Naruto pertence à Kishimoto-sensei. Fic baseada no livro "Estrada da Noite".

Agradeço se mandarem review ^^ .

For Sale

Capítulo I: Entrega especial

Os dedos sujos com a tinta preta já seca percorriam o corpo alvo e fino da garota a sua frente. Podia sentir a pele dela esquentar e tremer conforme ia tocando em seus pontos mais sensíveis, que arrancavam suspiros dengosos.

A pouca luminosidade não lhe permitia contemplar a exata expressão facial no rosto da amante, mas sabia que ela estava deleitando-se com as carícias que ele fazia.

Seus dedos estavam contornando os seios arredondados dela, brincando com os mamilos quando o seu celular começa a tocar. Por um minuto ficou desorientado –assim como a companheira -, mas logo localizou o aparelho e o atendeu.

"Espero não estar atrapalhando." – A voz estridente e levemente infantil tinha um toque de deboche simulado – "Já checou seus e-mail's? Tem algo interessante lá Sr. Mórbido."

"Você me ligou para falar dos meus e-mail's?"

"Levante essa bunda branquela e vá até seu computador, creio que achará interessante e tentador o que eu estou lhe falando. Eu achei pelo menos."

"Naruto, para você ter achado interessante, só pode ser uma dica de como aumentar seu pênis microscópio e devo lhe dizer, eu não tenho esse problema."

"Maldito." – Resmungou ouvindo risos femininos acompanhando a voz sadicamente sarcástica de seu chefe – "Antes de te mandar ir pra porra, abre teu e-mail."

Com um suspiro resignado, Sai levanta-se e vai até o note book para ver o que chamou tanto a atenção do loiro barulhento. Perguntava-se às vezes porque mesmo havia empregado Naruto.

Ignorando os e-mail's dos fãs e as clássicas propagandas de assinatura de revistas chatas, viu ali um anúncio interessante.

"Está olhando o anúncio?" – A voz de Naruto parecia transbordar excitação agora

"Não tenha um orgasmo na minha orelha." – Sai havia se esquecido que ainda estava com Naruto na linha – "Isso só pode ser piada."

"Aparentemente não, quer que eu compre?"

"Imediatamente." – Dizendo isso desligou o telefone

Virando-se para olhar em direção a cama, viu sentada ali a sua amante. Pode observar – graças ao brilho vindo de seu note book – que ela ainda estava sem blusa e com uma expressão interrogativa no rosto.

"O que aconteceu Sai?"

"Um louco está vendendo um fantasma." – Um sorriso foi se formando nos lábios finos conforme falava – "Que logo será meu."

"Como você consegue gostar de coisas tão bizarras assim?" – Perguntou enquanto se aproximava o bastante para enlaçar o pescoço dele com os braços

"Eu consigo gostar de você, não é Feiosa?!" – Estalando a língua ficou observando ela fazer beicinho e jogar os cabelos róseos para trás

"Pena que não é recíproco seu bastardo." – A voz feminina saiu abafada devido ao fato de seus lábios estarem ocupados em deixar sua marca no pescoço masculino

-

-

-

A cozinha devia ser um dos únicos cômodos daquela casa que tinha um ar mais leve e calmo. Bem por isso era um dos lugares preferidos de Sakura, apesar dela não confessar isso – não que precisasse, Sai sabia, bem por isso não havia decorado aquele ambiente –. Estava concentrada em virar suas panquecas da maneira certa quando a campainha da enorme e sombria casa tocou.

"Você atende?" – Sakura pediu enquanto colocava mais massa de panqueca na frigideira

Largando a xícara de café na mesa, Sai levanta e vai até a porta da frente atender a pessoa impaciente que tocava a campainha pela segunda vez.

Abriu a porta sem nada dizer e apenas contemplou a figura bizarra na sua frente. Era um rapaz que aparentava ter menos que 21 anos, com cabelo moicano com as cores do arco-íris, piercings pelo rosto e um chiclete azulado na boca – fazia questão de mascar de boca aberta – coberta com um batom negro.

"Não acredito que estou te conhecendo." – A voz do rapaz era levemente rouca e excitada – "Sou um grande fã do seu trabalho e um seguidor de seus passos."

"Obrigado." – Se viu forçado a dizer, caso contrário teria que se explicar com Sakura depois pelos seus modos de tratar os fãs

"Ah, mas vim fazer uma entrega. Encomenda onlinne." – Estendeu um pacote que até então Sai não havia reparado e pediu uma assinatura afirmando que a entrega fora feita

Após alguns minutos ouvindo o rapaz dizer como admirava os quadros de Sai e sua forma de observar o mundo, o artista conseguiu livrar-se do estranho entregador e voltar para a cozinha com o pacote em mãos.

"O que é isso?" – Pede Sakura ao avistar o amante entrar na cozinha

"Pelo visto, é o meu fantasma." – Responde enquanto lê o papel que veio junto com a caixa

"Uau, não sabia que eles embalavam fantasmas para presente." – A voz era claramente debochada

Sai preferiu ignorar o comentário da amante e prosseguiu lendo a explicação:

"O que estou mandando é um broche que pertence a família do finado. Tenho certeza que o fantasma logo aparecerá para você, pois ele acompanha o broche. Eu o recebi de um conhecido e agora estou passando ele para você. Essa peça preciosa não vale o preço que estou pagando. Logo você entenderá o que quero dizer com isso. Quando quiser se desfazer dele, apenas passe o broche adiante, mas certifique-se que a pessoa queira e fique com ele, só assim você voltará a ter paz."

