Depois de ver desesperadamente todos os episódios de death Note, eu não fui capaz de não escrever uma fic. É minha primeira sobre essa história, então eu espero que vocês gostem. Qualquer crítica, comentário, sugestão ou elogio será muito bem-vindo!

Disclaimer: Death Note pertence a Ohba Tsugumi-sama e Obata Takeshi-sama!


Tears and Raindrops

Capítulo I – Sakurazaki Satomi

Foi um grande choque para mim vê-lo jogando tênis naquele dia. Yagami Raito, o prodígio, queridinho da polícia japonesa, por ser filho de um dos chefes e Ryuga Hideki, outro gênio, mas completamente desconhecido pelo restante dos alunos da Toudai. Bem, para quase todos os alunos da Toudai. Eu o conhecia. Conhecia muito bem.

A vontade de me aproximar dele foi enorme, mas contive meu impulso. Ryuga, ou melhor, L, nunca fazia alguma coisa sem analisar cada detalhe de suas conseqüências rigorosamente. Ele não tinha a menor necessidade de fazer um curso universitário, a menos, é claro, que ele suspeitasse que o Yagami fosse Kira. Não haveria outra razão para ele se aproximar tanto de um mero estudante. Só o que eu não sabia era como ele chegara a tal conclusão.

Provavelmente, você deve estar se perguntando como eu conheço o rosto e a linha de pensamento de L. Bom, essa é uma pergunta bem fácil de ser respondida.

Conheci L em um caso que ele resolveu alguns anos atrás, dois anos, para ser exata. Nessa época, eu estava em Londres, e acabei fazendo parte do time de investigação. Desde pequena, eu sempre me interessei muito por história, e acabei me tornando uma especialista, mesmo sendo muito nova. E, naquele caso, meus conhecimentos foram úteis para ele.

Agora, finalmente, estou oficialmente estudando História, na melhor universidade do Japão, a Toudai. Tenho dezessete anos e estou no segundo período do meu curso. E L também está aqui... Para seguir Yagami Raito.

- Sakurazaki-senpai!

Ah não! Aquela caloura de novo não! Ela não cansa de tentar falar comigo?

- Posso te ajudar, Satsuki-chan?

Os olhos castanhos dela brilharam, como se falar comigo fosse a coisa mais fantástica do mundo. E o triste era que todo dia era a mesma coisa. Culpa do professor de História Clássica que resolveu falar de mim na aula do primeiro período. Ridículo...

- Será que você poderia me ajudar em uma pesquisa sobre o Egito de Nefertite?

- Claro. – imagino que meu sorriso falso deva estar mais forçado do que nunca, mas a falta de bom senso dessa menina não vai deixá-la perceber esse pequeno fato tão simples. Ainda acho difícil de acreditar que ela é mais velha que eu.

De todas as vezes que eu andei até a biblioteca, o caminho nunca me parecera tão insuportavelmente longo. Ela não parava de falar nem um minuto, e eu simplesmente não consegui assimilar nada do que ela disse.

- Você está esquecendo a parte mais importante da história de Nefertite. Ela era monoteísta, e isso quase mudou todo o rumo da história do Egito.

Vi o sorriso dela murchar. Esse pequeno fato mudaria todo o rumo da pesquisa dela, mas como historiadora, ela não podia esquecer detalhes importantes como esse. Mas, pensando bem, ela ainda não é merecedora de tal título.

O silêncio dela, para meu completo pesar, durou bem menos do que deveria. Imediatamente, recomeçou a me bombardear com suas idéias entediantes e nem um pouco originais. Entretanto, dessa vez eu não estava prestando nem um mínimo de atenção.

Aquela era minha chance de escapar de Satsuki, o que me soava realmente tentador.

- Satsuki-chan, perdoe-me, mas acho que não vou poder te ajudar dessa vez.

Ela fez um muxoxo e balançou a cabeça, enquanto eu saía correndo.

- Ryuga-kun! – não posso chamá-lo de L aqui, certo?

Ele se virou lentamente em minha direção, seus olhos se arregalaram de surpresa ao encontrarem meu rosto.

- Satomi-chan... – já tinha me esquecido de como a voz dele era bonita, e de como eu adorava ouvi-la.

- Tão bom te ver! – não pude resistir à tentação de abraçá-lo, e assim o fiz, sem o mínimo de vergonha. Minha saudade contida era muito maior do que qualquer tipo de hesitação.

Por outro lado, minha felicidade ao constatar que ele ainda se lembrava de mim foi enorme. Não me surpreenderia nem um pouco se ele tivesse se esquecido de mim, mas ele não esqueceu, e era isso que importava, mais do que qualquer outra coisa.

- Satomi-chan, não me abrace assim... – ele reclamou, encabulado.

Um sorriso de verdade, foi isso que apareceu em meus lábios. E muito tempo havia se passado desde a última vez que tal sorriso aparecera para iluminar meu rosto. Por dois simples motivos: 1 – eu finalmente o reencontrara; 2 – todos os esforços de meus pais de me manterem longe dele foram completamente em vão.

