Amor ao dinheiro ou? I

"Pois muito dinheiro não dá, para nada se poder comer, se nada houver pra comprar..." –Ibernise

– Mais fotos da minha irmã! – Ela jogou uma fileira de fotos da sua irmã caçula sobre a sua carteira, delirando os olhares do seu colega de sala.

Ela, filha do Soun Tendo e irmã do meio. Bonita e inteligente, tem uma personalidade seca, sarcástica, calculista e materialista. Sempre fez de tudo para ganhar alguns trocados a mais: sair com garotos sem levar a carteira, apostar a própria casa em troca de noitadas nos cassinos de alta classe social, jantares em restaurantes caríssimos e viagens em jatinhos particulares. Era apelidada de mercenária, mas conhecida entre os colegas como Tendo Nabiki.

Quero todas – Ele ameaçou pegá-las, mas a dona dos cabelos castanhos e curtos foi mais rápida e retirou da mesa, erguendo para cima, esquivando do homem.

Ele, único herdeiro da família Tatewaki, uma das mais ricas em Osaka e filho do diretor da escola onde estuda atualmente, o Furinkan. Vive numa mansão luxuosa com a Kodachi, sua irmã mais nova e Sasuke, seu servo de todas as horas. É perdidamente apaixonado por duas garotas: a misteriosa do rabo-de-cavalo vermelho e Akane, caçula da família Tendo e única praticante de artes marciais das três irmãs e atual namorada do seu eterno rival amoroso, Saotome Ranma, a verdadeira identidade da garota de cabelos cor-de-fogo. Sente-se extremamente lisonjeado quando o chamam de Estrela Cadente ou Trovão Azul, mas também o chamam de Kunou Tatewaki.

Money, money, money, money, money
Money, money, money, money, money
Money, money, money, money, money
Dinheiro, dinheiro, dinheiro, dinheiro, dinheiro
Dinheiro, dinheiro, dinheiro, dinheiro, dinheiro
Dinheiro, dinheiro, dinheiro, dinheiro, dinheiro

– Cada jogo de cinco fotos custa trezentos mil ienes mas... Especialmente para você posso fazer por apenas duzentos e cinqüenta mil! Mas tem que ser pagamento em cash e o prazo desta super promoção vence hoje! – Nabiki sorriu maliciosamente e colocou uma das fotos mais provocantes entre os dedos.

– Está caro demais, além do mais... – ele fitou a imagem e sussurrou baixinho – a Tendo Akane não está totalmente nua!

– Não quer? Tudo bem. Tenho um outro comprador que quer também – Ao levantar-se do lugar, ela guardou rapidamente as mercadorias dentro do bolso. Conhecia bem o Kuno e sabia que o desinteresse era a melhor arma nessas ocasições. De fato, possuía outros colegas que estavam interessados em comprar as fotos, mas Tatewaki era o seu melhor cliente e não queria perdê-lo.

– "Ele vai ceder depois dessa, eu tenho certeza" – ela adivinhou as próximas reações de seu colega.

– O que? Vender essas tentações preciosas para um meliante qualquer? Não vou permitir que isto aconteça! – ele retirou um maço de dinheiro e jogou na carteira – Eu compro todas!

– Obrigada – ela disse, com um sorriso vitorioso em seu rosto.

– Espere, Tendo Nabiki – ele chamou-a pelo nome completo, como fazia de costume.

– O que foi? – indagou, fitando a feição séria.

– Eu te odeio – afirmou, indiferente.

– Que bom – Nabiki sorriu ironicamente, ajeitando a franja. Então, ela guardou o dinheiro, mas pela segunda vez a voz masculina a impediu.

– Espere – ele disse, segurando-a pelo braço.

Some people got to have it
Some people really need it
Listen to me y'all, do things
Do things, do bad things with it
Algumas pessoas tem que tê-lo
Algumas pessoas realmente necessita dele
Ouçam-me, vocês! Fazem coisas
Fazem coisas, fazem coisas más com ele

– Mais cem ienes por me fazer perder o meu tempo precioso – sorriu maldosamente.