Sentiu vontade de rir perante aquilo, mas apenas amassou o papel e jogou num canto do balcão da cozinha, voltando sua atenção em abrir o pacote e ver o tal broche. Enquanto rasgava o papel pardo e abria a caixa, Sakura terminou de arrumar a mesa e sentou-se ao seu lado para tomar o desjejum.

Quando finalmente pode observar o conteúdo do pacote, sentiu-se um sortudo. Havia pagado tão pouco por um broche de ouro incrustado com rubis.

"Esse fantasma é lindo!" – Comentou a voz feminina enquanto pegava o broche com a mão esquerda – "Merda."

Soltou o objeto tão rápido como se o mesmo desse choque e olhou zangada para o besouro dourado, em seguida analisando o dedo.

"Viu o que dá debochar, Feiosa?" – Um sorriso de escárnio apareceu nos lábios finos enquanto pegava o anti-séptico e passava no dedo furado da garota.

"Praga."

Com uma gargalhada verdadeira, Sai largou o dedo já medicado da amante e começou a comer, deixando de lado o besouro que brilhava intensamente com a luz do sol.

-

-

-

Sua mente estava leve enquanto o pincel bailava sobre a tela, pintando-a de forma abstrata. Desde criança que amava desenhar e pintar, sempre batalhara para conseguir crescer nessa carreira e agora tinha fama. Todo ano tinha pelo menos duas exposições feitas inteiramente voltadas para seus trabalhos.

Estava quase terminando aquele quadro quando ouvir Sakura entrar no cômodo e sentar-se ao seu lado, admirando seu trabalho. De modo geral, não gostava de ninguém junto consigo quando estava trabalhando, mas apreciava a companhia silenciosa e contemplativa da garota.

Quando terminou de limpar o pincel e guardou suas coisas, sentiu as mãos pequenas de dedos finos tocarem seu braço.

"Entediada?"

"Sim, podemos dar uma volta?"

Voltando o rosto da direção da amante a viu com um jeans velho, uma regata branca simples e sobre o ombro um casaco de couro. Aparentemente ela iria andar de moto com ou sem ele.

"Não devia estar estudando?" – Perguntou arqueando levemente uma sobrancelha escura – "Apesar da testa gigante, nós dois sabemos que ela não abriga um cérebro muito grande."

Franzindo o cenho, Sakura limitou-se a lhe mostrar o dedo do meio e virar de costas indo até a garagem. A semana de férias estava acabando e logo teria que voltar para a faculdade – Medicina -, felizmente havia saído do emprego de garçonete numa boate de quinta categoria. Apesar das aparências, Sai era incrivelmente bondoso e loucamente apaixonado pela garota, querendo que ela desse tudo de si no seu sonho, sem perder tempo com empregos medíocres para conseguir se sustentar.

"Eu dirijo." – Sentenciou ao ver a garota se preparar para subir na moto

"Ótimo, faça as honras artista de meia tigela." – Em uma reverência exagerada entregou um capacete para o amante

Pegou o capacete com uma mão e com a outra ergueu o queixo feminino até que o corpo da garota ficasse totalmente ereto, e então, tomou-lhe os lábios num beijo prazerosamente rude.

-

-

-

Apesar da pouca variedade de atividades no dia, sentia-se exausto e não reclamou quando sentiu Sakura apenas deitar ao seu lado e fechar os olhos. Não tinha mais energias e queria apenas descansar um pouco.

Estava terminando de ler um livro de ficção quando as pálpebras começaram a pesar toneladas e manter os olhos abertos exigia demasiado esforço. Decidiu que poderia terminar as poucas páginas que faltavam na manhã seguinte, então colocou o marca página no local certo, fechou o livro e o coloco no criado mudo.

Massageando as têmporas observou Sakura suspirar e deixar os lábios entre abertos de forma muito convidativa, apesar dela não ter noção disto visto que já havia adormecido. Sorriu para a figura serena ao seu lado e virou-se para desligar o abajur que estava ao lado do livro.

A mão parou no meio do caminho enquanto os orbes ônix se arregalaram levemente. Brilhando ao lado do livro, estava o besouro de ouro, os rubis parecendo sangue cristalizado. Não se lembrava de ter levado aquele artefato para o quarto. Nem se lembrava de ter visto novamente o broche após a primeira vez.

Dando de ombros desligou a luz, imaginando que talvez Sakura o tivesse posto lá, para que não perdessem. Ainda assim, estava intrigado.

Aos poucos foi esquecendo do inseto dourado e se rendeu ao sono. Já estava quase adormecendo quando sentiu algo delicado tocar seu rosto. Primeiro pensou ser o vento, depois imaginou que pudesse ser Sakura.

Abrindo os olhos e levando a mão ao rosto, sentiu pequenos insetos caminhando em sua bochecha. Um pouco enojado, espantou-os e imaginou que haviam sido atraídos pela luz do abajur.

Fechou os olhos mais uma vez e antes que pudesse adormecer, ouviu zumbidos baixos, várias asinhas batendo furiosamente perto do seu ouvido. Com uma mão tentou espantar os bichos, sem se preocupar em abrir os olhos. Mas como os animais persistiam em lhe incomodar, rendeu-se e abriu os olhos mais uma vez.

Foi então que viu a poucos passos da cama um rapaz em pé, observando seus movimentos com um semblante assustadoramente sério.