- Deixe-me te apresentar a Yagami Raito. – ele disse, referindo-se ao garoto a seu lado. – Yagami-kun, essa é Sakurazaki Satomi.

Ele sorriu para mim, e eu não pude deixar de reparar o quão bonito ele era, entretanto, algo em seus olhos me fez temê-lo. Eram olhos belos, de um castanho bem claro, mas tinham um brilho doentio, quase assassino.

- Prazer em conhecê-lo, Yagami-san.

- O prazer é todo meu, Sakurazaki-san. – o sorriso continuava em seus lábios, um tanto o quanto falso.

- Satomi-chan, você ainda gosta de História? – L me perguntou, de repente, seus olhos me vasculhando, interessados.

- Claro! Finalmente me deixaram chegar ao curso universitário!

Um leve riso escapou de sua garganta, ele sabia o quanto eu havia lutado para entrar em uma universidade, mas ninguém deixava, pois eu ainda não tinha a idade suficiente.

Ao mesmo tempo em que o riso saiu, um esboço de sorriso se formou em seus lábios. O que se passava em sua mente?

- O que você sabe sobre mitologia nipônica?

Os olhos dele ainda me miravam com curiosidade, e as feições de Raito se fecharam. Será que ele precisaria de mim no caso Kira? Impossível...

- Na verdade, não muito. Sei o básico.

- Tem tempo para tomar um café?

Ele queria saber alguma coisa, alguma coisa relacionada ao caso Kira, com certeza, caso contrário ele não me perguntaria nada. Quando entrava em um caso, ele dava sua alma a ele e não se desviava de seu objetivo por nada. Se ele havia perguntado, era porque era importante.

- Claro.


Sempre me diverti vendo-o comer doces, por outro lado, nunca consegui entender aquele vício louco que ele tinha. E pior, por mais que ele afirmasse que seu rendimento caía pela metade quando ele se sentava direito, não consegui não achar estranho o jeito como ele se sentava. Ninguém que o visse daquele jeito acreditaria que ele era o grande detetive L.

- Tem certeza de que não vai comer esse bolo? – ele me perguntou, olhando para a fatia intocada que jazia a minha frente.

Suspirei e dei uma garfada no bolo de chocolate. Adeus, dieta... Mas ele sorriu ao me ver comendo.

- É bom ver que você realmente superou aquilo.

É. Há uma pequena parte da minha vida que só ele presenciou. Minha fase anoréxica. Eu não comia absolutamente nada e fui emagrecendo cada vez mais. E lá estava ele para me ajudar e, é claro, pôr toneladas de açúcar no meu organismo.

- Culpa sua. – mais uma boa garfada naquele bolo delicioso. – Se algum dia eu ficar obesa, saiba que as mensalidades da academia e a conta da cirurgia de lipoaspiração vão para o Watari, para que ele as passe para você.

Ele riu baixinho, o que fez Yagami ficar surpreso, muito surpreso.

- Vocês são bem íntimos. – ele comentou.

Senti meu rosto arder, devia estar tão vermelha quanto um pimentão, e L fez questão de ignorá-lo por completo.

- Vamos direto ao assunto. – os traços sérios voltaram a seu rosto. – O que você sabe sobre Shinigamis?

- Shi-Shinigamis? – minha voz falhou.

- Sim.

Ele não estava brincando. Mas, para mim, aquilo era loucura.

- São deuses da morte, que devem ser temidos e respeitados. Cada Shinigami possui, pelo menos, um caderno, chamado Death Note, que serve para matar os humanos que eles quiserem.

- Death Note? – a curiosidade em sua voz era quase apalpável.

- Sim. O Caderno da Morte. A pessoa que tem seu nome escrito em um Death Note morre.

Pela primeira vez eu vi aquela expressão no rosto dele, e não fui capaz de definir que tipo de sentimento o invadia naquele momento.

- Você acredita em Shinigamis? – para minha surpresa, foi a voz de Raito e não a de L que invadiu meus ouvidos.

- É imprudente não acreditar. Mas, mesmo assim, não há provas de que eles existam. – uma pequena pausa, mais uma garfada no bolo. – Como historiadora, eu tenho sinais o suficiente que me mostram que eles existem. Entretanto, vocês que seguem a linha do raciocínio lógico jamais acreditariam em minhas provas.

- Há algum relato de um Death Note no mundo humano? – L me perguntou.

- Poucos acreditam, tentam achar explicações lógicas. Eu sigo a linha dos que acreditam que alguns cadernos já foram jogados na Terra.

Seus olhos acinzentados me encaravam de novo, ávidos por explicações e informações. Ele tinha outra pergunta para fazer, podia ver isso naqueles olhos que me esquadrinhavam.

- Qual a probabilidade de Kira ter um Death Note?