– Pára de falar em dinheiro um pouco e me escuta sua mercenária! – disse, encarando o olhar entediado.

– Então fala logo porque estou com pressa – disse, cruzando os braços.

– "Como uma garota pode ser tão arrogante?" – pensou, indignado – Bom... bom, deixo me ver por onde começar...

– Eu já sei – Ela desenhou um sorriso cheio de segundas intenções e disse – Você quer me chamar para sair mas não tem coragem de falar – Kuno quase caiu para trás – Kuno-chan querido... Por que não me disse antes? Poderíamos ser tão felizes juntos... – Nabiki sabia que ele jamais lhe faria uma proposta dessas, ela apenas queria brincar um pouco com a ingenuidade do seu colega.

– Claro que não sua insolente – explicou – existem apenas duas mulheres que moram no meu peito: Minha garotinha de tranças vermelhas mais belos deste Universo... e a Tendo Akane...

– Tchau – falou, afastando-se dele.

– Espere, espere – Ele a segurou pelo pulso, fazendo-a encarar nos olhos.

– Olha Kuno-chan... Eu sinceramente estou sem tempo para perder com você. Agora, se quer mesmo que eu fique aqui te fazendo companhia vai ter que me pagar quinhentos ienes por minuto.

– Mas não eram cem ienes? – indagou, confuso.

– Bom... Como estou bem humorada hoje, eu aceito a oferta – continuou – agora pode continuar, mas que seja breve de preferência – disse, ajeitando sua franja.

– Onde estávamos... – continuou – Ah... Sim. Eu vou te perguntar uma única vez Tendo Nabiki e quero que me responda com sinceridade – ele fitou fundo nos olhos negros da colega.

– Diga – falou, bocejando alto, tamanha era o tédio de estar ali naquele instante.

– Realmente riquezas materiais são coisas indispensáveis no nosso dia-a-dia, mas existem coisas na vida que... – antes que ele pudesse terminar, Nabiki interrompeu, respondendo em seu lugar.

– ... não se compra com o dinheiro... – completou, contando as cédulas uma por uma.

– Exato. Como por exemplo: beleza de mulher não se compra.

– Mas nesse caso não é só ir num salão de beleza e se tratar? – ela indagou, seca.

– Boa idéia – ele sacudiu a cabeça em sinal negativo – eu estou falando de beleza natural sua tola – indagou, mesmo sabendo que a resposta não viria – por que não consegue ser um pouco mais compreensiva? – comentou – Se você continuar agindo dessa forma, nunca encontrará a sua alma gêmea.

– Bom... Apesar de eu não ser tão peituda como a garota de trança e popular como a minha irmã Akane, tenho meus candidatos se quer saber – disse, com uma voz levemente irritada.

– Eu não estou te provocando e mais, cada um tem a sua beleza – Kuno a elogiou indiretamente. Ele era o único capaz de causar cócegas no seu estômago, mesmo que elas não fossem de amor.

Os dois continuaram a discutir por algum tempo. Porém, infelizmente nenhum argumento do Kuno a convenceu com relação as riquezas materiais. Se fosse preciso, ela venderia até a alma em troca de luxo. Afinal de contas, estava ali somente lhe fazendo companhia por ele ser o seu melhor cliente. No entanto, finalmente a sua paciência começou a se esgotar.

You wanna do things, do things
Do things, good things with it
Talk about cash money, money
Talk about cash money
Dollar bills, yall
Você quer fazer coisas, fazer coisas
Fazer coisas, coisas boas com ele
Falando em grana, dinheiro, dinheiro
Falando em grana, dinheiro
Cédulas de Dolares, pessoal!

– É... Kuno-chan... Eu posso embora? – ela levantou-se do assento e, notando que seu colega não parava de falar, pegou a mochila e caminhou até a saída da sala foi quando uma mão a segurou firme pelo pulso, a impedindo de sair para o corredor.

