Estava chovendo.
A noite estava bastante fria e a chuva só piorava as coisas. Ainda não havia chegado o inverno, mas o final do outono sempre traz prenúncios de temperaturas abissais. E, de uma forma ou de outra, o inverno desta vez seria gelado e inesquecível.
A vila de Shira está mergulhada nas trevas da noite, ninada pelo som da chuva. O temporal assustou várias crianças, mas o sono foi mais forte, levando-as ao mundo onde ninguém mais pode alcançá-las. Pelo menos para ninguém que fosse normal.
Aos poucos a noite fria segue o seu caminho preguiçoso e lento, levando consigo várias pequenas luzes para onde nunca mais poderão voltar. E, no meio da cidade, sob a chuva, é uma pessoa guia essas pequenas luzes para o além. O som da chuva não é capaz de superar a melodia serena e triste da flauta que a pessoa toca, embalando a noite e guiando a morte com seus lábios. O sopro da morte.
Então, com uma nota final e aguda, a música cessar, e a pessoa sob a chuva baixa as mãos e inclina a cabeça para baixo. Por um tempo, não se sabe quanto, aquela pessoa ficou encarando os próprios pés, imersos em camadas de lama e água. Seu sobre-tudo e capuz pesando no corpo, ou pelo menos foi essa a justificativa que conseguiu encontrar para justificar sua culpa. Culpa… Remorso… Sentimentos… A pessoa deixou parte de seu cabelo cair por fora do capuz para molha-lo na chuva. Logo inclinou a cabeça o máximo que pôde para o alto, para encarar as nuvens e a chuva. Seu capuz caiu para trás e seu longo cabelo começou a ficar encharcado. Estava lavando não somente o rosto belo, mas também a sua alma. Limpando o sangue invisível das inocentes vítimas que levou para o além naquela noite. Somente duas coisas amenizavam sua culpa naquele momento: que elas se foram embaladas por bons sonhos e que havia cumprido com o seu dever, com a sua missão. Pois ela era um shinobi, e como tal nascera apenas para ser uma única coisa: uma arma de guerra.
Durante alguns minutos ela ficou parada sendo lavada pela chuva, lavando os seus pecados com aquelas agulhas geladas na forma de água. Então, como se já estivesse lá o tempo todo, uma outra pessoa surgiu também com sobre-tudo e capuz. Os anjos negros conversaram durante poucos segundos e, em fim, desapareceram. Quando amanheceu, os adultos da pequena vila de Shira acordaram, mas seus filhos não…
Shinobi é uma maquina feita para matar… Ele deve ser ausente de sentimentos, ausente de dor, ausente de esperança. Shinobis foram feitos somente para matar…
Olá!
Meio triste, meio sádico, meio cruel, meio terrível, meia verdade. O nosso querido tio Kishimoto é um cara bem legal e só mostra o lado bonito da vida de um shinobi, uma vez que Naruto leva tudo no maior alto astral (exceto, talvez, quando está correndo atrás do Sasuke).
As vezes até parece que ele mesmo escreveu essas palavras: "O shinobi é uma arma"; mas que maestralmente ele lembra por vezes quando vai contar algum passado sombrio de seus personagens. É o que acontece com vários personagens, o próprio Naruto é um exemplo de shinobi feito para ser uma arma (pois ele tem A Bijuu dentro dele).
Inspirado nesse lado da triste de um shinobi, acabei escrevendo essa Fic que nem é muito uma fic. Tá mais para história independente, só ressaltando uma verdade universal do mundo dos mangás: shinobis são armas que devem ser ausentes de sentimentos. Acho que a única coisa que lembra Naruto é o fato da "pessoa" usar um Jutsu para "matar" as criancinhas. Os porques dessa história são irrelevantes, o que dá um ar de mistério a ela.
Espero que alguém leia, e que goste :P
Até and Bye...
