

-Os seus olhos... São bonitos. – Near repetiu com calma, ainda mirando aquele par de olhos brilhantes. Viu o brilho da raiva dissipar-se e no lugar, um brilho diferente, que ele não soube distinguir.

O ar ao redor deles mudou. Near sentiu seu coração acelerar. Sentiu um frio na espinha. Sentiu o corpo de Mello tremer. Ambos permaneceram imóveis. Encararam-se profundamente. Nem dos dois ousava se mexer. Parecia que se respirassem quebrariam algo...

Near percebeu que precisava fazer alguma coisa. Com isso, afastou Mello de si e virou-se. O coração ainda batida descompassado. O ar ainda faltava-lhe nos pulmões... A mente dos meninos tentava processar o que acabara de ocorrer.

O ramal da biblioteca tocou, quebrando o silêncio e os trazendo de volta à realidade. Mello saiu de seu transe e foi atender ao telefone. Após alguns instantes, colocou-o de volta no gancho.

-Era Roger. Podemos acabar por hoje. Amanhã continuaremos.

-Ta.

Near rapidamente soltou os livros que estava segurando e saiu da biblioteca. Subiu até o sexto andar e rumou ao seu quarto. Fechou a porta e por fim, respirou.

"Mas o que?... Eu... Eu... não deveria tê-lo elogiado? Eu... O que eu estava pensando? ..."

Mello permaneceu parado observando Near sair apressadamente. Ele não sabia o que pensar. Toda a força que tinha concentrado pra derrubar Near tinha se esvaído, e uma outra força correu pelo seu corpo. Sentiu-se fraco. Sentou-se na pilha de livros de buscou o ar.

-Não entendi nada... – sussurrou.

...

Eba!

Então... Sei que é o início e tal... Logo postarei o segundo que já esta praticamente pronto.

O que acharam? Um lixo? Enrolo demais? Preciso ser mais detalhista? Alguma parte não ficou clara? Tenho que melhorar meu português?

Amaram? O.o (convencida).

Então, onegai, digam! Não custa nada! É só apertar no botãozinho ai em baixo e fazer uma escritora feliz!

Sem mais ladainhas, espero vê-las nos próximos capítulos que virão!

Bjs e até lá!!