– Espere – ele indagou – e o amor? Você acha que o amor se compra com dinheiro Tendo Nabiki? Me responda!

– Fu... – ela virou-se para o colega e falou com um discreto sorriso entre os lábios. – O dinheiro comprou o meu amor!*

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Nabiki soltou um suspiro longo e aliviado como se tivesse fugido de um interrogatório. Detestava de fato conversas que envolviam sentimentalismos e sempre que alguém tentava se aprofundar nesses assuntos ela inventava qualquer desculpa esfarrapada para escapar.

Engraçado. O bate-boca com o seu colega a poucos minutos a fez recordar de certas lembranças desagradáveis e esquecidas num passado distante e enterrado a sete chaves onde somente ela tinha acesso. De repente, duas sombras aproximaram-se dela, chamando sua atenção.

– Maninha? – interrompeu Akane, acompanhado do namorado.

– Eu pensei que já tivessem ido – respondeu ela, caindo em si.

– Está tudo bem com você?

– Sim estou – indagou – Por que?

– Aconteceu alguma coisa?

– Você perdeu dinheiro na rua? – Ranma indagou.

– Eu acho que isso seria mais grave... – Nabiki continuou – mas não foi nada mesmo, obrigada.

For the love of money
People will steal from their mother
For the love of money
People will rob their own brother
For the love of money
People can't even walk the street
Por amor ao dinheiro
Pessoas assaltarão suas próprias mães
Por amor ao dinheiro
Pessoas roubarão de seus próprios irmãos
Por amor ao dinheiro
Pessoas não podem nem andar nas ruas

Nabiki nunca fora de conversar abertamente com sua irmã mais nova e, apesar de aparentar-se bem, a caçula havia pressentido um clima estranho no ar.

Chegando em casa, Nabiki foi até o banheiro, jogou uma quantidade volumosa de água no rosto, fitou o refletor por alguns instantes e seguiu até a mesa do jantar, onde todos já estavam se servindo do almoço preparado pela sua irmã mais velha.

Durante as conversas animadas e descontraídas entre os familiares, ela permaneceu calada e seus olhares pareciam distantes e pensativos. Com bastante esforço, conseguiu beliscar metade do arroz e beber meio copo de água.

– Eu já acabei... – Nabiki disse, levantando-se da mesa.

– Só isso maninha? Não vai comer mais? – A caçula perguntou, estranhando a atitude da irmã.

– Será que eu exagerei no sal? – A irmã mais velha se preocupou.

– Imagina mana, a comida estava deliciosa como sempre. Mas é que eu tenho um compromisso mais tarde, eu quero descansar um pouco, obrigada. – Nabiki retirou-se e seguiu direto para o seu quarto.

– Hei, pelo menos acaba com o arro... – Akane tentou formular uma frase, mas uma mão a interrompeu.

– Eu converso com ela depois – A irmã mais velha disse.

– Aconteceu alguma coisa? – Soun perguntou curioso.

– Deve ser falta de apetite... – Kasumi respondeu, preocupada.

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No quarto, Nabiki acomodou-se na cama e relaxou seus ombros. Deixou-se tocar pela brisa refrescante que insistia em atrapalhar sua visão, esvoaçando a franja de um lado para o outro. Todas aquelas palavras do Kuno passaram pela sua mente outra vez, tirando o brilho dos olhos, quando um forte sopro no rosto a fez retomar para a realidade.

– "Chega. Sentimentalismo não faz o meu estilo." – Nabiki lembrou-se do encontro marcado com mais uma de suas vítimas. Duas batidas na porta chamaram sua atenção.

Because they never know
Who in the world they're gonna beat
For that lean, mean, mean green
Almighty dollar, money
Porque eles nunca sabem,
Quem nesse mundo brigarará
Por aquela fina, malvada, malvada verdinha
Dollar todo poderoso, dinheiro.

– Está tudo bem por aqui Nabiki? – Kasumi perguntou, espiando ainda no corredor.

– Sim mana... Por que?

