Colocou seu suéter Weasley com uma fúria desnecessária, jogando o vestido dourado de qualquer jeito em cima da poltrona vermelha perto do armário. Depois que a confusão cessara e os membros da ordem se reuniam com seus pais na sala de estar e discutiam o que seria feito para garantir a segurança da família Weasley, Ginny se retirara para o quarto, a raiva quase explodindo por cada póro de seu corpo.
Era tudo tão injusto. Tão injusto que houvéssem pessoas discutindo sua segurança quando Harry estava perdido com Ron e Hermione sabe-se lá onde. Sentou-se na cama, o desespero se apoderando de si. Harry estava em perigo. Harry lidava agora com algo que não poderia suportar. Lembrou-se automaticamente de quando fora possuída pelo diário de Tom Riddle, e o desespero foi tanto que Ginny quase sufocou. Ginny sabia, talvez tão bem quanto o próprio Harry, do que Voldemort era capaz, e sabia que ele não desistiria até colocar suas mãos em Harry.
Tudo que Ginny queria naquele momento era gritar, mas sua voz se perdeu em sua garganta e, como resposta ao grito sufocado, seus olhos encheram de lágrimas. Quando ela foi possuída, Harry fora salvá-la. E agora, quando tudo que ela queria fazer era correr e abraçá-lo, dizendo que estava tudo bem e que eles lutariam juntos, tudo o que podia fazer era se sentar em seu quarto e chorar de um jeito que jamais chorara antes. Ginny Weasley, a garota mais durona que ela mesma já conhecera, chorando por, pela segunda vez na vida, não poder fazer nada além de esperar que Harry fosse ao seu encontro na câmara secreta. E mesmo agora, que quem precisava ser salvo era Harry, Ginny esperava.
Respirou fundo e limpou o rosto, olhando pela janela. A paz refletida pelas estrelas parecia fazer parte de um passado muito antigo, quando ainda podiam fugir do castelo de madrugada sob a capa da invisibilidade e deitar nos jardins de Hogwarts para conversar sobre tudo ou sobre nada. E como se uma luz tivesse se acendido em sua mente, Ginny se lembrou das reuniões da AD e que sim, ela poderia ajudar. Levantou-se rapidamente e correu para a escrivaninha, rabiscando dois bilhetes rapidamente, e depois se lembrou que provavelmente interceptariam a pequena corujinha que passara aos cuidados de Ginny. Luna e Neville teriam que esperar. Foi até o armário e puxou uma caixa de orelhas extensíveis antes de abrir a porta e ouvir os cochichos no andar debaixo. Ginny esperaria por Harry, porque oh, sim, ele iria voltar. Mas não esperaria sentada.