– Sua irmã estava preocupada com você.

– Foi impressão dela.

– Vai sair?

– Eu vou sim. Um garoto da minha classe marcou um encontro comigo.

– Bom divertimento – Kasumi retirou-se discretamente, desenhando um sorriso acolhedora nos lábios.

Desde o falecimento da mãe, Kasumi tornou-se também a protetora do lar, além de cumprir o papel de irmã mais velha. Ela era calma, compreensiva, atenciosa e prestativa nos afazeres domésticos. E, apesar da personalidade seca e fria, no fundo Nabiki a respeitava muito. Em algumas ocasições, ela até abusava da sua boa vontade.

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Fitando o relógio de pulso, ela aguardou-o próximo a entrada do cinema, ajeitando o seu vestido discreto, mas a vitrine de roupas importadas estavam tão convidativas que, sem se conter, aproximou-se da loja e começou a "passear" o olhar pelo estabelecimento, porém a empolgação desaparecia no mesmo momento que via os preços altíssimos.

– "Minha única chance de sair dessa miséria é me casando com um homem rico" – Enquanto ela refletia, uma outra mão masculina lhe tocava os ombros.

– Na... Nabiki-san? – O rapaz perguntou, num tom tímido e trêmulo.

E começou o teatro.

– Poxa, eu estava tão ansiosa que fiquei te esperando a duas horas! – ela disse na voz mais inocente que podia fazer.

– Me... Me desculpe. Fi... Fiquei nervoso e acabei me atrasando... Me perdoa?

– "Nerdão, tímido, pegajoso e gago. É... pelo visto vai ser bem mais fácil do que eu imaginei" – refletiu ela, analisando a vítima antes de manipulá-lo a seu bel-prazer.

– Eu te perdôo se me der a blusa que está naquela vitrine – Nabiki apontou para uma das roupas de grife, falseando uma expressão exageradamente magoada.

– Mas é muito caro... E ficarei sem dinheiro depois para os ingressos do filme.

– Por favor, vai? – Ela usou uma das suas artimanhas nos encontros que jamais falhara, seu olhar de peixinho morto e a voz de coitada.

Eu faço qualquer coisa por você Ela, mais uma vez conseguiu arrancar da vítima a frase mágica que posteriormente usaria para chantageá-los.

For the love of money
People will lie, Lord, they will cheat
For the love of money
People don't care who they hurt or beat
For the love of money
A woman will sell her precious body
Por amor ao dinheiro
Pessoas mentirão, Senhor, Elas enganarão
Por amor ao dinheiro
Pessoas não ligam para quem elas machucam ou batem
Por amor ao dinheiro
Uma mulher venderá seu precioso corpo

– Obrigada – Nabiki desenhou o mais belo dos sorrisos entre os lábios, enfeitiçando-o completamente.

– "Por que homens são tão idiotas?" – ela se questionou pela enésima vez com a mesma pergunta que nunca teria uma resposta.

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Com as sacolas nas mãos, os dois seguiram direto para o cinema. Durante o passeio monótomo até a fila de ingressos, mal se conversaram e, num descuido, ela deixou escapar um bocejo, atraindo a atenção do rapaz, o que era péssimo.

– Acho que você não está gostando muito da minha companhia... – Ele comentou, abaixando a cabeça.

– Imagina... Estou amando – pensou – "O que está acontecendo comigo hoje?" – ela limpou delicadamente a pequena gota de suor, mantendo a pose de boa moça.

– Não é o que parece...

– É que tive uma noite mal-dormida ontem, me desculpe.

– Mentira! Eu sei que está detestando a minha companhia! – Ele se ajoelhou no chão e entre soluços, disse – Ninguém gosta de mim!

– "Esse adora fazer cenas. Talvez realmente fosse uma boa idéia eu deixar ele aqui e ir embora..." – refletiu – "Espera aí... Acaso eu fizer isso, quem me garante que esse chato não espalhe por aí depois? Acho que é mais grave do que aturar esse insuportável agora..."

– Eu queria muito provar o contrário... Mas aqui, no meio de tanta gente... – Nabiki falseou timidez na voz, devolvendo o brilho nos olhos do rapaz – Nós podemos ir para um canto mais discreto?

Abaixou a cabeça durante alguns minutos, tempo suficiente para retirar um pequeno chaveiro com formato de boca dentro do bolso. Era uma das ferramentas que carregava caso necessitasse. Em seguida, findou a distância entre os dois e o encarou os olhos acanhados dele.

– Como prova de amor... Eu darei o meu primeiro beijo. – O jovem estremeceu nesse instante, mas engoliu seco e, tomando coragem, aproximou-se da Nabiki. Habilidosamente, ela pegou o chaveiro, posicionando-o no seu lugar, foi quando os lábios se tocaram.

– "Ufa. Essa foi por pouco. Nos próximos eu preciso tomar mais cuidado" – Ela nem cogitou na possibilidade de beijá-lo de verdade. Afastou a falsa boca lentamente e guardou-o rapidamente na bolsa.

– Eu... Eu – ele chorou – não imagina como estou feliz agora Nabiki-san! Foi o meu primeiro beijo também! Estou tão emocionado que... que... – Nabiki não deixou que ele terminasse a fala.

– … que pode me pagar o doce mais caro do shopping antes de entrarmos no cinema? – completou no lugar dele.

For a small piece of paper
It carries a lot of weight
Call it lean, mean, mean green
Almighty dollar
Por um pequeno pedaço de papel
Que carrega muito peso
Chama-se: fina, malvada, malvada verdinha
Dollar todo poderoso

– Claro, claro que sim! Eu te levo para qualquer lugar dessa face da Terra!

– Ali – Nabiki apontou para a doceria mais luxuoso da praça de alimentação.

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Ao comer um pequeno pedaço de bolo equivalente a dez mil ienes e a bebida que custou dois mil ienes, ela ainda acrescentou duas bolas de sorvete dos sabores mais sofisticados e carérrimos, sem importar-se nenhum pouco com o pobre coitado.

– É... Nabiki-san? – Ele a interrompeu, observando com uma feição assustada.

– O que? – indagou, sorrindo.

– Quer pedir mais alguma coisa? – O garoto perguntou, limpando o suor que escorria ao imaginar o total a pagar.

– Não obrigada – disse.

– Garçom – ele chamou – a conta por favor.

– Estava uma delícia – ela elogiou, limpando os lábios com os lenços de papel.

– Doze... doze mil ienes mais serviço... – Ele murmurou, com o papel na não.

– O que você disse agora? – indagou, com um brilho nos olhos.

– Nada não – disse – eu vou pagar com cartão.

– Sim senhor – o garçom respondeu, trazendo o comprovante de cartão logo em seguida.

– Vamos... Vamos? – ele estendeu seu braço para Nabiki com certa timidez.

– Antes... Que tal uma foto juntos? – pediu ao garçom – Poderia tirar por favor?

No próximo instante, eles correram para guardar seus lugares dentro do cinema. O filme escolhido pelo jovem era "Titanic", uma história fictícia baseado em fatos reais, ele mostra sobre o fim trágico do maior navio de passageiros no mundo, onde dois jovens apaixonam-se e vivem intensamente uma paixão proibida até serem separados pelo destino cruel. Nabiki detestava romances ou qualquer coisa que envolvesse o lado emocional das pessoas.

I know money is the root of all evil
Do funny things to some people
Give me a nickel, brother can you spare a dime
Money can drive some people out of their minds
Eu sei que o dinheiro é a raiz de todo o mal
Faz coisas engraçadas para algumas pessoas
Dê-me 5 centavos, meu irmão, você pode economizar 10 centavos
Dinheiro pode deixar algumas pessoas loucas

– Eu gosto muito desse filme... – Ele comentou, com olhos emocionados.

– Eu também... – Nabiki notou os dedos trêmulos aproximar ao encontro dos seus. Rapidamente, ela acomodou na fileira de trás, fazendo o jovem tocar na mão enrugada da senhora sentada no banco vizinho, que a algum tempo estava prestando atenção nele.

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– O... O filme estava ótimo não?

– Sim. – Ela fitou o relógio – Nossa! Já está tarde! Preciso ir...

– Que... Que pena... E... E quando podemos nos ver de novo?

– Então... Acho melhor pararmos por aqui...

– Po... Poxa vida Nabiki-san... O que tem de errado comigo? Nos divertimos tanto e... – Ela o interrompeu.

– É melhor ficarmos por aqui – Nabiki afastou-se do rapaz e exclamou – Adeus... – Nabiki soltou a voz mais dramática que podia fazer e disse antes de desaparecer no além – esqueci de te pedir uma última coisa... – ela retirou algo do bolso e continuou – eu tirei cópia dessas fotos e... queria muito... mas muito que você comprasse as originais como recordações!

– Claro que eu compro, meu amor – disse, cheio de pena dela.

– Obrigada, eu nunca vou esquecer deste encontro – Ela se despediu do jovem.

Assim encerra mais um dos seus encontros planejados, porém, ela não sentia-se satisfeita com o resultado que, por pouco não fora em vão.

Com passos cansados e pesados, ela caminhou até a sua casa, deixando escapar um suspiro longo e aliviado, ignorando todas as paradas obrigatórias como lojas de roupas e joalherias chiques. Há muito tempo um encontro não a cansara tanto e, diferente das outras vezes, o que mais queria naquele instante era relaxar os seus ombros debaixo do chuveiro, comer uma ótima comida da sua irmã mais velha e descansar no quarto.

– "Ai ai... Aquele é o tipo que mais me cansa." – Nabiki reclamou em pensamentos antes de passar pela entrada e retirar os sapatos.

– Sabe que horas são agora? – a irmã caçula mudou de água para o vinho, ao notar o vestido que ela estava trajando – espera um pouco, mas esse vestido é meu!

– Ah... Qual é o problema maninha? Só peguei emprestado. – respondeu, indiferente.

– Me devolve agora – Akane mandou, estendendo a mão.

– Depois eu te dou... – Nabiki respondeu, sem força – agora estou cansada...

(For the love of money)
Got to have it, I really need it
(For the love of money)
How many things have I heard you say
(For the love of money)
How many things have I heard you say
People, don't let money, don't let money change you
(Almighty dollar)
People, don't let money, don't let money change you
(Almighty dollar)
It will keep on changing, changing up your mind
(Por amor ao dinheiro)
Tenho que tê-lo, realmente necessito dele
(Por amor ao dinheiro)
Quantas coisas que escutei você dizer
(Por amor ao dinheiro)
Quantas coisas que escutei você dizer
Gente, não deixe o dinheiro, não deixe o dinheiro mudar vocês
(Dollar todo poderoso)
Gente, não deixe o dinheiro, não deixe o dinheiro mudar vocês
(Dollar todo poderoso)
Ele continuará mudando, mudando você de idéia

Trancou-se no quarto e jogou todo o seu corpo sobre o colchão, fechando os olhos e, após alguns instantes, se levantou com certa preguiça e mexeu nos presentes. Era um momento único e precioso para a Nabiki, onde ela se vangloriava com as "recompensas" recebidas em troca dos encontros. Com os olhos vitoriosos, colocou as roupas no meio da sua coleção, mas ao reparar na bagunça do armário, começou a arrumar as coisas.

À medida que arrumava a bagunça, surgiam as bugigangas, a obrigando retirar todas as caixas de papelão encostadas e, quando carregou a última e a mais pesada de todas, notou que derrubou algo. Era um álbum de fotografias. Sentando-se na cama, abriu página por página até chegar no fim do álbum, relembrando todos os momentos com a família, o que a deixou nostálgica. Olhou tudo novamente, mas desta vez percebeu uma foto solta.

– Que foto é essa? – indagou para si mesma.